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Físico piauiense ocupará cadeira em Academia

O que a física tem a ver com a literatura? Os incautos responderiam imediatamente: Nada! E se a pergunta fosse: o que a ciência tem a ver com a literatura de Cordel? Talvez o imediatismo em responder seria ainda mais eloquente. Mas não para nós que conhecemos o Prof. Wilson Seraine.

O Prof. Wilson Seraine é licenciado em Ciências com Habilitação em Física pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e tem Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Atualmente é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). Mas nenhum destes títulos conseguem expressar o foco atual da vida deste professor de alta estirpe: ele é um agitador cultural.

Dono de uma simpatia ímpar, Wilson foi gradativamente se mudando do mundo científico para o mundo da cultura nordestina. Como bom piauiense, nordestino da gema, cultiva valores da nossa rica cultura, dedicando-se semanalmente a um programa de rádio distribuído para uma legião de ouvintes pela FM Cultura de Teresina: A Hora do Rei do Baião, onde encanta seus ouvintes com sucessos de Luiz Gonzaga e ícones da cultura musical nordestina, a exemplo de Jackson do Pandeiro, Maria da Inglaterra e muitos outros.

Como um bom professor, Wilson enveredou para se pós-graduar. Optou por tentar melhorar a palatabilidade do Ensino de Ciências usando um componente da sua paixão pela cultura: a Literatura de Cordel. Sua dissertação de mestrado intitulada “O uso da Literatura de Cordel como texto auxiliar no Ensino de Ciências do Ensino Fundamental da Educação Básica: uma abordagem quantitativa” terminou virando um livro: A Literatura de Cordel no Ensino de Ciências. Ele transformou a sua pesquisa científica em um instrumento de conhecimento usando o atributo cultural do Cordel. Um casamento perfeito entre Ciência e Cultura. Depois disso não parou mais.

Wilson pertenceu durante muitos anos ao Conselho Estadual de Educação. Desde que saiu do CEE, ele passou a fazer parte do Conselho Estadual de Cultura e é considerado um dos membros mais ativos. Além dos livros publicados e do programa de rádio sobre os sucessos do Rei do Baião, Wilson faz prospecções de pesquisas sobre o cangaço, tem uma grande coleção de itens que conta um pouco do viver nordestino, como se fosse um mini museu e lidera movimentos como a Procissão das Sanfonas, evento que já está consolidado como uma tradição da cultura de Teresina.

O talento de Wilson para as coisas da cultura lhe valeu a indicação para Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC). Sua posse como imortal da Academia será no próximo dia 26 de outubro, às 19h, na sede do Conselho Estadual de Cultura do Piauí em Teresina.

O futuro “imortal” segue conciliando Cultura e Ciência, considerando a associação das duas com a Educação como o ponto alto de sua carreira como professor.

Parabéns dileto amigo!

 

OECD lança estudos importantes na área de Educação

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) acaba de lançar dois estudos bem amplos sobre a Educação Mundial. Para quem não sabe é a OCDE que realiza o PISA que é o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes.

O PISA avalia anualmente estudantes da faixa etária de 15 anos para ver como andam os conhecimentos nas áreas de Matemática, Ciências e Letramento. Aquele exame que já abordamos aqui em outro post, no qual os estudantes brasileiros amargam entre as últimas posições, infelizmente.

O primeiro é um estudo complementar ao conjunto de dados atualizados anualmente com as informações dos países que realizam o PISA. Trata-se do estudo intitulado OECD Handbook for Internationally Comparative Education Statistics 2018 CONCEPTS, STANDARDS, DEFINITIONS AND CLASSIFICATIONS (em tradução livre, Manual 2018 da OCDE para Estatísticas da Educação Comparada Internacionalmente: conceitos, normas, definições e classificação). O estudo traz sobre o funcionamento dos sistemas educacionais, tais como a participação e o progresso através da educação, os recursos humanos e financeiros investidos e os resultados econômicos e sociais associados ao sucesso educacional. Através do conjunto de indicadores e definições harmonizados, eles permitem que os países vejam seu sistema educacional à luz do desempenho, práticas e recursos de outros países. Fundamental para a credibilidade e compreensão dessas comparações são os conceitos, definições, classificações e metodologias que foram desenvolvidos ao longo dos anos para sustentar as estatísticas e indicadores.

