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Diversidade

A festa "Eu gosto de Ser Mulher"

A voz  majestosa de Maria Bethânia ecoa os versos da canção de Marina Lima e Antonio Cicero:  Eu gosto de ser mulher/Que mostra mais o que sente/O lado quente do ser/Que canta mais docemente”. E para cantar, celebrar, dançar, exaltar as multiplicidades  do ser mulher, o Matizes realizará neste domingo (13/03) às 19h a festa “Eu gosto de Ser Mulher”. A atividade ocorrerá no Quiosque Cajueiro e será magnetizado com as atrações de Chamaelas + DJ. Laisinha Bombom.

A  festa “Eu gosto de (ser) mulher” é organizada pelo Matizes todos os anos, sempre no mês de março, e tem como objetivo dar visibilidade às lésbicas e mulheres bissexuais.

O duplo sentido da expressão “Eu gosto de/ser mulher” é proposital. “Nosso objetivo é reafirmar nossa condição de mulheres, que gostamos de ser o que somos e do que gostamos. Muitas pessoas pensam, equivocadamente, que lésbicas querem ser homens”, destaca a militante.

Nas suas primeiras edições, a festa acontecia em um tradicional cabaré da Zona Norte, a Lagoinha da Mãe Alda. “Era uma forma provocativa de pôr em xeque a hipocrisia de nossa sociedade”, comenta Marinalva, acrescentando que depois a festa passou a ser realizada em outros espaços.

Este ano, a festa também marca o lançamento do Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (Senalesbi), que acontece pela primeira vez em Teresina, entre os dias 10 e 12 de junho. O SENALESBI é o mais importante  evento do segmento no Brasil. A expectativa da organização é receber 200 participantes, de  todos os estados do Brasil.

 

UFPI realiza reflexões sobre Pedagogia Trans e Afrodescendente na Educação Contemporânea

A palavra Ubuntu origina-se  de  memórias e tradições culturais  africanas e traz em seu âmago o sentido de que nossa humanidade constrói-se a partir do princípio da solidariedade que seria traduzível em “Sou o que sou pelo que nós somos’.  Cultivar o sentimento Ubuntu é  ainda semear o respeito,  acolhimento, cooperação ,  a generosidade, o senso comunitário. Também na cosmovisão poética-filosófica da canção ‘Sal da Terra’,  de Beto Guedes,  encontra-se  esse ideal humanístico: “Deixa nascer o amor/Deixa fluir o amor/Deixa crescer o amor/Deixa viver o amor”.

E para refletir e pensar novas vivências educativas pautadas na interação humana  de  conviver, amar  e aprender com o outro(a),  acontecerá na UFPI o evento “Ubuntu e Trans: Articulações na Educação Contemporânea”, organizado pelo Observatório das Juventudes, Cultura de Paz e Violências nas Escolas (OBJUVE) e Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Cidadania (NEPEGECI). A ação ocorrerá dias 29/02 e 01/03.

O fervilhar de novas  idéias para frutificar  olhares humanísticos sobre o fazer educativo terá início dia 29/02 às 9h com a defesa da dissertação de mestrado: “Entre ocos, truques e atraques: a produção de confetos sobre as experiências de Educadoras Trans do Projeto Transformação”, do orientando Lucivando Ribeiro Martins. O trabalho de pesquisa teve orientação da Profª Drª Shara Jane Holanda. A defesa será na sala do  Programa de Pós-Graduação em Educação.

A pesquisa  de Lucivando Martins  adentrou o universo da construção das vivências, saberes e experiências de Educadoras Trans a partir do Projeto Transformação. Os estudos do mestrando   revelam como a Pedagogia Trans contribui  para acionar novas produções de saberes educativos que ‘mobilizam pensar outros modos de educar na contemporaneidade ao inserir um aprendizado para/com/pelas diferenças’.

O pesquisador reflete  que é importante incorporar  a pedagogia  da Diversidade no universo escolar: “Há a necessidade de que a questões da Diversidade Sexual  adentre o sistema educacional, repercuta na formação de professores, nas suas práticas educativas, nas agendas da gestão escolar, pois pouco se tem discutido acerca da diferenças sexuais e de gênero. A escola precisa valorizar as diferenças e se reinventar”.

