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Estudantes do Piauí conquistam 79 medalhas de ouro

A Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) divulgou os resultados do certame de 2019 na semana que passou e este foi muito bom para estudantes piauienses. A competição é realizada com estudantes do Nono Ano do Ensino Fundamental e das três séries do Ensino Médio e mais do 4º da Educação Profissional.

A ONC premia estudantes que conseguiram índice para medalhas de ouro, prata e bronze mais menções honrosas. Este ano estudantes de 14 escolas piauienses ganharam medalhas de ouro. As medalhas de ouro conseguidas pelos os estudantes destas escolas foram assim distribuídas:

1) Instituto Dom Barreto (Teresina) – 26 medalhas

2) CEV Colégio (Teresina) – 12 medalhas

3) Colégio Objetivo (Teresina) – 11 medalhas

4) Colégio Nossa Senhora das Graças (Parnaíba) – 9 medalhas

5) Colégio Lerote (Teresina) – 4 medalhas

6) Colégio São Francisco de Sales – Diocesano (Teresina) – 3 medalhas

     Escola Popular Madre Maria Villac (Teresina) – 3 medalhas

     Instituto Monsenhor Hipólito (Picos) – 3 medalhas

7) Colégio Sagrado Coração de Jesus (Teresina) – 2 medalhas

     Educandário Santa Maria Goretti (Teresina) – 2 medalhas

8) Centro de Educação em Tempo Integral Didácio Silva (Teresina) – 1 Medalha

     Centro Integrado Senador Nilo Coelho (Picos) – 1 Medalha

     Colégio Dom Bosco (Teresina) – 1 Medalha

     Escola Pequeno Príncipe (Floriano) – 1 Medalha.

Muitas outras escolas figuram no ranking geral com medalhas de prata, bronze e menções honrosas. É muito importante destacar os estudantes de algumas escolas da rede municipal de Teresina que totalizaram 10 (dez) medalhas entre Prata e Bronze, mas disputando apenas no estrato do ensino fundamental (Nono ano).

Passando o olho rapidamente na lista foi possível ver nomes de estudantes de várias cidades do Piauí, assinalando, portanto, resultados expressivos. As medalhas serão entregues na cidade de São Paulo, no próximo dia 28 de novembro. de acordo com o regulamento a entrega é feita no Estado com o maior número de ganhadores de medalhas.

Quer ver o resultado? Clique aqui.

Bom domingo para todos(as).

Cientista russo revela suas intenções de “editar” o DNA de bebês

Mais um capítulo da novela ética na edição do DNA de bebês humanos está em andamento. Desta vez na Rússia onde o cientista Denis Rebrikov fala das suas intenções em usar métodos biotecnológicos para corrigir o DNA de embriões humanos.

Em novembro de 2018 o cientista chinês He Jiankui falou do desenvolvimento de embriões humanos que tiveram seu DNA modificado a fim de ganharem resistência ao vírus HIV. He perdeu o emprego na universidade e foi afastado dos laboratórios.

Agora o cientista russo, Rebrikov, que dirige o maior laboratório estatal russo de fertilização humana fala dos seus planos. Um grupo razoável de pesquisadores está ao seu lado e outro, também considerável, opina contra as suas ideias.

Para os defensores de Rebrikov suas intenções passam pela necessidade de proporcionar aos pais crianças que nasçam sem qualquer distúrbio genético grave. Já os que são contra levam consigo as contraindicações éticas que o problema faz emergir. A técnica adotada por Rebrikov é a mesma utilizada por Jiankui, a CRISPR.

Pelo sim, pelo não, lembrei de um filme antigo chamado GATTACA – A experiência genética (1997), mostrando uma sociedade dominada pela possibilidade de ter cidadãos com DNA editado. Não deixa de ser alvissareira a notícia de poder livrar as pessoas de problemas genéticos traiçoeiros. Mas também não deixa de ser apavorante a ideia de poder ter no futuro um aparteid entre pessoas geradas pela via normal e pessoas editadas. Reveja o vídeo abaixo:

Boa semana para todos(as)!!!

