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Fósseis encontrados no Maranhão evidenciam Deriva Continental

O alemão Alfred Wegener tem como um dos méritos da sua pesquisa a Teoria da Deriva Continental. A ideia de que no passado remoto os continentes eram todos conectados em um só continente chamado de Pangeia. Num dado momento a Pangeia se separou formando dois supercontinentes: Laurasia e Gondwana.

As ideias de Wegener tomaram corpo pela sua curiosidade, especialmente em perceber que o formato dos continentes era encaixável, como se se tratasse de um quebra-cabeças gigante. A teoria ganhou muitos adeptos e hoje é uma unanimidade entre os cientistas (só não é de fato unânime porque tem maluco que pensa que a Terra é plana, imagina achar que os continentes se movimentam!).

O professor Rafael Lindoso, do Instituto Federal do Maranhão, descobriu recentemente rochas calcárias com fósseis de pinheiros com idade calculada no Cretáceo Inferior, na cidade de Brejo (MA). A descoberta reforça a existente de um supercontinente e está amparada especialmente na idade dos achados, cerca de 145 milhões de anos.

A pesquisa foi feita envolvendo professores do IFMA e das Universidades do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi publicada mês passado no Brazilian Journal of Geology.

A descoberta reforça a riqueza paleontológica das formações geológicas do Vale do Rio Parnaíba.

Reintrodução da ararinha-azul na natureza deve começar em 2019

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta na natureza desde 2000, deve voltar a voar nos céus brasileiros em breve. A ave, natural da Caatinga nordestina, ainda é criada em cativeiro. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ainda existem cerca de 150 ararinhas mantidas por criadores no Brasil e no exterior.

O processo de reintrodução deve começar em março do ano que vem, quando deverão chegar ao Brasil 50 ararinhas que serão trazidas da Alemanha, por meio de uma parceria do governo federal com criadores europeus.

Para receber as ararinhas-azuis, a União criou em junho deste ano um refúgio de vida silvestre de cerca de 30 mil hectares em Curaçá (BA), que será envolvido por uma área de proteção ambiental de mais cerca de 90 mil hectares.

O processo de reintrodução da ave envolve a readaptação dos indivíduos à natureza, o que leva algum tempo. De acordo com Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, que colaborou com o projeto de criação da unidade de conservação de Curaçá, as aves deverão ser soltas entre 2020 e 2023.

“Tem todo um processo de treinamento, porque você tem que ensinar esses bichos. O ideal é que se soltem esses indivíduos jovens, que têm mais capacidade de aprendizado. Então tem que esperar já nascer uma outra geração. Sendo otimista, em 2020, já poderiam acontecer as primeiras solturas”, estima Develey.

De acordo com o pesquisador, a ararinha-azul desapareceu da natureza principalmente por causa da coleta para a venda como animal doméstico.

Aves extintas

Na semana passada, a organização internacional BirdLife anunciou a extinção de oito espécies de aves em todo o mundo, das quais cinco eram do Brasil, entre elas a ararinha-azul. Segundo Develey, a ararinha ainda pode ser recolocada na natureza, mas as outras quatro aves estão provavelmente perdidas para sempre, já que não foram encontrados mais indivíduos na natureza e não são criadas em cativeiro.

Duas delas, nativas da Mata Atlântica nordestina, foram consideradas extintas por causa da destruição de seu habitat: gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi).

O caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), uma espécie de coruja, foi classificada como possivelmente extinta, também devido à devastação da Mata Atlântica nordestina. “A Mata Atlântica do Nordeste é a mata atlântica mais deteriorada, a que mais sofreu perdas. Essa extinção nada mais é do que o resultado de anos de desmatamento”, disse Develey.

Outra espécie também possivelmente extinta, a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), que vivia no Sul do país, chegou a essa situação pelo mesmo motivo que sua parente ararinha-azul: o tráfico ilegal de animais silvestres.