Na parte da tarde, haverá Rodas de Cultura Sociopoética tematizando sobre: homofobia na escola;  homoparentalidade na esocla; Montação na Educação: Por que não?; Juventudes e a Pedagogia em Movimento. A atividade acontece a partir das 14h na sala do OBJUVE.

Na terça-feira(01/03)  entra em cena a mesa-redonda ‘Ubuntu, Filosofia Africana e Princípios da Pretagogia’ com os debatedores(as) Sandra Peti (UFC) e Wanderson Flor do Nascimento (UNB). O mediador será Profº Drº Francis Boakari (UFPI). A ação será no auditório do CCE de 9h às 12h. À tarde, a partir das 14h,  outra mesa-redonda com foco em ‘Pedagogia Trans: experiências educativas.

 

Por Herbert Medeiros

 

 

Manifesto por uma Educação Pública de Qualidade, Democrática e Contra Militarização

Nas sociedades democráticas a educação deve ser libertadora. A militarização da educação civil não pode ser a resposta de um governo democrático aos problemas da educação (indisciplina, evasão, violência no ambiente escolar, dentre outros) que são reais,mas para os quais existem outras e melhores soluções. Uma alternativa é investir em políticas públicas que combinem educação de qualidade com democracia e cidadania.

Militarizar as escolas com educação antidemocrática e autoritária reforça a ideologia reacionária do autoritarismo e o elitismo da ordem vigente. A disciplina e hierarquização, escondidas sob o epíteto de “Ordem Unida” como prega a escola militar torna as pessoas submissas. É na verdade o sacrifício do espírito criativo, a imposição de uma obediência cega e acrítica, o sepultamento de uma educação para a autonomia e para a liberdade. Pior ainda, militarizar a escola é fazer com que setores das camadas populares e médias consolidem uma ideologia autoritária que, geralmente, se volta contra as mesmas e contra os projetos de construção de uma sociedade democrático-popular, com mais distribuição de renda, inclusão social, justiça, democracia e cidadania. É, ainda, retroceder ao que conquistamos com a Constituição Federal de 1988, com a LDB 9394/96 e com o Plano Nacional de Educação.

Os avanços em nota do IDEB e do ENEM são supostamente atribuídos ao sucesso da militarização, quando a experiência e os dados educacionais do ENEM disponibilizados pelo INEP em 2014 demonstram que, se tratando especificamente das escolas militares em todo o Brasil. São ao todo 59 escolas que possui a nomenclatura de “Colégio ou Escola Militar”, entre federais, estaduais e privadas. Dessas 59 apenas 6 informaram ter alunos/as com necessidade especiais, sendo que o número de matrícula informada por escola não passa de 3 (esse número aparece apenas no Colégio da Policia Militar de Goiás e na Unidade Polivalente Modelo Vasco dos Reis) nas demais não passa de 2 estudantes com deficiência, o que reforça a exclusão educacional, não só de jovens muito pobres como também se esse jovem tem alguma deficiência (física, auditiva, mental ou múltiplas). Outro fator importante diz respeito à condição socioeconômica das famílias dos/as alunos/as que estudam nessas escolas: em 18 delas foi informado como muito alto, 18, alto, 06, médio, 14, médio alto e 01 médio alto (02 escolas não informaram a condição socioeconômica dos alunos/as). Percebe-se que em nenhuma escola estuda alunos/as com renda baixa ou muito baixa como aparece na maioria das escolas públicas do país, e em especial, do estado do Piauí. Outro dado relevante apresentando está relacionado à formação dos/as professores/as, das 59 escolas 44

informaram ter em seus quadros professores/as com a formação legalmente exigida para atuar no ensino médio.

Nessa perspectiva, os dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para a rede estadual do Piauí apontam que das 326 escolas que atendem com o Ensino Médio no Piauí, 210 são da Rede Estadual (64,41%). Destas, 66 a faixa do indicador de formação docente é de até 50%. Esses dados apontam que 31,4 % das escolas da Rede Estadual de Ensino do Piauí, ainda, atendem com um quadro de professores/as sem a formação legalmente exigida para essa etapa da educação básica, principalmente onde foram implantadas escolas de tempo integral, com prioridades em recursos humanos e infraestrutura, os resultados melhoraram significativamente.

