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Educação do Piauí: a chance do salto

Na semana que passou três eventos que se interligaram e que merecem menção aqui no Ciência Viva, onde publico minha opinião ou notícias alvissareiras nas áreas de Ciência, Educação e Meio Ambiente, entre outras coisas. Vamos lá:

Evento 1 - Na condição de Presidente do Conselho Estadual de Educação recebi um convite para participar da solenidade de apresentação do Plano Educar Piauí no Palácio de Karnak, na presença de muitas autoridades, entre elas o Governador do Estado e o Secretário de Educação. O Plano visa, em linhas bem gerais, explicar para sociedade sobre aplicação dos recursos que o Governo Federal vai devolver para os Estados, através de medidas judiciais, de um valor pago a menos dos recursos do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) em um total de 1,6 bilhões de reais, já assegurado através de precatório para ser aplicado a partir de 2020 na Educação Básica do Estado do Piauí;

Evento 2 – No dia 04 de Outubro saiu o resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) aplicado em 2018 com estudantes de cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas onde alguns cursos da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foram avaliados com notas excelentes como Conceito 4 e Conceito 5. Segundo press release divulgado pela instituição 90% dos cursos avaliados tiveram desempenho equivalente ao anterior ou melhoraram.

Evento 3 – No final da tarde, início de noite do dia 05 de outubro uma chuva extemporânea com ventos com velocidade de 86 km/h abateu sobre Teresina causando a derrubada de árvores, fios, destelhamento de casas. As notícias divulgadas em muitos veículos de comunicação, inclusive no portal CidadeVerde.com (veja aqui)  dão conta de que 20 árvores caíram no Campus Poeta Torquato Neto da UESPI dando inúmeros prejuízos, causando inclusive interrupção parcial das aulas.

O que estes três eventos tem em comum?

O Piauí, costumo a dizer isso aos muitos amigos que fiz fora do Estado, tem como principal produto de exportação os próprios piauienses. Gente danada de inteligente que quando tem oportunidade sabe mostrar seu valor. Inclusive, sempre que tenho oportunidade falo sobre isso aqui no Ciência Viva. Reveja aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Nossa educação, mesmo com todos os problemas consegue se destacar, em cenários de pobreza e má gestão. Temos o exemplo clássico do Instituto Dom Barreto que vem, anos a fio, mostrando seu valor como uma das melhores escolas do país e que tem ajudado a balizar outras escolas daqui a melhorarem seu desempenho, porque serve de espelho. Em 2018, 23 escolas do Piauí tiveram pontuação média acima dos 600 pontos, o que, proporcionalmente, se apresenta como um resultado fabuloso. Confira aqui .

Na educação pública destacam-se municípios como Teresina e Oeiras que vem colecionando melhorias espantosas no IDEB, resultado de políticas austeras e focadas em resultados por seus gestores. No Plano Estadual, o Piauí tem a maior oferta pública, proporcional na educação profissional do país e coleciona resultados excelentes das escolas, cuja gestão é irretocável. Mas os exemplos que se apresentam não são suficientes, porque a educação é um direito de todos, e não somente das escolas que tem gestores de destaque e de visão.

Os recursos recebidos, se aplicados de forma correta, poderão render resultados surpreendentes. Apesar de virem carimbados para aplicação apenas na educação básica, sua aplicação folgará recursos do tesouro estadual permitindo que se apliquem em segmentos não contemplados, entre estes na UESPI.

Conversei com o Secretário Ellen Gera que está cheio de ideias na aplicação destes recursos. Sugeri que usando o Programa Universidade Aberta do Piauí (UAPI) novos professores pudessem ser formados em todo o Estado, revertendo o triste quadro que existia em 2012 (não vi informações mais recentes) de que em apenas 40 dos 224 municípios do Piauí existiam professores da área de Física, por exemplo. Isso levaria a UESPI a ocupar novamente o seu papel de IES formadora de professores, para a qual foi criada na década de 1980. E estes recursos pudessem ajudar a proporcionar dias melhores para a IES Estadual, com aplicações nas demais áreas que esta vem ocupando dos anos 1990 para cá, como os Bacharelados que conseguiram este excelente resultado, frise-se, pelo esforço dos estudantes e de seus professores.

E o vento?

