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Pesquisador piauiense é destaque na robótica do ITA

O ensino de excelência no Brasil, especialmente na área de tecnologia, passa pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na cidade de São José dos Campos em São Paulo. Não é à toa que as principais escolas brasileiras que competem pelas colocações dos seus estudantes em universidades Brasil a fora abusam da publicidade quando algum dos seus alunos consegue a tão sonhada aprovação no ITA.

O ITA reúne as melhores cabeças nas diferentes áreas da Engenharia voltadas para a aeronáutica. São elas: Engenharia Aeronáutica, Engenharia Eletrônica, Engenharia Mecânica-Aeronáutica, Engenharia Civil-Aeronáutica, Engenharia de Computação e Engenharia Aeroespacial. O ITA foi fundado na década de 1940 com inspiração de Casimiro Montenegro Filho, piloto cearense que alcançou a patente de Marechal-do-Ar e abraçou o projeto de construção do Instituto, com base na estrutura do Massachusets Institute of Technology (MIT). O sonho de Casimiro tornou-se referência mundial no Ensino das Engenharias voltadas para Ciências Aeronáuticas.

A partir do ITA além da formação de muitos profissionais, tanto civis quanto militares, saíram ideias fabulosas como, no final da década de 1960, a fundação da EMBRAER, atualmente considerada a terceira maior empresa de desenvolvimento e fabricação de aeronaves do mundo.

Dentre seus muitos projetos, o ITA tem um grupo de pesquisadores que atua com Robótica, especialmente Humanoide. São estudantes e professores que desenvolvem projetos de pesquisa para construção e otimização de robôs que sejam capazes de realizar ações similares ao ser humano. Este grupo, chamado de ITAndroids participa de competições no Brasil e no exterior na área de Robótica. São competições que envolvem corridas, partidas de futebol e o desenvolvimento de habilidades realizadas por robôs. O desafio maior para os pesquisadores é o aperfeiçoamento de máquinas e o desenvolvimento de programas de computador que controlem estas máquinas dando-lhes a autonomia, com atitudes mais próximas da imitação ao ser humano. As competições envolvem equipes multidisciplinares, de diferentes áreas da Engenharia, integrando estudantes do Instituto e seus professores orientadores.

Dentre os robôs humanoides trabalhados pela equipe destacam-se o Baby e o Chape (este em homenagem ao time da Chapecoense) que podem ser vistos em ação no vídeo de qualificação das duas máquinas para uma competição de robôs chamada Robocup. Veja o vídeo:

A equipe ITAndroids é liderada pelo piauiense, professor do ITA, Eng. Marcos Ricardo Omena de Albuquerque Máximo. Formado em Engenharia de Computação pelo ITA, Marquinhos como é mais conhecido pelos colegas, concluiu o curso tendo recebido a Honraria Summa Cum Laude, em 2012, distinguida apenas para os melhores alunos. Fez Mestrado e Doutorado em Engenharia Eletrônica e Computação também pelo ITA e trabalha com a pesquisa voltada para o desenvolvimento de habilidades de caminhada feitas por robôs humanoides. No vídeo a seguir Marcos Máximo fala sobre a participação da equipe ITAndroids na Robocup’2017.

A equipe do ITAndroids conta com cerca de 60 membros dos quais, além do Prof. Marcos Máximo, quatro estudantes piauienses: Dicksiano Carvalho Melo, Felipe Celso Reis Pinheiro, Felipe Vieira Coimbra e Luckeciano Carvalho Melo. A equipe atualmente está se preparando para participar do RoboCup 2018 que ocorrerá no Canadá e, atualmente, está em campanha para arrecadar fundos para custeio das hospedagens de toda a equipe que embarcará para Montreal noperíodo de 18 a 22 de julho deste ano. Se você tiver interesse em contribuir clique em  https://www.vakinha.com.br/vaquinha/itandroids-na-robocup-montreal

Marcos Máximo é mais um piauiense contribuindo com a Ciência pelo mundo...

