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A ignorância é a mãe da coragem

  • Infografico_Vacina1.jpg Pesquisa FAPESP
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A ignorância é a mãe da coragem

 

Abro este post de domingo com uma frase que cunhei para referir-se às minhas fortes habilidades de escrever sobre quaisquer temas quando, na minha modesta opinião, não tinha cabedal de conhecimentos pra fazê-lo. Mas a frase se aplica dentro de um contexto atual e preocupante: a baixa taxa de cobertura de vacinas em todo o país.

O Portal Cidade Verde fez uma matéria que me deixou estarrecido sobre a falta de cobertura de vacinação na cidade de Teresina e no Piauí como um todo. Entrevistou o gestor da área em Teresina que propôs até a possibilidade de se estabelecer uma lei para obrigar os pais a levarem seus filhos para vacinação. Isso não seria novidade no país, visto que no início do século XX ocorreu no Rio de Janeiro a famosa Revolta da Vacina, onde a população ficou literalmente revoltada com a obrigatoriedade em vacinar-se contra febre amarela, peste bubônica e varíola que eram doenças que assolavam a população do Rio de Janeiro em razão, principalmente, das condições sanitárias da época. A revolta ocorreu entre 10 e 16 de novembro de 1904 motivada, entre outras coisas pela obrigatoriedade em apresentar comprovantes de vacinação para matrícula dos filhos nas escolas, para admissão no emprego, para viajar e até para casar, que havia sido estabelecida como obrigatória a partir de janeiro daquele ano. Apesar do estopim ter sido a obrigatoriedade das vacinas, a revolta também foi motivada pelo canteiro de obras de saneamento no Rio que derrubou cortiços e modificou as condições de moradia da população, gerando a desarmonia e dissabores para boa parte da população.

É compreensível que no início do século passado, dadas as condições de compreensão e cultura das pessoas daquela época, algo deste tipo tivesse ocorrido. Afinal as mudanças sociais e econômicas estavam em efervescência, como mudança de Monarquia para República, abolição da escravatura e mudanças estruturais que afetavam o cotidiano da capital federal, em meio a remoção de populações e das obras de saneamento conduzidas por Pereira Passos, engenheiro e prefeito da cidade.

O incompreensível é que a rejeição ao processo de imunização das crianças esteja ocorrendo agora, no século XXI, em plena evolução do acesso às informações, sendo necessário ter que se estabelecer punições contra os pais que não tem a boa vontade de fazer valer um direito pétreo dos seus filhos: direito a saúde.

 

O que está por trás desta “fuga das vacinas”?

Resposta simples: a ignorância. Com o estabelecimento das rotinas de vacinação e sua intensificação, principalmente da década de 1980 para cá, muitas das doenças que acometiam as crianças das décadas anteriores desapareceram ou reduziram drasticamente seu espectro. A redução gerou o senso comum de que as doenças haviam sido extintas.

Soma-se a este quase “desaparecimento” das doenças a contribuição negativa do cientista inglês Andrew Wakefield que publicou em 1998 na conceituada revista Lancet que a vacina contra Sarampo, Rubéola e Caxumba causava distúrbios gastrointestinais, que geravam uma inflamação cerebral responsável por gerar na criança um quadro de autismo. Uma pesquisa feita com 11 crianças com um efeito desastroso para comunidade do Reino Unido e que ajudou a espalhar a boataria para o resto do mundo. Em 2010 o autor deste desserviço foi julgado pelo Conselho de Medicina da Inglaterra como irresponsável e inapto para o exercício da profissão, que identificou um conflito de interesse, pois o mesmo havia desenvolvido uma vacina contra o Sarampo não contratada pelo Governo pelo fato da outra vacina ser mais abrangente.

 

A poliomielite

Causada pelo Poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3) a poliomielite é doença bastante perigosa e quando não mata deixa sequelas permanentes, como a atrofia de membros. A doença pode ser evitada com o uso de duas vacinas distintas: a Sabin (via oral) e a Salk (injetável), ambas com excelente grau de imunização dos pacientes. A Polio ainda afeta muitos países no mundo. Os últimos surtos foram detectados na República Dominicana, Haiti, Madagascar e Nigéria. Então, se o vírus ainda acomete populações por aí, significa que a doença não está extinta. E a movimentação das pessoas neste mundo globalizado pode fazer com que novos surtos ocorram, especialmente nas regiões onde o nível de imunização na está adequado.