Há ainda espécies que correm grande risco de serem extintas nos próximos anos, como a rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), que acreditava-se estar extinta há sete décadas até ser redescoberta em 2015 (hoje existem 12 indivíduos vivendo numa reserva florestal) e o entufado-baiano (Merulaxis stresemanni), que também resiste com poucos indivíduos em uma reserva privada em Minas Gerais. “Recentemente, infelizmente, teve um incêndio nessa reserva e provavelmente alguns desses poucos indivíduos foram perdidos”, afirma Develey.

Já o tietê-de-coroa (Caliptura cristata), que vive na região serrana do Rio de Janeiro, já não é avistado há mais de 20 anos. “Tem sido feitas várias buscas [por mais indivíduos] e ninguém tem achado. Provavelmente esse bicho está lá e ninguém está vendo. Mas, se for achado, deve ter poucos indivíduos”, disse.

(Com informações do Jornal da Ciência / SBPC)

 

 

 

Brasil paga um dos menores salários para o professor

O Brasil é o que paga pior seus professores do ensino fundamental ao médio entre 40 países ou sub-regiões, membros ou parceiros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o estudo “Education at a glance”, divulgado recentemente, quando considerado o salário inicial anual de cada etapa, os professores brasileiros ficam em último em quase todas, exceto na educação infantil.

A pesquisa, publicada anualmente pela OCDE, analisou o cenário educacional em 46 países ou regiões, mas, no caso dos salários de professor, apenas 40 disponibilizaram dados. O relatório leva em consideração os valores pagos por instituições públicas. De acordo com o relatório, o Brasil paga salário mínimo de US$ 13.971 por ano para seus professores. O país tem um piso salarial para toda a educação básica, e, diferente de outras nações, não há variação de uma etapa para outra.

(Com informações do Jornal da Ciência)

Veganos e vegetarianos: as plantas também sentem e se comunicam!

A filosofia Vegana parte do princípio que o homem não pode e nem deve explorar os animais. Assim comer, vestir-se ou calçar-se, para os veganos, é uma atividade que deve isentar totalmente os animais, em função do sofrimento pelo qual estes passam ao serem explorados com estas finalidades. Os vegetarianos limitam o uso de produtos animais apenas na alimentação, adotando a ética de não comer produtos de origem animal, mas também por questões de saúde.

Se o principal motivo para adotar o Veganismo ou o Vegetarianismo é o sofrimento animal, os adeptos destes dois hábitos podem começar a repensar seus conceitos. Pesquisa publicada no último dia 13 de setembro na revista Science revela o "pânico" das plantas quando atacadas, fazendo com que emitam sinais para outras partes da própria planta.

As plantas podem não ter cérebros, mas elas têm um sistema nervoso. Biólogos descobriram que quando uma folha é comida, ela avisa outras folhas usando alguns dos mesmos sinais que os animais.

As células nervosas dos animais conversam entre si com o auxílio de um aminoácido chamado glutamato, que, depois de liberado por uma célula nervosa excitada, ajuda a acender uma onda de íons de cálcio nas células adjacentes. A onda percorre a próxima célula nervosa, que envia um sinal para a próxima linha, permitindo a comunicação a longa distância.

Cientistas estavam investigando outra coisa quando eles tropeçaram nesta descoberta: como as plantas reagem à gravidade. Eles desenvolveram um sensor molecular que poderia detectar aumentos de cálcio, que eles achavam que poderiam desempenhar um papel. Eles criaram o sensor, que brilha com o aumento dos níveis de cálcio, em uma planta de mostarda, gênero Arabidopsis. Eles então cortaram uma das folhas para ver se conseguiam detectar alguma atividade de cálcio. Quando uma folha é comida, ela avisa outras folhas usando alguns dos mesmos sinais que os animais.