Até o próximo post...

 

Surto de Ebola no Congo: a corrida internacional para barrar esta doença

O mundo todo corre atrás de tentar evitar surtos cada vez mais constantes de doenças infecciosas e fatais. Enquanto aqui no Brasil enfrentamos hoje uma frente contra os efeitos devastadores do H1N1, vírus da Influenza, agente da gripe que pode ser a porta de entrada para quadros gravíssimos de infecção pulmonar que podem levar à morte rapidamente, a África Subsaariana sofre com o início de um surto de Ebola.

A República Democrática do Congo vem sendo assolada pelo que parece ser um dos mais violentos surtos de uma das mais cruéis doenças virais.

O Ebola começa com sintomas do que parece ser uma gripe: dores musculares, febre e dor de cabeça. A partir daí a garganta inflama e o paciente passa a ter vômitos e exantema (manchas avermelhadas pelo corpo inteiro). O ápice da doença vem rapidamente: de 6 a 15 dias após o início dos sintomas vem as hemorragias internas ou externas. A perda excessiva de sangue leva ao óbito. A contaminação vem a partir do contato com o sangue ou com outros fluidos corpóreos como o suor ou a saliva. Ainda não foram detectadas vias de contaminação pelo ar.

Segundo a revista Science que chega hoje (18.05) ao público, após a detecção dos dois primeiros casos de Ebola no dia 08 de maio, médicos do Programa Médicos Sem Fronteiras, iniciaram a organização de uma frente para vacinação no Congo. Os dois primeiros casos foram detectados no distrito de Bikoro, província de Equateur, um local afastado do Congo.

O Ministério da Saúde do Congo desconfia que o vírus já vem se espalhando desde abril e existem 19 mortes registradas sob a suspeita de que estes pacientes mortos vieram a óbito porque estavam contaminados com o Vírus. Existem mais de 30 casos de pacientes internados sob suspeita de que estejam com a doença, a partir da detecção dos sintomas. As autoridades do Congo planejam fazer uma vacinação utilizando uma vacina experimental que foi usada em 2015 na Guiné e que conseguiu barrar um surto da doença naquele país.

De acordo com o virologista Yap Boum o grande problema é que o vírus pode permanecer incubado por longo tempo, permitindo que pessoas contaminadas espalhem o vírus sem saber que estão com ele. Existe a suspeita de dois casos em Mbandaka, que é uma cidade portuária com 1,2 milhões de habitantes. Caso estes casos sejam confirmados o risco de que a doença ganhe uma proporção desastrosa é altíssimo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) mandou uma equipe para atuar de forma preventiva, adotando cuidados para o isolamento e manejo de pacientes e com os cuidados funerários com os pacientes que foram a óbito. A OMS foi severamente criticada por ter demorado a reagir no último surto da doença que contaminou cerca de 28 mil pacientes levando mais de 11 mil pessoas a óbito.

O vírus Ebola é um dos mais violentos que acometem humanos. Ele é típico de primatas, mas se deposita em morcegos frugívoros (que se alimentam de frutos). Apesar de ser uma doença violenta, nunca conseguiu se espalhar para muitos lugares desde que foi descoberto em 1976. Segundo os especialistas a principal causa destes surtos são as péssimas condições de saúde para as populações destes países africanos.

Pint of Science: falando sério sobre Ciência em uma mesa de bar

A ideia de divulgar ciência em um bar realmente foi genial. Michael Motsky e Praveen Paul do Imperial College of London foram muito felizes com a ideia, quando imaginaram em 2012 que seria interessante conversar sobre ciência na mesa de bar. Natália Pasternak, a coordenadora do Pint no Brasil, não foi menos audaciosa quando, em 2015, trouxe o evento para São Paulo. Aqui no Brasil o evento só cresceu: 2015 – uma cidade da região sudeste; 2016 – oito cidades das regiões sul, sudeste e centro-oeste; 2017 – 22 cidades das regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste e 2018 – 56 cidades de todas as regiões do Brasil. Uma taxa média de crescimento anual de 443%!!! Teria sido fabuloso se os recursos aplicáveis em Pesquisa no Brasil tivessem sido tão ousados em crescer nesta taxa! Mas vamos ao evento...

