Cidadeverde.com

Ambientes Inovadores: participe da Consulta Pública

O Secretário de Empreendedorismo e Inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações tornou pública a consulta para manifestação da sociedade civil sobre o Termo de Referência do Programa Nacional de Apoio aos Ambientes Inovadores (PNI), para garantir a transparência no processo de reformulação do Programa Federal.

A documentação da Consulta Pública e o link para envio de contribuições estão à disposição dos interessados – clicando aqui até o dia 18 de abril.

A atualização do PNI acontece em função do novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Decreto 9.283, de 07 de fevereiro de 2018) para alcançar todos os ambientes promotores de inovação no País.

O PNI é um programa de alcance nacional que tem por objetivo fomentar o surgimento e a consolidação de ecossistemas de inovação e de mecanismos de geração de empreendimentos responsáveis pela criação, atração, aceleração e desenvolvimento de empresas inovadoras.

Anprotec participa ativamente na atualização do PNI

“Participamos do grupo de trabalho e procuramos ser coerentes com nossos e-books e o Marco Legal de CT&I. Acreditamos que este documento complementa o Marco Legal e abre uma grande possibilidade para os ambientes de inovação do país. Essa é a Anprotec lutando para melhorar a qualidade de vida das pessoas pela competitividade e a inovação”, disse o presidente da Associação, José Alberto Sampaio Aranha, ressaltando a importância da participação dos associados da Anprotec na Consulta Pública, com sugestões, recomendações, elogios e críticas construtivas ao Termo de Referência do Programa Nacional de Apoio aos Ambientes Inovadores.

(Com informações do Jornal da Ciência)

 

 

Letramento Digital para estudantes de Teresina

A evolução do conhecimento e das tecnologias tem sido muito rápida. O desafio é exatamente o de poder acompanhar esta evolução. E este desafio não é pequeno e nem é exclusividade desta ou daquela nação. A medida em que os avanços vão acontecendo, o ideal é que todos consigam acompanhar estes avanços, em especial os mais jovens.

Antigamente, o principal desafio era fazer com que as pessoas pudessem compreender a linguagem escrita e pudessem também se expressar por este meio. A luta, por muito tempo (e ainda continua), era fazer com que as pessoas pudessem entender os códigos representados por sequência de letras do nosso alfabeto. Serem alfabetizadas. Hoje, este processo é muito mais amplo. O letramento digital, por exemplo, compreende o entendimento de tecnologias digitais, tão comuns nos dias de hoje. Levar este letramento para os que, por falta de recursos, estão mais longe disto é uma tarefa interessante que ajuda a reduzir as desigualdades.

Pensando nisso, um projeto criado desde 2014 por pesquisadores da área de Ciência da Computação, finalmente entrou em execução, agora em 2019. Patrocinado pela Prefeitura de Teresina em parceria com o Instituto Ayrton Senna, o projeto Lagoas Digitais é de autoria dos pesquisadores Prof. Dr. José Bringel Filho e Prof. Dr. Thiago Carvalho, do Centro de Tecnologia e Urbanismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Estes cientistas são associados do Centro Unificado de Inovação Aplicada (CUIA) que reúne as melhores cabeças de diversas instituições e procura estreitar a parceria entre pesquisadores e setores de diferentes esferas do poder público e entes privados. O CUIA é uma instituição de pesquisa científica e tecnológica (ICT). Funciona como um braço das universidades que pode solucionar problemas pontuais ou sistêmicos para diferentes segmentos.

O projeto tem o objetivo de levar aos estudantes mais carentes as bases da lógica de programação de computadores. Com o domínio das linguagens próprias da programação as crianças poderão soltar sua imaginação na construção de aplicativos e jogos. É muito difícil alguém conseguir expressar sua criatividade se não tiver um meio para fazê-lo. O letramento pode revelar valores inestimáveis entre os estudantes das escolas municipais, dentre os quais a capacidade para resolver problemas, desenvolvimento cognitivo, melhoria no desempenho escolar, aumento na sociabilidade entre outras.

Conversei com o Prof. Bringel que me explicou que o projeto é piloto e será aplicado para estudantes de 10 escolas, sendo uma da zona rural. Além dos estudantes destas 10 escolas, a maioria de escolas em tempo integral, todas da rede municipal de ensino, serão contemplados também os estudantes do projeto Cidade Olímpica.

