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COVID-19: é possível matar o que não está vivo?

Desde que a COVID-19 se estabeleceu como pandemia, cientistas do mundo todo se puseram a pensar sobre como interromper esta doença que derruba recordes diariamente e já se firmou como a doença mais tenebrosa do século XXI, que agora que ainda está finalizando sua segunda década.

As pesquisas atacam diferentes nuances do processo infeccioso. Para entender melhor, vamos explicar um pouco mais sobre o vírus e a doença, e entender por que algumas medidas são efetivas e outras não.

1) COVID-19 é como chamamos a doença provocada por um vírus chamado SARS-CoV2. É comum jornalistas e entrevistados chamarem “o COVID-19” numa referência ao vírus, quando o correto é “a COVID-19”, pois estamos falando da doença. O vírus se chama SARS-CoV2, isso porque em 2002 tivemos uma epidemia com SARS-CoV, mas que ficou restrita a doze países, incluindo o Brasil, que chegou a ter mais de 800 mortes provocadas por este vírus.

2) O SARS-CoV2 é um vírus da família Coronaviridae, porque são esféricos e possuem projeções que lembram uma coroa, daí o nome Corona (coroa em latim). Os vírus apresentam uma estrutura bem simples. Os vírus são entidades que atuam como “parasitas intracelulares obrigatórios”. Isso quer dizer que só manifestam atividade biológica quando estão no interior da célula do seu hospedeiro. Por isso dizer “vamos matar o coronavírus” soa muito estranho. É possível “matar” quem não está vivo?

Estrutura do SARS-CoV2: envelope viral (em azul) e  o material genético do vírus (em tons avermelhados). Fonte da Figura: Site da SBAC. 

3) Os vírus têm uma estrutura muito simplificada: apresentam material genético (que pode ser DNA ou RNA) envolvido por uma cápsula ou envelope viral formada por lipídios e proteínas. No caso do SARS-CoV2 existem algumas particularidades. Eles têm como material genético o RNA de fita simples. Isso significa que mais rapidamente se reproduzem: ao penetrarem nas células hospedeiras o RNA rapidamente forma uma fita molde que “escraviza” os recursos genéticos da célula hospedeira, que passa a produzir sequências de RNA do vírus. Ou seja: nossas células produzirão novos vírus, usando recursos do nosso próprio corpo. O RNA de fita simples também tem como a característica a possibilidade maior de sofrer mutações mais rapidamente. Isso pode ser bom, pois pode produzir uma linhagem viral que perca a força de se disseminar e causar tantas mortes. Mas pode ser ruim, pois pode produzir uma linhagem ainda mais virulenta, que modifique muita coisa como a forma de infecção e até a sintomatologia da doença. Isso tudo será fruto do acaso.

3) O envelope viral do SARS-CoV2 é formado por uma dupla camada de lipídios. Então, quando lavamos as mãos com água e sabão ou detergente, o vírus simplesmente se desintegra. É como se estivéssemos lavando pratos engordurados: ao misturarmos água e detergente a gordura se desfaz, dissolvendo o envelope viral. Este é o efeito dos saponáceos e também do álcool, outro desintegrador de gorduras.

4) Já falamos que o vírus tem umas projeções (que o faz lembrar uma coroa - as estruturas com bolinhas amarelas da figura). Estas projeções são chamadas de Espículas e são feitas de proteínas. Elas são muito importantes no sucesso reprodutivo do vírus. Estas espículas é que são reconhecidas quimicamente pelas células das nossas mucosas (boca, nariz e olhos) e por isso as células aceitam o vírus infectá-las. Como nossas portas de entrada do vírus são as mucosas é este motivo que se recomenda o uso de máscaras. Assim quando alguém diz que tem o direito de andar sem máscara, está dizendo na verdade “tenho direito de permitir que o vírus chegue mais fácil nas minhas mucosas”.

