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Diversidade

Linn da Quebrada - "A mulheridade no Brasil, hoje, significa resistência, significa força"

 

Chama-se Linna Pereira. Mas toda a gente a conhece como Linn da Quebrada, nome artístico. Tem 28 anos. É uma mulher trans, artista multimédia e ativista, voz de uma nova música brasileira, funk-manifesto que não pede licença. É “bixa travesty, nem ator, nem atriz, atroz. Performer e terrorista de género”, nas suas palavras. Desde que se ouviram as primeiras batidas de “Enviadescer”, primeiro single da sua fulgurante carreira, lançado em 2016, não parou de provocar e fazer pensar. “Pajubá”, de outubro do ano passado, editado graças a uma campanha de crowdfunding, é um desafio constante. Ao que julgamos saber dos outros e de nós. Às ideias feitas. Às certezas. À norma. Sobre o que é isto das categorias de género, de como nos devemos ou não comportar, sobre como pode ou não o nosso corpo ser.

 

Já foi – e ainda é – muitas pessoas, muitos corpos. Nasceu Lino, já foi Lara, hoje é Linna. Amanhã poderá ser outra.

Vou te contar a lenda da bicha esquisita

Não sei se você acredita, ela não é feia (nem bonita)

Mas eu vou te contar a lenda da bicha esquisita

Não sei se você acredita, ela não é feia (nem bonita)

 

Ela sempre desejou ter uma vida tão promissora

Desobedeceu seu pai, sua mãe, o Estado, a professora

Ela jogou tudo pro alto, deu a cara pra bater

Pois pra ser livre e feliz tem que ralar o cu, se foder

 

De boba ela só tem a cara e o jeito de andar

Mas sabe que pra ter sucesso não basta apenas estudar

Estudar, estudar, estudar sem parar

Tão esperta essa bichona, não basta apenas estudar

Fraca de fisionomia, muito mais que abusada

Essa bicha é molotov, o bonde das rejeitada

 

[2x]

Eu tô bonita? (tá engraçada)

Eu não tô bonita? (tá engraçada)

Me arrumei tanto pra ser aplaudida mas até agora só deram risada

 

Abandonada pelo pai, por sua tia foi criada

Enquanto a mãe era empregada, alagoana arretada

Faz das tripas o coração, lava roupa, louça e o chão

Passa o dia cozinhando pra dondoca e patrão

 

Eu fui expulsa da igreja (ela foi desassociada)

Porque "uma podre maçã deixa as outras contaminada"

Eu tinha tudo pra der certo e dei até o cu fazer bico

Hoje, meu corpo, minhas regras, meus roteiros, minhas pregas

Sou eu mesmo quem fabric0

 

[4x]

Eu tô bonita? (tá engraçada)

Eu não tô bonita? (tá engraçada)

Me arrumei tanto pra ser aplaudida mas até agora só deram risada

A Lenda, Linn da Quebrada

Linn ressignifica o que é isto de ser-se homem ou mulher. Ou querer nenhuma destas duas categorias. “Há muitas mulheridades possíveis de se construir. Há muitas formas de se ser mulher e por muito tempo ser mulher esteve em função do homem”.

 

Não está mais.

 

“Nós somos as novas Evas, nós somos as filhas e netas das bruxas, nós somos aquelas que têm construído outras corporalidades, outras identidades, outras feminilidades, feminilidades viris, outras masculinidades também, masculinidades que não sejam nocivas.”

 

De noite pelas calçadas

Andando de esquina em esquina

Não é homem nem mulher

É uma trava feminina

Parou entre uns edifícios, mostrou todos os seus orifícios

Ela é diva da sarjeta, o seu corpo é uma ocupação

É favela, garagem, esgoto e pro seu desgosto

Está sempre em desconstrução

 

Nas ruas pelas surdinas é onde faz o seu salário

Aluga o corpo a pobre, rico, endividado, milionário

Não tem Deus

Nem pátria amada

Nem marido

Nem patrão

O medo aqui não faz parte do seu vil vocabulário

Ela é tão singular

Só se contenta com plurais

Ela não quer pau

Ela quer paz

 

Seu segredo ignorado por todos até pelo espelho

Seu segredo ignorado por todos até pelo espelho

Mulher

 

Mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher

Mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher

Mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher

Mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher, mulher

 

Nem sempre há um homem para uma mulher, mas há 10 mulheres para cada uma

E uma mulher é sempre uma mulher

Nem sempre há um homem para uma mulher, mas há 10 mulheres para cada uma

E uma e mais uma e mais uma e mais uma e mais outra mulher

E outra mulher (e outra mulher)

E outra mulher (e outra mulher)

E outra mulher (e outra mulher)

E outra mulher (e outra mulher)

 

É sempre uma mulher?