No fundo, no fundo os cientistas adoram falar sobre o que trabalham, mas não têm o hábito de falar para quem não é do seu meio. Todo o cientista fala com certa desenvoltura sobre os temas ligados à sua área do conhecimento. É empolgante falar para outros especialistas ou até para estudantes que estão trilhando esta ou aquela área do conhecimento. Mas e falar para pessoas que nunca viram nada sobre este ou aquele tema? E falar para quem geralmente vai descontrair num bar bebendo uma caneca de chopp? Este é o desafio do Pint of Science...

Organizar um evento como este é um prazer indescritível... E ao mesmo tempo, um stress... A fase de planejamento é bem complicada, especialmente quando a ideia é quebrar barreiras. Pesquisadores ficam com o pé atrás: “Será que consigo falar para este público? ”. É pergunta-chave na cabeça de cada um. Os donos dos Bares questionam: mas o meu público irá gostar de alguém dando aula? Foi uma das perguntas que mais já me fizeram.

Convencidos os pesquisadores e os donos dos estabelecimentos vem a parte mais complicada: quem pagará a conta? O evento é totalmente gratuito, mas são necessários recursos de pequena monta para bancar uma infraestrutura mínima necessária. Aí a gente começa ligando para um amigo ou outro. Uma peregrinação! Afinal a dificuldade de se fazer alguma coisa no Brasil vem do próprio estigma de “já pago tanto imposto” que poderia “ser para esse tipo de coisa” que “é superlegal, mas a crise...”.

Outra peregrinação é tentar divulgar. Neste particular um viva para o Mark Zuckerberg, pois criou uma ferramenta fantástica que é uma mão na roda para ajudar a contar qualquer história para qualquer pessoa, esteja onde estiver. A imprensa ajuda muito, porque “é um evento inusitado”, porque “é sensacional conversar sobre pesquisas”, porque “a ideia foi uma grande sacada”, embora Pint of Science “seja meio chato de pronunciar”: Pãinti of Saience...

Mas o Pint chega ao fim hoje, 16 de maio, aqui em Teresina e mais 55 cidades brasileiras e em mais 20 países (aliás, quando você estiver lendo isso aqui, na Austrália, Singapura e Tailândia já terminou...). Fica a pergunta: vai ter ano que vem? Com empolgação menor do que no ano passado, eu, que coordeno uma equipe de gigantes que faz este evento acontecer vou dizer: não sei!

Obrigado aos oito pesquisadores, 20 colaboradores, oito patrocinadores e os muitos jornalistas e radialistas que gastaram um tempinho dos seus programas para divulgar este que é um “Global Science Festival”.

Um brinde à Ciência!

Pelo Dia das Mães: a inspiradora história de Maria Mendeleeva

Na escola aprendemos algumas coisas dos feitos do cientista russo Dmitri Ivanovich Mendeleyev, especialmente a genialidade na construção da Tabela Periódica dos Elementos, importante marco do estudo da química.

Dmitri Mendeleyev

A Tabela Periódica é muito mais do que um arranjo gráfico de disposição das informações sobre os átomos que constituem todas as matérias encontradas na natureza. Muitos dos átomos dispostos, inclusive, foram resultado da pesquisa de vários químicos sendo, portanto, criação humana. A tabela organiza, mas da forma como foi construída permite a verificação de várias propriedades dos diferentes átomos, numa das mais bem engendradas criações científicas. Fica até difícil dizer se a Tabela foi inventada ou foi descoberta, dada a precisão com a qual se organizam os elementos químicos nela.