A TV Cidade Verde registrou uma matéria contando um pouco sobre o projeto. Acompanhe:

Considero uma iniciativa muito importante tanto dos pesquisadores em desenvolvê-la quanto da Prefeitura de Teresina em levá-la para suas escolas. A parceria com o Instituto Ayrton Senna reforça esta importância, pois estes resultados podem ser expandidos para outras regiões do país, ajudando a tirar milhões de crianças da escuridão digital.

Bom domingo!

O fungo assassino

Há dois anos fiz uma leitura que me deixou perplexo sobre a capacidade do homem destruir o meio ambiente. Esta leitura foi do best-seller “A sexta extinção: uma história não natural”, da jornalista Elizabeth Kolbert. No seu texto, em linguagem bastante acessível e instigante, Kolbert vai relatando casos impressionantes de destruição da Biodiversidade.

Fonte: www.saraiva.com.br

Logo no primeiro capítulo, o livro traz o relato da destruição de algumas espécies de anfíbios, especialmente na região da América Central, onde existem florestas com forte endemismo de várias espécies de pequenas pererecas. O relato de Kolbert refere-se a existência de fungos que atacavam os anfíbios.

A revista Science da semana que passou traz uma síntese sobre os efeitos do fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd), um fungo do grupo dos Quitrídiomicetos, encontrados no solo e na água doce, sendo, na sua grande maioria, inofensivos. O fungo foi responsável pela extinção de cerca de 90 espécies de pequenos anfíbios e a redução populacional de mais de 490 espécies que correm sérios riscos de se extinguirem.

O fungo cresce sobre a pele destes pequenos anfíbios, liberando toxinas que eliminam o organismo com problemas cardíacos. Mas o leitor atento poderia estar pensando: qual a culpa do homem, se é um fungo que ataca anfíbios?

A disseminação deste fungo iniciou, segundo uma síntese de todos os trabalhos de pesquisa na década de 1980, em razão do processo de comercialização de animais silvestres. A eliminação dos pequenos anfíbios se concentrou na América Central e na Austrália, principalmente. Muitas espécies de pequenos anfíbios estão em declínio e a situação não está controlada.

O homem é bem eficiente no processo de destruição da natureza. Uma pena!

Você sabia que existem animais que não bebem água?

Ele existe! Trata-se do rato-canguru, um pequeno mamífero da espécie Dipodomys deserti, que tem como habitat o deserto do Arizona (EUA). O rato-canguru é um animal com características adaptadas para a vida no ambiente seco. Apesar de não beber é óbvio que o animal utiliza água no seu metabolismo, extraída de alimentos como folhas e sementes desidratadas.

O rato-canguru é uma animal de porte muito pequeno, alcançando no máximo 10 cm de comprimento, bastante parecido com os camundongos utilizados em laboratórios, sendo criado como animal doméstico nos EUA. Possui rins adaptados para reduzir o volume mínimo de água da urina, como forma de economizar o máximo possível de água.

Fonte: www.culturamix.com

O rato-canguru recebe este nome por apresentar as patas traseiras bastante desenvolvidas e fortes, lembrando o perfil do Canguru.

Pesquisa publicada na revista Science da semana que passou apresentou vídeos de cobras cascavéis que, na tentativa de capturar ratos-cangurus produziram imagens da incrível capacidade de reagir, escapando de seu predador. As imagens foram captadas por câmeras-armadilhas no deserto do Arizona.

Acompanhe no vídeo as fugas espetaculares do rato-canguru publicado por Science:

Um bom domingo para todos (as)

 

 

O último a sair que apague a luz...

Ontem recebi uma ligação de um banco do qual sou cliente. Do outro lado da linha uma assistente do gerente da minha conta. Ela me informou que eu podia me comunicar a qualquer momento com o gerente da minha conta através de um chat do aplicativo do Banco. E caso eu não o encontrasse no chat, sempre teria alguém, sendo ela ou outro assistente. No final ela disse: não seria ótimo poder resolver todos os seus problemas do Banco sem sair de casa? Respondi que sim. Não satisfeita com minha concordância ela tornou a perguntar, mais especificamente: o que o senhor achou desta vantagem? Aí não me contive e respondi: fiquei bastante preocupado. Sou adepto das tecnologias, mas a medida que o banco me disponibiliza esta “vantagem” o seu emprego está em risco. Você parou para pensar nisso? Alguns segundos de silêncio e a voz da moça voltou dizendo: tomara que isso não aconteça.