É sempre uma mulher?

É sempre uma mulher?

É sempre uma mulher?

 

Ela tem cara de mulher

Ela tem corpo de mulher

Ela tem jeito

Tem bunda

Tem peito

E o pau de mulher!

 

Afinal

 

Ela é feita pra sangrar

Pra entrar é só cuspir

E se pagar ela dá para qualquer um

Mas só se pagar, hein! Que ela dá, viu, para qualquer um

 

Então eu, eu

Bato palmas para as travestis que lutam para existir

E a cada dia conquistar o seu direito de viver e brilhar

Bato palmas para as travestis que lutam para existir

E a cada dia batalhando conquistar o seu direito de

Viver brilhar e arrasar

Viver brilhar e arrasar

Viver brilhar e arrasar

Viver brilhar e arrasar

 

Ela é amapô de carne osso, silicone industrial

Navalha na boca

Calcinha de fio dental

 

Ela é amapô de carne osso, silicone industrial

Navalha na boca

Calcinha de fio dental

 

Ela é amapô de carne osso, silicone industrial

Navalha, navalha, valha

Navalha, navalha, valha

Navalha, navalha, valha

Navalha, navalha, valha

Navalha na boca

E calcinha de fio dental

 

Eu tô correndo de homem

Homem que consome, só come e some

Homem que consome, só come, fodeu e some

Mulher, Linn da Quebrada

Nesta revolução há um denominador comum: o fim do machismo, da misoginia e das masculinidades tóxicas, impregnadas de violência e autoridade. Que matam.

“A cada 19 horas um LGBT é barbaramente assassinado ou se suicida vítima da ‘LGBTfobia’, o que faz do Brasil o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais”, diz o Relatório 2017 do Grupo Gay da Bahia, a organização LGBTI+ de referência na contabilização deste tipo de dados, no Brasil. Embora seja difícil provar a afirmação em termos mundiais, por falta de dados credíveis para comparação, como explica a Agência Pública, os números não deixam de mostrar uma realidade tenebrosa.

Detalhando: “445 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) morreram no Brasil, (incluindo-se três nacionais mortos no exterior), em 2017, vítimas da homotransfobia: 387 assassinatos e 58 suicídios. Nunca antes na história desse país registraram-se tantas mortes, nos 38 anos que o Grupo Gay da Bahia (GGB) coleta e divulga tais estatísticas. Um aumento de 30% em relação a 2016, quando registraram-se 343 mortes”. Este é o número mais aproximado a que se pode chegar e a organização revela que os dados podem estar subestimados, não havendo números oficiais definitivos a nível nacional. Segundo um estudo da Transgender Europe (TGEU), entre 2008 e 2016, o Brasil foi apontado como o país onde mais se mataram pessoas trans, em números absolutos – foram registradas 868 ocorrências nesse período, entre 66 países.

 

Está em curso uma luta de poder. “Nós temos ganhado território, nós temos estabelecido uma guerra, uma disputa. Disputa de linguagem, disputa de poder, de alternância de poder, nós temos ganhado território. E isso tem deixado eles com medo. Eles estão com medo, é óbvio. Eles têm perdido território, sempre foram homens e meninos mimados, acostumados a ter poder e a ter tudo em suas mãos, é óbvio que eles estariam com medo.”

 

Um facto histórico, que mostra como as pessoas trans, negras, da periferia reivindicam o seu lugar político e na política é a eleição de Erica Malunguinho da Silva (do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade). É a primeira trans eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo [e não do Rio de Janeiro, como erradamente digo na entrevista], com 55.223 votos. Só este ano, houve pelo menos 53 candidaturas de pessoas trans, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil. Em 2014, concorreram cinco.

 

“É justamente por isso que vem a reação. E que vem toda essa forma, principalmente de se criar um mito em torno do Bolsonaro. Porque o Bolsonaro é um meme, ele é um mito, ele é a representação do poder e da branquitude e da masculinidade nociva no que diz respeito à tentativa de proteger o seu território. Mas o que me assusta não é o Bolsonaro, o que me assusta talvez sejam as pessoas que querem eleger o Bolsonaro”.

 

Esta terça-feira, 16, mais uma travesti foi morta no centro de São Paulo. Testemunhas dizem que o assassinato foi da autoria de apoiantes do candidato à presidência pelo Partido Social Liberal, que teriam gritado ‘com Bolsonaro presidente, a caça aos ‘veados’ vai ser legalizada’.  Juntando-se às dezenas de ataques com motivação política, que nos últimos dias têm sido denunciados.