A genialidade de Mendeleyev foi posta à prova inclusive porque, na época em que organizou a Tabela muitos dos elementos químicos ainda não haviam sido sequer descobertos. Ele foi capaz, inclusive, de prevê a localização destes elementos, antes de serem descobertos, na Tabela Periódica.

A história de Mendeleyev é um exemplo para inspirar qualquer estudante que deseja trilhar pelos caminhos da pesquisa científica, mas o Ciência Viva hoje vai falar não deste grande cientista, mas de sua mãe, Dona Maria Dmitrievna Mendeleeva, pelo seu exemplo de uma grande mulher e de uma mãe exemplar.

Mendeleyev nasceu na cidade Tobolsk, na Sibéria, em 1834. Assim que nasceu, seu pai Ivan Mendeleev, que era diretor da escola local ficou cego e teve que se aposentar. Devido ao tamanho da família e a invalidez do pai, Maria Mendeleeva deixou os afazeres domésticos e foi trabalhar numa fábrica de vidros que pertencia a sua família. Pouco tempo depois duas tragédias se abateram sobre a família: a morte do pai de Mendeleyev e o incêndio que destruiu totalmente a fábrica de onde sua mãe tirava o sustento.

Maria Mendeleeva, preocupada com o futuro do filho mais novo, Dmitri, visto que os mais velhos já eram todos adultos, decidiu que ia levá-lo para completar os estudos. Com poucos recursos viajou para Moscou, cerca de 2000 km de carona levando Dmitri e a filha Elizabeth. Ao chegarem em Moscou o filho não foi aceito para estudar porque à época a universidade só recebia alunos da própria cidade. Sem desanimar, Maria rumou para São Peterburgo, por mais 600 km, para receber outro não.

Maria descobriu que o Diretor do Instituto Pedagógico Central de São Petesburgo, instituição que formava professores naquela região da Rússia, era amigo de seu marido e com muita luta, conseguiu que Mendeleyev fosse matriculado. Exaurida pela sua luta e longas viagens Maria faleceu em 1850, logo depois de ter descoberto que Dmitri fora admitido como aluno.

O exemplo de Maria Mendeleeva é o retrato de muitas mães que dão a própria vida pela garantia do futuro dos seus filhos. Esta não é uma particularidade das mães humanas, pois muitos animais sacrificam até a própria vida para garantir a sobrevivência e o sucesso evolutivo de seus rebentos. A maternidade é um inconteste milagre da natureza.

Feliz Dia das Mães!!!

Bico das aves foi uma novidade evolutiva

Não sei se é do conhecimento da maioria, mas as aves são muito mais próximas dos dinossauros do que poderíamos imaginar. As aves e dinossauros compartilham muitas características anatômicas comuns e são consideradas pelos especialistas descendentes comuns de um mesmo ancestral.

Por um tempo razoável circulam especulações sobre a formação do bico das aves, considerado um atributo especial que diferenciou muito bem as aves modernas dos dinossauros (é importante que se diga que não somente isso, pois os dinossauros são uma categoria de répteis primitivos que se extinguiu no final da Era Mesozóica, há cerca de 60 milhões de anos atrás).

Cientistas da Universidade John Hopkins, de Maryland (EUA) revisitaram fósseis de uma ave marinha que viveu a 90 milhões de anos, o Ichthyornis, e usando escaneamento 3D descobriram sobre a formação do bico desta ave, que ao contrário das aves atuais tinha uma porção de dentinhos (repare na ilustração).

O bico é considerado uma novidade evolutiva. Com ele as aves não somente se alimentam e alimentam seus filhotes, mas são capazes de fazer muito mais coisas, como bisbilhotar, construir seus ninhos e se defender.

A paleontologia continua tentando desvendar o passado do homem e dos demais seres vivos.

Até a próxima...

 

 

Estudo de fragmentos de meteoros confirmam presença de água na Lua

A análise de meteoros de origem lunar revelou a presença de uma variação mineral de Dióxido de Silício (SiO2) denominada Moganite. De acordo com a pesquisa, a presença deste mineral é o indicativo de existe água congelada na Lua.