Eles imediatamente viram um brilho que ficou mais claro, depois mais escuro, bem ao lado da ferida; então o brilho apareceu e desapareceu mais longe até que a onda de cálcio atingiu as outras folhas (acima). Mais estudos apontaram o glutamato como o gatilho da onda de cálcio.

Embora os botânicos já saibam que as mudanças em uma parte de uma planta são percebidas pelas outras, elas não tinham ideia de como essa informação era transmitida. Agora que viram a onda de cálcio e o papel do glutamato, os pesquisadores podem monitorar melhor. Assista o vídeo (áudio em inglês) e veja como ocorre o processo

Os veganos e vegetarianos terão que repensar seus hábitos, pois as plantas também sofrem com ataques de predadores, dentre eles o homem.

Até a próxima...

 

Tragédia na Ciência Brasileira

Estes últimos dias, após o incêndio que destruiu boa parte de elementos importantes da história brasileira – Museu Nacional, no Rio de Janeiro, tenho recebido muitos lamentos vindos de diversas partes chorando o “leite derramado” do descuido que ora Planalto procura culpar a UFRJ, ora a UFRJ devolve o insulto. Como uma brasa ainda acessa, óbvio que ninguém queira assumir a culpa pelo descuido com o precioso acervo que desapareceu por culpa real do fogo.

No grupo da Rede Brasileira de Herbários, do qual faço parte, a preocupação é geral com as coleções botânicas que às vezes repousam em situação de abandono por falta de apoio das instituições que a abrigam. Mas entre os muito e-mails e mensagens recebidas via redes sociais uma me chamou muito a atenção.

Um professor amigo meu fez referência aos acervos históricos do Museu do Piauí e da Casa Anísio Brito, nosso Arquivo Público. O Professor José Luis Lopes Araújo, importante pesquisador da área de Geografia da Universidade Federal do Piauí alertou para o risco que estes importantes guarda-acervos do Estado do Piauí podem estar correndo. Recentemente o Museu do Piauí passou por uma ampla reforma e, se tudo tiver sido feito conforme mandam as regras de segurança, deve ter recebido atenção especial. Mas o professor chamava a atenção, principalmente pela vizinhança destes importantes patrimônios, situados entre casas comerciais onde nem sempre a segurança, especialmente contra incêndios é tomada a termo.

O Arquivo Público tem um acervo documental importantíssimo, com muitos documentos da época do Brasil Colônia e dos tempos do Império. Um importante acervo ainda pouco estudado e que, em um descuido, pode virar cinzas. Quando estive à frente da Superintendência de Ciência e Tecnologia tentei incluir o Arquivo para o recebimento de equipamentos de digitalização, o que infelizmente não pude conseguir.

Agora é torcer para que as autoridades brasileiras por todo o país se alertem para proteger os acervos importantes de todas as coleções. Ainda temos muito a preservar.

Ciência no Piauí: o que precisamos cobrar dos candidatos ao Governo?

Os temas sobre os quais escrevo no Ciência Viva focam especialmente em quatro temáticas: Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Educação. Por isso hoje resolvi tangenciar sobre estes assuntos e o momento em que estamos vivendo que mexe muito com todos: as eleições.

Avizinhando-se das eleições indago a um colega ou outro: o que você espera dos eleitos no que se refere ao desenvolvimento científico em nosso Estado? Quase invariavelmente, muitos pesquisadores encontram-se alheios e fazem questão de manter distância do processo, o que é indesejável na minha opinião, já que os eleitos, ao receberem do povo o aval para administrar terminam interferindo na vida de todos os segmentos da sociedade. Vez por outra venho tocando no tema, mas em nível nacional, a exemplo dos posts (https://cidadeverde.com/cienciaviva/92967/manifesto-pela-ciencia-tecnologia-educacao-e-democracia-no-brasil) e (https://cidadeverde.com/cienciaviva/92506/dia-nacional-da-ciencia-motivos-para-comemorar), por exemplo. Hoje vou falar em nível local, expondo a minha opinião, apenas.

