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Edital prevê recursos para pesquisa Biomédica

Pesquisadores brasileiros que colaborarem com cientistas americanos terão a oportunidade de receber apoio financeiro para estudos em diversas linhas de pesquisa biomédica.

O Ministério da Saúde e o National Institutes of Health, órgão de desenvolvimento de pesquisas do governo dos Estados Unidos, lançaram no dia 04/12/2018 uma chamada conjunta que receberá inscrições a partir de fevereiro de 2019. Os brasileiros interessados terão esse tempo para estabelecer parcerias com pesquisadores vinculados às instituições norte-americanas elegíveis.

As inscrições serão realizadas pelo sistema do NIH e estarão abertas de 08/02/2019 a 08/03/2019. Deverá ser submetida uma proposta única para cada parceria. Os pesquisadores podem encaminhar uma carta de intenção até o dia 08/02/2019.

O NIH não estabelece critérios de titulação acadêmica para a submissão de propostas, mas irá avaliar a expertise das equipes de pesquisa, o potencial impacto dos projetos, a abordagem, o potencial de inovação e as instituições envolvidas.

Serão selecionados de 8 a 10 projetos. Cada projeto receberá 175 mil dólares anuais e deverá concluir as pesquisas em até 4 anos.

(Com informações do Ciências SUS)

Ciclo de Vida das “coisas”

Você já parou para observar quantas coisas adquirimos e que, passado algum tempo o objeto se degrada e precisamos substituí-lo? Você sabia que tudo que é produzido, usado e depois descartado tem um impacto contra a natureza? Você sabia que a ciência estuda este “comportamento” de durabilidade de tudo o que é produzido?

Tudo o que é produzido, seja um alimento, uma peça de vestuário, uma máquina, uma folha de papel, qualquer coisa, provoca um impacto ao meio ambiente. Na verdade, não somente um, mas vários impactos. Se se considerar um determinado objeto, o levantamento dos impactos parte desde a obtenção da matéria-prima, dos processos de elaboração, da energia consumida etc., etc., até chegar às informações relativas ao descarte deste objeto, quando o mesmo se tornar inservível. Ou seja: existem impactos em toda a extensão da cadeia produtiva, passando pelo uso do objeto, até sua destinação final.

Diante da necessidade de se mensurar o quanto de impacto está previsto para cada objeto, surgiu a Avaliação do Ciclo de Vida, ou simplesmente, ACV. Trata-se um processo que visa auxiliar nos processos fabris, otimizando os custos de produção e principalmente os impactos em relação ao meio ambiente. Este tipo de pesquisa tem sido desenvolvida por professores e estudantes de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

O pioneiro nesta pesquisa no PRODEMA da UFPI foi o Dr. José Machado Moita Neto (foto)

que já concluiu duas orientações de Doutorado que, como parte de suas teses, enfocaram a avaliação do ciclo de vida. Foi o caso da Dra. Elaine Aparecida da Silva (foto),

que estudou os impactos do polietileno na indústria de plásticos, o que resultou na publicação de dois artigos científicos sobre o processo de reciclagem de polietileno e sobre o processo de produção de garrafas de polietileno nas indústrias do Piauí. O outro pesquisador formado pelo Dr. Moita foi o Prof. Jossivaldo Pacheco que estudou a produção da ração para frangos de corte. Estes dois estudos estão entre os pioneiros relacionados com a Avaliação de Ciclo de Vida de produtos que tomam parte da indústria piauiense.

A pesquisa em ACV ainda está no início por aqui, mas é importante se compreender sua necessidade, especialmente pelo crescente problema com o desperdício de materiais, o consumo de energia para diferentes processos fabris, os impactos na obtenção de matéria-prima e a destinação dos produtos quando se tornam inservíveis. No Piauí a pesquisa avança em vários sentidos.

Até o próximo post...

Seleção natural em “O mundo das águas”

Em 1995 foi lançado um filme com o título Waterworld – o segredo das águas, estrelado por Kevin Costner e Jeanne Tripplehon. A história se passava no futuro, num cenário onde o aquecimento global teria sido responsável pelo quase desaparecimento das terras. As populações viviam em grandes embarcações num cenário de muitos conflitos.