 

Cobertura vacinal

A revista Pesquisa FAPESP, em sua última edição mostrou dados estarrecedores sobre a queda na imunização, levantados no Brasil.

Só para se ter uma ideia, apenas cinco unidades da federação conseguiram atingir a cobertura vacinal no país. Há, neste momento, um fluxo migratório intenso, especialmente de cidadãos da Venezuela, uma nação onde as coberturas vacinais não são adequadas. Resultado disso: mais de 200 pessoas contaminadas com o vírus do Sarampo e cinco óbitos.

O infográfico produzido pela Revista Pesquisa FAPESP orienta as vacinas e a idade em que precisam ser administradas com a finalidade de proteção das crianças (Vide galeria de imagens).

Você deve estar se perguntando: o que este título tem a ver com este post?

Só os ignorantes teriam a coragem de deixar de vacinar seus filhos, pois quem conhece o poder destas doenças infecciosas e sabe da importância da vacinação não cometeria um vacilo destes.

Não vacile, vacine!

 

Pesquisa descobre que a cafeína pode ajudar as abelhas

A cafeína é um alcaloide produzido principalmente pela Coffea arabica, planta da família das Rubiáceas, cujas sementes, geralmente torradas, dão origem a uma das bebidas mais famosas do mundo que é o café.

Os benefícios da cafeína já são bem conhecidos pela Ciência. Dentre estes benefícios podem ser citados:

1) Melhora o cansaço físico;

2) Melhora concentração e estado de alerta;

3) Diminui a fadiga mental;

4) Pode funcionar como um leve antidepressivo;

5) Melhora o desempenho nas atividades físicas;

6) Possui efeito termogênico, ou seja, acelera o metabolismo (transforma a gordura em fonte de energia);

7) Melhora o humor;

8) Atua no controle do peso

9) Pode ajudar no tratamento de diabetes, entre outros.

Cientistas da UNESP, em São Paulo, descobriram que a cafeína pode ser um importante aliado para minimizar os efeitos causados por alguns tipos de agrotóxicos que causam danos às abelhas. O estudo foi conduzido pela estudante Kamila Vilas Boas Balieira na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Unesp, Campus de Dracena. Ela descobriu que uma suplementação à base de cafeína pode compensar os efeitos letais promovidos pelos inseticidas à base de Imidacloprido. Esta substância já foi banida dos campos agrícolas europeus pela indicação baseada em mais de 1500 artigos científicos que apontam esta e outras substâncias nos danos à população de abelhas.

A descoberta de um composto que pode minimizar os efeitos oxidativos do agrotóxico pode gerar manejo diferenciado para a Apicultura, podendo ser mais uma estratégia visando diminuir os impactos sobre as populações de abelhas. Já comentamos aqui sobre as pesquisas desenvolvidas aqui mesmo no Piauí para tentar melhorar as condições de produção do mel. Veja em https://cidadeverde.com/cienciaviva/85486/berry-de-bee-movie-cade-a-abelha-que-estava-aqui e https://cidadeverde.com/cienciaviva/85575/berry-de-bee-movie-parte-ii-solucoes-da-ciencia-para-problemas-da-apicultura-no-piaui.

É torcer para as abelhas conseguirem suplementar sua dieta para poderem enfrentar os danos causados pela humanidade.

Até o próximo post...

 

Genoma do trigo foi sequenciado

A ciência tem lutado para desvendar os segredos genéticos de várias espécies de interesse da humanidade. O próprio genoma humano foi finalizado em 2003, depois de uma verdadeira epopeia. Agora, muitos cientistas se voltam para estudar espécies de importância econômica.

A revista Science da semana passada trouxe na sua capa a referência à finalização do genoma do trigo. Considerada uma das plantas mais importantes da nutrição humana, o projeto de mapeamento dos genes do trigo levou 13 anos para ser concluído, consumindo o trabalho de 200 cientistas em 73 centros de pesquisa de 20 países. Mas o que se estuda em um genoma?

O genoma é o conjunto dos genes de uma espécie, reunindo as estruturas genéticas responsáveis por todas as características daquela espécie. Conhecer estas informações, quando se refere a uma planta ou animal de interesse econômico é interessante, pois facilita o processo de melhoramento genético da espécie e até uma aventura mais segura pela transgenia.

O trigo é responsável pelo fornecimento de carboidratos (açúcares) para mais de um terço da humanidade, e a decifração do seu genoma foi comemorada como um grande feito. Só para que se tenha uma ideia o trigo tem 107.891 genes, o que representa mais de 16 bilhões de pares de base. Para efeito de comparação o genoma humano tem 20 mil genes, aproximadamente.