 

O verde dos nossos rios

Todo ano é a mesma coisa. A tendência é permanecer assim por mais tempo, até as chuvas voltarem a cair com maior frequência e nossos rios ficarem com sua cara de rio limpo novamente. Quem passa todos os dias pelas pontes sobre o rio Poti, vez por outra, se depara com um tapete formado pelas macrófitas aquáticas (nome dado as plantas que habitam as águas em diferentes formas: flutuantes, anfíbias, emergentes, submersas, epífitas etc.). Estas plantas são um sinal de doença dos nossos rios.

Fotos: Roberta Aline/Cidadeverde.com

A lógica é a seguinte: quando se quer que uma planta se desenvolva de forma saudável são fornecidos três elementos essenciais: água, luz e adubo. No rio temos a água, que recebe luminosidade pelo menos 12 horas por dia pelo sol (no meu aplicativo sobre o tempo está anunciando uma luminosidade total de 12 horas e 18 minutos para hoje) e temos o adubo. Parte deste adubo é originado de processos naturais, como a decomposição de organismos mortos, a eliminação de resíduos fecais e de excreção de animais que vivem no rio. Mas a maior parte do adubo é depositada por nós, humanos, que não cuidamos das nossas fontes de água.

Para qualquer observador que percebe que neste período temos mais plantas aquáticas no período chuvoso sobra a dúvida sobre porquê neste período elas crescem tanto? Dia desses assisti uma autoridade ambiental dizer que é porque na chuva o rio leva as plantas. Mas não é só por isso.

É uma questão de química. A concentração de nutrientes é definida pela razão da massa (de nutrientes) dividida pelo volume (de água). Como em toda operação de divisão se numerador aumenta e o denominador diminui, então o resultado aumenta. Na verdade, a massa de poluição mantém-se a mesma. O problema é que neste período em que o calor aumenta (estamos em pleno B-R-O-Bro), aumenta a evaporação da água diminuindo assim o volume, aí é fatal: a concentração de poluentes aumenta. Veja a fórmula abaixo para entender melhor:

Aí as pessoas começam a perguntar: é melhor deixar ou melhor tirar os aguapés? Nem um e nem o outro. O melhor é manejar. O manejo consiste no controle do adensamento das plantas. Na verdade, as plantas atuam como filtros muito eficientes retirando todas das impurezas e excessos existentes na água. O problema é que se fortalecem muito com isso e se expandem muito de tamanho. Conseguem duplicar sua biomassa em horas, por isso rapidamente tomam conta da superfície da água. Aí mora o dano: cobrem a superfície e impedem as trocas gasosas entre o ar e a água. Sem esta troca gasosa reduz-se a disponibilidade de oxigênio dissolvido na água para os animais aquáticos, e isso vira um problemão.

A presença das macrófitas funciona como um bioindicador da qualidade da água: sua presença denuncia excesso de fosfatos e nitratos que são compostos muito úteis para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Funcionam também como indicador da qualidade da gestão pública no trato com a questão do esgotamento sanitário. Rio com aguapés é cidade sem tratamento de esgotos, simples assim! As obras de saneamento se mostram caras, mas ao mesmo tempo são importantes para evitar a proliferação de doenças bem típicas como diarreias, coceiras, verminoses e outros problemas de saúde pública veiculados pela água ou por vetores que crescem na água.

Se serve de algum consolo (eu particularmente não vejo assim), este período ajuda a fortificar a alimentação e nidificação de algumas aves aquáticas e ajuda a empregar pessoas que trabalham nesta questão do manejo ambiental das macrófitas. O bom seria se nossos rios estivessem sempre refletindo apenas o azul do céu.

Boa semana para todos (as)!!!