Me chamou atenção, e utilizei muitas vezes em sala de aula, a capacidade anfíbia do personagem vivido por Kevin Costner que possuía características típicas de animais com respiração em meio aquático. Apresentava guelras nas laterais do pescoço, o que favorecia a respiração em meio aquático. Veja o trailer do filme:

Trabalhei esta informação da fantasia cinematográfica para ilustrar os efeitos do processo de Seleção Natural na modificação de organismos, resultando no processo de adaptação das espécies, mecanismos aos quais todos os seres vivos estão sujeitos, como um resiliente mecanismo de sobrevivência das espécies, em meio às modificações.

O que não esperava era ter lido essa semana a comprovação de que existem pessoas já com características anfíbias, tal a ficção descreveu no filme de Costner. Moradores de uma ilha no sudeste asiático, na região da Indonésia, os Bajau Laut, chamados de “Ciganos do Mar”. A pesquisa publicada na revista Cell demonstrou que estas pessoas apresentavam um significativo aumento do baço. De acordo com a hipótese estabelecida o baço formaria uma reserva extra de glóbulos vermelhos o que, a princípio, permitiria que os portadores desta característica conseguissem passar mais tempo mergulhados. Como o caráter está presente tanto nas pessoas que mergulham, quanto nos membros da população que não são adeptos da prática do mergulho, a característica seria da responsabilidade de genes, repassados por ancestrais que adquiriram a alteração (por meio de uma mutação) que foi selecionada em razão do hábito de mergulhar.

Os Bajau Laut são chamados de ciganos ou nômades do mar porque passam mais da metade de suas vidas morando em embarcações pequenas e se alimentam de insumos do mar (peixes e crustáceos).

Além da alteração no baço, os pesquisadores também encontraram um traço comum na população: o aumento do teor de Hormônio T4, um dos produzidos pela tireóide, responsável por ampliar a taxa metabólica, o que ajuda a equilibrar o organismo quando os níveis de oxigênio estão muito baixos.

Os Bajau Laut são os recordistas de mergulho em profundidades, permanecendo por até três minutos em anoxia em profundidades superiores a 70 metros, sem uso de equipamentos.

Até o próximo post...

Delta do Parnaíba: um paraíso dos Guarás

  • IMG_3345.JPG Francisco Soares Santos-Filho / Ana Flávia Soares
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  • IMG_3322.JPG Francisco Soares Santos-Filho / Ana Flávia Soares
  • Caranguejo_Corredeira.jpg Francisco Soares Santos-Filho / Ana Flávia Soares

Para nós piauienses o Delta do Parnaíba é uma daquelas riquezas que temos, que sabemos que é muito legal conhecer, mas como fica aqui na nossa casa, não priorizamos um tempo para descortiná-lo. Eu já tinha tido a oportunidade de conhecer o Delta lá pelo início deste século, numa daquelas viagens que a gente fica mais preocupado do que realmente curte, porque os filhos são pequenos ou porque tem muita gente no barco ou porque o que foge do seu controle por ser improvável às vezes é estressante. Outras vezes visitei áreas pontuais com finalidades de natureza técnica ou científica. Este final de semana resolvi visitar novamente. Só que desta vez com outro olhar: o de divulgador científico.

Ao escolhermos o percurso, a intenção era percorrer o emaranhado de igarapés que formam uma espécie de quebra-cabeças verde gigante. A ideia era conhecer algumas das ilhas mais visitadas do Delta, especialmente na porção maranhense do ambiente. Isso porque pouco se divulga por aqui (e creio que no Maranhão também), o Delta é formado por cinco braços principais do rio Parnaíba no seu encontro com o mar e da sua dimensão, cerca de 30% é território do Piauí e 70% é território do Maranhão. Como das outras vezes me concentrei em áreas do Piauí, especialmente no entorno de Ilha Grande, uma das áreas da minha pesquisa de doutorado, escolhemos (eu e minha companheira de aventuras, minha esposa e jornalista Ana Flavia Soares) trechos de Ilhas da parte maranhense, especialmente a Ilha das Canárias. Dentre as novidades que nos atraíam estava ver a revoada dos Guarás.