O outro relatório PISA for Development Assessment and Analytical Framework: READING, MATHEMATICS AND SCIENCE (PISA para o Desenvolvimento da Avaliação e Estrutura analítica: Letramento, Matemática e Ciências, em tradução livre) é uma iniciativa que começou em 2014 visando apoiar a formulação de políticas baseadas em evidências em todo o mundo e oferecer ferramentas universais para monitorar o progresso em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Educação.

Se quiser ter acesso ao primeiro documento clique aqui. O segundo relatório está disponível aqui

Até o próximo post...

Por que é tão importante valorizarmos a Biodiversidade?

O Brasil é um dos países com maior taxa de diversidade biológica do mundo. Devido a sua grande extensão territorial aliada ao formato e localização do seu território, situado entre os trópicos e sendo cortado pela linha do Equador, nosso país detêm número de espécies muito grande.

Temos cerca de 20% das espécies do mundo. Somos líderes ou estamos entre os primeiros em biodiversidade de plantas, peixes de água doce, anfíbios, répteis, aves e primatas. Temos muitas áreas sem estudos mais amplos, o que poderia nos alçar a posições em relação a outros grupos de seres vivos.

A ameaça da biodiversidade tem um custo muito alto. Desperdiçamos um potencial uso de espécies que podem ser usadas na alimentação ou na produção de substâncias que podem atuar no tratamento ou na prevenção de muitas doenças. Recentemente uma jovem pesquisadora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Ana Carolina Medeiros recebeu um prêmio no Congresso da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento por ter descoberto o poder analgésico de uma substância extraída da Hemolinfa (que corresponde ao sangue) de uma espécie de Aranha Caranguejeira (Acanthoscurria gomesiana).

A substância é a Migalina, descoberta pelo pesquisador do Instituto Butantan, Pedro Ismael da Silva Júnior. A Migalina, além de atuar no sistema imune da aranha, atua também como analgésico

A biodiversidade brasileira precisa ser conservada. Quantas espécies, potencialmente dotadas de substâncias com potencial farmacológico podem estar, neste momento, sendo eliminadas?

Até o próximo post...

Planta comum no Piauí tem proteína que combate o Câncer

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) revelou um potencial de uma proteína chamada EcTI.

A EcTI é uma proteína que atua na inibição da Tripsina e é extraída das sementes do Tamboril, uma árvore muito comum nos ambientes de floresta semidecidual como os que ocorrem aqui no Piauí, no Maranhão e no Pará. A planta está presente em muitas áreas de preservação de Teresina, como parques e praças.

Conhecida cientificamente como Enterolobium contortisiliquum, o Tamboril pertence à família das Fabaceae, sendo considerada uma árvore de grande porte.

Apresenta como fruto um síliqua que lembra uma orelha, por isso também é chamada, popularmente, de orelha-de-macaco.

A Dra. Maria Luiza Vilela Oliva, líder da pesquisa, apresentou no início deste mês na Bélgica os resultados promissores da EcTI especialmente contra o Câncer de Mama Triplo Negativo e também contra tumores cancerosos no Estômago e na pele (Melanoma). Este tipo de câncer de mama é um dos mais violentos, especialmente no que se refere à possibilidade de determinar a ocorrência de metástases. Tem como características apresentar-se negativo aos três principais tipos de biomarcadores usados no diagnóstico do câncer de mama (receptor de estrógeno, receptor de progesterona e proteína HER-2). A proteína descoberta (EcTI) tem a propriedade de impedir exatamente a metástase.

Além da atividade antitumoral descoberta, a proteína atua ainda como anti-inflamatória, antimicrobiana e antitrombótica, tendo seu uso sido patenteado contra trombose arterial e venosa. A natureza tem seus encantos. Precisamos apenas saber descobri-los e tirar proveito para nossas vidas.

