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Pesquisador piauiense descobre nova espécie de planta

Mais uma nova espécie foi descoberta pela ciência. Desta vez a espécie Calea diamantinensis, encontrada nos campos rupestres do Cerrado de Minas Gerais. A descoberta foi feita pelo pesquisador piauiense Genilson Alves dos Reis e Silva, Doutor em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Minas Gerais.

Prof. Dr. Genilson Alves Reis e Silva. Fonte: Arquivo Pessoal.

A planta é um arbusto perene que cresce em áreas da Cadeia do Espinhaço na região central do Estado de Minas Gerais, mais precisamente no município de Diamantina (MG). A descoberta da planta foi fruto do desenvolvimento da tese do Prof. Genilson, orientada pelo Dr. Jimi Naoki Nakajima, um dos maiores especialistas mundiais nas plantas da família botânica das Asteráceas. Esta família é uma das maiores do Reino Vegetal e compreende muitas espécies bem conhecidas, como as margaridas e girassóis.

Calea diamantinensis. Fonte: Arquivo Pessoal.

A descoberta de uma nova espécie é precedida por coletas e muitas horas de estudos com as plantas. Em geral as plantas são coletadas, devidamente processadas e fazem parte da coleção de um herbário. O herbário é uma espécie de “biblioteca” de plantas desidratadas para serem estudadas e que servem de testemunhos para estudos que envolvem plantas, como por exemplo estudos farmacológicos. Para chegar à conclusão de que se tratava de uma nova espécie o Prof. Genilson chegou a examinar plantas de 19 herbários espalhados pelo Brasil, dentre eles o Herbário do Museu Nacional, Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Herbário do Jardim Botânico de São Paulo.

A descoberta de uma nova espécie abre uma nova lacuna de estudos a serem desenvolvidos com aquela planta. Um ponto importante é a necessidade de se proteger a nova espécie uma vez que ela foi encontrada em uma população restrita em área de campos rupestres da Cadeia do Espinhaço em uma altitude que varia entre 1060 e 1430 metros acima do nível do mar. A espécie, mesmo sendo nova, já é classificada como criticamente ameaça de extinção.

Cadeia do Espinhaço. Fonte: Arquivo Pessoal.

Sobre o pesquisador

Genilson Alves dos Reis e Silva é natural da cidade de Valença do Piauí e professor do Instituto Federal do Piauí, campus Valença. Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí, com mestrado em Botânica pela Universidade Federal Rural da Amazônia e doutorado em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa. Já participou de vários programas. No Brasil, como pesquisador, participou do programa PPBIO (Programa de Pesquisa em Biodiversidade), e no exterior participou de curso na Faculdade de Agronomia de Montevideu (Uruguai) e realizando atividades de pesquisa no Herbário da Universidade Autônoma do México (Cidade do México). Atualmente, é o coordenador do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFPI, campus Valença e desenvolve pesquisas acerca da diversidade vegetal na região valenciana.

 

Darwin day

12 de fevereiro é uma data comemorada no mundo todo como Darwin Day. A data comemora o nascimento do naturalista inglês Charles Darwin. Mas quem foi Charles Darwin e qual a sua contribuição?

Charles Robert Darwin nasceu em Shrewsbury, Inglaterra em 12 de fevereiro de 1809 e faleceu em Downe, Kent, Inglaterra em 19 de abril de 1882. Foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico que ficou conhecido por seus trabalhos que resultaram nos avanços e progressos sobre Evolução dos Seres Vivos. A sua Teoria da Evolução por meio da Seleção Natural foi resultado dos seus estudos e dos estudos desenvolvidos de modo independente pelo também naturalista britânico, Alfred Russell Wallace. Darwin estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de um ancestral em comum, argumento com boa aceitação e considerado um conceito fundamental no meio científico. No corpo de sua teoria propôs que os ramos evolutivos são resultados de seleção natural e sexual, onde a luta pela sobrevivência resulta em consequências similares às da seleção artificial.