O mesmo documento mostra, ainda, que das 210 escolas da Rede Estadual que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio em 2014, 105 atendiam alunos/as com o perfil socioeconômico entre baixo e muito baixo. Outras 85 escolas esse perfil era de médio baixo. Em apenas 20 escolas a classificação ficou entre médio e médio alto. O que nos leva a perceber que alunos/as que frequentam as escolas da rede estadual são exatamente aqueles/as que esperam que o poder público cumpra com seu deve que é o de assegurar uma escola de qualidade. No entanto, são esses alunos que mais sofrem com a falta de estrutura nas escolas onde se encontram matriculados. A insuficiência de investimento nas escolas da rede estadual se constitui, indiscutivelmente, como um dos principais fatores para o baixo desempenho que muitos alunos/as apresentaram nas provas de proficiência do ENEM. Em 2014, apenas uma escola apresentou alunos/as classificados/as no nível 5, a melhor classificação pelo INEP.

Em vez da ideologia militar e do autoritarismo nas escolas, queremos que a Secretaria Estadual de Educação cumpra com as Leis dos Planos Nacional e Estadual de Educação.

Repudiamos o fundamentalismo e a militarização como resposta para os problemas da educação. Queremos Eleições Democráticas, Gestão Participativa, Formação permanente para gestores escolares, Melhoria das condições de infraestrutura das escolas, políticas que possam garantir melhores condições de trabalho, valorização e garantia de professores/as em sala de aula em todas as escolas. A sociedade hoje clama por Escolas de qualidade mais democráticas e de tempo Integral.

Ditadura nunca mais!!! Democracia e cidadania sempre!!!

 

Entidades que assinam esse manifesto:

Articulação Nacional das Juventudes dos

Povos e Comunidades TradicionaisANJPCT/Brasil

Associação da Juventude Praticante a

Cidadania-AJPC

Associação Nacional de Política e

Administração escolar-ANPAE

Associação Santuário Sagrado Pai João de

Aruanda-ASPAJA

Campanha Nacional pelo Direito a

Educação

Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras

do Brasil-CTB

Central Única dos Trabalhadores-CUT

Centro Acadêmico de Biologia-IFPI

Centro Acadêmico de Ciência PolíticaUFPI

Centro Acadêmico de Ciências ContábeisUESPI

Centro Acadêmico de História UESPI

Centro Acadêmico de Pedagogia-UFPI

Centro de Defesa de Direitos Humanos

Nenzinha Machado

Centro de Estudos em Educação e

Sociedade-CEDES

Centro Nacional de Resistência Afro

Brasileira-CENARAB

Comissão Pastoral da Terra-CPT

Comitê Estadual de Educação em Direitos

Humanos do Piauí-CEEDH/PI

Conselho Estadual dos Direitos da

Juventude-CEDJUV

Conselho Municipal de Juventude de

Teresina-COMJUV

Federação das Associações de Moradores e

Conselhos Comunitários do Piauí-

FAMMC-PI

Federação de Trabalhadores e

Trabalhadoras em Estabelecimento de

Ensino Privado do Nordeste-FETRARNE

Fórum Nacional pela Democratização da

Comunicação-FNDC/Piauí

Fundação Marica Saraiva

Grupo Piauiense de Transexuais e

Travestis-GPTrans

Instituto da Mulher Negra do Piauí-

AYABÀS

Instituto Piauiense de Juventude-IPJ

Instituto Samara Sena

Juventude do Partido dos Trabalhares do

Piauí-JPT/PI

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem

Terra-MST

Movimento Nacional de Direitos

Humanos-MNDH

Nós Tudinha-Feminismo, Cultura e

Direitos Humanos

Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Educação do CampoNUPECAMPO/UFPI

Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Educação, Gênero e CidadaniaNEPEGECI/UFPI

Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Juventudes-NEPJUV/UFPI Parnaíba

Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Políticas e Gestão da EducaçãoNUPPEGE/UFPI