 

Prêmio Nobel de Física - 2018: uma cientista entre os ganhadores

O mundo da ciência tem se mostrado um tanto quanto machista. Desde que foi criado, em 1901, o Prêmio Nobel de Física só tinha reconhecido duas mulheres: Marie Curie (1903) e Maria Goeppert-Mayer (1963). Este ano a física canadense Donna Strickland dividiu o prêmio com mais dois cientistas: Arthus Ashkin (EUA) e Gérard Mourou (França).

Strickland e Mourou inventaram a técnica chamada de Dispersão Temporal de Impulsos, que trabalha com o laser curtos e de alta intensidade. Ashkin também trabalha com laser, mas seu trabalho foi a criação de pinças ópticas, de grande importância para o estudo de microrganismos. O comitê da Real Academia de Ciências de Estocolmo considerou de grande relevância estes dois estudos voltados para o desenvolvimento de “ferramentas de luz” com várias aplicações em diferentes áreas do conhecimento.

Além da honraria, os pesquisadores dividem um cheque de 871 mil euros.

Pesquisadores piauienses descobrem indicador importante para o tratamento do Calazar

Calazar é um dos nomes comuns da Leishmaniose Visceral. É uma prozoose causada pelo agente Leishmania, transmitido pela picada das fêmeas de mosquitos hematófagos (que se alimentam de sangue), especialmente do gênero Lutzomya.

A Leishmaniose Visceral é grave e provoca no paciente os seguintes sintomas: calafrios e febre alta, que vai e volta, de longa duração; aumento do abdômen, devido ao aumento do baço e do fígado; fraqueza e cansaço excessivo; perda de peso; palidez, devido a anemia causada pela doença; sangramentos mais fáceis, pela gengiva, nariz ou fezes, por exemplo; infecções frequentes, por vírus e bactérias, devido à queda da imunidade e diarreia. Existe tratamento para doença, mas em muitos casos, o uso de determinadas opções medicamentosas mostra-se ineficiente, provocando frequentes recaídas.

O uso da Mitelfosina, a única droga de administração oral, por exemplo, apresentou uma diferença de eficácia muito grande nos tratamentos realizados no Brasil, em relação à mesma opção, realizada na Índia. Aqui no Brasil, cerca de 40% dos pacientes tratados com esta droga apresentaram recaída mais ou menos seis meses após o uso da medicação. Na Índia, a mesma droga mostrou-se muito mais eficiente, com baixo índice de recaídas.

Pesquisadores das Universidade de York (EUA), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Estadual de Montes Claros (MG) descobriram que a baixa eficácia da droga estaria associada à resposta do agente Leishmania infantum, um dos causadores da Leishmaniose visceral, que não apresenta um conjunto de genes, quando comparado aos agentes causadores na Índia. Este rastreamento possibilitou entender as respostas ao medicamento.

 

O que muda com a descoberta?

Ao descobrir que alguns parasitas apresentam resistência a este medicamento, será possível desenvolver testes preliminares que indicarão quais seriam os caminhos medicamentosos a serem seguidos, precisando o tratamento e evitando perda de tempo em tratamentos que não sejam eficazes.

A descoberta abre uma nova perspectiva para o tratamento desta que é mais uma das chamadas doenças negligenciadas.

No Piauí, as pesquisas com Leishmania são lideradas pelo Prof. Dr. Carlos Henrique Nery Costa.

 

Ciência brasileira evidenciada negativamente

A revista Science da semana passada destacou a Ciência brasileira duas vezes. Pena que, em ambas as vezes, de forma negativa.

O editorial da revista escrito pela pesquisadora brasileira Beatriz Barbuy, pesquisadora do Departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo, além de ter destacado o incêndio que atingiu e destruiu o Museu Nacional, considerado o principal da América Latina, enfocou também a suspensão do Brasil do European Southern Observatory (ESO) por falta de pagamento da cota brasileira no consórcio internacional que alçou o Brasil à condição de membro efetivo. Com esta suspensão, os pesquisadores brasileiros que trabalham no Observatório localizado no Chile ficam impedidos de continuar com suas pesquisas.