Notei que minha fala, talvez tenha imprimido um tom meio lacônico, mas às vezes as pessoas não se dão conta de que determinadas ofertas das empresas, especialmente as que visam muito mais o lucro do que qualquer outra coisa, como os bancos no Brasil, são ciladas para o futuro.

Um estudo realizado pelo Fórum Mundial Econômico, publicado em 2016, com o título The Future of Jobs (O futuro do trabalho, em tradução livre), deixou o mundo de orelha em pé com os milhões de postos de trabalho que desaparecerão até 2020, substituídos pela tecnologia.

Estamos vivendo a época da Educação 4.0, inclusive já abordei aqui a preocupação que os pais devem ter com a educação de suas crianças para um mundo que exige habilidades. A formação é imprescindível, mas o desenvolvimento de habilidades já é pré-requisito para ocupações em alguma das maiores empresas do mundo.

A situação se torna mais preocupante no Brasil em razão de uma série de fatores, dentre eles a desvalorização dos professores, representada pela baixa valorização profissional, com um dos piores salários do mundo, assunto que também já tratamos aqui. Um crescente desmonte da educação superior também é fator de preocupação, uma vez que há precariedade no financiamento do segmento público e um processo que tem deteriorado as instituições privadas. Muitas instituições de ensino superior privadas passaram a fazer parte de grupos empresariais que, visando principalmente o lucro, tem deteriorado suas estruturas, optando pelo barateamento do processo com a inclusão cada vez mais comum de disciplinas pela modalidade à distância, precarizando a formação de seus estudantes.

Estudos tem apontado para profissões de formação superior que já podem ser totalmente substituídas pela evolução tecnológica. Segundo informações publicadas na imprensa nacional, importantes áreas, até bem pouco tempo concorridas para formação universitária, já estão sendo, gradativamente, substituídas por tecnologias como a Inteligência Artificial.

Diante deste quadro desolador, o último a sair que apague a luz. Ops... Não precisa. Existem sensores que farão este trabalho.

Desculpem-me pelo tom pessimista, mas precisava deste desabafo... Até a próxima...

 

 

 

 

 

 

UESPI: Por que a Autonomia Universitária é importante?

Nos últimos dias a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) tem aparecido mais frequentemente na mídia em razão dos seus professores terem estabelecido um movimento grevista denunciando as precariedades da Instituição de Ensino Superior (IES), pública estadual, adotando como mote “A UESPI se nega a morrer”.

Nos meus quase dois anos de titularidade frente ao Ciência Viva, pouco tenho tocado no tema UESPI, a principal universidade onde exerço atividades de ensino e pesquisa, salvo por anunciar descobertas e projetos de colegas da instituição, descobertas estas que me geram grande alegria e orgulho em divulgar. No geral, do dia a dia e das dificuldades, evito falar, por que estão dentro de uma realidade que me entristece. Mas resolvi usar este espaço hoje para esclarecer sobre um ponto que considero importante para a sobrevivência de uma universidade, visto que o movimento paredista se foca na sobrevivência da IES: a Autonomia Universitária.

Para explicar melhor para o leitor, a Autonomia Universitária é a propriedade que as universidades brasileiras gozam, desde a Constituição de 1988 de poder gerenciar seus atributos administrativos, financeiros e patrimoniais. Em suma a ideia seria: determinado o valor do orçamento da Universidade, a partir do Plano Plurianual (que determina o que vai acontecer pelos próximos quatro anos) e a Lei Orçamentária Anual (LOA), que detalha a forma de aplicação de recursos pelo intervalo de um ano, regularmente, a IES receberia parcelas mensais para administrar. Apesar da Constituição Federal determinar e, a Constituição Estadual de 1989 ratificar, isto não acontece. Todavia isto não é uma particularidade do Piauí.