O guará (Eudocimus ruber) uma ave do grupo dos pelicanos especializada em se alimentar de peixes e crustáceos como espécies de caranguejo. A espécie mais apreciada pelos guarás é o caranguejo chamado de Corredeira (Goniopsis cruentata), cujo nome expressa muito bem o sufoco que é registrá-lo por uma foto: o danadinho sai correndo de lado e se emburaca na lama do Mangue.

O guará já tinha chamado minha atenção quando visitamos o Parque das Aves em Foz do Iguaçu (PR), pois as placas explicativas do ambiente dele contavam a curiosidade de que sua alimentação era regada a camarão. O animal tem a cor de suas penas avermelhadas e a manutenção desta cor está associada à sua alimentação: na natureza investe no Caranguejo Corredeira e em cativeiro é alimentado com camarões. A ave é muito comum no litoral norte do Brasil, sendo o símbolo das Ilhas de Trinidad e Tobago, na América Central.

De acordo com José, o guia que nos conduziu, os Guarás vêm de muitas áreas do Manguezal do Delta e se concentram em uma pequena ilha situada no lado maranhense. A ilha dos Guarás como é conhecida é um pequeno maciço florestal de mangue sem nada de terra visível, pelo menos na maré alta, com um formato meio triangular, medindo cerca de 100 a 200 metros na sua maior extensão e uns 20 a 50 metros na sua menor extensão.

Por volta das 16h30 partimos de uma praia na Ilha das Canárias e nos posicionamos ao lado da ilhota. A área está sinalizada por uma placa fincada no meio do curso do igarapé colocando-se como um limite de aproximação dos barcos que, neste horário começam a chegar. Na verdade, um pequeno grupo de lanchas com poucas pessoas. A partir deste horário começa o espetáculo. A ilha vai se tornando pintada de pontos vermelhos. A sensação que dá é de uma verdadeira invasão, pois bandos de guarás de tamanhos variados vão se aproximando e se posicionando nos galhos das árvores de mangue da pequena ilha. Grupos com 3, 6, 8 e, cheguei a contar, mais de 70 guarás vão gradativamente se colocando na ilha. Um espetáculo inesquecível. As imagens da galeria e os vídeos abaixo, registrados a partir de um smartphone, daí não terem a qualidade adequada, demonstram um pouco do espetáculo que estas aves realizam aos olhos dos turistas e outros curiosos que, diariamente, partem para ver este fenômeno.

O Delta do Parnaíba tem outras riquezas que não são possíveis relatar em um só post. Assim que puder faça esta aventura. Eu recomendo! Bom domingo para todos...

 

FAPEPI faz 25 anos

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí recebeu nesta última segunda-feira, 03, homenagem na Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI), pelos seus 25 anos de fundação. A FAPEPI é o mais importante órgão de fomento à pesquisa científica do Estado do Piauí.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí “Prof. Afonso Sena Gonçalves” foi instituída pela Lei Nº 4.664, de 20 de dezembro de 1993, dotada de personalidade jurídica de direito público, conforme Lei Complementar Nº 042, de 02 de agosto de 2004, com sede e foro na capital do Estado do Piauí. No seu nome homenageia um dos maiores pesquisadores radicados no Piauí, Prof. Afonso Sena, do Departamento de Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

A FAPEPI tem missões:

* Financiamento de pesquisa científica e tecnológica;

* Concessão de bolsa à pesquisa científica e tecnológica;

* Apoio à capacitação científica e tecnológica;

* Apoio à instalação de infraestrutura científica e tecnológica;

* Apoio à realização de evento científico e tecnológico;

* Divulgação científica e tecnológica;

* Auxílio financeiro a pesquisador.