O vento que trouxe estes recursos para melhorar a educação do nosso Estado, e que tirou as telhas e a zona de conforto dos gestores, não sirva somente para demonstrar que faltam recursos e ações de melhoria para Universidade Estadual do Piauí. Que este sirva para mostrar que o melhor caminho é usar o que temos de melhor no Piauí: os piauienses! Temos a chance de dar um grande salto para o futuro!

Bom domingo e boa semana para todos (as).

 

IA ajuda técnicos de Basquete

Quem me conhece sabe a paixão que tenho pelo Basquetebol. Comecei a jogar aos treze anos e fui até aos vinte poucos anos. Atuei como jogador, árbitro, monitor de escolinhas e treinador. Mas o que fiz de melhor foi gostar de bater uma pelada com colegas e principalmente com meus filhos o que fizemos por anos seguidos aos finais de semana no Iate Clube.

O basquete foi um jogo criado para atender a uma finalidade muito simples: no inverno as atividades físicas ficavam complicadas nas regiões dos EUA onde o inverno é rigoroso. Um professor da Associação Cristã de Moços, chamado James Naismith resolveu adaptar cestos de coleta de uvas e criou este jogo com regras peculiares gerando um dos esportes mais praticados no mundo inteiro.

Os técnicos de Basquete, em geral, usam pequenas pranchetas onde conseguem demonstrar para seus atletas, durante a partida, jogadas e estratégias para defender sua cesta e chegar mais facilmente a cesta do adversário. Esta prancheta com o quadro tático pode mostrar qualquer coisa, menos fazer previsões sobre os movimentos dos adversários. Mas um programa de computador alimentado por Inteligência Artificial (IA) está prestes a mudar esta situação.

A tecnologia funciona com base em um banco de informações sobre os possíveis movimentos que os jogadores adversários fariam a partir dos movimentos orientados pelo treinador. No vídeo a seguir os pontos vermelhos apresentam a jogada do treinador ofensivo e os pontos azuis representam as reações dos jogadores da defesa, adversários, que se movimentam de forma predita pelo que em geral fariam com base nas reações mais comuns, acumuladas no banco de dados. O banco de dados com os movimentos dos jogadores da liga de basquete norte-americana, a NBA, é o que a IA usa para determinar a predição dos movimentos que se espera destes jogadores.

O programa de computador trabalha com o esboço destes movimentos acumulados em bancos de dados e combina as informações de jogadores de ataque e de defesa proporcionando simulações bem realistas. As pesquisas sobre isso serão apresentadas no próximo mês de outubro na Conferência Internacional sobre Multimídia da Association for Computing Machinery em Nice, França.

Em um futuro bem próximo as exigências de conhecimento trilharão pela capacidade dos profissionais resolverem problemas. A adoção da IA por um treinador de Basquete pode gerar uma reação em cadeia para os adversários inovem usando estratégias cada vez mais lapidadas o que lhes garantirá a sobrevivência no competitivo mundo dos esportes. Para quem nunca sonhou que o computador poderia influenciar tão fortemente em uma partida de basquete, pode ir começando a mudar sua opinião.

Boa semana para todos(as)

 

[Texto dedicado ao amigo Luiz Gomes de Sousa Neto, o Netinho. Netinho é leitor assíduo do Ciência Viva e foi o técnico de Basquete com quem aprendi a ganhar – fomos campeões piauienses infanto-juvenil invictos em 1982 pelo River Atlético Club – e a perder – fomos últimos colocados no campeonato piauiense juvenil em 1983 pelo Piauí Esporte Clube: “Porque a vida é feita de vitórias e derrotas”]

 

O grito de Greta

“Minha mensagem é que estamos observando vocês!” Com esta frase simples e direta, olhando no olho dos líderes e representantes das principais nações do mundo, reunidos na cúpula do Clima, na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas, a ativista Greta Thunberg fez um dos discursos mais contundentes, que eu já testemunhei. “Está tudo errado! Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar de volta à escola, no outro lado do oceano”, continuou Greta em um tom firme.