5) Como já vimos que o vírus não “morre”, fica fácil entender porque, a rigor, medicamentos que matam protozoários, como a hidroxicloroquina (medicamento que combate muito bem o Plasmodium, causador da malária), e que eliminam vermes, como a ivermectina, propagados e usados nos protocolos de muitos hospitais, não são, comprovadamente, drogas que combatam o SARS-CoV2. Se assim fossem, há muitos anos já estaríamos usando-os para eliminar outros vírus. Ensaios laboratoriais determinaram alguma eficiência para estas e outras drogas, mas, definitivamente, não apresentam comprovação contra este vírus. Mas como todo medicamento, as drogas terminam pressionando o fígado, que é órgão do nosso corpo que retira impurezas. Este excedente de drogas pode comprometer a saúde hepática, por isso nunca devem ser usados sem o consentimento médico.

Agora que já está sabendo algumas coisas mais técnicas sobre o SARS-CoV2, que tal rever o que estava sabendo pelas redes sociais e jogar no lixo? Bom para você e bom para todos com quem se relaciona mais de perto.

Boa semana para todos (as).

CEE-PI sob nova Presidência

O Conselho Estadual de Educação do Piauí, órgão regulador do Sistema Estadual de Ensino do Piauí, mudou na última quinta-feira, 16 de julho, seu comando. Assumiu o CEE a Profª Maria Margareth Rodrigues dos Santos, tendo como Vice-presidente a Profª Viviane Fernandes Faria, para o biênio 2020-2022.

A Profª Margareth é pedagoga formada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Possui especialização em Administração Educacional pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Santo Agostinho (FSA) e mestrado profissional em Gestão Educacional pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Atualmente é Diretora Acadêmica do Colégio São Francisco de Sales (Diocesano) e é professora aposentada da rede pública estadual onde atuou durante muitos anos. Trata-se de uma educadora completa, mas tem apreço pela Educação Especial. Atualmente está na finalização do seu quarto mandato como membro do Conselho Estadual de Educação, onde atua em várias frentes como a Comissão de Educação Especial e a Comissão de Educação Superior.

Cons. Margareth Santos. Fonte: CEE-PI.

A Profª Viviane é bacharel e licenciada em Psicologia pela Universidade Católica de Santos e especialista em Gestão de Processos Comunicacionais pela Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo. Profª Viviane foi diretora de Políticas de Educação do Campo, Educação Indígena e Relações Etnorraciais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação e consultora da Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), além da Secretaria-Executiva da Rede Primeira Infância do Piauí. Entre outros temas, a Profª Viviane é uma apaixonada pela Educação Especial. No CEE está no seu primeiro mandato e atua nas Comissões de Educação Especial, Educação Superior e de Municípios.

Cons. Viviane Faria. Fonte: CEE-PI.

Como se vê, a partir do currículo das conselheiras, o CEE-PI está nas mãos de duas educadoras que primam principalmente pela Educação Inclusiva.

Estive, nos últimos 11 meses, a frente desta casa e a tenho como um lugar de grandes aprendizados. Sou professor há 34 anos, dos quais 12 estive como membro deste colegiado. Lá aprendi com grandes educadores como as duas professoras que hoje dirigem a casa e grandes mestres como Diogo Airemoraes Soares, Antonio Fonseca dos Santos Neto, Socorro Cavalcanti, Eliana Mendonça, Conceição Castelo Branco, Santana Neri, Marta Freitas, Ribamar Torres, Pe. Wellistony Viana, Carlos Alberto Pereira da Silva e muitos outros.

O CEE-PI é, como falei no início deste texto, o órgão normativo da educação básica e ensino superior ofertado pelo Estado, no caso  a Universidade Estadual do Piauí (UESPI). É um órgão vinculado à Secretaria Estadual de Educação e que merece um olhar mais cuidadoso por parte dos governantes. Na minha opinião, o Governo deve olhar muito melhor.

Boa semana para todos (as).