Sua obra mais importante é o livro “A Origem das Espécies”, cujo a primeira edição esgotou no mesmo dia em que chegou às livrarias, causando espanto na sociedade e comunidade científica da época, e conseguindo grande aceitação nas décadas seguintes, superando a rejeição que os cientistas tinham pela ideia da transmutação de espécies. Já em 1870, a evolução por seleção natural tinha apoio da maioria dos intelectuais. Sua aceitação quase universal, entretanto, não foi atingida até à emergência da síntese evolutiva moderna entre as décadas de 1930 e 1950 quando um grande consenso consolidou a seleção natural como o mecanismo básico da evolução. A teoria de Darwin é considerada o mecanismo unificador para explicar a vida e a diversidade na Terra.

Um resumo sobre a vida de Charles Darwin retirado da Wikipédia:

Nome completo

Charles Robert Darwin

Nascimento

12 de fevereiro de 1809 em Shrewsbury, Shropshire, Reino Unido

Morte

19 de abril de 1882 (73 anos), Downe, Kent, Reino Unido

Residência

Down House, Downe, Kent, Reino Unido

Progenitores

Mãe: Susannah Darwin; Pai: Robert Darwin

Cônjuge

Emma Wedgwood

Ocupação

  • Cientista natural
  • Geólogo

Principais trabalhos

A Origem das Espécies (1859); A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo (1871)

Prêmios

Membro da Royal Society (1839); Medalha Real (1853); Medalha Wollaston (1859); Medalha Copley (1864); Legum Docto (Honorário), Cambridge (1877)

Religião

Agnóstico (anteriormente anglicanismo)

Já escrevemos em outras ocasiões sobre Charles Darwin aqui no Ciência Viva. Reveja.

Feliz Darwin Day!!!

(Com informações da Wikipédia)

Efeitos das mudanças climáticas

Estudo publicado na revista Science Advances confirma previsões um tanto quanto catastróficas sobre o aumento da aceleração as correntes oceânicas. De acordo com a oceanógrafa Susan Wijffels, do Wood Hole Oceanographic Institution, a energia das correntes oceânicas aumentou cerca de 15% por década. O estudo utilizou dados coletados entre 1990 e 2013.

Segundo o oceanógrafo Hu Shijian do Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências, suspeita-se que este incremento energético nas correntes oceânicas seja atribuído às mudanças climáticas que adicionaram energia às correntes. Enquanto algumas correntes aceleram como a Corrente Agulhas, que corre ao longo da costa leste da África, outras reduziram seu potencial, como a Corrente do Golfo no Atlântico. O derretimento das geleiras no Ártico gera o afundamento de água salgada no Atlântico Norte provocando a aceleração das correntes no Oceano Pacífico.

De acordo com Hu, o estudo precisa ter este enfoque global, exatamente para que se perceba a extensão do fenômeno, além da percepção de que eventos em locais bastante distantes se integrem provocando efeitos variados, às vezes até antagônicos, em regiões completamente distintas.

Hu e sua equipe escolheram modelos de reanálise de dados das medições de correntes realizadas por robôs flutuantes que capturaram dados de variação da temperatura da água e da salinidade por cerca de 2.000 metros de profundidade, de diferentes pontos dos oceanos. A oceanógrafa Alison Gray da Universidade de Washington, em Seattle, diz-se surpresa com a magnitude da aceleração.

Recentemente tratamos dos efeitos das mudanças climáticas aqui no Ciência Viva. Estas modificações estão ocorrendo de fato e existem vários indícios de que podem trazer dissabores, como por exemplo esta descompensação pluviométrica recente observada em Minas Gerais e no Espírito Santo, além das chuvas que tem assolado os estados da região Nordeste. As mudanças estão acontecendo de fato. O que se discute, muitas vezes são as causas. A defesa dos ecologistas recai sobre a forte influência humana no processo. Entretanto, alguns cientistas, apesar de aceitarem que as mudanças estão se processando, minimizam os efeitos provocados pelo homem, usando outros períodos de mudanças climáticas intensas, mesmo em épocas que o homem não teria o mesmo poder que tem hoje em poluir a Terra ao ponto de provocar os aumentos de temperatura (com suas respectivas consequências), tão propaladas por segmentos importante como o Painel Internacional de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC, sigla em inglês).