 

Baseado em carne viva e fatos reais

É o sangue dos meus que escorre pelas marginais

E vocês fazem tão pouco mais falam demais

Fazem filhos iguais, assim como seus pais

Tão normais e banais, em processos mentais

Sem sistema digestivo lutam para manter vivo

Morto, vivo, morto, vivo, morto, morto, morto, viva!

 

Bomba pra caralho, bala de borracha, censura, fratura exposta

Fatura da viatura, que não atura pobre preta revoltada

Sem vergonha, sem justiça, tem medo de nós

Não suporta a ameaça dessa raça

Que pra sua desgraça a gente acende (a)ponta, mata a cobra, arranca o pau

Tem fogo no rabo, passa, faz fumaça, faça chuca ou faça sol

É uó, (u)ócio do comício em ofício que policia

o comércio de lucros e loucos que aos poucos

Arrancam o couro dos outros mais pretos que louros, os mouros

Morenos, mulatos, pardos de papel passado presente futuro

Mais que perfeito, em cima do muro, em baixo de murro

 

No morro, na marra quem morre sou eu? Ou sou eu quem mata?

Quem mata, quem multa, quem mata sou eu? Ou sou eu quem mata?

Quem mata, quem multa, quem mata sou eu? Ou sou eu quem mata?

Bomba Pra Caralho, Linn da Quebrada

Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no Brasil – um total de 4,5 mulheres mortas por cada 100 mil brasileiras. A maioria das vítimas era negra. O Brasil mata 71% mais mulheres negras do que brancas. As informações são do Atlas da Violência 2018, do Instituto de Pesquisas Económicas Aplicadas e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicado em junho passado. Neste relatório, percebe-se também que a taxa de homicídio de mulheres negras foi de 5,3 para cada 100 mil negras; e de 3,1 para cada 100 mil brancas. Entre 2006 e 2016, os números de assassinato caíram 8% entre as mulheres brancas e aumentaram 15,4% entre as mulheres negras.

 

É preciso resistir, diz Linn: “Temos construído redes, entre nós. Temos nos ajudado, temos nos amado e temos construído redes psicológicas de apoio, redes de apoio emocional, redes de apoio material, redes de apoio económicas para nos manter vivas, em relações que não sejam nocivas a nós.”

 

Bicha estranha, louca, preta, da favela

Quando ela tá passando todos riem da cara dela

Mas, se liga macho

Presta muita atenção

Senta e observa a tua destruição

 

Que eu sou uma bicha, louca, preta, favelada

Quicando eu vou passar e ninguém mais vai dar risada

Se tu for esperto, pode logo perceber

Que eu já não tô pra brincadeira

Eu vou botar é pra foder

 

Ques bicha estranha, ensandecida

Arrombada, pervertida

Elas tomba, fecha, causa

Elas é muita lacração

Mas daqui eu não tô te ouvindo, boy

Eu vou descer até o chão

O chão

O chão

Chão, chão, chão, chão

 

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

 

A minha pele preta, é meu manto de coragem

Impulsiona o movimento

Envaidece a viadagem

Vai desce, desce, desce, desce

Desce a viadagem

 

Sempre borralheira com um quê de chinerela

Eu saio de salto alto

Maquiada na favela

Mas, se liga macho

Presta muita atenção

Senta e observa a tua destruição

 

Que eu sou uma bicha, louca, preta, favelada

Quicando eu vou passar e ninguém mais vai dar risada

Se tu for esperto, pode logo perceber

Que eu já não tô pra brincadeira

Eu vou botar é pra foder

 

Ques bicha estranha, ensandecida

Arrombada, pervertida

Elas tomba, fecha, causa

Elas é muita lacração

Mas daqui eu não tô te ouvindo, boy

Eu vou descer até o chão

O chão

O chão

O chão, chão, chão, chão

 

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

Bicha preTRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ, TRÁ

 

Sempre borralheira com um quê de chinérela

Eu saio de salto alto

Maquiada na favela

Mas que pena, só agora viu, que bela aberração?

 

É muito tarde, macho alfa

Eu não sou pro teu bico

Não

Bixa Preta, Linn da Quebrada

Linna é cara, corpo e alma de Bixa Travesty documentário realizado por Claudia Priscilla e Kiko Goifman, vencedor de um prémio Teddy, a distinção do Festival Internacional de Cinema de Berlim para produções que abordam temáticas LGBTI+. “Bixa Travesty” encerrou a edição 2018 do Festival Internacional de Cinema Queer de Lisboa e abriu a edição no Porto. Quando a entrevistamos, a 10 de outubro, encontramo-la e à sua equipa – Jup do Bairro, Pininga, Badsista – na Associação Cultural ZDB, no Bairro Alto, para um conversa aberta ao público.