Emirados Árabes mandarão missão para Marte

Hoje, 15 de julho, os Emirados Árabes Unidos, uma pequena nação situada no Golfo Pérsico entrou para uma elite formada por potências mundiais como EUA, Rússia, consórcio de países europeus e  Índia e mandou uma missão espacial para o Planeta Marte, segundo matéria da Revista Science publicada dia 10 de julho.

Trata-se da Emirates Mars Mission (EMM, Missão Marte dos Emirados, em tradução livre), usando o satélite Hope que ficará na órbita de Marte e chegará lá lançado por um foguete japonês, com chegada prevista para fevereiro de 2021. A ideia é colocar o satélite em posição melhor do que os atuais seis satélites que se situam em órbitas polares em relação ao planeta vermelho.

O satélite será composto basicamente de uma câmera e um espectrofotômetro infravermelho que coletarão informações sobre a atmosfera marciana com dados como poeira, ozônio e umidade na atmosfera inferior e um espectrofotômetro ultravioleta que captará dados como oxigênio, hidrogênio e monóxido de carbono na atmosfera superior.

A missão já é vista como uma grande revolução educacional na pesquisa do país. Depois do lançamento do projeto o número de estudantes nas áreas de Física e Astronomia mais do que dobrou, ocupando cinco novos programas de graduação e um programa de pós-graduação em física no país.

O programa espacial do país deu início em 2014 a partir da parceria com EUA. A missão já é aguardada com ansiedade por pesquisadores que investigam as condições atmosféricas e ambientais do Planeta Marte.

Às vezes não adianta somente investir recursos em pesquisa. É preciso ter audácia de querer mudar as coisas a partir da base. Isto é muito bom para os jovens estudantes dos Emirados Árabes Unidos.

Boa semana para todos (as).

 

Razão Áurea

Você já ouviu falar em Razão Áurea? Razão é como chamamos o resultado de uma divisão. 10 dividido por 2 é igual a 5. Ou seja, 5 é a razão de 10/2. Áurea vem da palavra Aurus, que quer dizer ouro em latim. Então o que chamamos de Razão Áurea?

Numa pesquisa rápida na internet descobrimos que razão áurea ou proporção áurea é uma constante real algébrica irracional, representada pela divisão de uma reta em dois segmentos desiguais (a e b) sendo que quando a soma destes dois segmentos é dividida pelo valor da parte maior do segmento chega-se a um resultado aproximado de 1,61803398875. Este valor é chamado de número de ouro, representado pela letra grega phi (?), inspirado no arquiteto grego Phidias que criou o conceito. Phidias foi um dos projetistas do Parthenon, obra século V a.C. da Grécia Antiga.

Afinal, o que tem de tão especial nesta observação meramente matemática? Leonardo Fibonacci, nascido por volta de 1170 na cidade italiana de Pisa, considerado um dos maiores matemáticos da idade média e um dos responsáveis pela introdução dos números hindu-arábicos na Europa, foi uma das pessoas que estudou a fundo a razão áurea.

Fibonacci descobriu o que ficou conhecido como sequência de Fibonacci. Trata-se de uma sequência numérica infinita iniciada por 0 e 1 e sequenciada pela soma dos dois números antecessores. Assim a sequência inicia assim: 0, 1, 1 (0+1), 2 (1+1), 3 (1+2), 5 (2+3), 8 (3+5), 13 (5+8), 21 (8+13)... e assim por diante. O físico Johannes Kepler descobriu que a taxa de crescimento dos números da sequência de Fibonacci tende a ser representada pela razão áurea.

O que é mais interessante nisso tudo é que na natureza várias coisas são definidas por esta razão. A espiral da concha de um caramujo, por exemplo. Ou a disposição das flores em um capítulo de um girassol, obedeceriam a esta razão áurea, por um simples capricho da natureza!

O vídeo a seguir mostra um pouco deste entendimento.

 

 

NATURE BY NUMBERS from Cristóbal Vila on Vimeo.