 

Nódoas na praia

Desde o mês de setembro deste ano moradores e frequentadores de praias da região Nordeste do Brasil reclamam pelo aparecimento de manchas de petróleo ao longo de alguns dos principais cartões postais do país. Já tinha até falado de outros problemas que encontramos nas praias por aqui (reveja aqui), mas a situação é bem mais grave.

A imprensa noticiou que em todos os estados, alguns em maior intensidade, outros em menor, mas sem exceções, o litoral nordestino foi afetado, tanto na sua face setentrional, onde estão os litorais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, quanto na sua face oriental, onde estão os litorais do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Aqui no Piauí, o Portal Cidadeverde.com já noticiou a existência de manchas de óleo nas praias do Arrombado e Peito de Moça, no município de Luiz Correia. Reveja aqui

Pesquisadores vinculados à Petrobras dão conta de que se trata, pela textura e características do óleo, de material proveniente da Venezuela. Setores do atual governo falam de um possível derramamento criminoso. Na minha humilde opinião prefiro achar que foi algum acidente na hora de transferir petróleo ou naufrágio de alguma embarcação de transporte.

Pelo que li o óleo parece ser bastante espesso, petróleo bruto, com características físico-químicas do produzido em poços da Venezuela e chega até as praias trazido pela maré. Há pesquisas sendo conduzidas pelo IBAMA, Marinha, Petrobrás, e Universidades de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, tanto para determinar a possível origem, quanto para determinar o aparecimento de novas ocorrências de manchas nas praias de referentes regiões do Nordeste. Na última atualização que li praias de 72 municípios teriam sido, de algum modo, afetadas pelas manchas. O que me preocupa, no momento, são as consequências deste derramamento para a biota aquática, principalmente.

Quais são os principais danos?

A grosso modo quem mais sofre são organismos marinhos. Informações dão conta de que tartarugas mortas já foram encontradas, no litoral do Piauí, com vestígios de que foram prejudicadas de algum modo pelo óleo. No litoral de Alagoas foi encontrado um golfinho morto, com manchas de óleo em sua superfície e sinais de morte por afogamento. Mas seria interessante pontuarmos por área.

Nas áreas sempre cobertas pela maré o óleo pode prejudicar esponjas, corais, algas, moluscos, crustáceos, equinodermos de diferentes espécies (estrelas-do-mar, bolachas-da-praia, ouriços-do-mar etc.), além de peixes de diferentes grupos e animais que circulam nesta região como tartarugas, golfinhos e peixes-boi marinhos.

Nas áreas que ficam cobertas na maré alta e descobertas na maré baixa vivem muito grupos de animais como poliquetos, moluscos, crustáceos e alguns peixes. Répteis marinhos como as tartarugas, por exemplo, podem ser prejudicadas no seu trajeto para chegar até a praia onde põem os ovos, no seu processo de reprodução. Aqui podemos também incluir o prejuízo para o ser humano que frequenta as praias e que usa esta área para diversão.

Nas áreas que não são cobertas pelo mar, sendo influenciada apenas pelo spray emanado das marés, a influência maior vem da vizinhança com a parte do litoral que oscila entre maré alta (coberta) e maré baixa (descoberta, onde o óleo vem sendo recolhido.

NOs estuários que são as regiões de encontro do rio com o mar, na qual muitos pesquisadores estão preocupados com a invasão das manchas de óleo, porque nestas regiões existem grandes berçários de espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Nos estuários e nas áreas mais rasas do litoral são encontrados mamíferos como o peixe-boi-marinho, uma espécie que ficaria suscetível ao óleo, especialmente na região onde são encontrados os prados marinhos (áreas ricas em espécies de plantas que funcionam como zona de pasto para estas espécies de mamíferos), como ocorrem aqui no Piauí, no município de Cajueiro da Praia.

Manguezais – ecossistemas formados pelo encontro entre o mar, a água doce de mananciais e o ambiente terrestre. É o ambiente de nascimento e sobrevivência de muitas espécies de crustáceos, moluscos e peixes.