“Como ousam? Vocês roubaram meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias”. Greta foi firme, deu poucos sinais de fraqueza, ameaçou chorar, mas continuou: “Eu ainda sou uma das que tem sorte. Pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão em colapso. Estamos no começo de uma extinção em massa e vocês só falam em dinheiro e no conto de fadas do crescimento econômico eterno...” O tom de crítica foi dando lugar ao tom de ameaça: “Os olhos de todas as gerações futuras estão sobre vocês”.

Greta Thunberg ficou conhecida por fazer uma manifestação inicialmente solitária em frente ao parlamento do seu país, a Suécia, desde o ano passado. Sua força e simplicidade foram o pontapé inicial de um movimento que culminou no último dia 20 de setembro com uma greve mundial pelo clima, reunindo jovens do mundo inteiro, num total de 5000 manifestações em 150 países. Apesar disso, existem críticas a adolescente: sua mãe é acusada de usar a fama da garota para promover um livro que lançou e setores da imprensa a acusam de ser manipulada por políticos e pessoas que lucram com suas ações. Alguns até usam trechos do livro da própria mãe dela, que revela que a menina é portadora de Síndrome de Asperger, é manipulada por figurões como George Soros. Outros falam que a menina não teria legitimidade porque nasceu na Suécia. Opiniões regadas a ranços ideológicos ou apenas desconhecimento mesmo sobre a real situação do planeta.

Verdade ou não que a menina é manipulada, o grito de Greta é um sinal bastante positivo sobre uma consciência que a minha geração, por exemplo, não tinha, sobre o grau de degradação do planeta. A globalização tem permitido que as pessoas saibam quase em tempo real sobre desastres ecológicos e processos de destruição e degradação em curso. As tecnologias dos smartphones que filmam e fotografam e quase instantaneamente publicam nas redes sociais também são fatores que ajudam na difusão das informações.

O mais importante é que esta ação, mesmo severamente criticada por alguns setores, apresenta grande poder de mobilização entre outros jovens, ajudando a combater a insanidade dos adultos que vivem e exploram a Terra como se ela não fosse nossa única morada.

O cuidado com nosso Planeta é condição essencial para a continuidade da nossa existência.

Boa semana para todos(as).

Novidades sobre Alergia ao Amendoim

O amendoim é uma planta bastante presente na alimentação humana. Originária da América do Sul, muito provavelmente da região da Bacia do Rio Paraná e dos chacos paraguaios e da Argentina, o amendoim (Arachis hipogeae) é uma planta da família das Fabáceas, prima próxima de outras tantas plantas leguminosas como o feijão, a soja e muitas outras espécies menos populares na alimentação, tendo sua semente apreciada como alimento.

O amendoim é uma planta curiosa porque seu fruto, que é um legume, só se desenvolve se estiver enterrado no solo, chamando-se de hipógeo, ou seja, que cresce embaixo (hipo) da terra (geo). Na culinária faz parte de diferentes pratos, sendo apreciado cru, cozido, torrado ou misturado com outras iguarias principalmente como sobremesas.

Essa semente, tão apreciada entre os chamados snacks (lanche, em inglês), esconde a característica de ser desencadeadora de alergias relativamente comuns e violentas. De acordo com estudos, uma em cada 200 crianças desenvolvem algum tipo de alergia ao amendoim.

Os processos alérgicos provocados pelo amendoim vão desde pruridos (coceiras) intensas até vermelhidão da pele e inchaço (edemas) nos olhos, boca, língua, garganta, provocando crises asmáticas, conjuntivite e outros sintomas indesejados.

A novidade é que um dos comitês de assessoramento da FDA (Food and Drug Administration), agência que controla alimentos e drogas para uso humano nos Estados Unidos acabou de aprovar um tratamento para alérgicos ao amendoim. O tratamento lida com uma imunoterapia que trabalha com a administração de doses progressivas de amendoim aos pacientes, para treinar seu organismo a tolerar os alérgenos e reduzir os efeitos produzidos pela alergia aos produtos que contenham amendoim na composição. O tratamento foi desenvolvido pela Aimmune Therapeutics, uma empresa da Califórnia.

Embora a aprovação pelo comitê não indique uma aprovação da FDA, alguns alergistas norte-americanos adotem o tratamento, dada a alta incidência de pacientes alérgicos ao amendoim nos EUA, computados em aproximadamente 6 milhões de pessoas.

Que as novidades não demorem. Os estados alérgicos por vezes pegam os pacientes e médicos de surpresa.