 

Pelo sim, pelo não, quero crer que certo mesmo estava William Shakespeare que em Hamlet fala: "há mais mistérios entre o céu e a Terra do que a vã filosofia dos homens pode imaginar"...

Boa semana para todos (as)... Até o próximo post...

COVID19: modelos SIR e SEIR

Acompanhe o vídeo apresentado pelo epidemiologista Altay de Souza no qual ele explica as curvas de contágio de doenças como a COVID19.

De modo simples e bastante didático ele explica em que se baseiam as medidas de isolamento social propostas para evitar que mais pessoas contraiam esta nova Síndrome Respiratória Aguda que deixou gestores e governos sem saber direito o que fazer. As explicações ajudam você a entender porque algumas medidas de distanciamento continuam sendo necessárias.

Bom proveito e boa semana!!!

A história do “menino da internet”

Nestes tempos de pandemia observamos que as desigualdades se tornaram bastante acentuadas. Especialmente, quando falamos de educação. Enquanto estudantes de escolas privadas dividem o seu tempo entre videoaulas e lives com seus professores, muitos estudantes de escolas públicas aguardam o sinal de internet que não os alcança, ou tentam acompanhar os conteúdos por meio de material impresso. O mesmo ocorre nas instituições de ensino superior: enquanto estudantes de instituições privadas assistem aula de seus professores através de plataformas online, os de instituições públicas ainda esperam suas IES sinalizarem algo para a continuidade dos seus estudos.

O mundo acadêmico sempre teve este apartheid, especialmente quando nos referimos ao acesso às publicações científicas das grandes empresas de editoração de revistas científicas que cobram muito caro para que se alcance produções acadêmicas.

Muitos pesquisadores defendem que os dados científicos devem ser abertos, para que a ciência cresça de modo colaborativo. Mas as editoras dos principais periódicos acadêmicos têm políticas próprias de assinatura e acesso o que dificulta um acesso mais amplo, dificultando que mais pessoas possam deter mais conhecimento e interferindo até na reprodutibilidade da ciência, um dos seus pilares mais importantes.

Nos anos 2000 um jovem prodígio norteamericano chamado Aaron Swartz tentou mudar isso meio que na marra. Como um defensor de uma ciência de dados abertos, o jovem Aaron acessou o repositório de artigos da gigante Jstor a partir de uma invasão no sistema do MIT e foi pego pela segurança do instituto. Preso por violação dos direitos autorais, mas defendendo a bandeira de que os recursos arrecadados com o compartilhamento pago aos artigos deveriam ir para seus autores e não para as editoras, ao sair da prisão, Aaron comandou uma verdadeira cruzada pelo acesso ao conhecimento científico.

A história de Aaron que, aos 12 anos criou uma espécie de Wikipedia para acesso da sua família e seus amigos e aos 13 anos foi um dos criadores do RSS feed (RSS significa Rich Site Summary, ou Resumo do site completo, em tradução livre), mecanismo que permite que se colete rapidamente todas as atualizações sobre determinado tema na internet, aponta para um gênio em ebulição. Depois da prisão e de não aceitar um acordo onde ficaria preso por um tempo curto desde que deixasse a militância pelo acesso livre de dados, Aaron foi encontrado morto em seu apartamento em Nova York, aos 26 anos.

A história de Aaron foi contada em um vídeo que disponibilizo abaixo para quem quiser conhecer mais detalhadamente sua cruzada em defesa do acesso livre e ao compartilhamento de dados abertos, especialmente em nome da coletividade.

Em tempos de pandemia, a história de Aaron precisa ser difundida, pois a humanidade está correndo riscos de ser extinta. O desequilíbrio econômico provocado pela pandemia, a insegurança dos gestores nas tomadas de decisão, a corrupção dos aproveitadores no desvio de recursos públicos em razão da situação de calamidade, a falta de investimento na pesquisa científica, a desnecessária briga política (cenário exclusivo do Brasil), a desnecessária briga de egos e de recursos econômicos entre o uso de medicamentos patenteados e protocolos com medicamentos de patente quebrada, precisam ser revistos.