Enquanto não se descobre a origem deste vazamento e desta poluição causada pelo petróleo resta trabalhar para recolhimento de resíduos, que já alcança a casa de centenas de toneladas em todo o litoral nordestino. Mãos a obra para corrigir mais este acidente ecológico que já se constitui em um dos maiores do país enquanto esquerdistas e direitista se digladiam nas redes sociais cada um empurrando a culpa para o outro lado, piorando a nódoa nas praias.

Boa semana para todos (as)...

21 conselhos para vivermos neste século: o STEAM pode fazer a diferença na educação

Quem se deteve na leitura do livro 21 lições para o século 21, do israelense Yuval Noah Harari, deve ter ficado pensativo diante do futuro. O escritor de bestsellers (autor também de Sapiens e Homo Deus) traz na sua nova obra 21 reflexões bem importantes sobre esta transição que estamos vivendo entre o presente e o futuro próximo.

O livro traz no seu segundo capítulo um panorama relacionado ao trabalho e o quanto as tecnologias desenvolvidas no presente poderão mudar a oferta de alguns empregos no futuro. Ele concentra suas atenções para como a Inteligência Artificial poderá mudar a vida de quem escolheu profissões tão diferentes e que, a princípio, seria inimaginável que pudessem ser substituídas por máquinas, como a de motoristas ou médicos, por exemplo.

Ao pensar sobre isso, o pai de uma criança no início da vida escolar pode trazer para si a responsabilidade direta sobre o futuro de sua criança. Por mais que se deixe a livre escolha da criança, é possível que em um futuro bem próximo, as escolhas de hoje já representem más escolhas para daqui a cinco ou dez anos, apenas, quando nos referimos ao futuro do trabalho.

É muito provável que as escolas, assim como as pessoas somente preocupadas como o futuro de seus filhos, ainda não estejam focadas para formar os profissionais do futuro, até porque este futuro, ainda que existam projeções como as citadas por Harari, seja um tanto quanto imprevisível. Mas a pergunta clássica seria: e agora?

Na dimensão do que vem acontecendo, seria muito interessante que as escolas mantivessem a tradição de colocar conteúdos no que ensina, mas aliando isso a outros recursos que primassem pela lapidação da cognição infantil no desenvolvimento de habilidades. Teóricos da educação como Ausubel, já defendem há algum tempo, um ensino focado no protagonismo da criança. Se a criança se mantém como protagonista a sua cognição se forma dentro da capacidade de resolver problemas, o que talvez seja a principal habilidade que estará em alta para esta próxima geração de futuros profissionais.

A visão de Harari se baseia em situações que já aconteceram, como a necessidade de profissionais habilitados em lidar com ataques feitos por Veículos Aéreos Não Tripulados, os VANTs, por exemplo, que exigem um número muito maior de profissionais para lidar com eles do que simplesmente colocar um piloto de caças em um avião bombardeiro para uma guerra como as que ocorreram nos padrões da primeira e segunda guerras mundiais. O mundo está mudando muito rápido, e alguns dos seus principais valores ligados a profissões também.

Uma das formas de tentar mudar isso é usando o STEAM. O método que combina recursos da Ciências e da Matemática, aliados a técnicas obtidas a partir da Engenharia, Arte e Tecnologia, pode mudar o futuro das crianças que estarão às margens do Mercado de Trabalho dentro de uma ou duas décadas. O STEAM trabalha exatamente o aperfeiçoamento de habilidades, com base no método científico. Adotando o método STEAM a criança cria o hábito de usar etapas do método científico para responder perguntas, confirmando ou refutando hipóteses.