A missão de fomentar a pesquisa em um Estado com poucos recursos financeiros não é das mais fáceis. Presidir esta fundação, antes de mais nada, é um desafio, sobretudo para explicar aos gestores que atuam no segmento financeiro que valores aplicados em pesquisa não são despesas e sim investimentos. Tive a oportunidade de presidir esta Fundação em 2014 por 78 dias. Fui o nono presidente e o terceiro pesquisador a ocupar a Presidência, substituindo a Dra. Bárbara Melo e fui substituído pelo advogado Félix Raposo Filho.

Presidente

Período de atuação

Elmano de Almeida Ferrer

1994-1995

Maria de Fátima Aquino Matos

1996-1998

Valdionor Albuquerque Barros

1999-2000

Marta Maria dos Santos

2000

Antonio de Pádua da Costa Lima

2000-2001

Maria de Fátima Aquino Matos

2001-2002

Acácio Salvador Veras e Silva

2003-2010

Bárbara Olímpia Ramos de Melo

2011-2014

Francisco Soares Santos Filho

2014

Félix Fernando Raposo Filho

2014

Francisco Guedes Alcoforado Filho

2015-2018

Fonte: http://www.fapepi.pi.gov.br/institucional/ospresidentes/

Na trajetória da FAPEPI destaco a Presidência do Dr. Acácio Salvador Veras e Silva. Professor Acácio foi o mais longevo presidente da FAPEPI e conseguiu dar a dimensão necessária para que a FAPEPI se firmasse como importante nas atividades de fomento à pesquisa. Sob sua presidência a FAPEPI instituiu o periódico Sapiência, premiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico com o Prêmio José Reis, de divulgação científica.

Atualmente a FAPEPI é presidida pelo Agrônomo Francisco Guedes Alcoforado Filho.

Desejo que a FAPEPI continue atuando na atividade de fomentar a pesquisa científica do Piauí com uma musculatura econômico-financeira cada vez maior, por muitos e muitos anos.

Até o próximo post...

Leonardo Da Vinci: o estrábico

Não resta dúvida que Leonardo Da Vinci foi um dos homens mais geniais que já pisou na face da Terra. Inventor e dono de ideias formidáveis, Da Vinci foi Matemático, Engenheiro, Anatomista, Pintor, Escultor, Arquiteto, Botânico, Poeta e Músico. É considerado o precursor da aviação e da balística. De acordo com a Wikipédia, um dos maiores gênios da humanidade.

Dentre as suas obras mais impressionantes e conhecidas destacam-se os famosíssimos quadros A Monalisa e A Última Ceia. São obras suas também o desenho do Homem Vitruviano (foto) 

com os detalhes de alguns dos seus estudos na área de anatomia humana. Dentre as suas mais importantes invenções os projetos do Paraquedas, do Helicóptero e do Tanque de Guerra. Mas uma coisa que ninguém sabia de Da Vinci é que ele poderia ser estrábico e usava seu estrabismo para conseguir fazer pinturas com efeitos em 3D. O estrabismo é o desvio de um dos olhos da direção correta, de modo que o indivíduo não consegue dirigir simultaneamente os eixos visuais para o mesmo ponto.

A pesquisa foi conduzida pelo neurocientista britânico Christopher Tyler. Em entrevista à Revista Pesquisa FAPESP, Tyler revelou que o provável estrabismo de Da Vinci mostrou uma consciência ímpar sobre profundidade nos seus desenhos.

Para chegar a esta conclusão Tyler usou quatro desenhos de Da Vinci considerados por especialistas como autorretratos: o Autorretrato, o Homem Vitruviano, Jesus de Salvator Mundi (foto)

 e o jovem São João Batista. Utilizou medições com círculos e elipses que passavam pelas pupilas destas figuras humanas. A combinação destas comparações com algumas características dos quadros o levou a esta conclusão. O pioneirismo de Da Vinci em técnicas como Chiaroscuro e Sfumato ajudaram a compor a hipótese, o que permitiu a conclusão de Tyler, publicada em artigo da Revista JAMA Ophtalmology.