No Brasil inteiro, até onde meu conhecimento alcança, apenas os estados de São Paulo e da Paraíba têm suas universidades estaduais autônomas. Isso ajuda ao leitor compreender porque a USP, a UNESP e a UNICAMP ocupam o topo das melhores universidades do Brasil. A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) também se destaca no contexto nacional, ainda que seja menos famosa do que as coirmãs paulistas. Estas quatro universidades, ao terem o seu orçamento definido, recebem na forma de duodécimos (doze parcelas mensais) os recursos para administrar e direcionar, segundo suas necessidades, fortalecendo o seu ensino de graduação e pós-graduação, suas atividades de pesquisa e suas atividades de extensão, os três pilares que sustentam a universidade.

A Autonomia Universitária, entretanto, não é um mar de rosas. Por dois motivos básicos: em primeiro lugar as universidades não são imunes de terem gestões ruins na lida com os recursos. Para exemplificar, a USP, a bem pouco tempo atrás, esteve imersa (acredito que ainda continue) em uma crise, porque o que recebia de recursos para sua autonomia era insuficiente para custear, de forma equilibrada, suas despesas. Na época falava-se em um déficit de 5% mensais. Ou seja: a universidade recebia “X” e gastava “X” + 5%. Ou seja: a conta não fechava. O segundo motivo está relacionado à origem dos recursos. Como são recursos que dependem do que o estado arrecada e são baseados em percentuais, quando a arrecadação do Estado diminui, a arrecadação da universidade diminui. Esta segunda situação depende do modelo de autonomia adotado.

 

A Autonomia da (e para) UESPI

A UESPI nunca gozou de autonomia financeira e patrimonial. Talvez, quando ainda estava se estabelecendo, recebia recursos de convênios que administrava junto a prefeituras e outros órgãos, mas algo bem distante de uma autonomia de fato. Por seus mais de 30 anos, sempre dependeu da Secretaria de Fazenda para cumprir seu calendário de pagamentos. Desde o mais complexo e vultoso, como pagamentos referentes a uma obra de infraestrutura, até ao mais simplório pagamento de uma conta de energia elétrica, por exemplo. Os procedimentos contábeis são feitos na Universidade, mas a conta entra em uma fila de pagamentos na SEFAZ. O que arrecada também, como por exemplo a oferta de um curso de pós-graduação lato sensu, como uma especialização, os recursos arrecadados vão para a conta única do Estado, enquanto as despesas, seguem o mesmo ritual das demais despesas da IES. Em outras gestões governamentais a UESPI gozava de autonomia administrativa. Nos processos de promoções funcionais, progressões, aprovados por critérios meritocráticos nos Conselhos Superiores, como por exemplo, a conclusão de um curso de Mestrado ou Doutorado, depois dos procedimentos e verificações acadêmicas e administrativas, eram prontamente executados, o que hoje não acontece. O que, aliás, é o principal fator motivador da greve. O professor terminou seu Doutorado e não consegue receber o equivalente ao que determina o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da IES, gerando uma tremenda frustação.

Em 2015, pressionada pela comunidade universitária, a Administração Superior da UESPI nomeou uma comissão formada por três professores, para estudar uma proposta de Autonomia Universitária para UESPI. Estive nesta comissão como membro, juntamente com dois colegas. Em quatro meses de trabalho fizemos a) um estudo dos processos que geraram a autonomia das universidades de São Paulo e da Paraíba; b) analisamos o volume de recursos arrecadados pelo Governo do Piauí nos últimos cinco anos; c) analisamos a evolução do orçamento da UESPI e quanto deste orçamento a IES conseguia executar para o mesmo período de cinco anos; d) calculamos projeções sobre a arrecadação de recursos do Estado e as projeções de despesas de pessoal e de reposição de quadro de pessoal da Universidade para os próximos 30 anos e; e) disponibilizamos uma proposta dentro da realidade financeira do Estado e na perspectiva de melhorar a situação da IES. Apresentamos o estudo para a Administração Superior da UESPI. Sinceramente, não sei por qual motivo, o estudo nunca se transformou em alguma ação efetiva para mudar a realidade da Universidade.

A luta por autonomia não será fácil. Por um longo período, a universidade tinha seus postos de trabalho, como direções, coordenações, pró-reitorias etc. como cargos de indicação política. A própria indicação do Reitor foi política até mais ou menos 2003, salvo engano. Os primeiros passos para autonomia foram dados, neste sentido, com a implantação de eleições para escolha dos dirigentes da universidade a partir da sua comunidade de professores, o que ocorre até hoje. Outra coisa: a Autonomia também gera mais responsabilidades. Em 2013, a convite da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM) fui a Foz do Iguaçu palestrar sobre a Adesão da UESPI ao SiSU e, em conversas informais pude ouvir, do então Reitor da UEPB, reclamações sobre a queda de arrecadação do Estado da Paraíba, o que afetou os recebimentos de duodécimos da IES, gerando inclusive atraso de salários aos professores e demais servidores. Sem autonomia basta dizer que os problemas são culpa do Governo.