Acompanhada por Jup, sua cara-metade em palco, tentavam responder à pergunta  “A Canção é uma arma?”. Como cantaria José Mário Branco, em 1975, “tudo depende da bala / e da pontaria / tudo depende da raiva / e da alegria”. No caso de Linn, o alvo já foi atingido, como se ouve nos primeiros segundos do filme Bixa Travesty: “Eu quebrei a costela de Adão. Muito prazer, eu sou a nova Eva. Filha das travas. Obra das trevas”.

Fonte: Fumaça

Comunidade lgbti+ e interações online e offiline: construção de pontes, empatia e disrupturas

As múltiplas expressões da comunidade LGBTI+ no Brasil  lutam todo dia para  ReXistir às violências de toda ordem produzidas por  processos históricos, sociais, culturais e políticos. E essa   longa caminhada por reconhecimento social, respeito, direitos e cidadania envolveu sangue, suor, lágrimas, enfrentamentos, organização sociopolítica para efetivar o direito de existência com Dignidade e bem-estar conforme determina a lei máxima do país.

As lutas para consumar Direitos e Liberdade de Expressão representaram/representam  diálogos plurais e democráticos   com setores do poder público, dos diversos  segmentos sociais organizados,  da iniciativa privada, das forças políticas do poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas também construíram-se e constroem-se   interlocuções   importantes  para promover processo educativos de empoderamento @s lgbti+ junto à indústria do entretenimento, da mídias tradicionais e  das mídias digitais.

Mas nesse contexto de construir travessias, pontes de alianças, disrupturas , parcerias e laços de solidariedade precisamos a todo instante reavaliar de forma críticas e autocrítica   nosso fazer, nossas práticas e ações  socioculturais  para fortalecer  nosso ReXistir como potência de fato transformadora e provocadora do status quo.

Situações com possibilidades de despontencializar as  mudanças  ocorrem quando focamos reações desproporcionais frente à personalidade da cultura lgbti+. A  Diva e artista trans  Nany People postou  no instagram foto ao lado do apresentador Ratinho do SBT.  De um lado muitos internautas elogiaram o trabalho, a representatividade e importância da artista.  Por outro,  alguns mostraram indignação, expressaram grande decepção, questionaram como ela pousa ao lado de apresentador aliado de um presidente que viola e ataca direitos lgbts.

O fato de Nany People ser pessoa pública produz burburinho e reverberações entre seus seguindor@s. E é legitimo que internautas da comunidade da Diversidade da Sexual   externem opiniões e ecoem seus discursos nas infovias digitais. Posicionamento, óbvio, pautado na ética, na empatia, no uso  racional da argumentação e também respeito aos Direitos Humanos. .

No caso em questão, o ponto de fato a ser questionado na postagem é a ausência de respeito aos valores humanos disseminados no Programa do Ratinho e   reforçado pelo apresentador com  suas ações e falas: reducionistas, simplistas, produtora de estigmas, reforçadora de ódios a grupos vulneráveis.

O que internautas devem  cobrar e denunciar  é o trabalho da emissora e  do  programa quando sua grade de conteúdo  violar  Direitos Humanos, colocando  o ibope e lucro acima das pessoas. Conteúdos de TV violadores de Direitos devem responder judicialmente por danos causados.  Devemos sempre lembra para emissora: o Código de Ética das Emissora de Rádio e TV determina explicitamente: “os programas transmitidos não advogarão discriminação de raça, credo, religiões, assim como o de qualquer grupo humano sobre o outro.”

Outra situação envolvendo reações diversas e passionais foi o trabalho de atuação teatral do ator Luis Lobianco ao apresentar o monólogo Balada da Gisberta, em 2018.  O espetáculo tem como elemento da narrativa dramática a existência da trans Gisberta Salce Junior, assassinada brutalmente por jovens em Porto, Portugal.

Houve movimento de questionar a legitimidade do Ator Cis representar na encenação o  papel de uma pessoa trans. No caso em questão, uma certa cultura do cancelamento também entrou no embate, o que não é educativo pois deve-se de fato    combater/denunciar  os discursos e práticas de ódios oriundos de grupos reacionários e  nazifascistas existentes no país. Para tais segmentos a favor da barbárie devemos sempre estar atento e forte  e reafirmar sempre: Eles não passarão. 

O que é importante salientar nos debate e reflexões  sobre representatividade Trans nas artes:  super necessário e legitimo trazer para agenda pública a temática:  considerando o processo histórico e social   de invisibilizar e negar  espaços   artísticos  para talentos Trans nas companhias de  teatro, na programação televisiva, na produção cinematográfica e outras expressões artísticas. 

O diálogo plural e democrático com ator poderia ser caminho mais potente para refletir sobre a peça, o processo criativo de realização do espetáculo, as formas de integrar comunidade trans  durante a ação criativa, o papel e necessidade  das artes cênicas ampliar e diversificar o campo de atores/atrizes de todas identidades de gênero e orientações sexuais.