Tyler que já era conhecido do grande público na década de 1990 ao lançar os livros chamados de Magic Eye (foto),

 lança uma luz sobre parte da genialidade de Da Vinci. A bem da verdade o pintor usava o defeito na visão para conseguir os fabulosos efeitos registrados em suas pinturas. Em bom piauiês, Da Vinci, o gênio, era zanoio.

Até o próximo post...

Nova missão a Marte pousará em área não explorada

A NASA anunciou na semana passada que a futura missão a ser lançada em 2020 terá como alvo a cratera Jezero que tem 50 km de extensão e está situada próximo a uma formação fluvial deltaica, conforme imagens de satélite que estão servido para o planejamento da nova missão (Foto: Science).

A sonda de pesquisa acoplada a um veículo comandado remotamente – o Mars2020 Rover, estaria equipado para coletar o maior número de dados possíveis, incluindo amostras de minerais. De acordo com Thomas Zurbuchen, um dos administradores do projeto, a área tem uma boa perspectiva para prospecção de dados sobre vida no planeta. A ideia da NASA é que o Rover2020 consiga também visitar áreas próximas, como Midway, um local de Marte onde existem rochas com constituição mineral diferenciada, o que chamou a atenção dos cientistas. Midway possui rochas similares a outra região chamada Syrtis. Estas duas áreas, de acordo com a pesquisa, possuem rochas formadas há cerca de 4 bilhões de anos, de uma época em sua região era quente e úmida, reunindo maior probabilidade de resquícios de vida.

O equipamento e a missão estão com o valor estimado de US$ 2,5 bilhões. O Mars 2020 Rover coletaria minerais e os armazenaria, na perspectiva de ser resgatado em missões futuras. De acordo com os cientistas este novo equipamento teria muitas características parecidas com o Rover Curiosity (foto), já em missão do Planeta Vermelho.

A nova missão a Marte é vista como mais um desafio da ciência mundial para entender o que aconteceu de fato com o Planeta Vermelho. Vamos esperar...

Até o próximo post...

Explosão do Cambriano: descobertas novas espécies animais

A expressão Explosão do Cambriano é normalmente usada para referir-se a uma expansão da biodiversidade no período Cambriano, ocorrido a cerca de 540 milhões de anos do tempo presente. Trata-se de uma das Eras mais antigas quando a vida deu uma verdadeira guinada pelo desenvolvimento.

Uma nova “explosão do Cambriano” ocorreu agora com as descobertas de fósseis no Parque Nacional de Kootenay no Canadá. Equipe composta por pesquisadores do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing, da China e do Royal Ontario Museum de Ontário Canadá lideram a descoberta de várias espécies de animais totalmente desconhecidos pela Ciência.

Segundo matéria publicada na Science desta semana, o líder da expedição, Jean-Bernard Caron (foto), fala empolgado das extraordinárias descobertas que se sucedem. Foram encontrados animais perfeitamente conservados em rochas escuras. A riqueza de detalhes e a perfeição dos fósseis fez com que sequer o local exato tivesse sido revelado. Há um medo constante de pirataria: aventureiros visitam as áreas nos intervalos em que os pesquisadores não estão e saqueiam os fósseis, vendendo-os no mercado paralelo. Estes fósseis podem custar milhões de dólares pagos por colecionadores inescrupulosos.

Para Cedric Aria, os pesquisadores estão diante de um riquíssimo conjunto fóssil, formado por animais que ainda não foram descritos pela Ciência.

As descobertas avançam. Esperamos que algumas das importantes lacunas deixadas pela falta de registro fóssil sejam de fato preenchidas. A ciência da Evolução agradece o surgimento destes novos testemunhos deste avanço científico.

Até o próximo post...