Núcleo de Estudos, Extensão e Pesquisas

Educacionais-NEEPE/UESPI - Clovis

Moura

Núcleo de Pesquisa e Extensão em

Desenvolvimento Territorial do Vale dos

Rios Piauí e Itaueira-UFPI Floriano

Observatório de Juventudes e Violência na

Escola-OBJUVE

Pastoral da Juventude do Piauí

Rede de Educação no Semiárido

Brasileiro-RESAB

Sindicato dos Professores e Auxiliares da

Administração Escolar do Estado do Piauí-

SINPRO/PI

Sindicato dos Trabalhadores em Educação

Básica Pública do Estado do Piauí-

SINTE/PI

Sindicato dos Trabalhadores em Empresas

de Telecomunicações-SINTTEL

Sindicato dos Trabalhadores em

Processamento de Dados do Estado do

Piauí-SINDPD/PI

Sindicato dos Trabalhadores em Saúde,

Trabalho, Previdência e Assistência Social

no Estado do Piauí-SINTSPREVS/PI

Sindicato dos Trabalhadores na Indústria

de Confecções de Roupas do Estado do

Piauí-SITRACONF

União Brasileira de Mulheres-UMB

União da Juventude Socialista-UJS

União Nacional dos Estudantes-UNE

Via Campesina

 

Fonte: Campanha Nacional pelo Direito à Educação

Conselho Estadual de Direito Humanos participa de reunião com a SASC

Representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos do Piauí (CEDDH) estiveram reunido ontem(23/02) com Secretário o Henrique Rebêlo, da SASC. A pauta da reunião tinha como foco discutir as condições de estruturação do conselho (Local de funcionamento para realização  das atividades do CEDDH),   definição  da secretaria executiva e ato de posse oficial dos/as conselheiros(as).

Estavam presentes na reunião: Presidente do CEDDH, Igor Castelo Branco, Marinalva Santana (Matizes), Myrian Lago (Ministério Público Estadual), João Batista Costa (Igreja Evangélica), Conceição  Silva (Diretoria de Direitos Humanos da SASC).

O CEDDH está se mobilizando para fortalecer  a luta pelos Direitos Humanos no Piauí através de ações como: diálogos democráticos com sociedade civil e instâncias do poder público; ampliação da defesa dos DH para os municípios do Estado; capacitação dos defensores de Direitos Humanos; Visibilização da temática de DH nas mídias.

Por Herbert Medeiros

Gaymada: prepara, que agora é a hora do show das poderosas

“Prepara, que agora é a hora dos show das poderosas/ Que descem e rebolam/afrontam as preconceituosas”.  Esta parafrase traduz  o espírito dionisíaco que tomou conta da Potycabana ontem (20/02) com a Gaymada: acontecimento sociocultural que foi a maior fervenção em Teresina.  A regra número um do jogo era: lacrar, zoar,  purpurinar,  se jogar, embaralhar as fronteiras de gêneros e pintar sobre  o céu da cidade com um mosaico de cores humanas em suas múltiplas formas de expressão   e ORGULHO DE SER.

Homos, heteros,  bis, trans,  barbies, fechosas, entendidos e  pansexuais circulavam, closavam e   irradiavam alegrias e  performatividades entre os usuários daquele território. Tudo ali transpirava um diálogo democrático e multifacetado envolvendo atores/atrizes  da competição, torcedor@s, transeuntes, famílias, jovens, idosos, casais, crianças e tod@s que ocupavam o Parque Potycabana.

E o mais exuberante das interações fervilhantes naquele espaço era que as formas dialogais ocorriam através de signos diversos: falas, dança, vestuário, músicas, cabelos, gestos, silêncios de êxtases e espanto, risos, abraços, performances, olhares, beijos, humor e outras expressões criativas.

  A 2ª edição da Gaymada torna-se um acontecimento singular porque  possibilita reunir um mar de gente num frenesi de  misturas, aproximações, interações, atravessamentos, rupturas, desconstruções e reconstruções das narrativas humanas. Assim é, assim seja.