1) Já fazem 11 anos que o Governo modificou a Constituição Estadual que dizia que os gastos com Ciência e Tecnologia deveriam ser de, no mínimo 1% do que se arrecada. Em 2007, para evitar a desobediência continuada do que dizia a Constituição, ao invés de aumentar o investimento, optou-se por mudar a legislação. A expressão “no mínimo 1%” caiu e passou a vigorar com a expressão “até 1%”. Até 1%, se o Governo investir Zero%, a lei está atendida! Mas o segmento será contemplado?

2) No âmbito estadual, os governos assistem o segmento da pesquisa através da Fundação de Amparo à Pesquisa, responsável pelo fomento do segmento. Não é muito fácil para os políticos compreenderem o papel deste tipo de Fundação. Ela não é cabide de emprego e ela precisa ter um orçamento que permita a abertura de editais para financiamento das pesquisas e pesquisadores. Nos dois últimos governos foi muito importante a assinatura de acordos de colaboração com órgãos de fomento nacional como a CAPES e o CNPq para que os cursos de pós-graduação instalados no Estado possam funcionar. Há, neste sentido, a necessidade de uma contrapartida pequena com recursos do Tesouro Estadual para que os órgãos federais disponham de recursos para bolsas de mestrado e doutorado.

3) Além dos recursos de bolsa, são importantíssimos os programas que financiam projetos, a exemplo do PPSUS (Programa de Pesquisa para o SUS) voltado para o interesse do Sistema Único de Saúde, PPP (Programa Primeiros Projetos) voltado para recém-doutores, PRONEM (Programa de Apoio aos Núcleos Emergentes) voltados para Doutores com mais de cinco anos de atuação, PRONEX (Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência) voltado para os pesquisadores que apresentam-se com destaques nas suas linhas de pesquisa etc. Todos estes programas subsidiam pesquisas com insumos, equipamentos e bolsas para diferentes níveis de profissionais atuarem na pesquisa. As fundações de amparo são as responsáveis pela adesão a estes programas, sempre com uma contrapartida financeira do Estado. Sem recursos, a roda da ciência não roda.

4) Além da fundação de amparo, há na estrutura do Estado uma Superintendência de Ciência e Tecnologia (SECTEC), vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico. Tanto a Fundação quanto à Superintendência as conheço bem, por ter servido a estes dois órgãos no período entre Janeiro de 2014 até Julho de 2018. Compete à SECTEC atuar na política de incentivo à Ciência e Tecnologia do Estado, provendo e fazendo gestão para o planejamento e desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, casando com o desenvolvimento econômico o que inclui várias áreas como a Divulgação Científica, com a organização de eventos que ajudem a propagar a ciência, em consonância com a Fundação e o estreitamento de relações com entre o setor produtivo e a academia. Juntou-se a estes dois organismos uma Coordenação Estadual de Tecnologia e Inovação. Percebe-se um perfeito sombreamento entre estes três órgãos, apenas para não entrar no mérito político que justifique este novo órgão.

5) O Estado do Piauí é um dos únicos do país que não possui uma Lei Estadual de Inovação. Sabendo desta realidade, algumas discussões, por ocasião da reformulação da Lei Nacional de Inovação (Lei Federal nº 13.243/16) foram feitas envolvendo todos os segmentos que lidam com ciência, tecnologia e inovação, entre os anos de 2016 e 2017. Atualmente há uma minuta desta lei repousando em alguma gaveta do Palácio de Karnak.

6) Uma grande iniciativa deste Governo foi a criação de Câmaras Setoriais de diferentes áreas, com vistas a aproximar os atores de cada segmento com a gestão governamental. Dentre estas Câmaras, uma das que mais avançou foi a da Tecnologia da Informação e Comunicação, que reuniu praticamente todos os empresários do setor e pesquisadores das diferentes instituições existentes no Estado. A ideia de que a Câmara avançasse na fundação de uma Organização Social (OS) que pudesse gerir recursos financeiros para definição das politicas de interesse do segmento. A OS foi criada e reconhecida... e só!