Na minha opinião como cientista, as mudanças climáticas são claramente perceptíveis. Não acredito que o homem seja o único culpado. Penso que este fenômeno seja cíclico e tem por influência diferenças de posição da Terra em relação ao Sol e até mesmo o potencial de liberar energia de modo diferenciado da nossa estrela principal.

Seguimos observando estas variações e que os cientistas sigam ampliando seu acervo de conhecimento sobre o tema, para favorecer a proteção dos demais seres vivos e para nossa própria preservação enquanto espécie dominante da Terra.

Boa semana para todos (as).

Atlas das serpentes brasileiras

Com extensão territorial de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil abriga zonas biogeográficas, biomas, fauna e flora distintos. Integrando o grupo dos 17 países megadiversos, a variedade e a singularidade demonstra a riqueza e a importância nacional na manutenção da vida no planeta. Conhecer, catalogar e definir áreas endêmicas de espécies é um desafio constante. Com esse propósito, 32 pesquisadores da América Latina se reuniram para mapear as áreas de ocorrência de serpentes no Brasil. O trabalho pioneiro é o maior já feito nesse sentido, mapeando 412 espécies de serpentes.

O mapeamento da biodiversidade é fundamental para a delimitação de áreas de proteção, para o estabelecimento de políticas públicas e a evolução conhecimento científico. A pesquisa resultou no Atlas das Serpentes Brasileiras, publicado na South American Journal of Herpetology, revista científica da Sociedade Brasileira de Herpetologia, dedicada ao estudo de répteis e anfíbios. Para a determinação prática do trabalho, o grupo consultou 160 mil exemplares de serpentes preservadas desde o século XVIII, recorrendo a 140 coleções biológicas de universidades e museus de história natural do país e do mundo. A identificação de cada cobra foi verificada por pelo menos um especialista da equipe e por pesquisas anteriores. Além disso, demonstrou a distribuição e ocorrência de cada espécie nas paisagens naturais e as serpentes exclusivas do Brasil.

Segundo Costa, os dados coletados apontam que em muitas áreas da Amazônia não há registros de nenhum exemplar de serpentes em coleções biológicas. Esse fator está ligado à proximidade dos centros de pesquisas a grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belém e Brasília, onde cientistas já investigam há décadas a ocorrência das serpentes.

Nacionalidade brasileira

Do total de 412 espécies analisadas, 163 são exclusivamente brasileiras. Em avaliação percentual, esse dado corresponde a 39% das serpentes catalogadas. Outra característica apontada é o fato de em geral cada espécie de serpente brasileira viver em uma ou poucas regiões – conceito que os cientistas definem como ‘endemismo’ –, evidenciando a adaptação de cada espécie a condições ambientais particulares, como o tipo de vegetação, temperatura, volume de chuvas e relevo. Esses fatores implicam diretamente na sua distribuição geográfica.

As regiões brasileiras com maior concentração de serpentes endêmicas estão no sul da Mata Atlântica (na região das matas de Araucárias), os pampas, a Serra do Mar (no litoral do sudeste), e a Serra do Espinhaço (que cruza Minas Gerais e Bahia). O sudeste baiano, as áreas altas do Ceará, as dunas do rio São Francisco (na Bahia), a bacia do rio Tocantins, o oeste do Cerrado e o norte da Amazônia também compõem esse cenário. Os pesquisadores ponderam que isso reflete o quanto o país é rico, com diferentes zonas que abrigam grupos variados de espécies de serpentes – mas que, ao mesmo tempo, vêm sofrendo grande pressão de ações humanas, especialmente da agropecuária e do setor energético.