O estudo feito em 2015 não foi elaborado em vão. Apesar de não ter se revestido em ação para benefício da comunidade universitária serviu como base para ampliarmos a compilação de dados e transformarmos em um artigo científico que foi encaminhado para um periódico de grande impacto no meio acadêmico na área de educação. Tão logo seja publicado terei o maior interesse em divulgá-lo para toda comunidade acadêmica da UESPI e para o público leitor do Ciência Viva.

Uma boa semana para todos(as)!

O Manganês e a Doença de Parkinson

Pesquisadores radicados na Universidade de Iowa (EUA) descobriram uma das prováveis causas da Doença de Parkinson. Em artigo publicado na revista Science Signaling que circulou no último dia 12 de março, chefiados pelo cientista Dilshan Harischandra descobriram que o contato frequente com o metal Manganês pode desencadear quadro precoce de Doença de Parkinson.

Pesquisando em um grupo de trabalhadores que lidam diariamente com solda, a equipe descobriu ser comum o excesso da proteína a-sinonucleína (a-sin) responsável pela destruição de neurônios. O excedente da proteína foi associado ao contato mais comum com o manganês, próprio de quem trabalha com soldagem metálica, encontrado em vesículas extracelulares denominadas Exossomos, isoladas a partir do soro dos trabalhadores.

Tanto em cultura celular quanto em experimentos in vivo utilizando cobaias (camundongos), expondo-os à presença do metal ou a exossomos isolados e induzidos por manganês, foi possível notar a transferência de a-sin entre neurônios e micróglia, induzindo a inflamação e morte dos neurônios.

A descoberta abre um campo de investigação sobre a doença que, conforme se confirma, pode ser induzida por fator externo até então não cogitado. A ciência vai ajudando, pouco a pouco, a desvendar informações sobre doença neurodegenerativa muito degradante.

Até nosso próximo encontro!

O prêmio da pesquisadora brasileira e o Programa Ciência Sem Fronteiras

Na semana que passou o Brasil recebeu o resultado da Medalha John Marsden concedida à bióloga brasileira Thais Vasconcelos pela Linnean Society de Londres, por sua Tese de Doutorado desenvolvida na University College London sobre a expansão das plantas da família Myrtaceae, uma das mais importantes famílias botânicas presentes na flora brasileira que, de acordo com a autora, iniciou sua expansão ainda quando os continentes estavam fundidos formando o Gondwana (um dos supercontinentes).

Fonte: History Channel Brasil.

A vitória de Thais não é pequena, visto que não é fácil ser reconhecida pela Linnean Society, uma das sociedades científicas mais importantes do mundo. Para a maioria dos mortais adianto que, o fato de Thais trabalhar com espécies da família Myrtaceae já a transforma numa cientista excepcional, dada a complexidade de entendimento das plantas desta família, que abriga várias espécies comuns por aqui como a goiaba, a guabiraba, o jamelão, o jambo e muitas outras.

Fora a notícia o que chamou a atenção foi o fato desta pesquisadora ter sido patrocinada pelo Programa Ciência sem Fronteiras, instituído na gestão da Presidente Dilma Rousseff e que oportunizou a milhares de jovens a possibilidade de fazer intercâmbio no exterior.

O Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) foi uma das mais proveitosas ideias executadas no Brasil na última década. Sua meta era distribuir 101 mil bolsas até 2015 (não sei dizer se esta meta foi alcançada) permitindo que estudantes, principalmente de graduação, pudessem ter experiências em universidades estrangeiras, às expensas do Governo Brasileiro. Ao todo, a ideia era que 64 mil estudantes de graduação (um dos segmentos beneficiados) pudessem, a sua escolha, matricular-se em uma universidade de ponta de um país que o acolhesse por um período médio de 1 ano. Muita gente soube aproveitar bem.