Na vida real, muitas das situações praticadas no STEAM podem surgir. Não existem respostas prontas para tudo, mas se você se condicionou a tentar resolver problemas estimulando sua criatividade, baseando-se no método científico, saberá se colocar em diferentes situações, recursos essenciais para um mercado em constante metamorfose. Ainda que a formação acadêmica indique um caminho para sólido, a inclusão de intempéries durante a caminhada pode apontar que apenas o acadêmico não foi o suficiente, gerando a necessidade de que outras habilidades tenham sido apreendidas.

Assim, observando o longo percurso que as crianças tem que percorrer e a assustadora imprevisibilidade do futuro o melhor seria apostar em uma educação voltada para aquisição de habilidades. O STEAM pode ser a ferramenta certa.

Boa semana para todos e todas.

 

Educação do Piauí: a chance do salto

Na semana que passou três eventos que se interligaram e que merecem menção aqui no Ciência Viva, onde publico minha opinião ou notícias alvissareiras nas áreas de Ciência, Educação e Meio Ambiente, entre outras coisas. Vamos lá:

Evento 1 - Na condição de Presidente do Conselho Estadual de Educação recebi um convite para participar da solenidade de apresentação do Plano Educar Piauí no Palácio de Karnak, na presença de muitas autoridades, entre elas o Governador do Estado e o Secretário de Educação. O Plano visa, em linhas bem gerais, explicar para sociedade sobre aplicação dos recursos que o Governo Federal vai devolver para os Estados, através de medidas judiciais, de um valor pago a menos dos recursos do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) em um total de 1,6 bilhões de reais, já assegurado através de precatório para ser aplicado a partir de 2020 na Educação Básica do Estado do Piauí;

Evento 2 – No dia 04 de Outubro saiu o resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) aplicado em 2018 com estudantes de cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas onde alguns cursos da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foram avaliados com notas excelentes como Conceito 4 e Conceito 5. Segundo press release divulgado pela instituição 90% dos cursos avaliados tiveram desempenho equivalente ao anterior ou melhoraram.

Evento 3 – No final da tarde, início de noite do dia 05 de outubro uma chuva extemporânea com ventos com velocidade de 86 km/h abateu sobre Teresina causando a derrubada de árvores, fios, destelhamento de casas. As notícias divulgadas em muitos veículos de comunicação, inclusive no portal CidadeVerde.com (veja aqui)  dão conta de que 20 árvores caíram no Campus Poeta Torquato Neto da UESPI dando inúmeros prejuízos, causando inclusive interrupção parcial das aulas.

O que estes três eventos tem em comum?

O Piauí, costumo a dizer isso aos muitos amigos que fiz fora do Estado, tem como principal produto de exportação os próprios piauienses. Gente danada de inteligente que quando tem oportunidade sabe mostrar seu valor. Inclusive, sempre que tenho oportunidade falo sobre isso aqui no Ciência Viva. Reveja aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Nossa educação, mesmo com todos os problemas consegue se destacar, em cenários de pobreza e má gestão. Temos o exemplo clássico do Instituto Dom Barreto que vem, anos a fio, mostrando seu valor como uma das melhores escolas do país e que tem ajudado a balizar outras escolas daqui a melhorarem seu desempenho, porque serve de espelho. Em 2018, 23 escolas do Piauí tiveram pontuação média acima dos 600 pontos, o que, proporcionalmente, se apresenta como um resultado fabuloso. Confira aqui .

Na educação pública destacam-se municípios como Teresina e Oeiras que vem colecionando melhorias espantosas no IDEB, resultado de políticas austeras e focadas em resultados por seus gestores. No Plano Estadual, o Piauí tem a maior oferta pública, proporcional na educação profissional do país e coleciona resultados excelentes das escolas, cuja gestão é irretocável. Mas os exemplos que se apresentam não são suficientes, porque a educação é um direito de todos, e não somente das escolas que tem gestores de destaque e de visão.

Os recursos recebidos, se aplicados de forma correta, poderão render resultados surpreendentes. Apesar de virem carimbados para aplicação apenas na educação básica, sua aplicação folgará recursos do tesouro estadual permitindo que se apliquem em segmentos não contemplados, entre estes na UESPI.