Contribuições

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), hoje, cerca de 30 espécies de serpentes do Brasil correm o risco de extinção. Os mapas produzidos no Atlas já estão sendo utilizados, de forma preliminar, para as discussões sobre o estado de conservação das serpentes, por meio da colaboração com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A publicação também influencia em ações de preservação, uma vez que auxilia na estimativa das áreas de ocorrência que foram alteradas pela ação humana, permitindo verificar o nível de ameaça.

Bibliotecas da vida

O mapeamento, que tem por base as coleções biológicas de todo país, demonstrou que muitas das áreas naturais de coletas dos animais não existem mais: foram transformadas em grandes cidades, plantações, pastagens, rodovias e hidrelétricas. As coleções biológicas têm cumprido a função documental de resgate à memória da biodiversidade nacional. As informações dos acervos, que estão abrigados em universidades, centros de pesquisa e museus de história natural, proporcionam o desenvolvimento científico em áreas tão distintas como a ecologia, a indústria farmacológica e a inteligência artificial, funcionando como uma grande biblioteca da vida.

(Com informações do Jornal da Ciência)

 

Pâncreas artificial

A vida de quem tem Diabetes pode melhorar a partir da novidade aprovada no final de 2019 pelo FDA (US Food and Drug Administration, a agência norteamericana que autoriza o uso de novos alimentos e medicamentos para a população do EUA). A ideia foi juntar dois recursos que já existiam em um só gerando um pâncreas artificial. Antes vou falar um pouco sobre o Diabetes e o Pâncreas.

No sistema digestivo temos uma glândula chamada Pâncreas que faz dois papeis muito importantes. Ela produz uma secreção chamada Suco Pancreático que atua em processos digestivos no intestino delgado. Esta secreção contém enzimas importantes como lipases (que quebram gorduras), proteases como a tripsina e a quimiotripsina (que quebram proteínas) e a amilase pancreática que ajuda na degradação do amido. Esta é sua função no Sistema Digestivo. Além disso, o pâncreas produz hormônios que atuam no controle da quantidade de açúcar circulando na corrente sanguínea: a insulina auxilia na retirada do excedente de açúcares repassando-o para o fígado e para células musculares e do tecido adiposo. Já o glucagon tem função antagônica: ele atua na quebra do glicogênio (que é um açúcar de reserva) que se transforma em glicose disponível na corrente sanguínea. Esta é função do Pâncreas no Sistema Endócrino.

O Diabetes se caracteriza exatamente pelo excedente de glicose no sangue, ou pelo mau funcionamento do pâncreas na produção de insulina (o que caracteriza a Diabetes tipo 1) ou por desenvolver resistência à insulina (o que caracteriza a Diabetes tipo 2). Mas como eu dizia, a vida do diabético tipo 1 pode melhorar bastante, pois o FDA autorizou a produção de um pâncreas artificial.

Um conjunto de sensores é capaz de perceber quando a quantidade de glicose aumenta, a partir de um contato subcutâneo com a corrente sanguínea. Este conjunto se liga a uma pequena bomba de insulina que, induzida por um software de inteligência artificial, libera a quantidade de insulina necessária para suprir a deficiência de insulina no paciente. Uma combinação perfeita!

Conversei com o Dr. Wallace Miranda, que tem doutorado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e estudou exatamente particularidades da Diabetes tipo 2, se o Pâncreas Artificial poderia ser usado por todos os tipos de diabéticos. Ele afirmou que os pacientes com Diabetes Tipo 1 são os mais indicados para uso do novo recurso, mas pacientes com Diabetes tipo 2 com quadro de falência pancreática também podem se beneficiar da novidade. Acompanhe uma explicação detalhada sobre o pâncreas artificial do Dr. Wallace Miranda.

A ciência tem contribuído dia após dia com a melhoria das condições de vida dos pacientes. Vamos aguardar mais novidades.

Boa semana para todos (as).