O Mestre Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoas, nos desafia sempre: “Sinto-me nascido a cada momento para eterna novidade do mundo”.

Por Herbert Medeiros

Madame Satã: ícone da cultura lgbti+ brasileira

Madame Satã: Personagem emblemática da boêmia e cena cultura carioca  da primeira metade do século XX. As circunstâncias socioculturais fizeram do artista um ser multifacetado: garçon, conzinheiro, segurança, capoerista, transformista. Em 1938 participa desfile usando fantasia dourada e é agraciado com primeira colocação. A fantasis trazia a representação simbólica de um morcego. 

 

As astúcias para sobreviver  ensinaram Madame Satã a aprender lutas corporais e formas de se defender das situação perigosas e armadilhas produzidas pelo burburinho urbano do Rio de Janeiro daquele período. 

 

Mas para conhecer mais de perto essa persona-simbolo da Cultura LGBT Brasileira,  clique em  Madame Satã e veja narrativa sobre sua trajetória. 

 

Coletivo 086 realização ação para consolidar sua atuação social

  • RIFA_1_edit.png Grax Medina
  • RIFA_2_REEDT.png Grax Medina
  • RIFA_3_edit.png Grax Medina

O Coletivo 086 realizará rifa solidária visando levantar fundos para efetivar o registro do CNPJ como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). A ação envolverá mais de 20 prêmios doador por artistas piauienses e estabelecimentos   comerciais da cidade.

Entre as premiações estarão pinturas, desenhos, tatuagens, sessões terapêuticas, sessões fotográficas, livros, kit de sexshop, combo de pizza, quadros, camisas, canecas, bottons e chaveiros personalizados.

Para participar, o interessado pode fazer transferência, depósito, boleto ou por cartões visa, máster e hiper no valor de R$ 20,00. O Sorteio acontecerá online dia 3 de outubro de 2020;

Para saber mais sobre o grupo e a ação, fazer contato via  @coletivo086

Entrevista com Profª Drª e psicóloga trans Jaqueline Gomes - Educação, Cultura e Trabalho

O Caminho para conquista de Direitos, Cidadania e Respeito para população de travestis e transexuais é resultado de uma constante mobilização e organização para pautar políticas públicas inclusivas e respeitadoras de princípios constitucionais da não-discriminação, da igualdade e da promoção do bem de tod@s.

Nessa caminhada, a conquista para realização do processo transexualizador no SUS ocorreu via portaria nº 1.707 de 2008 e ampliado depois pela portaria nº 2.803 de 2013. Tal normativa garante atendimento integral, incluindo acolhimento e acesso com respeito aos serviços do SUS. A identificação do nome social  pelo sistema de saúde  também se consolidou a partir de  2009 pela Carta de Direitos dos Usuários do SUS.

Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou o direito de transexuais e travestis  realizarem a alteração do nome no registro civil sem necessitar de cirurgia de redesignação sexual.

Se por um lado tem-se direitos arduamente conquistados, os desafios para sociedade brasileira de fato promover justiça social,  equidade e valorização da população trans tem um longo percurso a percorrer. Basta ver, por exemplo, as exclusões existentes  no campo educacional: dados do projeto Além do Arco-Iris, do AfroReggae, apontam que 0,02 das trans estão na Universidade enquanto 72% não possuem ensino médio, sendo que 56% não finalizaram o ensino  fundamental.

E para tratar sobre a ReXistências das população trans para efetivarem sua plena cidadania, entrevistamos a Profa Drª Jaqueline Gomes de Jesus, docente do Instituto Federal do Rio de Janeiro e pós-doutora pela Escola Superior de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Jaqueline de  Jesus foi a primeira transexual  a entrar para o doutorado da UNB.

 

Segue abaixo Entrevista:

PERGUNTA: De acordo com pesquisa realizado pelo Defensor Público João Paulo Carvalho, que presidiu a  Comissão da Diversidade Sexual da OAB/MT, 82% de travestis e transexuais são expulsas do ambiente escolar. Relatos de pessoas trans também  apontam para esse processo  de definir o território da escola como vetado  à participação  na vida escolar.  Quais caminhos para que   sistema educacional concretize  normas constitucionais preceitos da Lei de Diretrizes de Bases da Educação Naciona(LDB) que estabelecem  a Educação como direito de todos/as?

