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A Matemática e um paradoxo chamado Brasil.

O Brasil tem entrado definitivamente para a elite da Matemática internacional.

Depois que o matemático brasileiro Arthur Ávila recebeu a Medalha Fields, considerado o Prêmio Nobel da Matemática (a Matemática não é uma das áreas contempladas pelo Prêmio Nobel), em Seul, Coreia do Sul, em 2014, boa parte da Comunidade Acadêmica mundial, na área de Matemática, volta os olhos novamente para o Brasil.

Ocorrerá entre 01 e 09 de agosto de 2018 o 28º Congresso Internacional de Matemática, o ICM2018. O evento terá como organizador geral o matemático brasileiro Marcelo Viana, diretor geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), considerado um dos maiores centros de pesquisa e formação de matemáticos do Mundo.

A matemática brasileira feita nas universidades e centros de pesquisa como o Impa chega prestigiada ao ICM 2018. A União Matemática Internacional (IMU) acaba de elevar o Brasil ao grupo dos 11 países que formam a elite da pesquisa em matemática no mundo, como os Estados Unidos e a França, as duas maiores potências da área. O pedido de ingresso fora feito em 2017 pelo Impa e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM).

Na contramão deste sucesso nos níveis acadêmicos, o ensino básico de matemática rasteja entre as últimas posições avaliadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), avaliação executada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No último conjunto de resultados publicados, ano de 2015, o Brasil azedou a 66ª posição entre os 70 países avaliados no que se refere ao conhecimento Matemático de seus estudantes com 15 anos de idade.

Trata-se de um grande paradoxo: enquanto nossos pesquisadores estão entre os melhores do mundo, nossos jovens estudantes estão entre os piores. É preciso trabalhar para que o primeiro grupo ajude a fortalecer o segundo. Estes resultados servem para ilustrar que há um sério problema de gestão fazendo com que a grande maioria não consiga o mínimo necessário para não está entre os melhores.

Uma boa reflexão!

Até o próximo post...

Pesquisadores piauienses descobrem fármaco promissor contra Doença de Chagas

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Doenças negligenciadas e a Doença de Chagas

Você sabe o que é uma doença negligenciada? Doenças negligenciadas são aquelas, geralmente causadas por parasitas, que acometem populações de baixa renda. Ou seja: são negligenciadas porque sua pesquisa não interessa aos grandes laboratórios farmacêuticos porque não gerarão riquezas. Dentre estas doenças estão várias que acometem regiões brasileiras como a Doença de Chagas, a barriga d’água ou Esquistossomose, a Dengue, a Cisticercose e sua variante mais grave, a Neurocisticercose e muitas outras.

A Doença de Chagas, também chamada de Tripanossomíase Americana é causa pelo protozoário Trypanosoma cruzi. A doença tem uma fase aguda que em 60% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde, passam para uma fase indeterminada da doença. O restante (40%) desenvolve a doença na fase crônica, tendo o parasita se instalado no músculo cardíaco ou nos órgãos do sistema digestivo. Atualmente calcula-se que 1 milhão de brasileiros apresentem contaminação com o T. cruzi e cerca de 12 milhões de pessoas, no Continente Americano apresentem a doença.

A transmissão da Doença de Chagas é feita pela picada do Triatoma infestans, um inseto que se alimenta de sangue (Hematófago) e chamado popularmente de Barbeiro ou Bicudo.

 

A pesquisa da Dra. Nayra Rego

A Doença de Chagas não tem cura. Uma vez contaminado, o paciente com Trypanosoma permanece com o mesmo instalado no organismo, geralmente entre as fibras cardíacas e no sangue, durante a fase crônica da doença. A doença é combatida com o Benznidazol, medicamento que tem grande eficácia na fase aguda, mas que não se mostra eficiente durante a fase crônica, além de produzir vários efeitos colaterais indesejados. A quimioterapia da Doença de Chagas feita à base de Benznidazol reduz a capacidade reprodutiva do parasita, minimizando os efeitos da doença.