Conversei com o Secretário Ellen Gera que está cheio de ideias na aplicação destes recursos. Sugeri que usando o Programa Universidade Aberta do Piauí (UAPI) novos professores pudessem ser formados em todo o Estado, revertendo o triste quadro que existia em 2012 (não vi informações mais recentes) de que em apenas 40 dos 224 municípios do Piauí existiam professores da área de Física, por exemplo. Isso levaria a UESPI a ocupar novamente o seu papel de IES formadora de professores, para a qual foi criada na década de 1980. E estes recursos pudessem ajudar a proporcionar dias melhores para a IES Estadual, com aplicações nas demais áreas que esta vem ocupando dos anos 1990 para cá, como os Bacharelados que conseguiram este excelente resultado, frise-se, pelo esforço dos estudantes e de seus professores.

E o vento?

O vento que trouxe estes recursos para melhorar a educação do nosso Estado, e que tirou as telhas e a zona de conforto dos gestores, não sirva somente para demonstrar que faltam recursos e ações de melhoria para Universidade Estadual do Piauí. Que este sirva para mostrar que o melhor caminho é usar o que temos de melhor no Piauí: os piauienses! Temos a chance de dar um grande salto para o futuro!

Bom domingo e boa semana para todos (as).

 

IA ajuda técnicos de Basquete

Quem me conhece sabe a paixão que tenho pelo Basquetebol. Comecei a jogar aos treze anos e fui até aos vinte poucos anos. Atuei como jogador, árbitro, monitor de escolinhas e treinador. Mas o que fiz de melhor foi gostar de bater uma pelada com colegas e principalmente com meus filhos o que fizemos por anos seguidos aos finais de semana no Iate Clube.

O basquete foi um jogo criado para atender a uma finalidade muito simples: no inverno as atividades físicas ficavam complicadas nas regiões dos EUA onde o inverno é rigoroso. Um professor da Associação Cristã de Moços, chamado James Naismith resolveu adaptar cestos de coleta de uvas e criou este jogo com regras peculiares gerando um dos esportes mais praticados no mundo inteiro.

Os técnicos de Basquete, em geral, usam pequenas pranchetas onde conseguem demonstrar para seus atletas, durante a partida, jogadas e estratégias para defender sua cesta e chegar mais facilmente a cesta do adversário. Esta prancheta com o quadro tático pode mostrar qualquer coisa, menos fazer previsões sobre os movimentos dos adversários. Mas um programa de computador alimentado por Inteligência Artificial (IA) está prestes a mudar esta situação.

A tecnologia funciona com base em um banco de informações sobre os possíveis movimentos que os jogadores adversários fariam a partir dos movimentos orientados pelo treinador. No vídeo a seguir os pontos vermelhos apresentam a jogada do treinador ofensivo e os pontos azuis representam as reações dos jogadores da defesa, adversários, que se movimentam de forma predita pelo que em geral fariam com base nas reações mais comuns, acumuladas no banco de dados. O banco de dados com os movimentos dos jogadores da liga de basquete norte-americana, a NBA, é o que a IA usa para determinar a predição dos movimentos que se espera destes jogadores.

O programa de computador trabalha com o esboço destes movimentos acumulados em bancos de dados e combina as informações de jogadores de ataque e de defesa proporcionando simulações bem realistas. As pesquisas sobre isso serão apresentadas no próximo mês de outubro na Conferência Internacional sobre Multimídia da Association for Computing Machinery em Nice, França.

Em um futuro bem próximo as exigências de conhecimento trilharão pela capacidade dos profissionais resolverem problemas. A adoção da IA por um treinador de Basquete pode gerar uma reação em cadeia para os adversários inovem usando estratégias cada vez mais lapidadas o que lhes garantirá a sobrevivência no competitivo mundo dos esportes. Para quem nunca sonhou que o computador poderia influenciar tão fortemente em uma partida de basquete, pode ir começando a mudar sua opinião.