 

Por Herbert Medeiros

 

FOTOS DO EVENTO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto de João Aranha

Foto de João Aranha

Foto de João Aranha

 

 

 

 

Conselho Estadual de Direitos Humanos reativa suas ações e define agenda para 2016

 Representantes da sociedade civil e poder público participaram hoje (26/01) da reunião do Conselho  Estadual de Defesa Direitos Humanos do Piauí (CEDDH)   para debater sobre reativação da entidade,   composição da nova Diretoria do Conselho e criação de Grupo de Trabalho visando atualizar a Lei 5089/99 que criou o CEDDH. Os membros da equipe de trabalho também  discutirão o Calendário de Ações em favor dos Direitos Humanos em 2016.

No primeiro momento do encontro, ativistas de Direitos Humanos socializaram informações gerais sobre: campanha salarial dos trabalhadores da Educação Estadual (SINTE); ações de conscientização e mobilização do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas por Hanseniase (MORHAN); Mesa-redonda  dia 27/01, às 15h, promovida pela Comissão de Diversidade Sexual da OAB referente ao Dia da Visibilidade Trans (Matizes).

Os participantes da atividade também destacaram outras ações pelo Dia da Visilidade Trans que ocorrerão dia 29/01, às 9h,  na SASC e na Secretaria Estadual de Saúde às 11h. 

Durante a reunião foram destacadas pautas importantes para promover, revitalizar  e expandir a luta em defesa dos Direitos Humanos no Piauí: fortalecer a interiorização do debate dos DH para municípios do Estado através de diálogos e parcerias com organizações sociais e instituições públicas; promover a capacitação permanente d@s defensor@s de Direitos Humanos.

Outras sugestões também colocadas em foco foram:  estabelecer diálogos transversais e redes de solidariedade acerca das lutas em favor dos DH; realizar uma caravana de Direitos Humanos para compartilhar experiências e saberes com ativistas de DH das regiões do Estado; aperfeiçoar os mecanismos de visibilidade  das temáticas de DH através de estratégias de interação   midiática.

Entre as entidades presentes  na reunião do CEDDH estavam: Diretoria de Direitos Humanos da SASC, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Estadual, MORHAN, SINTE, Matizes, UFPI, representante de igrejas Evangélicas, OAB.

 

Por Herbert Medeiros

Comissão de Diversidade Sexual da OAB/PI realiza ação pelo Dia da Visibilidade Trans

A Ordem dos Advogados do Brasil/OAB-PI realizará atividade pelo Dia da Visibilidade Trans no auditório da entidade dia 27/01 às 15h. A partir do tema   “Visibilidade Trans: preconceito não faz o meu gênero”, A Comissão de Diversidade busca estabelecer parceria e   interação positiva  com as ativistas dos grupos de travestis e transexuais.

Durante o evento, representantes do segmento Trans apresentarão  as principais demandas aos(às) membros da Comissão de Diversidade.  Travestis e Transexuais em Teresina e outros municípios do Estado têm construído uma luta  para assegurar um conjunto de direitos sociais (acesso à saúde, educação, trabalho, renda, formação profissional) bem como pautar o reconhecimento e respeito pela identidade de gênero das pessoas Trans.

O trabalho de organização e mobilização conjunta do segmento LGBT já rendeu frutos junto às políticas de reconhecimento de Trans nos  governos federal, estaduais e municipais. Em 2009, a lei 5.916 foi sancionada no Piauí para assegurar o nome social de Travestis e Transexuais em documentos de prestação de Serviço da Administração Direta e Indireta.

No ano de 2010, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão também reconheceu o uso do nome social para servidor@s públicos da Administração Federal. A atuação firme do   do movimento LGBT e de pesquisador@ss do mundo acadêmico também contribuíram para a  conquista importante  âmbito do SUS: portaria nº 457/2008 autorizando   atenção e acompanhamento nos processos de cirurgias de readequação genital.