Novo rosto dos nossos irmãos

A origem do homem é um tema muito palpitante na ciência. Já tratamos disso numerosas vezes aqui no Ciência Viva, inclusive com um dos nossos primeiros posts (reveja aqui).

Se torna palpitante e ao mesmo tempo intrigante, sabermos que somos uma espécie e diferente da grande maioria não temos espécies com um grau de semelhança maior com a nossa.

O mais intrigante disso tudo é que as descobertas arqueológicas e paleontológicas nos revelam que há 30 a 40 mil anos atrás dividíamos o planeta com outras espécies. Já é sabido, desde o século XIX da existência do Homem de Neanderthal, que viveu na Europa, tinha o corpo mais robusto que o nosso, a caixa craniana um pouco maior, porém, desapareceu. Uns defendem que foi extinto, outro defendem que se fundiram a nossa própria espécie. Outros grupos que coexistiram conosco teriam sido o Homo erectus, provavelmente da subespécie ergaster; o Homo floresiensis, a espécie anã dos seres humanos da Ilha de Flores, na Indonésia; o Homo luzonensis, encontrado a pouco tempo nas Filipinas e o Homem de Denisova, cujos fósseis, paupérrimos foram investigados profundamente, e já se sabe que de fato constituíram uma espécie distinta de todas as outras.

A novidade, publicada na Revista Science desta semana é que estudos inferenciais com base nas informações levantadas até o momento do Homem de Denisova permitiram a reconstrução artística da face deste hominídeo que guarda mistérios sobre a sua real origem.

O fóssil encontrado na caverna de Denisova na Sibéria, Rússia, dá conta de que se tratava de uma fêmea jovem que habitou a região há 75 mil anos atrás. Pesquisadores como o arqueólogo molecular Ludovic Orlando da Universidade de Copenhague, Dinamarca, achou uma abordagem inteligente a tentativa de reconstrução com base em poucos recursos, mas com evidências bastante sólidas, reunidas a partir da convergência de várias pesquisas.

O mais interessante, e o leitor do Ciência Viva deve concordar com nossa opinião, é que se encontrássemos alguém com esta aparência pelas ruas de qualquer lugar, talvez não a víssemos como alguém que pertence a uma outra espécie, diferente da nossa.

Bom domingo para todos (as)!

Pesquisador piauiense publica na Enciclopédia de Desenvolvimento Sustentável da ONU

Com o título Sustainable Infrastructure, Industrial Ecology and Ecoinnovation: Positive Impact on Society (Infraestrutura Sustentável, Ecologia industrial e ecoinovação: impacto positivo na sociedade, em tradução livre) o pesquisador piauiense Thiago Carvalho de Sousa ajudou a compor a Enciclopédia de Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, publicação financiada pela ONU e publicada pela Elsevier, lançada mundialmente no mês passado.

Fonte: www.plan.org.br.

Desde 2015 a Organização das Nações Unidas lançou a chamada Agenda 2030 com os 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável do Planeta. Os objetivos são:

1. Erradicação da Pobreza;

2. Fome zero e agricultura sustentável;

3. Saúde e bem-estar;

4. Educação de qualidade;

5. Igualdade de gênero;

6. Água potável e saneamento;

7. Energia limpa e acessível;

8. Trabalho decente e crescimento econômico;

9. Indústria, inovação e infraestrutura;

10. Redução das desigualdades;

11. Cidades e comunidades sustentáveis;

12. Consumo e produção responsáveis;

13. Ação contra a mudança global do clima;

14. Vida na água;

15. Vida terrestre;

16. Paz, justiça e instituições eficazes;

17. Parcerias e meios de implementação.

O artigo da Enciclopédia publicado por Thiago foi em coautoria com a Dra. Cláudia Melo, brasileira que atua na Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena, Áustria, no volume que se refere à meta número 9 que foca na Indústria, inovação e infraestrutura.

O trabalho traz uma visão referendada nas necessidades do futuro focada nos resultados econômicos, sociais e ambientais da inovação, aspectos da ecologia industrial, pesquisa e desenvolvimento e indicadores da sustentabilidade para o segmento. Trata de uma abordagem positiva do crescimento deste segmento da indústria, se primar pelo viés focado na sustentabilidade.