Boa semana para todos (as).

Educação: quando retornam as aulas presenciais?

Um dos setores mais afetados do mundo durante a pandemia de COVID-19 foi a Educação. Isso porque, naturalmente, há aglomerações nas escolas e, quanto mais jovem é o estudante, mais difícil é determinar os cuidados necessários para evitar a contaminação: 1) difícil manter o distanciamento social; 2) complicado impor as corretas formas de higienização; 3) e determinar o uso correto de máscaras.

Pensar em uma volta agora está complicado. Depende das condições sanitárias de cada lugar e dos índices de contaminação, bem como da relação com a lotação de hospitais. Por isso, praticamente todos os conselhos de educação do Brasil, reagiram rapidamente e dispuseram normas, todas em consonância com a legislação vigente, para aproveitamento das atividades desenvolvidas de modo remoto, cuidando para que estas, considerando o período de excepcionalidade, pudessem ser computadas.

O Governo Federal expediu Medida Provisória, abrindo mão do mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar, conforme a LDB, mas considerando a manutenção das cargas horárias exigidas em lei. Para as universidades e faculdades, atividades presenciais dos cursos podem ser substituídas por atividades remotas, com exceção de atividades práticas e de estágios. As instituições privadas se ajustaram rapidamente. As instituições públicas, na sua grande maioria, só conseguiram organizar as aulas remotas para a pós-graduação. Além das dificuldades inerentes de carência de recursos tecnológicos, muitos professores não se sentem seguros para esta adaptação e o lado mais fraco, o dos estudantes, não dispõe, também em sua grande maioria, de condições tecnológicas e de internet suficiente para acompanhar atividades remotas. A situação está fazendo com que cada IES repense sua própria situação. Em algumas instituições a incompetência e a dificuldade dos dirigentes em contornarem a crise tem sido desnudada.

Em nível nacional, se discute como ocorrerá o retorno. Nos países onde o retorno está acontecendo, muitas situações têm se verificado. Alguns países retornaram atividade com parte dos estudantes, outros adotaram sistemas híbridos que combinam atividades presenciais e remotas. Outros países retornaram e tiveram que paralisar atividades novamente. Países que iniciam suas atividades letivas no meio do ano, postergaram o início. Existem situações diversas. Inclusive aqueles que já admitem, pela atipicidade da situação, um ano letivo com regras totalmente distintas.

Como Presidente do CEE/PI, participei de uma reunião com o Conselheiro Eduardo Deschamps, do Conselho Nacional de Educação, em uma discussão sobre a implementação do Novo Ensino Médio, que teve cronograma atrapalhado em função da pandemia. Ele nos alertou que vamos nos deparar com a necessidade de regulamentar, de modo especial, uma matriz curricular que considere um continuum para os anos letivos de 2020/2021. As mudanças previstas para o ENEM em 2023 passaram para 2024, ou provavelmente sigam mais para frente, adiando a implementação do currículo do Novo Ensino Médio. Não tem sentido marcar data para implantar currículo novo se nem conseguimos saber quando as aulas presenciais retornam.

Seguimos cobertos de dúvidas, torcendo para a ciência chegar logo num antiviral que atue contra o SARS-Cov2 ou uma vacina que o previna com eficácia.

Para a educação, repensemos algumas práticas que precisavam de uma pandemia para virarem o epicentro das discussões.

Boa semana para todos (as) e se puderem, permaneçam em casa.

COVID-19: a promessa de um novo antiviral

A revista Science que circula atualmente entre os assinantes traz na sua capa o destaque de uma pesquisa que parece ter identificado substâncias com alto potencial antiviral.