O ano passado, o Colégio de Presidentes de Seccionais da Ordem dos Advogad@s do Brasil reconheceu o nome social de Advogados e Advogadas travestis e transexuais na carteira da OAB e demais cadastros da instituição. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Herbert Medeiros

Projeto une literatura à questão lgbt em comunidades de seis cidades brasileiras

 

 

 

 

 

 

 

Selecionado pela Bolsa de Fomento à Literatura da Fundação Biblioteca Nacional e Ministério da Cultura, o Projeto “Literatura e Diversidade Sexual” irá discutir, por meio de obras literárias escritas pelo autor Roberto Muniz Dias (foto), questões sobre diversidade sexual e gênero. Para realização deste projeto as obras literárias que tematizam estas questões citadas serão apresentadas e discutidas. Serão palestras, conversas com o autor Roberto Muniz Dias, debates específicos, que serão desenvolvidos para discutir questões ilustradas nos livros de forma clara, objetiva e comparativa. O objetivo primeiro deste projeto é de implementar políticas públicas sociais por intermédio da Circulação e Difusão Literária, com foco específico em temas muito caros à sociedade como respeito à diversidade sexual, questões de gênero e preconceito sexual.

De acordo com o III Retratos de Leitura no Brasil, as regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam grandes déficits de leitura entre os jovens em fase de alfabetização. O intuito deste projeto é levar, por meio de oficinas literárias, palestras e discussões temáticas sobre sexualidade e gênero, a estas populações carentes de cultura e informação, além dos temas propostos, noções de cidadania. A literatura específica que tematiza estas questões é viabilizada por meio da leitura, discussão e compreensão dos papeis sociais. Empoderados do conhecimento crítico, de independência e autonomia, cidadãos afastados do processo de inclusão social tornam-se mais atuantes e conscientes de seus papeis em comunidade. Desta forma, a noção de pertencimento fortalece e permite ao indivíduo consciência crítica de seus direitos e valores como ser participante.

Devido à experiência literária do escritor com obras de pesquisa e ficção, palestras, feiras e eventos relacionados à temática LGBT, destaca-se o trabalho realizado. A motivação é promover a discussão de uma forma mais humanizada, inclusiva e participativa. O objetivo então se firma nessa possibilidade de mudança que uma leitura eficiente – a Literatura tem importante papel político na formação de cidadãos – pode promover no meio social.

O objetivo do projeto é fomentar a leitura, promover o senso entre a população para tomar iniciativas para diminuir os índices de pobreza, exclusão social e sexual, fortalecendo mecanismos de participação social das políticas públicas existentes dentro daquelas comunidades, permitindo ao término do trabalho, valorizar os sentimentos de diversidade sexual, social e pertencimento.

As cidades escolhidas pelo projeto são:

Norte (Belém e Manaus)

Nordeste (Fortaleza e Teresina)

Centro-oeste (Brasília e Goiânia)

Clique aqui Projeto Literatura e Diversidade Sexual para saber mais sobre o projeto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Em Neon

Família: entre o Santo Graal e o exílio

Por Berenice Bento

A disputa em torno dos sentidos da “família” tem ocupado a atenção nacional (sugiro a leitura do artigo Por uma vírgula, disponível em http://www.clam.org.br/destaque/conteudo.asp?cod=12274). Um momento marcante deste debate aconteceu recentemente, com a aprovação, pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, do parecer favorável ao Estatuto da Família (PL 6583/13). O texto limita a definição de família ao núcleo formado a partir da união entre um homem e uma mulher. Contrários ao texto, diversos setores afirmam a existência de configurações plurais dos arranjos sexuais, amorosos e de parentesco e que, portanto, devem ser reconhecidas pelo Estado como “família”.

Apesar das abissais diferenças entre os dois lados da contenda, há algo comum entre eles: a família é disputada como um valor que merece reconhecimento legal. Parece que estamos assistindo a um tipo de disputa que confronta e ressignifica os dispositivos de aliança e o dispositivo sexualidade, nos termos de Foucault. O primeiro funda sua legitimidade em contratos sexuais que visam à transmissão do nome e dos bens pela consanguinidade. Aqui, sexualidade e reprodução sexual apresentam-se indissociáveis. No dispositivo da sexualidade, por sua vez, essas duas dimensões podem estar apartadas e o destino das práticas sexuais não é exclusivamente a reprodução. Ou seja, desejo, reprodução, parentalidade e práticas sexuais não estão condicionados ao contrato heterossexual. Enquanto uma concepção mais vinculada ao dispositivo da aliança exige a exclusividade do selo dourado “família”, a segunda quer compartilhar da santa ceia e beber do cálice santo da(s) nova(s) família(s).