A pesquisa foi publicada na revista Science Advances do último dia 02 de maio, por um conjunto de pesquisadores do Departamento de Ciência dos Materiais Planetários e da Terra da Universidade de Tohoku no Japão. De acordo com a pesquisa esta variação de sílica se formou a partir das condições ambientais lunares onde parte do regolito lunar (camada superficial do solo lunar) reagiu com água com pH alcalino (pH ou Potencial Hidrogeniônico superior a 7, em uma escala que vai de 0 a 14) que chegou até a superfície, muito provavelmente vinda de outro corpo celeste que se chocou com a Lua.

A pesquisa estudou 13 fragmentos de meteoros de origem lunar, de diferentes categorias litológicas (minerais), cujo resultado se associa a outras pesquisas já realizadas de que a Lua pode conter depósitos de água congelada, especialmente nas proximidades dos polos lunares. A investigação se deu através de técnicas de espectroscopia Raman, que avaliam a composição química das amostras a partir da emissão de raios luminosos monocromáticos (de uma só cor) e demonstram interações entre a luz e a matéria, permitindo precisão na análise.

À medida que mais informações sobre outros corpos celestes chegam a Terra, novas perspectivas de exploração deste corpos se incluem no planejamento de determinadas áreas científicas.

Até o próximo post...

 

A Lagoa do Portinho está de volta: até quando?

  • Lagoa_do_Portinho4_(2).jpg Mesquita et al 2018
  • Lagoa_do_Portinho4_(1).jpg Mesquita et al 2018
  • Lagoa_do_Portinho2.jpg Mesquita et al 2018
  • Lagoa_do_Portinho1.jpg Mesquita et al 2018

Esta última estação de chuvas trouxe uma boa notícia para quem admira as belezas do Piauí: a Lagoa do Portinho voltou a ser o cartão postal que nos encanta e a todos os que visitam o litoral do Piauí. Mas fica a pergunta: até quando?

O Nordeste apresenta duas frentes litorâneas: uma mais seca, voltada para o Norte (Litoral Nordestino Setentrional) e outra mais úmida, voltada para Leste (Litoral Nordestino Oriental). O Piauí, juntamente com o Maranhão, o Ceará e parte do Rio Grande do Norte, compõem com suas praias o Litoral Nordestino Setentrional. Com o ar mais seco, favorável a formação de dunas móveis sopradas do litoral para o continente, mostrando paisagens únicas, como as encontradas nos Lençóis Maranhenses e no Delta do Parnaíba, por exemplo.

Entre os anos de 2005 e 2008 (período em que desenvolvi as pesquisas que culminaram com minha tese de doutorado), conheci muito do nosso litoral. O litoral do Piauí é o menor do Brasil (66 km de extensão) e apresenta particularidades que não são encontradas em outros lugares. Dentre o que temos de mais belo estão as Lagoas do Portinho e de Sobradinho. Ambas fruto do processo natural de formação de dunas que barram cursos hídricos gerando bacias de acumulação.

Em 2015, iniciei a orientação de Mestrado do geógrafo Tarcys Mesquita, no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Piauí (PPGGEO-UFPI) que iniciou minucioso estudo sobre a Bacia do Rio Portinho, tendo como principal foco o triste estado da Lagoa do Portinho que, ano após ano, vinha diminuindo fortemente o volume das suas águas.

O trabalho de Tarcys, fruto da minha orientação em parceria com a Dra. Iracilde Moura Fé, foi publicado na semana passada na Revista Brasileira de Geografia Física apontando para as causas principais do total desaparecimento da Lagoa no período estudado. A lagoa, graças ao bom período chuvoso que tivemos este início de ano ganhou um bom volume de água. Mas fica a pergunta: até quando?