Expostos estes eixos, para compreensão dos leitores, entendo que não é só falta de recurso que afeta a Ciência no âmbito do Piauí. Faltam:

a) Visão da gestão de que recursos com pesquisa não são despesas, são investimentos, desde que bem gerenciados e bem direcionados;

b) Visão da gestão no que se refere à regulação, especialmente na elaboração de leis que busquem subsidiar o segmento;

c) Apoio ao segmento da inovação, apostando nos jovens talentos e na sua capacidade de gerar conhecimento e riquezas para o Estado;

d) Compromisso com o financiamento do segmento e de um plano estadual que resulte em um planejamento a longo prazo, casando o desenvolvimento científico com o desenvolvimento da educação, saúde, segurança, economia etc. Afinal, a ciência existe para melhorar a vida humana, em diferentes aspectos.

Do meu desejo pessoal como pesquisador: que o futuro Governador do Piauí tenha uma compreensão mínima sobre a importância do que falei aqui.

Congresso triplica recursos para aplicação em pesquisas sobre Alzheimer

Na semana em que a Revista Science anunciou a descoberta de um tipo novo de neurônio típico do córtex cerebral humano, diferente dos que são encontrados nos camundongos, o Congresso aprovou um aumento significativo de recursos para pesquisa em Alzheimer e outros tipos de demências relacionadas.

A partir do ano que vem os cientistas vão poder contar por três anos com um montante equivalente a R$ 7,8 bilhões com a finalidade de desenvolver novas alternativas de tratamento para esta doença. O aumento de orçamento chega em um momento crítico da pesquisa em Alzheimer na qual testes recém elaborados por pesquisadores demonstraram ineficácia para o que estavam propondo.

A comunidade científica ficou muito satisfeita com esta injeção de recursos na pesquisa destas doenças que, com a longevidade da população, tendem a se estender para um número muito maior de pacientes.

O Congresso dos EUA está de parabéns pela iniciativa... Enquanto isso o Congresso brasileiro está às moscas... Que tristeza!

A ignorância é a mãe da coragem

  • Infografico_Vacina1.jpg Pesquisa FAPESP
  • Infográfico_Vacina_2.jpg Pesquisa FAPESP

A ignorância é a mãe da coragem

 

Abro este post de domingo com uma frase que cunhei para referir-se às minhas fortes habilidades de escrever sobre quaisquer temas quando, na minha modesta opinião, não tinha cabedal de conhecimentos pra fazê-lo. Mas a frase se aplica dentro de um contexto atual e preocupante: a baixa taxa de cobertura de vacinas em todo o país.

O Portal Cidade Verde fez uma matéria que me deixou estarrecido sobre a falta de cobertura de vacinação na cidade de Teresina e no Piauí como um todo. Entrevistou o gestor da área em Teresina que propôs até a possibilidade de se estabelecer uma lei para obrigar os pais a levarem seus filhos para vacinação. Isso não seria novidade no país, visto que no início do século XX ocorreu no Rio de Janeiro a famosa Revolta da Vacina, onde a população ficou literalmente revoltada com a obrigatoriedade em vacinar-se contra febre amarela, peste bubônica e varíola que eram doenças que assolavam a população do Rio de Janeiro em razão, principalmente, das condições sanitárias da época. A revolta ocorreu entre 10 e 16 de novembro de 1904 motivada, entre outras coisas pela obrigatoriedade em apresentar comprovantes de vacinação para matrícula dos filhos nas escolas, para admissão no emprego, para viajar e até para casar, que havia sido estabelecida como obrigatória a partir de janeiro daquele ano. Apesar do estopim ter sido a obrigatoriedade das vacinas, a revolta também foi motivada pelo canteiro de obras de saneamento no Rio que derrubou cortiços e modificou as condições de moradia da população, gerando a desarmonia e dissabores para boa parte da população.