Sou contra a luta pela ampliação dos sentidos de família? De forma alguma. Acredito, no entanto, que há questões pouco discutidas, principalmente no que se refere ao debate sobre a natureza da instituição família, um lugar de abusos e violência. Sim, dirão muitos, mas, também, é o lugar do amor e da proteção. Acho que precisamos girar um pouco o nosso botão crítico para ver que, no espaço invisibilizado do lar, a violência é dos elementos estruturantes das relações no seu interior. Este movimento de abrir a “caixa preta” da família teve início com a palavra de ordem feminista “o privado também é político”. Há silêncios e apodrecimentos que sopram desta instituição milenar, a sacro-santa família, que precisam ser revelados. A grande promessa da família é ser o lugar fundante de nossa condição humana, o lugar dos primeiros vínculos, de aprendizagem, da proteção e cuidado. Promessas, geralmente, não cumpridas e frustadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na mitologia judaico-cristã, temos um Deus-Pai, vingativo, que não perdoa nenhum tipo de desobediência do/a filho/a. Qual foi o pecado de Adão e Eva? Desobedecer. A pena: a expulsão de casa.

O castigo de Eva:

“[…] Vou fazê-la sofrer muito em sua gravidez: entre dores, você dará a luz seus filhos; a paixão vai arrastar você para o marido, e ele a dominará” (Gênesis, Bíblia).

Então, a violência de gênero é sagrada? A maternidade é sinônimo de sofrimento?

O castigo de Adão:

“Já que você deu ouvido à sua mulher e comeu da árvore cujo fruto eu lhe tinha proibido comer, maldita seja a terra por sua causa” (Gênesis, Bíblia).

Continuando a história dessa família nada afetuosa, vamos encontrar a inveja de um irmão por outro. Como o conflito é resolvido? Um irmão mata o outro. Que família exemplar! A cada novo ato de desobediência, o pai castiga, aplica sua própria lei. Aqui, o aprendizado, ou humanização, se efetiva pela dor e pelo castigo. Na narrativa bíblica, temos uma sucessão de membros de famílias que se matam, filhas que procriam com o pai para a manutenção da linhagem. Enfim, pouco amor e muita dor.

É possível ressignificar esta instituição? As travestis já fazem isto há décadas, à margem de qualquer Estado. Se a família de origem as exilou, elas a reconfiguram. Estratégias de sobrevivência nos são apresentadas e, neste caso, tornam-se estratégias de resistência. Famílias inventadas, construídas por afinidades, e, não, por laços sanguíneos. Organizar redes de apoio e solidariedade, para além da visão normativa do Estado, é a marca de grupos de pessoas que foram expulsas de suas famílias, e que passam a conferir à amizade um caráter singular como espaço de construção e manutenção de vínculos afetivos. Como esquecer a solidariedade entre os gays soropositivos na década de 80?

Há muito a família passou a ser estudada como o espaço da violência e outra história da principal instituição responsável pela reprodução e socialização primária dos sujeitos sociais foi e está sendo contada. Maridos que matam suas esposas, filhos e filhas abusados por pais e mães. Filhos e filhas expulsos por terem um comportamento desonrador. Esta dimensão da violência que destrói vidas e mina subjetividades ainda é anemicamente estudada, principalmente pela psicanálise, saber que atribui às relações que acontecem nos marcos desta instituição a responsabilidade por nos constituirmos como sujeitos.

Marlene Wayar, ativista travesti e teórica argentina, nos relata, em La família, lo trans, sus atravesamientos, o caso de uma menina trans que morreu, segundo o pai, vítima de uma queda brusca da escada. Os vizinhos, no entanto, dizem que ele a matou a golpes por não suportar a obstinação “do filho” em se vestir de menina. A preservação da honra da família estaria, portanto, na eliminação do membro que desgraça o nome da família. Portanto, a lógica de lavagem da honra, mediante o assassinato, ainda é uma narrativa e prática que está em pleno funcionamento.