Porém, uma pesquisa da professora do Colégio Técnico da UFPI, Dra. Nayra da Costa e Silva Rego traz uma nova perspectiva. Durante seu Doutorado na Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), ela utilizou a planta Pilocarpus microphyllus, o Jaborandi, endêmica dos Estados do Piauí, Maranhão, Pará e Ceará.

Esta planta já tem parte do seu potencial farmacológico conhecido desde o século XIX, quando o médico brasileiro Sinfrônio Coutinho a levou para Europa. Dentre os princípios farmacológicos mais conhecidos desta planta destaca-se a Pilocarpina, que tem uso já bem estabelecido em doenças oftalmológicas.

Dra. Nayra trabalhou com a substância Epiisopiloturina (EPI), um alcaloide residual da extração da Pilocarpina. Em parceria com seu orientador, Dr. Francisco das Chagas Alves Lima (Química / RENORBIO), que é especialista em Docagem Molecular (pesquisa sobre o acoplamento de moléculas, o que culmina em promissores resultados na pesquisa de planejamento de fármacos), Nayra associou a EPI ao Complexo Rutênio. Esta interação se mostrou extremamente eficaz para combater os trypanosomas.

Nos testes laboratoriais (in vitro) o composto apresentou resultados excepcionais na degradação dos microorganismos causadores da Doença de Chagas, tanto na presença quanto na ausência de sangue. Nas experiências com cobaias (in vivo), as doses de 50 e 75 mg/ml mostraram-se devastadoras em relação ao Trypanosoma. O mais importante é que a nova droga não se mostrou lesiva a órgãos como o fígado. As taxas de alteração hepática das cobaias usadas no experimento não apontaram toxidade significativa para a nova droga.

O experimento conduzido pela Dra. Nayra Rego, sob orientação do Dr. Francisco Lima pode ter alcançado um medicamento que represente a cura definitiva de pacientes acometidos por Doença de Chagas. O passo seguinte é avançar com testes em humanos.

Embora sofrendo com restrições financeiras severas, a perspicácia dos pesquisadores brasileiros tem apontado saídas importantes para problemas seculares. Viva a Ciência! Ciência Viva!

P&D no Brasil: o caso de sucesso do Avião E190-E2

  • relacao-de-empresas-residentes.jpg Imagens: EMBRAER / Parque Tecnológico de São José dos Campos
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  • Aircraft_E190-E2_Profit-hunter-2-458x300.jpg Imagens: EMBRAER / Parque Tecnológico de São José dos Campos

O Brasil é conhecido pelo forte potencial na fabricação de aeronaves. Este sucesso é creditado à EMBRAER, uma indústria transnacional (iniciada no Brasil, mas também instalada em outros países) com sua sede brasileira instalada em São José dos Campos (SP).

O entorno da EMBRAER se constituiu em um ecossistema propício ao crescimento do binômio pesquisa & desenvolvimento (P& D): a existência de universidades e centros de ensino e pesquisa favorecem uma interação com a indústria e o resultado é o desenvolvimento de produtos de grande valor tecnológico.

A região de São José dos Campos apresenta várias instituições de ensino superior com destaque para o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). A cidade conta com um dos maiores parques tecnológicos do país – o Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Este Parque foi uma iniciativa da Prefeitura de São José dos Campos combinada com a Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos, uma Organização Social (OS), o braço privado do Parque. Além da EMBRAER, o Parque reúne cerca de 300 empresas. Muitas dessas (94) vinculadas ao Arranjo Produtivo Local (APL) Aeroespacial e Defesa, responsáveis pelo desenvolvimento peças para aeronaves e veículos lançadores de satélite.

Como exemplo do sucesso é importante destacar a própria EMBRAER: ocupa atualmente a liderança mundial na fabricação de aeronaves comerciais até 150 lugares e é a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo.

A EMBRAER vem produzindo a linha de jatos E-JetsE2 e está lançando o modelo E190E2. Este é um modelo de 114 lugares que, no momento da certificação, alcançou excelentes resultados: maior alcance de voo, menor liberação de poluentes, maior economia de combustível (17,3%) e menor emissão de ruídos.