 

60 anos de Geografia no Piauí

Pelo Decreto Federal Nº 43.402 de 18 de março de 1958, assinado pelo Presidente Juscelino Kubitschek e o então Ministro da Educação, Clovis Salgado, estavam autorizados os cursos de Filosofia, Geografia, História e Línguas Neolatinas da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí, a FAFI, mantida pela Sociedade Piauiense de Cultura. Os cursos de Geografia e História funcionaram inicialmente juntos. Somente a partir de 1963 os cursos se consolidaram e se tornaram independentes, passando a formar professores nestas duas ciências distintas. Apesar disso, comemora-se em 2018 os 60 anos de abertura do primeiro curso de Geografia no Estado do Piauí.

De acordo com o Dicionário Houaiss a Geografia é ciência que tem por objeto de estudo os fenômenos físicos, biológicos e humanos que ocorrem na Terra, suas causas e relações recíprocas. Dada a extensão deste conceito, trata-se de uma das mais diversificadas ciências, o que termina refletindo em uma formação ampla, a extrapolar os limites das salas de aulas.

O curso de Geografia na Universidade Federal do Piauí, instalado oficialmente na época da fundação da universidade, com a fusão das faculdades, dentre elas a FAFI, responsáveis pela origem da nossa maior instituição de Superior, em 1971, já formou centenas de profissionais. É considerado o curso-mãe de outros tantos cursos de Geografia como os da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e de outras instituições congêneres como a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) em Caxias (MA).

O curso de Geografia da UFPI é subordinado ao Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL), atualmente conta com 16 (dezesseis) professores efetivos, a maioria dos quais com o título de Doutor. Está equipado com 4 grandes laboratórios de diferentes áreas como Geomática, Solos e Sedimentos, Cartografia Escolar e Geotecnologias, Geografia Física e Estudos Ambientais  atuando tanto na área de pesquisa, quanto no reforço às atividades de ensino e extensão. Além disso foram criados e estão em fase de implantação dois laboratórios: Climatologia Geográfica e Formação Docente e Ensino de Geografia,

A evolução do curso permitiu que fosse aprovado o Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO), atualmente com vagas abertas para o Mestrado em Geografia, com duas áreas de Concentração: Estudos Regionais e Geoambientais e Ensino de Geografia. O curso ainda conta com a Revista Equador, especializada em publicações científicas na área de Geografia e áreas subjacentes, que já está no seu volume 7.

As comemorações pelo 60º aniversário de existência do curso de Geografia ocorrerão hoje (21) e amanhã. Veja programação a seguir:

 21 DE NOVEMBRO DE 2018

 Local: Auditório Noé Mendes - CCHL/UFPI

 8h30 – Abertura

 9h - CAFÉ GEOGRÁFICO

 Homenagem aos Professores que contribuíram com Curso de Geografia da UFPI

 Coordenação: Profa. Dra. Bartira Araújo da Silva Viana e Prof. Me. Wesley Pinto Carneiro

 Diálogos sobre o Passado - a memória do curso de Geografia da UFPI pelo(a)s professore(a)s   aposentados(a)s

 Coordenação:

 Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo

 10:30h – Memória Geográfica do Curso de Geografia pelas Fotografias

 11h - A Experiência na Geografia do Presente da UFPI – memórias recentes do curso de Geografia

 12h às 14h – Intervalo para almoço

 14h – Apresentação de vídeos

 14h30 - A Experiência na Geografia do Presente da UFPI – memórias recentes dos ex-alunos do curso de   Geografia

 16h – A Pós-Graduação em Geografia da UFPI – a produção da ciência e seus veículos de divulgação.

 19h - Noite cultural

 Centro Acadêmico de Geografia e pela Atlética.

 22 DE NOVEMBRO de 2018

 Local: Auditório da Pós-Graduação do CCHL

 9h - Memórias do Movimento estudantil

Momentos como estes são importantes para mostrar à sociedade o quanto determinada área do conhecimento sedimenta-se como importante para formação de profissionais de todas as áreas. Saúdo por este aniversário grandes amigos geógrafos com quem já pude trabalhar ao longo de todos estes anos de Magistério nas escolas por onde passei, na UFPI e na UESPI, em especial aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGGEO) da UFPI que me acolheram, mesmo sendo biólogo, por entender que poderia contribuir para esta ciência que agregou próceres de diferentes quilates em nível mundial como Alexander von Humboldt, Karl Ritter, e em nível nacional Aziz Nacib Ab’Saber, Milton Santos e Dárdano de Andrade Lima.