No filme “Os sapatos de Aresteu” (direção de René Guerra), o corpo de uma travesti morta é preparado por outras travestis para o velório. A família, após receber o corpo, decide enterrá-la como homem. Seu cabelo é cortado, o esmalte das unhas desaparece, assim como todos os outros signos que conferiam feminilidade ao corpo morto. A mãe e a irmã cometem um assassinato simbólico, matam o Aristeu mulher. A irmã, olhando com desprezo o corpo da irmã, afirma: Ele envergonhou nossa família e, além de tudo, foi embora e nunca mais deu notícia. A mãe retruca: Eu pedi para ele sair de casa e não dar mais notícias. Nesse momento, a mãe atualizou a cena da expulsão do paraíso.

Certamente, vários de vocês, que estão me lendo, foram expulsos de casa e têm uma relação nada aprazível com a “família”. E, na cena do funeral, temos outra citação, agora a do destino trágico do velho Édipo (“Édipo em Colono”). Ele foi proibido de ter seu corpo enterrado nas terras de sua pátria. O exílio manteve-se até durante a morte. Aristeu também foi exilado do seu corpo, sua morada mais íntima, no ato de sua morte.

“Mas isso é ficção”, dirão alguns. Luciane Jimenez, em sua tese de doutorado intitulada “Corpos profanos e transformados: prostituição e prevenção em tempos de AIDS”, nos conta a história de uma travesti que foi assassinada. Sua mãe, depois de um longo período de ausência, preparou o corpo para o sepultamento como homem, para a perplexidade de todas as amigas, da esposa (a jovem travesti assassinada era lésbica), das filhas e de outros presentes. Eu pari um filho e assim ele será enterrado, sentencia a Lei Materna.

Das inúmeras dissertações, teses, monografias que li e/ou orientei sobre a população LGBT, um fio condutor, mais ou menos nítido, atravessa essas pesquisas: a violência que sofreram e sofrem em suas famílias. Destaco a tese de Edith Modesto, “Homossexualidade, preconceito e intolerância: análise semiótica de depoimentos”. A cada novo depoimento que eu lia, sentia uma corrente elétrica atravessar o corpo. Uma dor física e uma indignação obrigavam-me a diminuir a velocidade da leitura. Cenas de pais e mães cruéis e torturadores estão espalhadas ao longo de toda a tese. Da perspectiva científica, é necessário entender os sentidos das ações daqueles que maltratam suas/seus filhas/filhos. Mas isso não é suficiente. Como um/uma pai/mãe repete que prefere ter a/o filha/filho morta/o a vê-la/o se tornar bicha, lésbica ou travesti?

Ainda são muitas caixas pretas (ou Caixa de Pandora) da instituição família que precisamos abrir. E outra começa a ser aberta: as histórias de meninos e adolescentes abusados e estuprados dentro de suas casas por parentes.

Há múltiplas formas de conjugalidades que acontecem à margem do normatizado e que não demandam reconhecimento legal. Voltemos ao caso da travesti estudado por Luciane Jimenez. Durante muito tempo, ela foi casada com um homem. Sofreu agressões. Separou-se. Conheceu uma mulher. Apaixonou-se. Passaram a viver juntas e tiveram filhos. A pluralidade de configurações ou, mesmo, as mudanças que cada sujeito experimenta ao longo de sua vida, no âmbito da conjugalidade, nos diz que nos movemos em um terreno movediço, sem posições fixas ou determinadas por um a priori ancorado na estrutura biológica. O demiurgo do desejo não é a dupla dinâmica progesterona e testosterona.

Essa multiplicidade de acordos e arranjos de conjugalidades e parentalidade que disputa espaços legítimos de existência está à nossa volta. Exigir legitimidade passa, porém, por exigir reconhecimento do Estado? A vida vivida não está para além do Estado? Que lugar é este, o Estado, que passou a ser a Meca de nossos sonhos e desejos? Ao mesmo tempo, devemos nos perguntar como fazer este duplo movimento: ampliar os sentidos de família e, ao mesmo tempo, não abandonar a crítica a uma instituição que, hegemonicamente, funda-se na violência para se reproduzir.

 

Fonte: Cult

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