ABO e Rh na farda

As casas legislativas brasileiras são um reflexo do nível educacional do seu povo. Falo isso me relacionando a todas as esferas (municipal, estadual e federal). Nossos representantes são uma amostra em miniatura da nossa própria população, por isso nem adianta reclamar muito sobre a qualidade dos políticos que são eleitos, salvo raríssimas exceções.

Na semana que passou analisamos no Conselho Estadual de Educação do Piauí uma lei prestes a ser sancionada pelo Governador do Estado sobre a obrigatoriedade de se colocar no fardamento escolar de todos os estudantes o grupo ABO e o fator Rh do estudante. A análise nos obriga a elencar pontos positivos e negativos da medida que, a princípio, soa como uma medida de grande relevância. Pensamos isso porque imaginamos que em situações de urgência ou emergência médica, para a necessidade de uma transfusão sanguínea, ganhar-se-ia algum tempo, porque a informação estaria ali no fardamento do estudante. Talvez tenha sido este o raciocínio do legislador quando teve a ideia e a apresentou aos seus pares que, certamente, devem ter debatido o tema, uma vez que uma lei desta magnitude impacta diretamente sobre o bolso dos pais que, todo início de ano, se obrigam a deixar muitos recursos para aquisição do material escolar, o que inclui o fardamento.

No plenário do Conselho discutimos prós e contras e fechamos com ideia de que a lei deveria ser vetada pelo Governador pelo fato de não trazer nenhum ganho para o estudante e sua família. Primeiro porque existe toda uma legislação em nível nacional que regula os procedimentos hemoterápicos desde 1988 quando, na época, explodia em todo o país a epidemia de AIDS, doença cujo agente etiológico é veiculado pelo sangue contaminado. Foram aprovadas leis e emitidos decretos de regulamentação que detalham os procedimentos necessários para captação e transfusão de sangue. Estes instrumentos legais obrigam as casas de saúde a fazerem todo o levantamento da tipagem sanguínea ABO e Rh, que são requisitos importantes para o processo de transfusão de sangue. O mais recente instrumento que regula isso foi uma Portaria emitida pelo Ministério da Saúde em 2016, reafirmando a necessidade de que os procedimentos preparatórios sejam feitos. Se é desse jeito pergunta-se: qual a necessidade de bordar, pintar ou aplicar sobre a farda escolar esta informação, visto que ela não será usada? Por unanimidade decidimos indicar ao Governador o veto.

Fico pensando em algumas leis que são produzidas no nosso país e que terminam virando um bom motivo para refletirmos sobre a política de uma maneira geral. Lembro bem de um kit de primeiros socorros que fomos obrigados a adquirir como uma imposição do Código de Trânsito que trazia umas gases, luvas e esparadrapo, cuja efetividade de uso só servia para se tratar danos pequenos como os provocados por uma topada, por exemplo. Em tempo algum aquele kit salvaria vidas como deve ter pensado o legislador que a incluiu no código e tornou obrigatória a aquisição. É como esta lei “educacional” que vai favorecer bem os comerciantes que trabalham com a personalização de fardamentos escolares. Os pais que, como eu, têm muitos filhos, sequer podem aproveitar a farda de um filho pro outro, visto que as crianças não são obrigadas a terem os mesmos grupos sanguíneos, nos sistemas ABO e Rh, que os seus irmãos.

A lei foi sancionada e publicada em 15 de janeiro de 2020, de acordo com o Diário Oficial do Estado.

Boa reflexão para todos (as).

Coronavírus: a bola da vez!

A ciência avança a passos lentos. Esta é a sensação que temos toda vez que se anuncia uma nova doença causada por agente ainda desconhecido e com uma grande capacidade de se alastrar e provocar um dano à saúde em proporções gigantescas.

O coringa da vez é uma nova versão de coronavírus. Trata-se de um vírus que tem causado doença respiratória e foi recentemente identificado na China. Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde a metade da década de 1960, que geram infecções respiratórias em seres humanos e em animais. As infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, bastante semelhantes a um resfriado comum. Todavia, alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde pública, como foi a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), identificada em 2002 e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), identificada em 2012.