 

A pesquisa, elaborada por um grupo de 27 pesquisadores chineses, investigou substâncias a base de chumbo que tem efeito inibitório contra a protease MPro, que é uma enzima chave que desempenha um papel central na mediação da replicação e transcrição viral, do SARS-Cov2, ou seja, atua na reprodução do vírus. O artigo denominado “Structure-based design of antiviral drug candidates targeting the SARS-CoV-2 main protease” (“Projeto baseado em estrutura de candidatos a medicamentos antivirais direcionados à principal protease SARS-CoV-2”, em tradução livre) traz projeções e resultados da aplicação dos compostos chamados 11a e 11b.

De acordo com os autores, o poder inibitório destes compostos interfere diretamente no ciclo de replicação viral, pois a MPro é responsável direta pela tradução de duas poliproteínas: pp1a e pp1ab. As drogas revelaram bons resultados na pesquisa in vivo e baixa toxicidade dos compostos (11a e 11b).

A pesquisa guarda similaridades com os princípios desenvolvidos no trabalho produzido pela equipe do Prof. Francisco Lima (UESPI), só que com substâncias à base de compostos extraídos do óleo de buriti, que publicamos a duas semanas atrás (se quiser rever clique aqui). O trabalho da equipe do Prof. Francisco Lima usa compostos extraídos de um composto natural e está em uma fase bem inicial, dadas as condições das instituições locais para testes in vitro e in vivo, já executados pelos cientistas chineses.

O importante é que existem pesquisadores no mundo inteiro trabalhando para produzir medicamentos que possam barrar o processo de reprodução viral, que culminará com um tratamento eficaz contra a COVID19. No artigo, inclusive, os pesquisadores chineses trazem dois exemplos de experiências desenvolvidas com drogas já existentes como a combinação de Interferon-A e medicamentos anti-HIV Lopinavir / Ritonavir (Kaletra) foi usada, mas o efeito curativo permanece muito limitado e pode haver efeitos colaterais tóxicos e o uso do Remdesivir, um medicamento antiviral de amplo espectro desenvolvido pela Gilead Sciences Inc., também explorado para o tratamento do COVID-19, mas ainda sem dados suficientes para comprovar sua eficácia.

Pelo sim, pelo não, graças a ação de muitos pesquisadores, logo logo teremos uma solução para o tratamento da COVID19 ou a sua prevenção, através do desenvolvimento de uma vacina com eficácia. O combate ao SARS-Cov2 precisa chegar a um resultado, pois além de não se ter certeza de que a infecção ocorre uma única vez, as possibilidades de mutação de um vírus com cadeia de RNA simples, positivo são grandes, o que não nos pouparia de recorrências de novas epidemias com versões novas de COVID-20, COVID-21 e assim por diante.

Precisamos urgentemente de uma resposta da ciência mundial. É uma questão de sobrevivência da nossa espécie.

Boa semana para todos (as).

 

COVID-19: possibilidade de testes mais aprofundados com o buriti

Segunda-feira da semana que passou, conversando com um amigo pessoal, o Prof. Francisco das Chagas Lima, descobri sobre a pesquisa que testou o óleo de buriti com um produtor de moléculas importantes para testes de inibição contra o vírus SARS-Cov2. Escrevi o post que viralizou e pautou atividades em outros setores e órgãos da imprensa.

O alcance foi o resultado do esforço da equipe de jornalistas do Portal Cidade Verde, especialmente das jornalistas Caroline Oliveira e Yala Sena que deram a importância merecida para a matéria, além das redes sociais por onde reverberou o disse me disse da novidade que pode de fato apresentar bons resultados, caso seja dada continuidade às pesquisas in vitro e in vivo. A credibilidade do Portal e sobretudo o esforço dos seus leitores foram as molas propulsoras.

Com a publicação do artigo, cuja prova online foi publicada no dia 12/06/2020 na revista Journal of Biomolecular Structure & Dynamics, formalmente a comunidade científica tomará conhecimento dos resultados e é possível que outros grupos de pesquisadores deem segmento às etapas que permitam uma melhor comprovação dos resultados.