Boa semana para todos(as)

 

[Texto dedicado ao amigo Luiz Gomes de Sousa Neto, o Netinho. Netinho é leitor assíduo do Ciência Viva e foi o técnico de Basquete com quem aprendi a ganhar – fomos campeões piauienses infanto-juvenil invictos em 1982 pelo River Atlético Club – e a perder – fomos últimos colocados no campeonato piauiense juvenil em 1983 pelo Piauí Esporte Clube: “Porque a vida é feita de vitórias e derrotas”]

 

O grito de Greta

“Minha mensagem é que estamos observando vocês!” Com esta frase simples e direta, olhando no olho dos líderes e representantes das principais nações do mundo, reunidos na cúpula do Clima, na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas, a ativista Greta Thunberg fez um dos discursos mais contundentes, que eu já testemunhei. “Está tudo errado! Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar de volta à escola, no outro lado do oceano”, continuou Greta em um tom firme.

“Como ousam? Vocês roubaram meus sonhos e a minha infância com suas palavras vazias”. Greta foi firme, deu poucos sinais de fraqueza, ameaçou chorar, mas continuou: “Eu ainda sou uma das que tem sorte. Pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão em colapso. Estamos no começo de uma extinção em massa e vocês só falam em dinheiro e no conto de fadas do crescimento econômico eterno...” O tom de crítica foi dando lugar ao tom de ameaça: “Os olhos de todas as gerações futuras estão sobre vocês”.

Greta Thunberg ficou conhecida por fazer uma manifestação inicialmente solitária em frente ao parlamento do seu país, a Suécia, desde o ano passado. Sua força e simplicidade foram o pontapé inicial de um movimento que culminou no último dia 20 de setembro com uma greve mundial pelo clima, reunindo jovens do mundo inteiro, num total de 5000 manifestações em 150 países. Apesar disso, existem críticas a adolescente: sua mãe é acusada de usar a fama da garota para promover um livro que lançou e setores da imprensa a acusam de ser manipulada por políticos e pessoas que lucram com suas ações. Alguns até usam trechos do livro da própria mãe dela, que revela que a menina é portadora de Síndrome de Asperger, é manipulada por figurões como George Soros. Outros falam que a menina não teria legitimidade porque nasceu na Suécia. Opiniões regadas a ranços ideológicos ou apenas desconhecimento mesmo sobre a real situação do planeta.

Verdade ou não que a menina é manipulada, o grito de Greta é um sinal bastante positivo sobre uma consciência que a minha geração, por exemplo, não tinha, sobre o grau de degradação do planeta. A globalização tem permitido que as pessoas saibam quase em tempo real sobre desastres ecológicos e processos de destruição e degradação em curso. As tecnologias dos smartphones que filmam e fotografam e quase instantaneamente publicam nas redes sociais também são fatores que ajudam na difusão das informações.

O mais importante é que esta ação, mesmo severamente criticada por alguns setores, apresenta grande poder de mobilização entre outros jovens, ajudando a combater a insanidade dos adultos que vivem e exploram a Terra como se ela não fosse nossa única morada.

O cuidado com nosso Planeta é condição essencial para a continuidade da nossa existência.

Boa semana para todos(as).

Novidades sobre Alergia ao Amendoim

O amendoim é uma planta bastante presente na alimentação humana. Originária da América do Sul, muito provavelmente da região da Bacia do Rio Paraná e dos chacos paraguaios e da Argentina, o amendoim (Arachis hipogeae) é uma planta da família das Fabáceas, prima próxima de outras tantas plantas leguminosas como o feijão, a soja e muitas outras espécies menos populares na alimentação, tendo sua semente apreciada como alimento.

O amendoim é uma planta curiosa porque seu fruto, que é um legume, só se desenvolve se estiver enterrado no solo, chamando-se de hipógeo, ou seja, que cresce embaixo (hipo) da terra (geo). Na culinária faz parte de diferentes pratos, sendo apreciado cru, cozido, torrado ou misturado com outras iguarias principalmente como sobremesas.