A EMBRAER se coloca como um case de sucesso, resultante da interação entre Universidades (onde o conhecimento é gerado) e o setor produtivo (iniciativa privada, onde há investimento para que o conhecimento gere produtos). Já existem no Brasil outros ecossistemas similares. O Brasil precisa passar pela revolução que a Coreia do Sul, por exemplo, passou: as principais empresas transnacionais coreanas como a Samsung, Hyundai, LG e outras tem seus laboratórios atrelados às Universidades. O conhecimento científico pode se transformar em riquezas. É necessário que se estabeleçam as pontes corretas.

Até o próximo post...

Paixão pela Ciência

Na semana que passou o mundo chorou a morte do físico e cosmólogo britânico Stephen Hawking, As redes sociais foram inundadas com homenagens. Algumas homenagens, pela superficialidade do que diziam mostravam que o “homenageador” não conhecia o homenageado. Muitas críticas a estas homenagens vazias falavam inclusive da possível penalização às imagens quase sempre comoventes de uma mente brilhante presa a um corpo que sofria de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Homenagens e críticas à parte, percebi um comentário jocoso na mensagem deixada pelo Presidente Michel Temer que lamentou numa rede social o falecimento e foi recebido pela menção ao quase completo esvaziamento de recursos destinados ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Foi como se o crítico dissesse: esvaziou os recursos da pesquisa brasileira e agora presta homenagem a um cientista britânico para aproveitar a onda... Quase isso!

Chamaram-me a atenção também críticas destiladas aos recursos pagos a bolsistas e pesquisadores com alta produtividade acadêmica no Brasil: “se Stephen Hawking fosse pesquisador de ponta no Brasil estaria ganhando uma bolsa de R$ 1.500,00 e não ia ter conseguido viver até os 76 anos”. Apesar do tom jocoso, trata a passagem da mais pura verdade. Atualmente o país paga bolsas de R$ 1.500,00 para estudantes de Mestrado e R$ 2.200,00 para estudantes de Doutorado. E as bolsas de Produtividade (que apenas os melhores pesquisadores conseguem ganhar) variam de R$1.100,00 a R$ 1.500,00.

Infelizmente a pesquisa no Brasil é vista como uma despesa. Poucos são os governantes que possuem a sensibilidade de pensar os recursos para ciência, tecnologia e inovação como investimentos na inteligência e no desenvolvimento de mentes brilhantes. Ainda estamos muito longe disso.

Esta semana tive o desprazer de ler que pesquisadores lotados em instituições do Rio de Janeiro como a Dra. Eliete Bouskela, por exemplo, Coordenadora do Laboratório de Pesquisas Clínicas e Experimentais em Biologia Vascular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) recorreu a um empréstimo pessoal, no valor de R$ 100 mil para não ter que parar suas pesquisas e perder os dados coletados até o momento. Isso é absolutamente lamentável. É um caso de paixão pelo que se faz. É um caso de paixão pela Ciência.

Até quando vamos testemunhar situações tão aviltantes quanto estas?

 

Síndrome de Down: vamos derrubar o preconceito

Esta semana que passou comemorou, dia 21 de março, o Dia Internacional da Síndrome de Down. Duas coisas foram muito marcantes: primeiro uma professora do Rio Grande do Norte que deu uma resposta a uma juíza que utilizou as redes sociais para criticar a notícia de que o Brasil foi o primeiro país do mundo a admitir uma profissional da educação com esta Síndrome.

O outro fato marcante foi o videoclipe gravado por mães inglesas e seus filhos com Down. Cantando e gesticulando na linguagem Makaton (um programa de comunicação reconhecido internacionalmente por combinar fala, gestos, símbolos e imagens) a canção A Thousand Years (Mil anos) de Christina Perri, 50 mães gravaram o clipe, cuja a edição com a junção destes viralizou na internet atingindo milhões de visualizações. Assista o vídeo e se emocione:

 

O que tem de polêmico?