O trigo é mais uma planta que tem o seu genoma elucidado. Além dela o eucalipto, o milho e a cana-de-açúcar são exemplos de espécies cultivadas que já tiveram seus genomas estudados. A primeira planta que teve o genoma estudado foi a Arabidopsis thaliana, uma espécie da família da Mostarda.

 

Morte dos baobás

Os baobás (Adansonia digitata) são árvores majestosas e de porte gigantesco. Seu tronco se espessa muito na porção inferior e sua copa, embora ramificada se apresenta como pouco densa. É uma planta de origem africana e algumas das que são encontradas no continente africano estão entre os seres vivos mais longevos da face da Terra.

O baobá é uma árvore de 15-20 metros de altura de tronco bastante volumoso, grande diâmetro com raízes superficiais, pertencente à família botânica das Bombacaceae. Apesar de ser uma espécie bem típica nas paisagens da savana africana é usada em diversas partes do mundo na arborização, inclusive no Brasil.

Pesquisadores da África do Sul, Romênia e EUA quando usavam um novo método para datação destas árvores verificaram que muitas estão morrendo misteriosamente. Além da degradação imposta pelo homem, os elefantes também são responsáveis por sua destruição. Algumas das plantas que estavam sendo investigadas no processo de datação morreram misteriosamente. Sem uma causa específica ainda e descartada a existência de alguma praga que pudesse levar a esta destruição, crê-se que a morte se vincule à redução de água disponível no solo, motivada pelas mudanças climáticas pelas quais nosso Planeta sofre.

Que a pesquisa consiga solucionar o problema visando preservar alguns dos exemplares de seres vivos há mais tempo vivendo no nosso planeta. Uma das plantas mortas teve sua idade calculada em 2.450 anos.

Até o próximo post...

A domesticação de raposas está associada a genes que regulam sua memória

Os cães são animais mais do que especiais. Ano passado fiz um post falando da descoberta dos genes da amabilidade em cães. Estes genes seriam uma variação não presente em animais como lobos, que pertencem a mesma família do “Melhor Amigo do Homem”. Relembre o post pelo link https://cidadeverde.com/cienciaviva/85633/genetica-explica-comportamento-amavel-do-melhor-amigo-do-homem.

No início deste mês, cientistas da Universidade de Illinois publicaram um trabalho sobre genes relacionados à amabilidade em raposas, primas dos cães e lobos. O estudo conduzido pela pesquisadora russa Anna Kukekova focou-se nas raposas prateadas da Sibéria.

Kukekova trabalhou com a continuidade dos experimentos iniciados da década de 1950 que cruzavam exemplares de raposas prateadas selvagens e que obtiveram, por volta da sua oitava geração, animais totalmente dóceis, que buscavam a companhia humana e não atacava em nenhuma hipótese, tal qual os cães criados em igual circunstância.

Sua equipe selecionou um conjunto de 103 regiões genéticas das quais 45 eram bem similares à sequências encontradas em cães e já relacionadas com o processo de domesticação, além de 30 outras sequências já identificadas como relacionadas ao comportamento inerente das próprias raposas.

Os cientistas destacaram a existência do gene SorCS1, que ajuda a transportar proteínas envolvidas na sinalização do sistema nervoso e na formação de sinapses, auxiliando na formação e aprendizado da memória. Para testar o efeito deste gene no comportamento, a equipe mediu como quase 1600 raposas mansas e agressivas responderam aos observadores humanos. A coleta desses dados levou 6 anos. Quando os pesquisadores finalmente analisaram os dados, eles descobriram que o comportamento das raposas poderia ser consistentemente ligado a qualquer versão do gene SorCS1 que carregassem.

O vídeo a seguir mostra o grau de amabilidade destes animais, que lembram muito os cães.

A descoberta abre uma série de questionamentos sobre o tema, mas de certa forma esclarece porque não há reversibilidade das características: os cães não ficam selvagens de repente se não nascerem em torno dos humanos.

Até a próxima...

Discriminação contra mulheres pesquisadoras

A Universidade Médica de Tóquio (TMU), uma das mais importantes instituições na formação de pesquisadores da área médica do Japão admitiu na semana que passou manipulou os dados do seu processo de seleção para aprovar mais homens do que mulheres nos seus quadros de candidatos a pesquisadores.