A dívida do Brasil é de 270 milhões de euros, que foi dividida em 10 parcelas anuais. Mesmo a despesa tendo sido autorizada pelo Congresso, o Brasil não honrou o pagamento, gerando a suspensão. A pesquisadora chama a atenção para as eleições que se avizinham, preocupada com os destinos da ciência brasileira, visto que os programas dos presidenciáveis não contemplam incremento de recursos voltados para o segmento.

O outro destaque foi o artigo publicado por 21 pesquisadores vinculados ao Museu Nacional dando conta do incêndio e das dimensões do prejuízo causado, principalmente pela falta de apoio e de recursos para sua proteção e manutenção.

É lamentável o momento pelo qual a Ciência Brasileira vem atravessando...

 

Projeto Memória do Jornalismo Piauiense

A pesquisa em acervos documentais é algo de grande complexidade, especialmente no Brasil. Em geral, os acervos em papel tendem a se desgastar com o tempo, mesmo que exista um cuidado especial com estes materiais. Por mais que as instituições estabeleçam normas de curadoria e acesso ao acervo, pela natureza dos próprios materiais, o risco do manuseio põe em xeque a possibilidade de uso, limitando as pesquisas com documentos e fontes antigas.

As dificuldades de conservação no material poderiam ser menores se recursos fossem dispensados para aquisição de equipamentos modernos que permitissem o registro destes materiais em meio digital. Existem no mercado potentes scanners e máquinas fotocopiadoras de última geração que podem transformar documentos de papel em arquivos em formato digital, permitindo um acesso pleno e às vezes até à distância, quando estes bancos de informação ficam disponíveis na rede mundial de computadores. Esta estratégia é utilizada nas grandes instituições de pesquisas em países desenvolvidos, protegendo verdadeiros tesouros bibliográficos como os muitos que se perderam no grande incêndio que praticamente liquidou o Museu Nacional há alguns dias atrás.

A pesquisadora piauiense, Dra. Ana Regina Rego, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Jornalismo e Comunicação (NUJOC) ligado ao Departamento de Comunicação e ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí (UFPI) coordena o Projeto Memória do Jornalismo Piauiense, cujo objetivo principal é subsidiar o acesso aos periódicos depositados no Arquivo Público de Teresina (Casa Anísio Brito), permitindo a preservação da memória e para contribuir com as pesquisas científicas na área de Comunicação, facilitando o acesso às fontes hemerográficas.

O projeto é resultado de uma parceria entre o NUJOC, a Casa Anísio Brito, o Programa de Educação Tutorial (PET) de História da UFPI, Núcleo de Pesquisa Documentação e Memória (NUPEM) da UFPI, e, o Núcleo de Pesquisa em História e Educação (NUPEHED) da UFPI, com financiamento da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), envolvendo atualmente 16 pesquisadores.

O Ciência Viva parabeniza a iniciativa da Dra. Ana Regina ao tempo em que convida o leitor para conhecer o acervo no endereço eletrônico http://memoriadojornalismopi.com.br/.

Até o próximo post...

Fósseis encontrados no Maranhão evidenciam Deriva Continental

O alemão Alfred Wegener tem como um dos méritos da sua pesquisa a Teoria da Deriva Continental. A ideia de que no passado remoto os continentes eram todos conectados em um só continente chamado de Pangeia. Num dado momento a Pangeia se separou formando dois supercontinentes: Laurasia e Gondwana.

As ideias de Wegener tomaram corpo pela sua curiosidade, especialmente em perceber que o formato dos continentes era encaixável, como se se tratasse de um quebra-cabeças gigante. A teoria ganhou muitos adeptos e hoje é uma unanimidade entre os cientistas (só não é de fato unânime porque tem maluco que pensa que a Terra é plana, imagina achar que os continentes se movimentam!).