Arquivo Pessoal

Na foto: Thiago Sousa, Francisco Soares e Hermes 

Thiago Carvalho de Sousa é graduado e tem mestrado em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Engenharia de Computação pela USP com estágio doutoral na University de Southampton na Inglaterra. Foi Superintendente Estadual de Ciência e Tecnologia entre 2016 e 2018 e atualmente é professor do Centro de Tecnologia e Urbanismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

Thiago é mais um piauiense que faz a diferença. Parabéns, amigo!

Boa semana para todos (as)...

Por que a crise na pesquisa pode afetar nosso futuro?

O Brasil é um gigante adormecido. O Brasil é uma das maiores potências mundiais, sem qualquer dúvida, mas possui muitos indicadores que o colocam como um dos piores países em qualidade de vida. Somos um dos maiores países em área contínua do planeta. Situamo-nos numa faixa da Terra onde a natureza nos favorece, pois além de apresentarmos a maior biodiversidade do planeta, temos um clima adequado para agricultura e pecuária. Temos riquezas minerais pujantes como ferro, bauxita, nióbio, petróleo, ouro e muitas outras riquezas. Um lugar de infinitas riquezas, mas de uma pobreza latente relacionada à forma como trata seu povo.

Apesar de acumularmos muitas riquezas, apresentamos índices educacionais vergonhosos. No Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, o PISA, que comparou o desempenho de estudantes de 70 países, amargamos a 58ª posição no item Letramento, a 63ª em Ciências e 65ª posição em Matemática. Enquanto a média obtida na prova de Ciências pelos estudantes brasileiros foi de 401 pontos, a média dos demais estudantes que fizeram a prova foi de 493 pontos, ou seja, estamos bem abaixo da média. É como se a média da escola fosse 7 e estivéssemos com 5,5.

Como se isso não fosse um grave problema, refletido em nota de uma avaliação internacional, o atual governo anuncia cortes sobre cortes nas verbas referentes a bolsas para estudantes da educação básica, estudantes de graduação e da pós-graduação. O sistema brasileiro de pesquisas científicas é um dos mais frágeis do mundo, com bolsas de estudo com valores ínfimos. Para se ter uma ideia uma bolsa de Mestrado sai por R$ 1.500,00 e a de Doutorado, R$ 2.200,00. Estes valores são os mesmos praticados há mais de 10 anos. Mas cabe a pergunta: por que devemos nos preocupar com estes cortes?

Cerca de 99% da pesquisa no Brasil advém das universidades. Nas universidades que se prezam pratica-se o tripé de pesquisa, ensino e extensão. A pesquisa é responsável pela produção do conhecimento. O ensino é responsável pela reprodução do conhecimento para a formação de pessoas, enquanto a extensão é responsável pela disseminação/popularização deste conhecimento. Assim, tudo o que se produz de novo, em diferentes áreas do conhecimento advém da pesquisa. Ao cortar bolsas o governo está tirando oportunidades de novos talentos no Brasil se engajarem na produção de novos conhecimentos.

Praticamente tudo o que usamos no mundo atual advém de alguma pesquisa que avançou, resultando em um produto e na sua evolução. Do pão e da manteiga que comemos no café, passando pelo smartphone que não largamos, o transporte que nos conduz, enfim, tudo o que usamos. A pesquisa é a responsável por tudo isso. A pesquisa de melhoramento que gerou a variedade de trigo que faz o pão ou a linhagem das vacas que produziram o leite que foi usado para manteiga, passaram antes por um laboratório e pelas mãos de um ou mais pesquisadores, que empenharam seu tempo e, na grande maioria das vezes, foram remunerados pelas bolsas que citei acima. Mas basicamente, das coisas que citamos, quase tudo vem de fora. Os smartphones, por exemplo, resultaram de parcerias entre grandes empresas que os lançaram comercialmente com universidades que geraram recursos como o touchscreen, por exemplo, bem comum nos aparelhos que se usam na atualidade, em algum lugar nos Estados Unidos, Japão ou Coreia do Sul.

Um exame rápido na balança comercial brasileira vai nos mostrar o quanto nossa economia se vincula as nossas riquezas particulares desta nação-continente: dos 10 principais produtos que mais vendemos apenas um advém do conhecimento científico: aviões produzidos pela EMBRAER. Os demais são resultado do favorecimento da natureza que falamos lá no primeiro parágrafo.