Antes mesmo dos resultados saírem, o Prof. Dr. Francisco das Chagas Alves Lima foi contatado por pesquisadores da Fundação Instituto Oswaldo Cruz – FIOCRUZ do Rio de Janeiro, para o planejamento do início dos testes com as moléculas que se mostraram com afinidade ao processo de inibição do Complexo 2GTB-Peptidase. Certamente que o contato com a informação estes pesquisadores tiveram através do Blog Ciência Viva.

Agradeci ao Dr. Francisco Lima, com quem tenho amizade por mais de dez anos, pela oportunidade de divulgar a pesquisa do seu grupo. A postagem que fala da pesquisa com o buriti foi publicada no dia 09 de junho e desde então já ultrapassou a marca de 100.000 acessos.

Muito bom que o Ciência Viva esteja contribuindo fortemente para divulgação do conhecimento científico, especialmente da combalida ciência brasileira, que precisa ser conhecida do grande público, especialmente do cidadão comum, para aprenda a valorizar os investimentos neste segmento.

Boa semana para todos (as)...

 

 

 

COVID-19: descoberta de pesquisadores piauienses pode inibir o vírus SARS-Cov-2

Foto: reprodução youtube

Mais uma notícia alvissareira da Ciência brasileira contra a COVID-19. Pesquisadores vinculados ao Doutorado em Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI) descobriram que o óleo extraído do fruto do Buriti apresenta substâncias um efeito inibidor junto ao Complexo 2GTB-Peptidase, um dos principais componentes do envelope viral do vírus SARS-Cov2.

O estudo foi desenvolvido pelo Grupo de Química Quântica Computacional e Planejamento de Fármacos da UESPI, liderado pelo Prof. Dr. Francisco das Chagas Alves Lima, pesquisador que atua como professor de Química da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e orienta no Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI). O artigo com os resultados foi executado pelo Prof. Allan Costa do Instituto Federal do Pará (IFPA), como parte de sua pesquisa de doutorado, em parceria com os pesquisadores Ézio Sá (IFPI), Roosevelt BEzerra (IFPI) e Janilson Souza (IFMA), do mesmo grupo.

Prof. Francisco Lima (UESPI/UFPI). Fonte: Arquivo pessoal.

Segundo me explicou o Dr. Francisco Lima, trata-se de um estudo teórico (in silico) onde foram determinadas as interações de nove moléculas presentes no óleo extraído do buriti em relação ao principal elemento do sistema enzimático do SARS-Cov2, o Complexo 2GTB-Peptidase. Destas nove moléculas pesquisadas, três compostos - 13-cis-caroteno, 9-cis -caroteno e caroteno apresentam energias de ativação elevadas que podem reagir com o complexo enzimático do vírus, inibindo-o. A experiência usou técnicas de docagem molecular. Segundo estas técnicas, através de simulações em computadores são verificadas as arquiteturas das moléculas e com base nisso são executados cálculos sobre as forças e interações destas  

Prof. Allan Costa (IFPA). Fonte: Arquivo pessoal.

A descoberta abre caminho para testes com estes compostos a serem feitas in vitro (testes laboratoriais) e in vivo (testes com cobaias), extraído de uma planta com ampla distribuição no Brasil, a Mauritia flexuosa, o Buriti, uma das palmeiras que estão no Brasão de Armas do Piauí e com ampla distribuição nas regiões do Cerrado Brasileiro.

O artigo foi aceito para publicação no Journal of Biomolecular Structure & Dynamics e estará disponível para consulta online a partir da próxima sexta-feira, 12/06.

Já pensaram no sonho de tratar a COVID-19 comendo doce de buriti? Um luxo que só nossa riqueza e biodiversidade podem proporcionar. Vamos torcer para que nosso sonho vire realidade.

Até o próximo post...

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