O professor Rafael Lindoso, do Instituto Federal do Maranhão, descobriu recentemente rochas calcárias com fósseis de pinheiros com idade calculada no Cretáceo Inferior, na cidade de Brejo (MA). A descoberta reforça a existente de um supercontinente e está amparada especialmente na idade dos achados, cerca de 145 milhões de anos.

A pesquisa foi feita envolvendo professores do IFMA e das Universidades do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi publicada mês passado no Brazilian Journal of Geology.

A descoberta reforça a riqueza paleontológica das formações geológicas do Vale do Rio Parnaíba.

Reintrodução da ararinha-azul na natureza deve começar em 2019

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza desde 2000, deve voltar a voar nos céus brasileiros em breve. A ave, natural da Caatinga nordestina, ainda é criada em cativeiro. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ainda existem cerca de 150 ararinhas mantidas por criadores no Brasil e no exterior.

O processo de reintrodução deve começar em março do ano que vem, quando deverão chegar ao Brasil 50 ararinhas que serão trazidas da Alemanha, por meio de uma parceria do governo federal com criadores europeus.

Para receber as ararinhas-azuis, a União criou em junho deste ano um refúgio de vida silvestre de cerca de 30 mil hectares em Curaçá (BA), que será envolvido por uma área de proteção ambiental de mais cerca de 90 mil hectares.

O processo de reintrodução da ave envolve a readaptação dos indivíduos à natureza, o que leva algum tempo. De acordo com Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que colaborou com o projeto de criação da unidade de conservação de Curaçá, as aves deverão ser soltas entre 2020 e 2023.

“Tem todo um processo de treinamento, porque você tem que ensinar esses bichos. O ideal é que se soltem esses indivíduos jovens, que têm mais capacidade de aprendizado. Então tem que esperar já nascer uma outra geração. Sendo otimista, em 2020, já poderiam acontecer as primeiras solturas”, estima Develey.

De acordo com o pesquisador, a ararinha-azul desapareceu da natureza principalmente por causa da coleta para a venda como animal doméstico.

Aves extintas

Na semana passada, a organização internacional BirdLife anunciou a extinção de oito espécies de aves em todo o mundo, das quais cinco eram do Brasil, entre elas a ararinha-azul. Segundo Develey, a ararinha ainda pode ser recolocada na natureza, mas as outras quatro aves estão provavelmente perdidas para sempre, já que não foram encontrados mais indivíduos na natureza e não são criadas em cativeiro.

Duas delas, nativas da Mata Atlântica nordestina, foram consideradas extintas por causa da destruição de seu habitat: gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi).

O caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), uma espécie de coruja, foi classificada como possivelmente extinta, também devido à devastação da Mata Atlântica nordestina. “A Mata Atlântica do Nordeste é a mata atlântica mais deteriorada, a que mais sofreu perdas. Essa extinção nada mais é do que o resultado de anos de desmatamento”, disse Develey.

Outra espécie também possivelmente extinta, a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), que vivia no Sul do país, chegou a essa situação pelo mesmo motivo que sua parente ararinha-azul: o tráfico ilegal de animais silvestres.

Há ainda espécies que correm grande risco de serem extintas nos próximos anos, como a rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), que acreditava-se estar extinta há sete décadas até ser redescoberta em 2015 (hoje existem 12 indivíduos vivendo numa reserva florestal) e o entufado-baiano (Merulaxis stresemanni), que também resiste com poucos indivíduos em uma reserva privada em Minas Gerais. “Recentemente, infelizmente, teve um incêndio nessa reserva e provavelmente alguns desses poucos indivíduos foram perdidos”, afirma Develey.

Já o tietê-de-coroa (Caliptura cristata), que vive na região serrana do Rio de Janeiro, já não é avistado há mais de 20 anos. “Tem sido feitas várias buscas [por mais indivíduos] e ninguém tem achado. Provavelmente esse bicho está lá e ninguém está vendo. Mas, se for achado, deve ter poucos indivíduos”, disse.

(Com informações do Jornal da Ciência / SBPC)

 

 

 

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