É compreensível que no início do século passado, dadas as condições de compreensão e cultura das pessoas daquela época, algo deste tipo tivesse ocorrido. Afinal as mudanças sociais e econômicas estavam em efervescência, como mudança de Monarquia para República, abolição da escravatura e mudanças estruturais que afetavam o cotidiano da capital federal, em meio a remoção de populações e das obras de saneamento conduzidas por Pereira Passos, engenheiro e prefeito da cidade.

O incompreensível é que a rejeição ao processo de imunização das crianças esteja ocorrendo agora, no século XXI, em plena evolução do acesso às informações, sendo necessário ter que se estabelecer punições contra os pais que não tem a boa vontade de fazer valer um direito pétreo dos seus filhos: direito a saúde.

 

O que está por trás desta “fuga das vacinas”?

Resposta simples: a ignorância. Com o estabelecimento das rotinas de vacinação e sua intensificação, principalmente da década de 1980 para cá, muitas das doenças que acometiam as crianças das décadas anteriores desapareceram ou reduziram drasticamente seu espectro. A redução gerou o senso comum de que as doenças haviam sido extintas.

Soma-se a este quase “desaparecimento” das doenças a contribuição negativa do cientista inglês Andrew Wakefield que publicou em 1998 na conceituada revista Lancet que a vacina contra Sarampo, Rubéola e Caxumba causava distúrbios gastrointestinais, que geravam uma inflamação cerebral responsável por gerar na criança um quadro de autismo. Uma pesquisa feita com 11 crianças com um efeito desastroso para comunidade do Reino Unido e que ajudou a espalhar a boataria para o resto do mundo. Em 2010 o autor deste desserviço foi julgado pelo Conselho de Medicina da Inglaterra como irresponsável e inapto para o exercício da profissão, que identificou um conflito de interesse, pois o mesmo havia desenvolvido uma vacina contra o Sarampo não contratada pelo Governo pelo fato da outra vacina ser mais abrangente.

 

A poliomielite

Causada pelo Poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3) a poliomielite é doença bastante perigosa e quando não mata deixa sequelas permanentes, como a atrofia de membros. A doença pode ser evitada com o uso de duas vacinas distintas: a Sabin (via oral) e a Salk (injetável), ambas com excelente grau de imunização dos pacientes. A Polio ainda afeta muitos países no mundo. Os últimos surtos foram detectados na República Dominicana, Haiti, Madagascar e Nigéria. Então, se o vírus ainda acomete populações por aí, significa que a doença não está extinta. E a movimentação das pessoas neste mundo globalizado pode fazer com que novos surtos ocorram, especialmente nas regiões onde o nível de imunização na está adequado.

 

Cobertura vacinal

A revista Pesquisa FAPESP, em sua última edição mostrou dados estarrecedores sobre a queda na imunização, levantados no Brasil.

Só para se ter uma ideia, apenas cinco unidades da federação conseguiram atingir a cobertura vacinal no país. Há, neste momento, um fluxo migratório intenso, especialmente de cidadãos da Venezuela, uma nação onde as coberturas vacinais não são adequadas. Resultado disso: mais de 200 pessoas contaminadas com o vírus do Sarampo e cinco óbitos.

O infográfico produzido pela Revista Pesquisa FAPESP orienta as vacinas e a idade em que precisam ser administradas com a finalidade de proteção das crianças (Vide galeria de imagens).

Você deve estar se perguntando: o que este título tem a ver com este post?

Só os ignorantes teriam a coragem de deixar de vacinar seus filhos, pois quem conhece o poder destas doenças infecciosas e sabe da importância da vacinação não cometeria um vacilo destes.

Não vacile, vacine!