No caso do videoclipe a polêmica gira em torno de uma campanha que os ingleses fazem para que as mulheres que sabem que estão grávidas de crianças com Síndrome de Down não abortem. O vídeo aborda exatamente o lado humano na paternidade de crianças com esta Síndrome. De acordo com as leis do Reino Unido, mães que descobrem que estão grávidas de bebês com Down tem o direito ao aborto. Cerca de 90% das mães optam pelo aborto.

No Brasil, a professora Débora Seabra escreveu uma carta contando o que desenvolve como professora auxiliar em classes de crianças em Natal. Nas poucas linhas publicadas afirmou que uma de suas missões é exatamente o de acabar com o preconceito.

 

O que é a síndrome de Down?

Síndrome de Down ou Trissomia do Par 21 é um defeito genético, no qual a criança nasce com 47 cromossomos em suas células, ao invés de 46. Isso ocorre porque o par cromossômico 21 vem com 3 cromossomos (daí o termo Trissomia). O erro ocorre, em geral, associado a uma falha na divisão celular que gera o óvulo (95% dos casos). Estas falhas são mais frequentes em mulheres mais velhas. Por isso, na Inglaterra, as mães com mais de 38 anos são submetidas a testes para verificação se o bebê tem ou não a Síndrome. Já o aborto é uma opção. No Brasil os abortos só são autorizados em caso de estupros ou em gestações que podem trazer risco à vida da mãe.

Já está provado que crianças especiais com esta Síndrome, quando criadas em ambiente de acolhimento, carinho, atenção e o uso correto de estratégias educativas, podem ter compensados os déficits decorrentes desta característica genética.

Em tempo: a escolha de 21 de março como Dia da Síndrome de Down tem uma função também pedagógica – a alusão à trissomia (mês 03 – Março) e ao cromossomo 21 (dia 21).

Origem genética dos nordestinos do semiárido

Quando acompanhava a Guerra de Canudos o escritor e militar Euclides da Cunha escreveu um clássico da literatura chamado Os Sertões. A obra fala da guerra e é considerada um verdadeiro tratado das ciências sociais com narrativas históricas e geográficas das áreas visitadas pelo exército destacado para derrotar os seguidores de Antonio Conselheiro no sertão nordestino. Entre seus textos descritivos Cunha escreveu “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, numa clara alusão à fibra dos nordestinos que vivem e sempre viveram as agruras do Nordeste, representadas especialmente pela carência de água e a dureza da Caatinga, tipo vegetacional único no mundo e principal bioma a ocupar o Nordeste Brasileiro.

Como nordestino fico a me perguntar: de onde tiramos tanta força? De onde tiramos tanta capacidade de enfrentar adversidades? Qual a nossa origem? Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão ajudando a responder estas e outras perguntas sobre a origem genética do povo nordestino.

Sabemos pelas nossas aulas de história que quando os europeus começaram a chegar no século XVI iniciou-se um processo de miscigenação com os povos que aqui já se encontravam, genericamente chamados de Índios. Depois, na exploração do território, foram importadas pessoas, trazidas como mercadoria, vindas da África, no vergonhoso período da escravatura. Os negros também compuseram a mistura, que foi ampliada com as migrações do final do século XIX e início do século XX com povos do leste europeu, oriente médio, japoneses, coreanos etc.

A pesquisa foi realizada por um grupo de pesquisadores da UFC comandados pelo Dr. Aldo Ângelo Moreira Lima e pelo Dr. Alexandre Havt que investigaram a saliva de 1538 crianças das cidades de Crato (CE), Picos (PI), Ouricuri (PE), Sousa, Patos e Cajazeiras (PB). A investigação utilizou o DNA mitocondrial.

DNA Mitocondrial

As mitocôndrias são estruturas das nossas células, responsáveis pelas transformações energéticas que sustentam nosso corpo. Estas estruturas, genericamente chamadas de organelas, possuem características especiais, como DNA próprio e independente do DNA que forma nossos cromossomos. Um dado interessante é que, independente do sexo que temos – masculino ou feminino, o DNA Mitocondrial é sempre, exclusivamente materno. Isso acontece porque no momento da concepção só participam da nossa célula-ovo (zigoto) as mitocôndrias provenientes do gameta feminino – o óvulo. Por isso nosso DNA Mitocondrial é sempre de origem materna.