Conheci o caso de dois ex-alunos meus que saíram do curso de Biologia na UESPI e foram para Austrália, passando uma temporada lá em universidades bem além das melhores instituições do nosso país. Voltaram com ganhos qualitativos de conhecimento e, sobretudo, com a imersão em um país onde se fala inglês o que, por si, já representou um ganho considerável. Uma experiência que mudou a vida destes jovens e, não resta dúvida que para melhor. Mas o programa não colecionou apenas sucesso.

O Programa Ciência sem Fronteiras poderia ter sido bem melhor. Da forma como foi feito, muitos jovens, no ápice da sua imaturidade, utilizaram o momento para passear bastante às expensas do contribuinte. Não houve por parte do programa a preocupação em cobrar um feedback dos beneficiados. O caso da bióloga Thais Vasconcelos talvez não soasse como novidade se a coordenação do Programa tivesse feito cobranças às universidades de onde estes alunos partiram do Brasil, às universidades que os receberam no exterior e aos próprios beneficiários. Com certeza teria sido mais producente para nosso país.

Ademais, é importante que se diga que o programa sofreu um brutal encolhimento e hoje está restrito apenas aos estudantes de pós-graduação. O Governo Federal poderia começar a pensar em remodelar o programa, melhorar as bolsas, colocar exigências claras e com metas estabelecidas, não somente para os estudantes mais colocando a figura de tutores no Brasil e no país que recebesse os estudantes.

De graça uma dica do Ciência Viva para o Ministério da Ciência e Tecnologia...

Até a próxima!

 

 

Cuidado com a Internet

Já tem um tempo considerável que professores do mundo inteiro se debatem com o uso indevido da internet. Inicialmente pelos jovens na busca por conteúdos impróprios ou inadequados, passando até por pessoas mais maduras que, na ausência de algo mais construtivo, se apropriam das redes sociais e de outros recursos da internet para fazer e propagar o indevido. Parece até exagero quando alguém envolvido com a política brasileira fala que o que catapultou o candidato de direita e permitiu que ele ascendesse ao poder “foram velhinhos que espalhavam Fake News usando redes sociais”, como apontam matérias feitas por veículos de comunicação como a BBC, publicadas no início deste ano. Quando ouvi isso pela primeira vez achei que era uma piada descabida. Mas depois passei a perceber o quanto a internet em mãos de desavisados pode desconstruir facilmente o que a ciência levou décadas para construir, por exemplo.

Mais recentemente constatou-se que o crescente movimento de pessoas que acreditam que a Terra é plana aumentou de forma exponencial graças ao algoritmo de busca do YouTube. Matéria publicada no site Hypescience (clique aqui para ver) revela que nas duas convenções que reuniram dezenas de pessoas que acreditam na folclórica versão de que a Terra é um disco achatado, cercado de montanhas de gelo por todos os lados, realizadas em 2017 e 2018, de mais de trinta participantes ouvidos, 100% tinham começado acreditar nisso a partir do ato de ter assistido vídeos que evocam este assunto no próprio YouTube.

A matéria menciona entrevista com o engenheiro francês Guillaume Chaslot, que pesquisou sobre Inteligência Artificial no seu Doutorado e trabalhou no Google. De acordo com suas informações os engenheiros do YouTube trabalham com um algoritmo que vai direcionando o usuário a partir de um perfil de preferências. O algoritmo funciona mais ou menos assim: se você buscou um vídeo sobre um humorista, por exemplo, o próximo vídeo sugerido também será de um humorista que faz o mesmo tipo de piada do que você pesquisou inicialmente. Este algoritmo funciona similarmente ao de aplicativos como o Netflix que seleciona películas com características semelhantes à de alguma que você tenha assistido anteriormente. Assim, se você pesquisou um vídeo contando que o Homem não foi a Lua, o vídeo ofertado em sequência pode ser um dizendo que a Terra é Plana. Aí para virar uma crença, tudo fica muito rápido,

O mais importante, neste caso, é trabalhar com os conceitos que a pesquisa acresceu ao conhecimento, procurando combater com veemência o Fake News e ajudando dar um fim nesta onda quase infinita de desinformação que, inclusive, tem causado outros problemas, como a “revolta” moderna das vacinas, também propagada pelas redes sociais e outros meios de que, mais causam prejuízos do que benefícios: um verdadeiro descalabro contra uma geração completa de inocentes que poderão sofrer com doenças quase extintas para a geração de seus pais, que foram vacinados, “por terem lido em algum lugar na internet”, resolveram “poupar seus filhos disso”. Um absurdo completo!