Os cortes das bolsas não vão comprometer a geração atual. O corte vai comprometer as próximas gerações de brasileiros.

Até a próxima...

VII Simpósio de Diversidade Biológica do Piauí

Um importante evento científico local, Simpósio de Diversidade Biológica do Piauí, terá início amanhã, 09 de setembro, no Auditório do ISEAF, antigo Instituto de Educação Antonino Freire, na Praça Firmina Sobreira, S/N, Bairro Matinha.

Este é um evento organizado pelos professores e estudantes dos Cursos de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e está na sua sétima edição. O evento é anual e a cada ano ocorre em um dos Campi da UESPI que oferece curso na área de Ciências Biológicas. Este ano a organização ficou ao encargo de professores lotados no Campus Poeta Torquato Neto, liderados pela Profª Drª Francielle Aline Martins.

A programação é bem vasta e apresenta novidades em diferentes campos das Ciências Biológicas. Parte do evento ocorrerá no ISEAF e parte da programação em locais do Campus Poeta Torquato Neto, na UESPI.

Segue a programação, ainda dá tempo de se inscrever para participar.

Programação

Segunda-feira – 09 de setembro

Local: Auditório do ISEAF

8:00 às 09:00h – Credenciamento

9:00 às 10:00h – Abertura do evento

10:00 às 12:00h – Palestra 1: Atuação do Biólogo e o Meio Ambiente - Prof. Dr. José Roberto Feitosa Silva

14:00 às 16:00h – Palestra 2: Homem x Meio ambiente x Doenças tropicais - MSc. Kerla Joeline Lima Monteiro

16:00 às 18:00h – Mesa redonda 1: Biotecnologia e Meio Ambiente – Dr. Paulo Sarmanho da Costa Lima; MSc. Samara Raquel de Sousa & Dra. Thaís Yumi Shinya.

 

Terça-feira – 10 de setembro

Local: Auditório do ISEAF

8:00 às 10:00h – Palestra 3: Ibama: 30 anos de combate aos ilícitos ambientais - M.Sc. Euller Martins Paiva

10:00 às 12:00h – Mesa redonda 2: Monitoramento Ambiental - Dr. Ícaro Fillipe de Araújo Castro; Dr. João Marcelo de Castro e Sousa & Dra. Tatiana Vieira Souza Chaves.

14:00 às 18:00h

Minicursos:

· Extração de DNA vegetal e eletroforese – UFPI.

· A Genética e suas faces matemáticas – UESPI, setor 17, Sala 03.

· Cometa em Drosophila melanogaster – UESPI, setor 16, LabGene.

· Aprendendo a Ciclagem de nutrientes através da montagem de terrários – UESPI, Geratec, LaBioVeg.

· Confecção de matérias a partir de recicláveis – UESPI, setor 16, Sala 03.

· Culinária com Algas – UESPI, setor 16, Laboratório de Ficologia.

· Atividades práticas com materiais de baixo custo para o ensino de Biologia – UESPI, setor 17, Sala 04.

 

Quarta-feira – 11 de setembro

08:00 às 12:00h

Minicursos:

· Introdução à análise estatística utilizando o programa Statistica 8.0 – UESPI, setor 16, Sala 03.

· Noções básicas de montagem e identificação de insetos – UESPI, setor 16, Lab. de Zoologia.

· Manejo de répteis – Zoobotânico.

· Práticas com germinação e reações vegetais a estímulos do meio – UESPI, Geratec, LaBioVeg.

· Uso do óleo de cozinha descartável na produção de saponáceo – UESPI, setor 16, LabGene.

· Ferramentas tecnológicas aplicadas ao ensino de Biologia – UESPI, setor 17, Sala 03.

14:00 às 16:00h

Local: Auditório do ISEAF

Mesa redonda 3: A pós-graduação na região Meio-Norte - Dr. Fabrício Pires de Moura do Amaral; Dr. José Evando Beserra Júnior; Dra. Thaís Barreto Guedes & Dra. Roseli Farias Melo de Barros.

16:00 às 18:00h – Palestra 4: Educação Ambiental não formal - Dra. Kelly Polyana Pereira dos Santos.