A transmissão do novo coronavírus ocorre pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como: gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão ou contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos. A transmissão deste grupo viral é menos intensa que o vírus da gripe fazendo com que o risco de maior circulação mundial diminua. O vírus pode ficar incubado por duas semanas, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção, de forma bem similar a um resfriado comum.

O diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (aspiração pelas vias aéreas ou indução de escarro). Como procedimento é necessária a coleta de duas amostras que devem ser encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), sendo uma amostra analisada por metagenômica e outra enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC). Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral. O diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de amostra, a partir da coleta de aspirado de nasofaringe (ANF) ou amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronca alveolar).

Como a grande maioria das viroses, não existe tratamento específico para infecções causadas por coronavírus humano. Neste caso é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada situação, como o uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos) e o uso de humidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e tosse.

Enquanto as autoridades de saúde temem que este vírus se espalhe como os coronavírus da SARS e da MERS o fizeram em 2002 e 2012, respectivamente, cientistas norteamericanos e chineses acabaram de publicar sua pesquisa que revela que foram encontrados amostras de vírus de 15 mil anos que podem ser liberados e se espalharem mundo afora devido ao aquecimento global (artigo intitulado Glacier ice archives fifteen-thousand-year-old viroses, em tradução livre, “Geleira arquiva vírus de 15 mil anos”, publicado na revista BioRxiv). Aquele aquecimento global que o Trump nega e que é apoiado por uma dúzia de bestas que ainda por cima acreditam que a terra é plana.

Estou quase concordando com esta história de que a Terra não tem o formato esférico (ou geoide, como gostam de afirmar meus amigos geógrafos), porque na verdade está ficando mesmo é chata com tanta gente limitada intelectualmente...

Boa semana para todos (as)...

(Com informações do Ministério da Saúde do Brasil)

Internet 5G

A gente mal se acostuma com uma tecnologia e outra já vem batendo à porta. Trata agora da internet de 5ª geração, chamada de Internet 5G. Na verdade esta ampliação de “Gs” refere-se à evolução da internet disponibilizada para uso por todos.

Quando foi lançada, a internet 2G possibilitou o uso de mensagens usando os smartphones. Passamos a mandar e-mails e mensagens rápidas e curtas, via SMS (Short Message Service, em tradução livre: Serviço de Mensagens Curtas) através dos aparelhos de telefonia celular.

A internet 3G possibilitou a ampliação das formas de comunicação, desta vez com a possibilidade de mandar fotos, áudios e vídeos. Saíamos da era do texto para era do envio de outros tipos de mídia.

A partir de 2010 começou a ser implantada a tecnologia 4G. Com ela foi possível a transmissão ao vivo com uso de som e imagem. Permitiu que as pessoas conseguissem se conectar mais proximamente, dada a sensação de falar usando os recursos de som e imagem ao mesmo tempo.

A internet 5G traz a revolução de ser muito mais rápida do que a internet 4G: estima-se que será de 10 a 20 vezes mais rápida do que a atual. Com isso downloads e uploads consumirão apenas alguns segundos para acontecer. Será bem desfrutada por quem gosta de assistir filmes ou ouvir músicas em plataformas Streaming.

A novidade da Internet 5G só chegará ao Brasil em 2022. Em recente entrevista para o Portal UOL, o Ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação disse que há um conflito de natureza técnica a ser resolvido no Brasil, o que obrigou o MCTIC a adiar a licitação para exploração do serviço 5G no país.

Vamos esperar as novidades.

Boa semana para todos (as).

Asgard encontrada e cultivada

Não estamos trazendo nenhum episódio novo de Thor, o herói da Marvel que se baseia em um Deus da Mitologia Nórdica. Nem vamos falar de Asgard o mundo dos deuses da mesma Mitologia Nórdica que se popularizou graças aos filmes e personagens do formidável Stan Lee. Vamos falar de uma pesquisa que abriu um importante leque de informações sobre o surgimento dos Eucariotos.