Resposta Existe um problema que é da cultura brasileira: o status da educação  na nossa sociedade é  vista como um direito básico para formação do cidadão e trabalhador.  A História da Educação no Brasil, desde o   processo colonizador, nos revela como educaçao  era tratada como elemento de  privilégio e não como um direito. Neste sentido, a derrubada de legislações  que impediam o acesso da população brasileira à educação, ainda assim, não foi suficiente para o acesso pleno de pessoas negras ao ensino superior. Somente a partir da aplicação de ações afirmativas que tal conquista passa a mudar.

A transfobia como elemento cultural  da sociedade brasileira exclui a população trans do universo educacional. Para superar essa situação, há que se fazer uma educação,  formação e qualificação  nova  pautada nas questões de gênero envolvendo gestores/as, professores/as. Os educadores/as precisam ser educados porque fazem parte dessa cultura e reproduzem uma lógica de que pessoas trans não devem estar na escola, não são vistas como cidadãs. Então, é necessária uma educação contra transfobia para mudar tal realidade.

PERGUNTA: Poderia analisar o papel transgressor e inovador  da arte e cultura produzidas por sujeitos trans no campo dos coletivos de Teatro de travestis e transexuais, na cena musical brasileira, na ocupação de espaços televisivos e da mídias digitais.

Resposta:A ocupação de pessoas trans nos campos das artes não é novidade e esta presente há muito tempo, por sinal, a existência de sujeitos trans foi confundida por muito tempo ou no campo da prostituição ou no campo das artes. Mas ai entramos num embate do que as pessoas consideram arte:  muitas vezes tem haver   com um lógica elitista, com percepções da cultura brasileira, com machismo e transfobia sociocultural em que algumas expressões são consideradas artes e outras não.

A transgressão no campo da arte já começa com ocupação dos corpos e a luta pelo reconhecimento, porém   ainda é  muito difícil porque o movimento pela representatividade trans nas artes é uma luta para ser valorizada e não ser visto  como algo curioso. É uma valorização das expressões  dos olhares, das falas, das perspectivas artísticas que incluam  os talentos trans. É importante quebrar o estereótipo de quem é artista e sair da lógica centrada no sujeito universal: homem, branco, cis, hetero. É garantir a presença  de todos os corpos, incluindo corpos trans em toda sua diversidade.

PERGUNTA: O Mundo do trabalho tem muitos significados sociais e culturais para construção de identidades  e narrativas de vida pessoal e coletivas. Quais mudanças profundas precisam ser implementadas no universo do trabalho e das agências   formadoras profissionalizantes  para promover condições dignas de acesso aos sujeitos  trans?

RESPOSTA As pessoas trans já estão no mundo do trabalho, mas a questão é  qual lugar está colocado nesta sociedade para determinados sujeitos: o da população trans tem sido o da marginalização, do não acesso ao trabalho formal, ao emprego. Então existe uma hierarquia pautada não na qualificação das pessoas mas por suas identidades. Isso é  algo que a gente tem combatido quando pensamos  na dimensão do machismo, do racismo e da transfobia.

 Quando se  reflette sobre a população lgbt, por exemplo, não é suficiente pensar de forma homogênea, porque  a população trans é que mais sofre com exclusão no mercado de trabalho formal e com a imposição de um único contexto de trabalho que é trabalho informal, é do favor e a não valorização do que pensa e produza a  população trans.

Mudanças profundas envolvem mais uma vez: mudança de perspectiva da própria condição de como pessoas trans são percebidas. Também a questão da representatividade é fundamental,  por isso a ligação com contexto das artes é importante para  que pessoas trans sejam mais vistas enquanto ator@s, diretor@s, roteiristas em toda as camadas da indústria cultural mas também nas produções várias de conhecimento.

É preciso valorizar também  a própria construção de conhecimento por parte de pessoas trans: valorizar as trans que estão na academia e estão produzindo, desde os estudantes até os professores. Trabalhar pela mudança das próprias seleções docentes que tem excluído pessoas trans. São fundamentais ações afirmativas no acesso de pessoas travestis e transexuais  ao mercado de trabalho e isso inclui também  o campo da educação visto que  tem sido sistemática a exclusão de pessoas trans no universo educacional, destacando  aqui  a permanência e ascensão de pessoas trans dentro, por exemplo,  do ensino superior.

É necessário que haja políticas públicas de formação de empregadores para valorização da diversidade que inclua pessoas trans, mas que não seja uma  diversidade parcial, excludente e que  não  reconhece pessoas trans. Sem essa formação não tem como mudar isso: a lógica da transfobia institucionalizada presente na cultura brasileira. Nesse sentido é fundamental (in)formação e ações afirmativas para acesso e permanência de pessoas trans no mercado de trabalho FORMAL nas instituições e organizações todas.