 

Quinta-feira – 12 de setembro

8:00 às 10:00h - Palestra 5: A ética na pesquisa científica – Dr. Antônio Luiz Maia Filho

10:00 às 12:00h – Mesa redonda 4: Intervenção do homem no ambiente consequências e remediação – Dra. Lissandra Corrêa Fernandes Góes; Dr. Davi Lima Pantoja Leite & Dr. Hermeson Cassiano de Oliveira.

Local: Praça do CCN / UESPI

14:00 às 16:00h – Apresentação dos banners: Resumos.

16:00 às 18:00h – Apresentação dos banners: Trabalhos completos.

Local: Auditório do GERATEC / UESPI

18:00 às 19:00h – Concurso de talentos musicais.

 

Sexta-feira – 13 de setembro

Local: Auditório do ISEAF

8:00 às 10:00h – Palestra 6: Metodologias ativas no ensino de ciências/biologia – Dra. Francilene Vieira da Silva Freitas.

10:00 às 12:00h – Mesa redonda 5: Medos, Desafios, Frustrações e Alegrias na vida acadêmica - MSc. Shirliane de Araújo Sousa; Dra. Maria de Jesus Passos de Castro & MSc. Albino Veloso de Oliveira.

Local: Praça da Biologia / Setor 16 / UESPI

14:00 às 16:00h – Biologia na Praça.

16:00 às 17:00h – Encerramento e premiação

Boa semana para todos (as)

 

Barbeiros na Grande São Paulo

Quando eu trabalhava no Ensino Médio sempre me preocupava em ensinar sobre os vetores de doenças tropicais como no caso da Doença de Chagas. Especificamente nesta doença achava importante falar do barbeiro como inseto vetor do protozoário Trypanosoma cruzi.

A doença sempre foi associada à pobreza e as condições de moradias, pois os barbeiros se escondiam em frestas de casas de pau-a-pique. A doença de Chagas sempre foi considerada uma doença típica das regiões mais pobres do Brasil, como o Norte e o Nordeste.

Um dado estarrecedor tem preocupado cientistas brasileiros, pois na atualidade alguns tipos de barbeiros estão se espalhando por várias cidades da grande São Paulo, como Taboão da Serra, Embu das Artes e Carapicuíba. Acompanhe o vídeo produzido pela equipe da Pesquisa FAPESP falando sobre o assunto.

Até a próxima…

O primeiro bicho foi carnívoro

Estudos publicados na revista Science desta semana apontam para uma pesquisa dirigida pelo biólogo evolutivo John Wiens da Universidade do Arizona (EUA). Ele e sua equipe examinaram as informações de cerca de 1.000 espécies de animais, viventes de cerca de 800 milhões de anos atrás pra cá, o que inclui vertebrados diversos e um grupo 140 besouros.

Coanoflagelado. Fonte: Wikipédia.

O resultado do estudo culminou com uma árvore genealógica gigantesca mostrando muitas das interrelações entre as diferentes espécies e apontando para o ancestral de todos os animais como uma espécie que se alimentava de protistas (grupo que inclui protozoários). A ideia é que este primeiro organismo era um mini carnívoro. Teria o formato da célula base das esponjas e se alimentava de outros micro-organismos.

De acordo com Duncan Irschick, ecologista evolucionário da Universidade de Massachusetts em Amherst, a pesquisa é uma provocação a ideia mais aceita de que os primeiros animais eram herbívoros. Todavia Wiens aponta dados estatísticos robustos de que 63% das espécies atuais são carnívoras, contra 32% de espécies apenas herbívoras. Outros pesquisadores acham factível que Wiens esteja correto nas suas análises.

A discussão se alimenta de uma particularidade: a maior parte dos organismos não consegue digerir a celulose, o componente mais importante das plantas, sendo o açúcar mais abundante da natureza. As adaptações para ingestão deste componente presente na parede celular das plantas constituem-se em uma grande exceção.

Wiens alerta que as dietas herbívoras não tem como evoluir, mesmo que as plantas apresentando-se como muito abundantes. Para ele, veganos e vegetarianos precisam investir fortemente em frutos e sementes, de onde conseguem extrair proteínas importantes e açúcares digeríveis como o amido.

Boa semana para todos(as)!!!

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