Antes de mais nada é bom explicar. Os seres celulares se dividem em três grandes grupos: Procariotos que apresentam a célula mais simples e com o núcleo desorganizado, os Eucariotos, que são os organismos que apresentam células com formas mais complexas, incluindo um núcleo que vem totalmente organizado e os Arqueias que apresentam-se como os organismos mais primitivos e com uma organização celular peculiar. No grupo dos Eucariotos estão organismos como animais, plantas e fungos e uma infinidade de organismos bem complexos. Até hoje não se tinha noção de como a vida passou de uma estrutura celular mais simples (como Procariotos e Arqueias) para uma estrutura celular mais complexa (Eucariotos). A coisa pode ter mudado totalmente com a descoberta dos cientistas japoneses liderados por Hiroyuki Imachi, do Instituto de Ciência e Tecnologia do Mar e da Terra do Japão.

Desde o início da década passada, cientistas escandinavos descobriram Arqueias em regiões profundas do mar. Como são de grandes profundidades, estas bactérias se desintegram em razão da diferença de pressão (por viverem nas profundezas suportam grandes pressões. Ao serem trazidas para zonas com menor pressão terminam rompendo-se, pelo fato de a pressão interna ser maior do que a externa), por isso a única coisa que conseguiram coletar e conservar foi o seu DNA. Descobriram então uma série de Arqueias que receberam nomes de deuses vikings como Loki, Thor, Odim, Heimdall e Hel, e foram chamadas na mesma família: Asgard. As arqueias Asgard guardam em comum a presença de DNA de células eucariotas, descobertas feita ainda em 2015.

Em 2006, Imachi e sua equipe descobriram Arqueias de Argard a partir de sedimentos da fossa marinha de Nankai, a 2500 metros de profundidade e cuidaram de tentar cultivá-las em um biorreator, o que durou cinco anos. Conseguiram alimentar as Arqueias com leite em pó para bebês e puseram-se a observar sua estrutura e comportamento. Visualizaram-nas pela primeira vez identificando seus tentáculos e acompanharam sua lenta reprodução (considerando os padrões para as demais bactérias), pois levam um mês para concluir a reprodução.

Imagem da Arqueia de Argard. Fonte: Nature.

A equipe de Imachi publicou na revista Nature a teoria de que o ancestral dos Eucariotas seria uma arqueia muito similar a um Asgard. A ideia é de que este Arqueia, com seus tentáculos, engoliu uma bactéria e esta passou a fazer parte de sua estrutura, gerando um organismo mais complexo. A ideia do grupo de Imachi reforça a hipótese formulada pela cientista norteamericana Lynn Margulys que explica exatamente que a origem das células eucarióticas (responsáveis pela formação dos seres vivos mais complexos, o que inclui o ser humano) terem um arsenal bioquímico formado pelas Mitocôndrias (que em estrutura lembram muito uma bactéria) seriam por força da chamada Hipótese Endossimbiótica, chamada mais tarde pela pesquisadora espanhola Purificación Lopez-Garcia de Sintrofia entre Bactérias, ou trocando em miúdos, uma união (do grego Sin, junto) em troca de alimento (do grego Trophos, alimento).

A simples observação destas Arqueias pode não ser a única premissa necessária para comprovar esta ideia, mas esta simples observação reforça as hipóteses traçadas antes mesmo de se conhecer o tipo de organismo que poderia ter feito parte da interface entre a evolução entre o modelo procariótico (baseado na simplicidade da estrutura celular) e o modelo eucariótico, que se resguarda em uma complexa estrutura que favorece toda a diversidade biológica que conhecemos.

Quer saber mais sobre o assunto, clica aqui.

Uma boa semana para todos (as).

 

Estudo de pesquisadores brasileiros e franceses decifra efeito do choque entre asteroides

Ao colidirem, há bilhões de anos, alguns asteroides formaram famílias compostas por fragmentos com até centenas de quilômetros, que compartilham órbitas semelhantes.