 

Pesquisa descobre que a cafeína pode ajudar as abelhas

A cafeína é um alcaloide produzido principalmente pela Coffea arabica, planta da família das Rubiáceas, cujas sementes, geralmente torradas, dão origem a uma das bebidas mais famosas do mundo que é o café.

Os benefícios da cafeína já são bem conhecidos pela Ciência. Dentre estes benefícios podem ser citados:

1) Melhora o cansaço físico;

2) Melhora concentração e estado de alerta;

3) Diminui a fadiga mental;

4) Pode funcionar como um leve antidepressivo;

5) Melhora o desempenho nas atividades físicas;

6) Possui efeito termogênico, ou seja, acelera o metabolismo (transforma a gordura em fonte de energia);

7) Melhora o humor;

8) Atua no controle do peso

9) Pode ajudar no tratamento de diabetes, entre outros.

Cientistas da UNESP, em São Paulo, descobriram que a cafeína pode ser um importante aliado para minimizar os efeitos causados por alguns tipos de agrotóxicos que causam danos às abelhas. O estudo foi conduzido pela estudante Kamila Vilas Boas Balieira na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Unesp, Campus de Dracena. Ela descobriu que uma suplementação à base de cafeína pode compensar os efeitos letais promovidos pelos inseticidas à base de Imidacloprido. Esta substância já foi banida dos campos agrícolas europeus pela indicação baseada em mais de 1500 artigos científicos que apontam esta e outras substâncias nos danos à população de abelhas.

A descoberta de um composto que pode minimizar os efeitos oxidativos do agrotóxico pode gerar manejo diferenciado para a Apicultura, podendo ser mais uma estratégia visando diminuir os impactos sobre as populações de abelhas. Já comentamos aqui sobre as pesquisas desenvolvidas aqui mesmo no Piauí para tentar melhorar as condições de produção do mel. Veja em https://cidadeverde.com/cienciaviva/85486/berry-de-bee-movie-cade-a-abelha-que-estava-aqui e https://cidadeverde.com/cienciaviva/85575/berry-de-bee-movie-parte-ii-solucoes-da-ciencia-para-problemas-da-apicultura-no-piaui.

É torcer para as abelhas conseguirem suplementar sua dieta para poderem enfrentar os danos causados pela humanidade.

Até o próximo post...

 

Genoma do trigo foi sequenciado

A ciência tem lutado para desvendar os segredos genéticos de várias espécies de interesse da humanidade. O próprio genoma humano foi finalizado em 2003, depois de uma verdadeira epopeia. Agora, muitos cientistas se voltam para estudar espécies de importância econômica.

A revista Science da semana passada trouxe na sua capa a referência à finalização do genoma do trigo. Considerada uma das plantas mais importantes da nutrição humana, o projeto de mapeamento dos genes do trigo levou 13 anos para ser concluído, consumindo o trabalho de 200 cientistas em 73 centros de pesquisa de 20 países. Mas o que se estuda em um genoma?

O genoma é o conjunto dos genes de uma espécie, reunindo as estruturas genéticas responsáveis por todas as características daquela espécie. Conhecer estas informações, quando se refere a uma planta ou animal de interesse econômico é interessante, pois facilita o processo de melhoramento genético da espécie e até uma aventura mais segura pela transgenia.

O trigo é responsável pelo fornecimento de carboidratos (açúcares) para mais de um terço da humanidade, e a decifração do seu genoma foi comemorada como um grande feito. Só para que se tenha uma ideia o trigo tem 107.891 genes, o que representa mais de 16 bilhões de pares de base. Para efeito de comparação o genoma humano tem 20 mil genes, aproximadamente.

O trigo é mais uma planta que tem o seu genoma elucidado. Além dela o eucalipto, o milho e a cana-de-açúcar são exemplos de espécies cultivadas que já tiveram seus genomas estudados. A primeira planta que teve o genoma estudado foi a Arabidopsis thaliana, uma espécie da família da Mostarda.

 

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