As conclusões da pesquisa apontaram para um conjunto de pequenas agressões que somadas resultaram no desaparecimento completo de um dos mais formidáveis cartões postais do litoral piauiense. A pesquisa atribuiu ao problema a combinação de um período de baixa pluviosidade (cinco anos consecutivos com poucas chuvas, especialmente em 2010), aumento da temperatura e da evapotranspiração, associada à construções feitas na bacia que funcionaram como barreiras ao processo de escoamento de água dos principais tributários, como casas e até uma estrada no município de Bom Princípio do Piauí que impediram a chegada de alguns riachos que contribuem para a formação do volume final de águas da Lagoa do Portinho. Associados a estas grosseiras interferências do homem na alimentação da bacia, foram encontradas propriedades rurais que fazem barramentos do rio para irrigação e criação de peixes (piscicultura). O somatório dos fatores antrópicos (causados pelo homem) aos fatores naturais (como redução das chuvas e aumento da temperatura e da evaporação) foram decisivos.

Fica agora uma lição para os principais atores envolvidos com a questão: cuidar do ambiente para tentar minimizar os efeitos do que não é possível evitar, como as intempéries meteorológicas (seca e aumento da temperatura).

Um dos maiores cartões postais do Piauí está de volta. É preciso saber se os piauienses vão saber valorizá-lo e cuidar para que permaneça entre nós. A ciência fez a sua parte. Parabéns Tarcys Mesquita pelo seu trabalho!

 

Pint of Science’2018 em Teresina

  • IMG_0731.JPG Ana Flávia Soares / Isabel Monteiro
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Falar sobre ciência é um grande prazer para quem é cientista. Ouvir sobre ciência, entretanto, nem sempre é tão prazeroso. E como falar sobre ciência de modo que o prazer se estenda entre quem está falando e quem está ouvindo?

Esta é a proposta do Pint of Science. Pint significa caneca ou dose (referindo-se ao conteúdo) de cerveja. O Pint of Science foi a grande sacada dos cientistas Michael Motskin e Praveen Paul, do Imperial College de Londres que, entediados com o muro existente entre cientistas e o todo da sociedade criaram, em 2012, o festival Pint of Science.

O evento teve início em 2013, sempre por três noites consecutivas no mês de maio em pubs e outros recintos onde, em geral, não se conversa sobre ciência.

Em 2017 o evento ocorreu em 11 países, incluindo o Brasil. O festival chegou ao Brasil em 2015, apenas na cidade de São Carlos (SP). Em 2016 já foram em oito cidades das regiões sudeste e centro-oeste. Em 2017, 22 cidades brasileiras sediaram o evento, dentre elas Teresina, capital do Piauí.

Em 2017, em Teresina, o festival contou com a colaboração de seis cientistas piauienses ou radicados no Piauí em plena atividade, que falaram para um público curioso, atraído pelos temas divulgados amplamente na imprensa local e nas redes sociais, totalizando cerca de 500 participantes nos três dias e nos dois locais.

Trazer a proposta para Teresina e executá-la não foi fácil, pois o pioneirismo de falar sobre ciência em bares e restaurantes foi novidade para todo mundo.

Em 2018, o evento cresceu fortemente no Brasil, pois serão 56 cidades. Em Teresina ocorrerão quatro palestras e duas mesas redondas. O brinde à ciência em Teresina ocorrerá na RamBeer – Cervejaria Artesanal, na Av. Visconde de Parnaíba e no Medalhão do Chef, na Av. N.S. de Fátima, nos dias 14, 15 e 16 de maio, sempre às 19h.

O evento é totalmente gratuito e o participante só paga o que consumir.

Vamos brindar a ciência!!!

 

Autismo pode ser determinado por sequências não codificantes de DNA

Já é consenso há algum tempo que não existe um único gene determinante do fenótipo autista. Da mesma forma que se concorda que existem segmentos gênicos que influenciam no complexo funcionamento do cérebro e que, por isso, podem ser determinantes do quadro de autismo.