Por Herbert Medeiros

Filme "Divinas Divas" disponibilizado gratuito no streaming do SESC

"As Divinas Divas são ícones da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960. Um dos primeiros palcos a abrigar homens vestidos de mulher foi o Teatro Rival, dirigido por Américo Leal, avô da diretora. O filme traz para a cena a intimidade, o talento e as histórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época."

 

Para ver o filme clique em sescsp.org.br/cinemaemcasa 

 

Projeto "Gente é pra Brilhar" - mobilização social em ação

A promoção de ações humanitárias e solidárias para pessoas LGBTI+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica e sanitária decorrente da pandemia Covid-19 é  parte do Projeto “Gente é pra Brilhar”, realizado pelo Matizes e apoio da CESE (Coordenação Ecumênica de Serviços), Coletivo 086, ATRAPI e AvantGarde.

Ações envolvem doações de cestas, kit higiene e campanhas educativas de prevenção ao Covid-19.  A iniciativa é forma de  amenizar  os efeitos de crises     políticas,  econômicas e financeiras produzidas pelas classes socioeconômicas dominantes para   reduzir o papel precárias  Políticas de Bem-estar social.

 Neste sentido, importante também    grupos vulneráveis acionarem órgãos públicos da     Assistência Social e Saúde, considerando ser função constitucional do Estado:  combater pobreza,  desigualdades regionais, promover o bem de tod@s sem distinção de qualquer natureza.

Nos casos de suspeita de Covid-19 CLIQUE AQUI e veja locais para atendimento.

Maiores detalhes e informações  sobre políticas de Assistência Social  clique em  CRAS e CREAS

Para acessar seus  Direitos  de Assistência Social veja a seguir para onde se dirigir: 

1)SASC:  Clique em Secretaria da Assistência Social e Cidadania:

Rua Acre, 33 - Cabral – Teresina- PI- CEP 64.014-042

Tel.(86) 3222-4679 / 3226-1974 / 3223-7201 –

Site: http://www.sasc.pi.gov.br/index.php

2) SEMCASPI - CLIQUE  EM  Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas

– Gerência de Direitos Humanos - 

        Endereço: Rua coelho Rodrigues 912 (CENAJUS)

             TELEFONE: CONTATO: 153

 2.1. Centros de Referências da Assistência Social (CRAS) Sudeste III

ENDEREÇO R. Canastra, 668-748 - Colorado, Teresina - PI, 64083-060

FONE: Telefone: (86) 3237-4191

2.2. CREAS SUL TERESINA - Centro de Referência Especializada da Assistência Social

ENDEREÇO: R. João Virgílio, 1414 - Vermelha, Teresina - PI, 64019-200

FONE: (86) 3223-0712

 

2.3. CREAS ll - Centro de Referência Especializados da Assistência Social LESTE

ENDEREÇO: R. Tab. José Basílio, 2056 - Fátima, Teresina - PI, 64049-524

FONE: (86) 3215-9330

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  • CRAS Sul II

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  • CREAS SUDESTE

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Por Herbert Medeiros

Matizes e parceir@s promovem o projeto "Gente é pra Brilhar": Solidariedade no contexto Pandemia

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O projeto “Gente é pra brilhar” está levando cesta básica e kit higiene como forma de   solidariedade para pessoas lgbti+ em situação de vulnerabilidade socioeconômica no contexto da atual pandemia.

A ação é  do Grupo Matizes e apoio da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços), Coletivo 086, ATRAPI e Avant garde.

A iniciativa nasceu como resposta à situação de extrema vulnerabilidade sanitária e socioeconômica resultante da Pandemia Covid-19 e suas implicações para precarizar ainda mais vidas de grupos já marginalizados pelo  sucateamento das instáveis políticas sociais produzidas pelas estruturas estatais.

Nesse cenário, o Matizes participou de parceria com Coordenadoria Ecumênica de Serviços para concretizar  o apoio de recursos necessários a cumprir objetivos  previstos  no projeto: mitigar efeitos da pandemia Covid-19  em pessoas LGBTI+,  prestar ajuda humanitária a pessoas LGBI+ vítimas do contexto pandêmico e realizar ações voltadas à promoção da saúde e de potencialização da prevenção do Sars-Cov-2.

No mês de julho foram atendidas 35 pessoas LGBTI+.  Graças à generosidade  de parceir@s e apoiador@s  do  Matizes houve um incremento em doações para compra de mais cestas básicas e kit de higiene, que resultou na ampliação do número de beneficiários das ações do Projeto. Um grupo de 25 defensores públicos do Piauí doou recursos para a compra de 40 cestas/Kits.  

Além de LGBT+ de Teresina,  o projeto tem contemplado também pessoas desse segmento que residem em Timon.

Marinalva Santana, do Grupo Matizes, espera contar com mais solidariedade de apoiador@s para continuar comprando cestas básicas e kit higienes,  ampliando o atendimento de pessoas necessitadas no atual cenário de extrema desigualdade e precarização de vidas vulnerabilizadas.