Essa semente, tão apreciada entre os chamados snacks (lanche, em inglês), esconde a característica de ser desencadeadora de alergias relativamente comuns e violentas. De acordo com estudos, uma em cada 200 crianças desenvolvem algum tipo de alergia ao amendoim.

Os processos alérgicos provocados pelo amendoim vão desde pruridos (coceiras) intensas até vermelhidão da pele e inchaço (edemas) nos olhos, boca, língua, garganta, provocando crises asmáticas, conjuntivite e outros sintomas indesejados.

A novidade é que um dos comitês de assessoramento da FDA (Food and Drug Administration), agência que controla alimentos e drogas para uso humano nos Estados Unidos acabou de aprovar um tratamento para alérgicos ao amendoim. O tratamento lida com uma imunoterapia que trabalha com a administração de doses progressivas de amendoim aos pacientes, para treinar seu organismo a tolerar os alérgenos e reduzir os efeitos produzidos pela alergia aos produtos que contenham amendoim na composição. O tratamento foi desenvolvido pela Aimmune Therapeutics, uma empresa da Califórnia.

Embora a aprovação pelo comitê não indique uma aprovação da FDA, alguns alergistas norte-americanos adotem o tratamento, dada a alta incidência de pacientes alérgicos ao amendoim nos EUA, computados em aproximadamente 6 milhões de pessoas.

Que as novidades não demorem. Os estados alérgicos por vezes pegam os pacientes e médicos de surpresa.

Novo rosto dos nossos irmãos

A origem do homem é um tema muito palpitante na ciência. Já tratamos disso numerosas vezes aqui no Ciência Viva, inclusive com um dos nossos primeiros posts (reveja aqui).

Se torna palpitante e ao mesmo tempo intrigante, sabermos que somos uma espécie e diferente da grande maioria não temos espécies com um grau de semelhança maior com a nossa.

O mais intrigante disso tudo é que as descobertas arqueológicas e paleontológicas nos revelam que há 30 a 40 mil anos atrás dividíamos o planeta com outras espécies. Já é sabido, desde o século XIX da existência do Homem de Neanderthal, que viveu na Europa, tinha o corpo mais robusto que o nosso, a caixa craniana um pouco maior, porém, desapareceu. Uns defendem que foi extinto, outro defendem que se fundiram a nossa própria espécie. Outros grupos que coexistiram conosco teriam sido o Homo erectus, provavelmente da subespécie ergaster; o Homo floresiensis, a espécie anã dos seres humanos da Ilha de Flores, na Indonésia; o Homo luzonensis, encontrado a pouco tempo nas Filipinas e o Homem de Denisova, cujos fósseis, paupérrimos foram investigados profundamente, e já se sabe que de fato constituíram uma espécie distinta de todas as outras.

A novidade, publicada na Revista Science desta semana é que estudos inferenciais com base nas informações levantadas até o momento do Homem de Denisova permitiram a reconstrução artística da face deste hominídeo que guarda mistérios sobre a sua real origem.

O fóssil encontrado na caverna de Denisova na Sibéria, Rússia, dá conta de que se tratava de uma fêmea jovem que habitou a região há 75 mil anos atrás. Pesquisadores como o arqueólogo molecular Ludovic Orlando da Universidade de Copenhague, Dinamarca, achou uma abordagem inteligente a tentativa de reconstrução com base em poucos recursos, mas com evidências bastante sólidas, reunidas a partir da convergência de várias pesquisas.

O mais interessante, e o leitor do Ciência Viva deve concordar com nossa opinião, é que se encontrássemos alguém com esta aparência pelas ruas de qualquer lugar, talvez não a víssemos como alguém que pertence a uma outra espécie, diferente da nossa.

Bom domingo para todos (as)!

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