Um estudo recente jogou luz sobre a transmissão hereditária para o autismo, exatamente em um local que ninguém pensou antes: o DNA não codificante.

Explico: com a evolução dos estudos sobre o genoma humano descobriu-se que a maior parte do nosso DNA é não codificante, ou seja, é formado por longas sequências repetitivas que não representam nenhuma combinação que origine sequências de aminoácidos que resultem em proteínas.

Pesquisadores da Universidade de San Diego, na Califórnia (EUA) encontraram na sua pesquisa com 829 famílias de autistas e não autistas a transmissibilidade de sequências não codificantes. Na verdade, perceberam que mesmo sequências não-codificantes podem regular funções gênicas. O padrão descoberto foi o de que longas sequências chamadas de variantes estruturais eram transmitidas, em geral de pais não autistas para crianças que se revelaram autistas. Estas sequências mostram-se como defeitos pontuais de deleção, duplicação ou inversão.

Outra descoberta importante foi a efetividade da transmissão de genes para o autismo quando estes o recebem das mães, sendo que raramente as mulheres apresentam esta variação ativa (o autismo é mais frequente em meninos do que em meninas).

Em uma segunda etapa do experimento, na qual foram investigadas 1771 famílias, descobriu-se que os homens chegam a transmitir mais vezes aos filhos, mas a transmissão não se mostrou tão efetiva quando estas sequências vêm das mães. Em suma: a transmissão originária da mãe é em menor escala, porém com maior chance de que a criança desenvolva o autismo.

 

As pesquisas continuam e agora sinalizam para algo que já desconfiava há algum tempo: o DNA-lixo não é, de forma alguma, desprezível.

Até o próximo post...

O mar não está pra peixe...

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Sem qualquer sombra de dúvidas o homem é o ser mais danoso à natureza. Não bastasse a capacidade de explorar recursos sem se preocupar com o esgotamento destes, o consumo exacerbado de produtos e os processos de descarte de resíduos têm sido bastante prejudiciais ao planeta como um todo.

Entre os danos causados o lixo é considerado um dos maiores problemas porque tem escala mundial. Não existe uma só nação que não carregue este problema. O fator educação é um diferencial, pois as nações com os melhores níveis educacionais possuem também políticas mais severas de recolhimento e tratamento dos resíduos sólidos.

O problema dos resíduos vai muito além das regiões de entorno das cidades. As cidades litorâneas, muitas vezes apresentam deposição de resíduos que são lançados diretamente no mar. O resultado disso são verdadeiras ilhas flutuantes de lixo que se deslocam ao sabor das correntes marinhas, como se pode observar na figura abaixo, extraída do site http://www.funverde.org.br/blog/ilhas-de-lixo-no-oceano/. As praias também recebem materiais que são lançados pelas ondas, conforme a variação das marés.

O lixo nos oceanos causa impactos sobre os animais que compõem a fauna marinha. Recentemente a imprensa em nível nacional mostrou uma baleia encalhada e fraca que ao morrer, após necropsia, foram encontrados 29 kg de lixo no seu estômago e intestinos. Mas diferentes animais são prejudicados pelos materiais residuais como esta tartaruga (Imagem no site do Projeto TAMAR – www.tamar.org.br).

No Piauí é provável que tenhamos as praias próximas de ambientes urbanos mais limpas do Brasil. Nossas praias encantam pelos diferentes aspectos: ondas convidativas para um bom mergulho, praias planas, vento em abundância para prática esportes como kitesurf. Mas a fama de praias paradisíacas pode está ameaçada pelo lixo encontrado em algumas de nossas praias mais belas. O registro das imagens na galeria foi feito na Praia do Coqueiro, uma das mais visitadas no litoral do Piauí.

Escrevi este texto na intenção de despertar a consciência das pessoas que visitam nossas praias, lembrando que o nosso paraíso depende muito de quem nos visita.

Até o próximo post...

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