Resultados da pesquisa

A pesquisa da UFC, realizada em conjunto com a Universidade de Virgínia (EUA) chegou a resultados muito interessantes. O material coletado das crianças foi comparado com um banco com 400 mil marcadores moleculares de várias partes do mundo. O material das crianças nordestinas, comparado a este banco gerou o percentual de 56,8% do material de origem europeia; 22,9% de origem africana e 20,3% de origem asiática.

Como já era esperado a maior parte teve influência de povos da Europa, especialmente de Portugal e da Holanda (reforçando a ideia da influência holandesa no Nordeste do Brasil). O percentual correspondente à porção negra da mistura concentrou-se em marcadores de origem no Quênia, uma das nações que subsidiou o comércio de negreiro para o Brasil. A grande surpresa veio do material de origem asiática que foi bastante similar ao do povo do Bangladesh. Esta informação dá uma pista sobre a origem dos nossos indígenas que, provavelmente, tiveram sua origem naquela região da Ásia e, por correntes migratórias intensas, terminaram chegando ao território brasileiro.

Veja a matéria feita pela TV UFC

 

As pesquisas para esta área estão ainda no início, mas os resultados, na minha visão pessoal, ajudam a entender a origem da nossa fibra enquanto povo, pois Quênia e Bangladesh são nações com povos de muita fibra, o que, em parte, pode explicar a origem da nossa força, coadunando-se e até extrapolando-se a fala de Euclides da Cunha: o nordestino é, antes de tudo, um FORTE!

ENDOPIAUÍ: 1º Congresso de Endocrinologia e Metabologia do Piauí

As doenças metabólicas estão entre as que mais deixam vítimas no mundo. A maioria delas age silenciosamente, resultado de predisposições hereditárias associadas aos péssimos hábitos da vida moderna. No mundo inteiro – e no Brasil não é diferente, Diabetes, Obesidade, acúmulo de colesterol e outras podem levar pacientes a terem sua vida subtraída ou mesmo, apresentarem problemas que reduzem bastante sua qualidade de vida.

A ciência, entretanto, tem trabalhado para minimizar os efeitos desta combinação deletéria, produzindo drogas e procedimentos médicos que possam contornar boa parte destes problemas, melhorando a qualidade e ampliando as expectativas de vida dos pacientes.

Para discutir o que há de mais novo no que se refere aos procedimentos e uso de terapias ocorrerá em Teresina, no período de 10 a 12 de maio o EndoPiauí – Congresso da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Piauí. Na oportunidade, grandes nomes da Medicina Nacional estarão discorrendo palestras para profissionais e estudantes. Os estudantes e profissionais que estiverem interessados em compartilhar suas pesquisas científicas devem correr, pois o recebimento de trabalhos para o evento só ocorrerá até o dia 15 de abril.

Todas as informações sobre o evento podem ser colhidas através do sítio eletrônico do evento em www.endopiaui.com.

OCDE lançará relatório do PISA sobre estudantes imigrantes

O mundo assiste uma leva migratória sem precedentes nas últimas décadas. A fome, as guerras civis e a intolerância política e religiosa tem forçado muitas famílias - ou que sobraram delas a migrar do seu lugar de origem para outras nações.

O que se vê no noticiário são homens, mulheres e crianças com os poucos pertences que sobraram caminhando ou navegando para escapar e tentar continuar a viver, distante do seu lugar de nascimento. Mas por trás disso tudo cabe uma pergunta: como ficam os estudos das crianças?

Preocupada com esta relação a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela organização e aplicação do Programme for International Student Assessment - PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, em tradução livre) lançará em Paris, no próximo dia 19 de março um relatório com o título "The Resilience of Students with an Immigrant Background: Factors that Shape Well-Being" (A resiliência de estudantes com antecedentes migrantes: fatores que geram o bem-estar, em tradução livre).