A admissão de culpa foi explicada pelo fato das mulheres, ao ficarem grávidas, muitas vezes, desistem de suas carreiras para se dedicar ao cuidado com os filhos. A confissão fortalece as suspeitas de que isso não é uma prática isolada nas instituições de pesquisa japonesas.

Na seleção realizada este ano participaram do certame 1596 homens e 1018 mulheres, ou seja, cerca de 61% de candidatos do sexo masculino e 39% de candidatas do sexo feminino. Foram aprovados 141 homens (mais de 82%) e apenas 30 mulheres (menos de 18%). A desproporção levantou suspeitas para outras instituições por se observar resultados similares.

É muito triste saber que esta discriminação que é esdrúxula em qualquer lugar, também se repete em nações desenvolvidas como é o caso do Japão.

(Com informações da Revista Science)

Pai: a metade do todo

Foi num misto de susto, contentamento e de um “e agora o que é que eu vou fazer” que descobri que ia ser pai, no longínquo ano de 1987. Na minha cabeça, além da alegria de ter um filho, as preocupações inerentes da responsabilidade de gerar uma vida e colocá-la no mundo com o objetivo principal de que ia dar tudo certo.

Até hoje acho que foi um ato de coragem, assumir uma paternidade com menos de 20 anos de idade, mas me orgulho de jamais ter pensado em fugir da responsabilidade e de nunca ter passado pela minha cabeça sugerir o advento do aborto. Neste momento em que movimentos pró e contra o aborto se digladiam por ser favorável à legalização do processo na semana A ou na semana B, quando para mim, se não quer ou não pode ter um filho, existem n maneiras de se evitar. Sem qualquer intenção de entrar nesta polêmica.

Mas o post de hoje não é sobre o aborto. O post é sobre o ato de ser pai, e o quanto a ciência ajuda a explicar algumas coisas.

Em primeiro lugar é responsabilidade do pai a determinação do sexo do bebê. Na espécie humana (e em muitas outras espécies) existem dois cromossomos responsáveis pela tipagem sexual do bebê. As mulheres apresentam estes dois cromossomos muito parecidos (que no jargão genético são chamados de totalmente homólogos) e por isso diz-se que ela tem dois cromossomos X (XX). Os homens apresentam este par de cromossomos bem diferentes entre si (no genetiquês: parcialmente homólogos) e por isso chamados XY.

No momento da fecundação, tanto óvulo, quanto espermatozoide carregam apenas um destes cromossomos sexuais. Como os homens formam espermatozoides com cromossomo X ou com cromossomo Y, ele será o responsável pela determinação sexual. Em animais como as tartarugas marinhas, por exemplo, é a posição do ovo dentro do ninho que determina o sexo: ovos mais superficiais, recebem mais calor do sol, geram fêmeas. Os ovos que ficam mais no fundo do ninho, numa temperatura ligeiramente menor, geram machos.

A paternidade imprime obrigações muito interessantes. Ano passado, mostrei no post do dia dos pais (https://cidadeverde.com/cienciaviva/85884/no-mundo-animal-tambem-e-assim-nao-basta-ser-pai) os cuidados do cavalo-marinho e do peixe aruanã, que se dedicam a cuidar dos seus filhotes num afinco maternal (mesmo com todo amor dos pais, raramente, nós, os pais, conseguimos superar o amor da mãe!).

Entretanto, existem pais sui generis. É o caso do Pinguim Imperador (Aptenodytes forsteri). Ele é o responsável por aquecer o único ovo colocado pela fêmea durante todo o inverno antártico, num exemplo de altruísmo paterno, pois arrisca a vida para perpetuar sua linhagem através do desenvolvimento do filhote. O exemplo dos pinguins já foi inclusive tema para animações como Happy Feet (2006) e Happy Feet 2 (2011), que pode ser visto no trailer a seguir:

Neste domingo tire alguns minutos para lembrar e refletir sobre seu pai: presente ou ausente na sua vida, lembre-se que ele contribuiu com 50% da sua genética.

Feliz Dia dos Pais e uma ótima semana!

Até a próxima...

 

 

Contribuições ao Desenvolvimento do Piauí e do Brasil

Este é o título do livro de autoria do pesquisador piauiense Francisco Guedes Alcoforado Filho que será lançando no próximo dia 11 de agosto, sábado, às 10 h, na Academia Piauiense de Letras.