Parabéns Geografia!!!

 

O duelo das linguiças

Estes dias estive lendo sobre o obscurantismo que alcança o Brasil e que já alcançou outras nações, como os EUA, no que se refere à rejeição da população em relação à vacinação, por exemplo. Surge um boato, aliado a quantidade de pessoas sem discernimento com livre acesso às redes sociais e pronto: a disseminação de mitos e histórias descabidas invadem o mundo virtual, alcançando o enorme prejuízo ao mundo real. Aqui no Brasil temos visto uma série de doenças quase erradicadas que voltaram com força total graças à queda na taxa de cobertura de vacinação, como é o caso do Sarampo e a ameaça de retorno da Poliomielite. Abordei isso em um post (https://cidadeverde.com/cienciaviva/93484/a-ignorancia-e-a-mae-da-coragem), com resultados da baixa cobertura em Teresina e várias cidades do Piauí. Mas a falta de informação não novidade desta época em que vivemos. Soa, atualmente, como descabida, dado o desenvolvimento da ciência e da tecnologia que poderia apenas favorecer o fim da escuridão.  No passado a falta de informação era, principalmente, por falta de conhecimento mesmo.

A descoberta de microrganismos, causadores das doenças, como protozoários, bactérias e fungos, por exemplo , levou muito tempo, especialmente por causa do tamanho destes seres vivos, que só foram descobertos a partir da invenção e aperfeiçoamento do microscópio e das técnicas de microscopia. Da descoberta dos microrganismos até relacioná-los com as doenças que causam muita pesquisa ocorreu. Descobrir um meio de evitar a doença com o desenvolvimento de uma vacina ou medicamentos para combater estes micróbios, por exemplo, mais tempo e recursos foram necessários.

Nesta caminhada muitos pesquisadores foram destaque. Foi o caso de Rudolf Virchow, cientista alemão  (foto).

Virchow é o autor da Teoria Celular, que diz que toda célula vem sempre de outra pré-existente, considerado um dos pilares da biologia moderna. Virchow é considerado também o pai da Patologia Moderna e da Medicina Social, em razão de suas pesquisas e descobertas em relação a doenças contagiosas.

O político cientista e o duelo das linguiças

Rudolf Virchow, além de um grande cientista, também foi um político mordaz de oposição. Na época vigia na Alemanha o II Reich, sob a liderança do político Otto von Bismarck (foto),

responsável pela unificação da Alemanha, no final do século XIX. As críticas de Virchow recaiam principalmente sobre os gastos autorizados por Bismarck com as forças armadas. Para Virchow, os recursos gastos com o exército alemão poderiam ser melhor aplicados em outras áreas. As críticas chegaram aos ouvidos de Bismarck que ficou possesso. A raiva fez Bismarck desafiar Virchow para um duelo, que como desafiado, poderia escolher as armas para o duelo. Virchow, como bom cientista aceitou o desafio e escolheu duas linguiças suínas como armas para o duelo: uma linguiça cozida para si e uma linguiça crua contaminada com larvas do verme Trichinella (foto).

Ao tomar conhecimento das armas, a raiva de Bismarck arrefeceu: Bismarck achou que a presença de Trichinella poderia causar algum dano a sua saúde, e o duelo foi cancelado.

O episódio das linguiças serve para ilustrar o que o conhecimento sobre um determinado contexto pode determinar: Bismarck mesmo zangado e adversário de Virchow, entendeu que a linguiça contaminada poderia ser tão perigoso quanto um bom sabre.

Mesmo com todos os avanços do conhecimento científico, a sociedade atual padece de um ceticismo firmado em uma evidente falta de educação. Os tempos de escuridão voltaram, mesmo com toda a diversidade do conhecimento a nossa volta.

Até o próximo post...

 

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