De acordo com dados da OCDE, com base no PISA de 2015, cerca de 25% dos estudantes de 15 anos de idade que prestaram o exame eram estrangeiros ou tinham pais estrangeiros, entendido pelos analistas como fruto do fluxo migratório que já ocorre, mas que encontra-se em aumento exponencial atualmente. O relatório aborda aspectos acadêmicos, sociais e emocionais, servindo como um importante indicador dos reflexos da leva migratória que ocorre em vários locais do mundo.

Podem ser espantosos e desastrosos para o futuro os resultados da intolerância que obriga famílias abandonarem suas origens. Um pesar e uma reflexão.

Até o próximo post...  

Antepassado de insetos, aranhas e camarões tinha cérebro mais simples, mas olhos complexos

Os artrópodes são os animais mais abundantes do planeta Terra. Este grupo compreende mais de um milhão de espécies, sendo que, aproximadamente 900 mil são insetos. Artrópodes compreendem insetos, aracnídeos, crustáceos, diplópodes e quilópodes.

Este grupo é considerado o mais bem-sucedido a ter se estabelecido na Terra, exatamente em função da sua grande diversidade, multiplicidade de habitats e número de indivíduos. Seus antepassados são de épocas remotas e são chamados genericamente de trilobitas, por terem o corpo dividido em três partes, similares à divisão dos insetos atuais que tem o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome.

15 fósseis de um trilobita da espécie Kerygmachela kierkegaardi (em homenagem ao famoso filósofo Søren Kierkegaard) foi encontrado na Groelândia e tem revelado descobertas importantes. Na organização destes animais, conservados em rocha, foi possível constatar que tinham o cérebro mais simples do que os seus descendentes modernos. Entretanto, graças ao excelente processo de conservação dos fósseis, com idade calculada em 518 milhões de anos, foi possível constatar que já possuíam olhos com certo grau de complexidade o que lhes valia a possibilidade de formar imagens, ainda que rudimentares.

A descoberta foi importante porque, pelo que se sabia sobre o grupo, olhos complexos teriam se formado muito mais recentemente, resultado de um par de pernas que passou a ter a propriedade de perceber a presença de luz.

A ciência avança tentando entender o passado, especialmente para compreender o presente.

Até a próxima!

Desmatar só prejudica plantas e animais?

Os desmatamentos, por vezes, não são avaliados sob a ótica das consequências. Às vezes nem a ciência consegue dimensionar direito os impactos referentes à remoção da cobertura vegetal de determinada área sobre processos e atividades que ocorrem na adjacência das áreas florestais.

É comum relatos de pessoas que moram há muito tempo em determinada área, dizendo que a devastação da mata alterou a temperatura: “antes era mais frio, quando derrubaram a mata ficou mais quente”. Relatos também apontam para invasão de animais silvestres que, ao perderem seu habitat, tentam buscar novas áreas para se refugiarem e terminam invadindo nossas casas.

As consequências do desmatamento aparecem mesmo que a cobertura vegetal não tenha sido totalmente retirada. O chamado Efeito de Borda interfere na composição da mata remanescente. É como se existisse uma faixa, em torno da mata que ficou, de transição entre o ambiente original, intocado e o ambiente que sofreu degradação. Altera-se a composição das espécies da área preservada, quanto mais próxima for a sua localização, em relação ao local onde a vegetação foi removida. Mudam as plantas e consequentemente mudam os animais, porque no fundo mudam a insolação, a temperatura, a umidade e outros atributos que influenciam na vida dos organismos que lá habitam.

Estes impactos têm sido redimensionados por pesquisadores de instituições da Grã-Bretanha, associados a pesquisadores brasileiros, especialmente com o Projeto interface: relações entre estrutura da paisagem, processos ecológicos, biodiversidade e serviços ecossistêmicos, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que mostra que os impactos são muito maiores do que o que se suspeitava antes. Neste sentido o estudo vem levantando alguns prejuízos inimagináveis, como a degradação de insetos polinizadores das culturas que crescem nas áreas antes ocupadas pela vegetação nativa.

É preciso que a sociedade entenda, de uma vez por todas, que tudo na natureza está em interação. Desmatar sem se preocupar com outros seres vivos pode ser um tiro no pé da própria humanidade.

Até a próxima!

 

 

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