A obra está dividida em cinco partes. A primeira parte traz um apanhado amplo dos trabalhos publicados pelo pesquisador que, em sua trajetória na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) dedicou-se principalmente à cadeia produtiva do mel e ao conhecimento sobre a flora da Caatinga, tema do seu mestrado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

O segundo segmento do livro é dedicado às ações pelo desenvolvimento sustentável, especialmente na cidade de Oeiras, sua terra natal. Nesta parte se dedica a vários temas, passando por questões ambientais como a preservação do Riacho da Mocha até por questões relacionadas a arborização urbana da cidade e textos enfocando a questão cultural da Primeira Capital do Piauí.

A terceira parte do livro enfoca artigos relacionados ao Desenvolvimento Sustentável do Piauí, marcando principalmente as ações pessoais do autor voltadas para o desenvolvimento da pesquisa no Estado, como conta sobre os primeiros movimentos que levaram à criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí, entidade que ajudou a fundar e a qual, atualmente, a preside, bastante preocupado com os rumos da pesquisa e especialmente seu fomento no Estado. Importante destacar que esta parte do livro aborda muito sobre o desenvolvimento sustentado, não somente no Piauí, mas abrangendo aspectos típicos da região Nordeste do Brasil.

O quarto segmento aborda a sua participação como um articulador para o desenvolvimento e a sustentabilidade em nível nacional, mas com foco voltado especialmente para a abordagem da convivência com o semiárido. Ele me contou, inclusive, sobre a mudança de paradigma, na qual a ideia de combater a seca foi deixada de lado, para destacar a ideia de convivência com o semiárido, uma mudança conceitual e de abordagem que favorece a própria manutenção do homem às suas raízes e a minimização das agruras vividas pelo sertanejo. A quinta parte destaca aspectos da biografia do pesquisador, cuja contribuição para o Estado do Piauí tem se mostrado inequívoca.

Guedes tem sido um importante elo de ligação entre pesquisa / pesquisadores e a política do Governo Estadual voltada para o setor. Neste sentido, pelo menos na minha visão pessoal, é um batalhador incansável. Vale a pena conferir o lançamento deste compêndio de divulgação da trilha deste pesquisador.

Até o próximo post...

O dia em que a lua “tirou um fino” da Terra

Assista ao vídeo. O vídeo não é falso.

 

 

Na verdade, a lua continua a mesma distância da Terra. O vídeo na verdade é resultado de uma ilusão de óptica provocada pelo uso de uma lente telescópica. A filmagem foi feita na região do Vulcão Monte Teide nas Ilhas Canárias e foi feito no final do mês de maio próximo passado por Daniel Lopez.

Mais informações consulte a  matéria no endereço: https://hypescience.com/este-estranho-video-da-lua-descendo-sobre-a-terra-e-totalmente-real/

Até o próximo post...

Manifesto pela Ciência, Tecnologia, Educação e Democracia no Brasil

Durante a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada na semana que passou, a Assembleia Geral da Sociedade aprovou um manifesto em favor das melhorias de condições para o desenvolvimento da Ciência no Brasil. A ideia do documento formal foi um meio encontrado pelos cientistas para comunicar a sociedade em geral a insatisfação de um segmento responsável pelas descobertas científicas em prol não apenas do povo brasileiro, mas da humanidade.

Segue o Manifesto na íntegra como aprovado na Assembleia Geral da SBPC ocorrida dia 26 de julho.

 

Manifesto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

Em defesa da CT&I, da Educação, do Desenvolvimento Sustentável e da Democracia no País

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) congrega mais de 100.000 professores e pesquisadores afiliados a sociedades científicas, ligadas à SBPC, de todas as áreas do conhecimento: humanidades e ciências sociais aplicadas, ciências biológicas e da vida, ciências exatas e da terra, tecnológicas e engenharias.  A SBPC vem a público, novamente, externar sua forte preocupação com recentes acontecimentos que impactarão com certeza a frágil e jovem democracia do nosso país, conquistada por muitas lutas.  A autonomia entre os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – preconizada no nosso modelo republicano tem sido constantemente ameaçada e desrespeitada.

O povo brasileiro não aceita retrocessos e modelos autoritários. Nenhum indivíduo, grupo ou governo tem a prerrogativa de qualquer espécie ou natureza de ferir o Estado Democrático de Direito e desrespeitar a Constituição Federal.