Hoje, é mais do que necessário, valorizar o conhecimento e a educação. Agora é uma questão de vida ou morte.

Boa semana para todos (as).

Físico piauiense, em Oxford, testa recursos revolucionários para Microscopia Óptica

Os estudos em Biologia só começaram avançar fortemente quando o Microscópio foi inventado no século XVII. Antes de sua invenção o mundo que não consegue ser observado fora dos limites do olho humano era completamente desconhecido.

Os antigos tinham uma noção de que deviam existir seres minúsculos, mas tudo era muito na base da imaginação. Nomes como Anton von Leeuwenhoeck, Marcelo Malpighi e Robert Hooke foram os responsáveis por adotar lentes de vidro polidas na observação do mundo microscópico, o que permitiu uma verdadeira revolução nas ciências biológicas.

Do microscópio óptico usado pelos cientistas pioneiros até os dias de hoje, usados para o ensino de Biologia e ciências da saúde, muita coisa evoluiu. Foram inventados já no século XX aparelhos que usam outras tecnologias, bem mais caras por sinal, para investigação de um mundo cada vez mais restrito e limitado pelo tamanho. Hoje existe uma grande gana de combinações entre aparelhos sofisticados como microscópios eletrônicos de transmissão e de varredura, que permitiram maior ampliação da visão dos cientistas.

O microscópio óptico ainda é um dos recursos mais importantes para quem lida com a chamada Microbiologia. Mas o uso da luz como o recurso de investigação tem suas limitações tecnológicas. Um bom microscópio consegue ampliar com nitidez apenas 2000 vezes. Isso dá para aumentar o tamanho de uma Escherichia coli, a bactéria comensal que vive no nosso intestino e tem 6 micrômetros de comprimento, para 12 milímetros, uma imagem razoavelmente grande. Mas por incrível que pareça isso ainda é muito limitado. Se o pesquisador quisesse ver o capsídeo (estrutura corporal) do HIV que mede 120 nanômetros não conseguiria mesmo com o melhor microscópio óptico, aumentando 2000 vezes, chegaria próximo a 0,2 mm, muito pequeno para o olho humano, mesmo com este aumento.

 

A novidade na Microscopia Óptica

O piauiense José Inácio da Costa Filho, formado em Física pelo Instituto de Física de São Carlos - IFSC da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos (SP) está conduzindo sua pesquisa de Doutorado e pode mudar o curso da microscopia óptica mundial.

José Inácio da Costa Filho. Fonte: Arquivo pessoal.

Com mestrado no estudo de Lasers e agora no desenvolvimento da sua pesquisa na Universidade de Oxford, na Inglaterra, Zé Inácio trabalha pondo em prática um conhecimento relativamente novo. Uma teoria descoberta em 2016 está se transformando em uma aplicação prática que pode revolucionar o mundo da microscopia óptica. Trata-se do uso da técnica Hermite-Gaussian Microscopy. Esta técnica permite extrair mais informação da luz recebida pelo microscópio, reduzindo as perdas de visão por difração, reduzindo as distorções das imagens, permitindo um provável incremento de até 3 vezes na potência de visualização de microscópios ópticos. Nos atuais microscópios só é possível usar o aumento máximo, de 2000 vezes, com o uso de óleo de imersão, exatamente para melhorar a visualização. Com a nova técnica será possível um aumento com nitidez de 6000 vezes o que aumenta mais ainda o campo de visão de quem depende da microscopia e não tem recursos para usar microscopia eletrônica.

Equipamentos usados nos testes. Fonte: Arquivo Pessoal.

Aliás é bom que se diga que, nem tudo o que se estuda poderia ser usado com microscopia eletrônica, visto protocolo de preparação de amostras que também é um fator limitante para o uso do equipamento e da técnica. A pesquisa desenvolvida por Costa Filho pode representar uma total mudança de paradigma para muitos segmentos que dependem da microscopia óptica.

Para quem achar que a Ciência tem limites é sempre bom lembrar que tem alguém mais sagaz investigando um meio de superar estes limites. Siga o seu caminho, Zé Inácio!

Um bom domingo para todos (as).

Posts anteriores