Outros asteroides, ao entrarem em um estado de rotação muito rápida, denominada rotação crítica, desprenderam fragmentos de rocha pouco massivos, com até alguns quilômetros de diâmetro, dando origem aos chamados grupos de fissão rotacional.

Até então, os grupos de fissão conhecidos não estavam relacionados com as famílias de colisão. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguetá, por meio de um projeto apoiado pela FAPESP, indicou, porém, que alguns deles podem ter sido originados justamente de famílias de asteroides colisionais.

Os resultados do estudo, que teve participação de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Université de la Côte d’Azur, da França, foram publicados na revista Nature Astronomy.

“Essas descobertas mudam a maneira como se entendia a formação de famílias de asteroides”, disse Valério Carruba, professor da Unesp de Guaratinguetá e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

“Até então se achava que uma família de asteroides era formada a partir de uma colisão e que os fragmentos poderiam evoluir por mecanismos gravitacionais ou não gravitacionais, permanecendo com, mais ou menos, o mesmo tamanho. Agora, observamos que a colisão não é um evento pontual e que pode gerar a formação em cascata de outros grupos”, disse Carruba.

A fim de tentar identificar possíveis grupos de fissão no interior de famílias de asteroides geradas por colisões foram selecionadas quatro famílias de asteroides jovens, formadas há menos de 4 milhões de anos: Jones, Kazuya, 2011 GB11 e Lorre.

Para identificá-las foram usados métodos de reconhecimento de famílias de asteroides baseados em simulações dinâmicas de reversão de tempo, algoritmos de agrupamento de aprendizado de máquina e dados astrométricos – de posição de órbita –, obtidos a partir de observações de objetos do Sistema Solar pela missão espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Análises da estrutura interna dessas quatro famílias de asteroides colisionais extremamente jovens permitiram identificar vários subgrupos em seu interior.

Ao estudá-las, os pesquisadores estimaram que 6,3% da população da família 2001 GB11, 6,7% da Jones e 13,6% da família Lorre são membros de uma subfamília secundária ou terciária, como são definidos, respectivamente, subconjuntos de asteroides formados durante a primeira colisão de um asteroide e de fragmentos dessas rochas gerados em colisões subsequentes.

Ao comparar as porcentagens de membros de famílias secundárias e terciárias com as de outras famílias de asteroides com idade maior que 100 milhões de anos, constatou-se que nessas famílias a fração de subgrupos de fissão detectáveis é menor que 5%. “Provavelmente isso tem relação com o mecanismo de formação das famílias de asteroides primárias”, disse Carruba.

Momentaneamente visíveis
Ao serem formadas, as famílias de asteroides também geram uma série de fragmentos em estado de rotação acelerada por causa da colisão ou por efeitos não gravitacionais, como o de emissão da luz do Sol, conhecida como efeito Yorp, observados em famílias mais antigas. Segundo Carruba, esses fragmentos se despedaçaram e formaram uma série de grupos de fissão que só são visíveis por um determinado período. 

“Depois de 5 a 10 milhões de anos, no máximo, esses grupos de fissão começam a se separar e não podem mais ser detectados pelos métodos que costumamos utilizar. Por isso, há uma série de grupos de fissão que se formaram no passado e que não são mais detectáveis”, disse o pesquisador. 

Carruba explica que ainda não há estimativas do período de rotação de muitos asteroides integrantes de famílias de colisão. “Esse dado permitiria averiguar quais deles também poderiam ser membros de grupos de fissão”, disse.

O artigo The population of rotational fission clusters inside asteroid collisional families (DOI: 0.1038/s41550-019-0887-8), de V. Carruba, F. Spoto, W. Barletta, S. Aljbaae, Á. L. Fazenda e B. Martins, pode ser lido por assinantes da Nature Astronomy em www.nature.com/articles/s41550-019-0887-8.

(com informações da UNESP).

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