Medicina em foco: Saúde da População Lgbti+ (Entrevista)

De acordo com o acadêmico de medicina, João Paulo Veras Nascimento,  o cuidado, atendimento e atenção à  saúde da polução lgbti+ deve englobar uma visão multifatorial para lidar de forma mais complexa com bem-estar biopsicossocial do segmento da diversidade sexual.

O graduando  também reflete como aspectos específicos das vivências e experiências  sociais e culturais  das mulheres lésbicas   acabam por influenciar nos processos de adoecimento e, consequentemente, na qualidade de vida deste público.

 João Veras cursa o 6º ano de medicina na Universidade Federal do Piauí  e já dirigiu a liga de nefrologia da UFPI-LANEF. Também é bolsista na maternidade Dona Evangelina Rosa. Como trabalho de conclusão de curso realiza pesquisa cujo o tema é: Experiências de Homossexuais sobre a sexualidade diante do processo de envelhecimento em Teresina/PI.

A seguir mais detalhes da entrevista.

 

Pergunta:        Como as situações de preconceito e discriminação sociocultural bem como a  violação de direitos da população LGBTI+ impactam para os adoecimentos destes segmentos?

Resp: Antes de tudo, precisamos entender o conceito de Saúde proposto pelo Ministério da Saúde em que para ter saúde é necessário o acesso à educação, emprego, moradia, alimentação, lazer e transporte, incluindo o próprios serviços de saúde. Então, o ministério afirma que o preconceito, estigma e discriminação culminam na violação dos direitos humanos, em destaque, o direito à saúde, à dignidade, à não-discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento.

Ainda é importante ressaltar que o ausência de apoio familiar, a dificuldade em assumir um trabalho, a lgbfobia no convívio social acaba por vulnerabilizar, por exemplo, o adoecimento para mulheres lésbicas. O uso abusivo de substância nocivas à saúde e alto índice doenças crônicas também tem relação  com essa situação lgbtfóbica.  Decorrente desse cenário,   universo lésbico  subutiliza  serviços de saúde, potencializando doenças como câncer de mama e colo do útero. Além disso, resulta em casos de depressão, ansiedade e outras formas de sofrimentos psíquicos no universo das mulheres lésbicas.

Já público gay vivencia com constância o   preconceitos no  contexto social, resultando  em uma imagem autodepreciativa que desencadeia nesses indivíduos  indagações sobre o próprio valor pessoal e, em casos extremos, homofobia internalizada.

O segmento de   travestis e  transexuais sofre alto nível de estigma, preconceitos  discriminações no âmbito familiar, no mercado de trabalho, no acesso à escola. É uma realidade propiciadora para   sofrimentos psicossociais, depressão, transtornos alimentares e tentativas de suicídio.

 

Pergunta: Segundo a OMS, a conceito de saúde é assim definido como situação de bem-estar físico, mental e social. A partir dessa consideração, você percebe que desigualdades socioeconômicas, étnico-raciais, gênero e outras iniquidades comprometem a vivência de uma saúde justa para público LGBTI+?

 

Resp: Comprometem consideravelmente. Ao observamos o modelo de saúde praticado no atual cenário brasileiro percebemos o enfoque das ações na doença e seu tratamento, traços marcantes do modelo biomédico. Sendo assim, são raras as ações observadas em busca do entendimento do ser humano no seu aspecto global, avaliando cuidadosamente todos os determinantes em saúde. Um bom acolhimento, ser tratado pelo seu nome social, entender as condições financeiras são fatores essências para a criação do vínculo usurário-serviço de saúde, desencadeando uma maior busca pelos serviços de saúde, continuidade de tratamento e prevenção de agravos. 

 

Pergunta: Quais caminhos são necessários para promover Política Integral de Saúde para população lgbti+ no sentido de assegurar inclusão, respeito, atendimento humanizado?

Resp: Para uma mudança efetiva no cenário de saúde brasileiro, ao ser considerado as minorias sociais, é necessária uma mudança na forma de se pensar em saúde e o agir dos profissionais desses setores. Tendo a minha formação como referência, pouco tive contato com disciplinas que tocassem a respeito desse tema, apesar de termos professores e colegas de curso LGBTQIA+, sendo assim, acredito que os profissionais precisam ser capacitados para lidar com essa população específica e, de preferência, ampliar a discussão sobre a temática em sala de aula. Nesse contexto, faz-se de suma importância a participação de toda a equipe de saúde para o entendimento das vulnerabilidades sociais e na criação de meios que permitam o acesso aos serviços de saúde.

 

Por Herbert Medeiros

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