Entendemos que o Estado Brasileiro necessita que as seguintes medidas sejam adotadas de forma urgente:

  1. Revogação da EC 95 de 2016 que instituiu o teto de gastos públicos, colocando em risco atividades essenciais e prioritárias para a soberania do país: Saúde, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, além de impactar outras políticas sociais.
  • Na Saúde vivemos aumento na mortalidade infantil, de pacientes com câncer por falta de intervenção, e a volta de doenças erradicadas como sarampo e poliomielite, entre muitas outras.
  • Na Educação, o desmonte das políticas públicas voltadas para a inclusão de todos nas escolas tem aumentado a imensa desigualdade que ainda caracteriza a sociedade brasileira. De acordo com pesquisas recentes, o Brasil ocupa hoje os piores lugares nos rankings internacionais de educação – entre 140 países, ocupamos a 132º posição na qualidade da educação primária, ano base 2015. É papel do Estado manter a Educação básica e superior pública gratuita, de qualidade e com responsabilidade social.
  • Na inovação, o País caiu drasticamente, comprometendo o crescimento da economia e a competitividade nos setores produtivos (queda de 17 posições nos últimos 8 anos, ocupando a 64ª posição entre 126 países em 2018, de acordo com o Global Innovation Index);
  1. Interrupção do avançado processo de sucateamento de laboratórios, escolas, institutos de pesquisa, universidades, Institutos Federais de Ensino Superior (IFEs) e o não cerceamento da autonomia administrativa e da gestão financeira em função de normas de administração pública altamente burocratizadas. Adoção de políticas que impeçam a fuga de cérebros na área científica e tecnológica e a promoção de reajuste adequado das bolsas de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, qualquer política de desenvolvimento em C&T deve vir acompanhada de uma análise profunda do contexto fiscal do País;
  2. Recriação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, além da recomposição do orçamento da pasta ao maior nível atingido na última década;
  3. Observância aos direitos humanos, com especial atenção ao aumento da violência, exemplificado em um quadro de explosão de homicídios dolosos – mais de 60 mil em 2016, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, aumento de 14% em 10 anos. Aumentou a letalidade da ação policial que recai desproporcionalmente sobre jovens negros de baixa renda, assim como aumentou a morte de policiais. É preciso interromper esta escalada que beira a guerra civil e buscar o fim da impunidade em todos os níveis.
  4. Garantia da liberdade de expressão, claramente explicitada no artigo 5 da Constituição Brasileira. Repúdio às posições do movimento intitulado “Escola Sem Partido”, que defende o ensinamento religioso em um Estado laico, que é garantido pela Constituição Brasileira de 1988, entre outros retrocessos. Somos contrários ao obscurantismo que cerceia a investigação científica com base em valores e crenças individuais. A pluralidade social, o respeito aos cidadãos e a defesa das minorias são o caminho para a paz social;
  5. No Plano Nacional de CT&I deve-se atingir em quatro anos a meta de investir 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em P&D. De acordo com o Painel da União Europeia sobre Políticas em Pesquisa, Inovação e Ciência de 2015, o investimento em pesquisa pública tem um retorno de 3 a 8 vezes o valor aplicado, sendo que a maioria das inovações não poderia ter sido desenvolvida sem a contribuição da pesquisa pública. De acordo com o relatório sobre políticas fiscais para inovação e crescimento econômico do Fundo Monetário Internacional, o apoio público é fundamental para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras: um aumento de 0,4% do PIB para pesquisa e desenvolvimento poderá levar a um crescimento adicional do PIB global de até 5% em 10 anos;
  6. Adotar medidas para que o Sistema de Comunicação no País não seja controlado por monopólios ou oligopólios, conforme prevê o art. 220 da Constituição Federal, assegurando a diversidade de conteúdos e linguagens;
  7. Realizar uma auditoria da dívida pública e a implantação de uma reforma tributária progressiva;
  8. Respeito às normas vigentes sobre o uso de agrotóxicos e as que protegem o meio ambiente e a demarcação de terras indígenas e quilombolas;
  9. Revisão das vendas irresponsáveis de patrimônio público, como dos ativos da Petrobras e da Embraer, que foi construído ao longo de décadas pela inteligência e pelo trabalho dos brasileiros, e que está sendo usado para pagar juros de dívida sem nenhuma discussão com a sociedade.

Assim, alertamos que está em curso um projeto acelerado de desconstrução do Brasil, que desrespeita o povo brasileiro e a soberania nacional. Os cortes e mudanças em áreas estratégicas para o País não foram discutidos com a sociedade, e estão sendo implementados por um governo que não tem a legitimidade do voto nem o apoio popular para fazê-los. As eleições de 2018, que devem ser livres e democráticas, desempenharão um papel crucial para a definição dos rumos do Brasil no século 21.

(com informações do Jornal da Ciência da SBPC)

 

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