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Testamos o Programa troca com bônus da Equatorial

Crédito: Cottonbro

Recentemente a Equatorial Piauí lançou o Programa Troca com Bônus Equatorial. Segundo a empresa, esta é mais uma ação que integra o Programa de Eficiência Energética da Equatorial Energia e tem como objetivo incentivar os seus clientes consumidores de energia a efetuarem a substituição de refrigeradores, condicionadores de ar, televisores e ventiladores de mesa antigos em funcionamento por aparelhos novos e mais eficientes, com a finalidade de reduzir o consumo de energia elétrica. Como concessionária de energia a empresa é obrigada a destinar 0,5% do seu faturamento anual para financiar projetos de eficiência energética. Nessa perspectiva a iniciativa é louvável, pois já vimos aqui neste blog que qualquer medida de eficiência energética é sempre bem-vinda. 

Ainda segundo a empresa, o benefício é destinado aos clientes que desejarem participar do Programa Troca com Bônus Equatorial, por meio do qual será concedido um bônus pela concessionária, equivalente a 50% de desconto no produto disponibilizado no projeto, conforme tabela de produtos participantes amplamente divulgada e enquanto durar o estoque destinado ao Programa. Cabe ressaltar que antes de escolher o equipamento para a realização da troca, o cliente deve certificar-se que seu equipamento velho é compatível com o equipamento novo. Refrigerador por refrigerador, televisores de tubo ou LCD por televisores de LED 32", ventiladores de mesa por ventiladores de mesa, condicionadores de ar por condicionadores de ar. Por fim, o cliente deve estar em dia com sua conta de energia.

Como cliente que sou, resolvi testar o serviço. Inicialmente acessei o site do Programa e fiz o meu cadastro. Em seguida assisti a um vídeo e respondi a um quiz com 5 perguntas. Finalmente, entrei com as informações do produto velho (no meu caso um ar condicionado) e escolhi o modelo do novo aparelho de ar condicionado. Eu adicionei ainda a troca de um ventilador velho por um novo (o ventilador é um único equipamento que você pode ser adicionado para compor o combo). Diariamente é mostrado o estoque disponível dos equipamentos novos. Então, é importante fazer o cadastro nas primeiras horas do dia. Com o desconto de 50% o ar condicionado novo (modelo inverter) ficou por R$ 999,00 e o ventilador (40 cm) ficou por R$ 124,50. Ao final do cadastro eu recebi um e-mail de confirmação informando em quais lojas eu poderia me dirigir num prazo de até 72h para realizar o pagamento. Todo esse procedimento eu realizei em um tempo médio de 10 minutos. O site é bem simples e intuitivo, aspecto positivo, na nossa avaliação.

Dois dias após o cadastro me dirigi a uma das lojas indicadas, situada na Av. Presidente Kennedy (importante levar a conta de energia e um documento de identificação com foto). Inicialmente, um dos vendedores fez um pré-cadastro que levou 10 minutos. Em seguida fui encaminhado para um outro atendimento para confirmar o cadastro. A morosidade no atendimento era tanta que em um intervalo de uma hora foram atendidas 4 pessoas. Abortei a missão, visto que já tinha entrado pelo meio dia. Retornei à loja no mesmo dia no fim da tarde. A situação era desanimadora, agora com dez vezes mais pessoas para serem atendidas. Nova desistência!  Nitidamente, aquela loja estava com um problema de gerenciamento interno das demandas do programa, caracterizando um fato isolado que isenta de culpa a concessionária Equatorial e que merece ser corrigido.  Voltei no dia seguinte e desta vez consegui finalizar o processo. O pagamento é realizado (em até 10 vezes sem juros), mas o produto só será entregue após uma visita de um representante da Equatorial para atestar o estado e realizar medições nos equipamentos velhos e liberar para a loja realizar a entrega dos equipamentos novos e recolher os antigos, prazo que pode chegar a 60 dias. No geral, a minha avaliação foi positiva com destaque para o site onde o cliente realiza o cadastro no Programa, deixando a desejar no atendimento presencial da loja escolhida.

 

Caloi relança Mobylette na versão elétrica

Crédito: Divulgação/Caloi

Após 47 anos, a Caloi relançou na semana passada um dos seus modelos mais clássicos: a Mobylette. O modelo que marcou época, sobretudo a partir da segunda metade da década de 70, agora surge na versão elétrica, a qual promete uma autonomia de 30 km de percurso com uma única recarga da bateria, alcançando uma velocidade de até 25 km/h. O motor na nova versão tem uma potência de 350 W (equivalente a potência de um liquidificador).

Com a alta no preço dos combustíveis, a procura por bicicletas elétricas aumentou significativamente. Além do fator econômico, a dimensão ambiental agradece, já que o uso da bicicleta elétrica viabiliza a mobilidade sustentável (sem emissão de CO2). Quem quiser bancar a aquisição do novo modelo vai precisar desembolsar R$ 9.199,00. A venda teve início no Mercado Livre e deve chegar às lojas especializadas até o fim de março. 

O conjunto pode ser colocado em movimento tanto usando-se o tradicional pedal quanto por um acelerador no guidão. O novo modelo pesa 30 kg e pode transportar uma pessoa com peso de até 100 kg. Este não é o primeiro modelo de bicicleta elétrica da Caloi. A marca já contava com outros seis modelos: o modelo mais barato é a Easy Rider (R$ 8.199) e o mais caro é a FS Pro (R$ 39.999).

 

Equatorial inaugura primeiro eletroposto do Piauí

Crédito: Divulgação Equatorial Distribuição Piauí

Na última quarta-feira (16/03), no Parque da Cidadania, em Teresina, foi inaugurado o primeiro posto do estado do Piauí destinado ao carregamento de carros, motos e bicicletas elétricas. O eletroposto é resultado de um Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em parceria com a Prefeitura de Teresina, a qual recebeu, a título de doação, um carro elétrico e dez bicicletas elétricas para uso da população na área interna do parque. Já o veículo será utilizado em ações da Guarda Municipal de Teresina.

Segundo o presidente da Equatorial Piauí, Lener Jayme, “a chegada do projeto de mobilidade elétrica no Piauí vai permitir fomentar e avaliar o uso de veículos elétricos pela comunidade frente ao cenário atual de mobilidade urbana, de forma a incentivar a adesão e contato mais próximo com a tendência mundial de eletrificação das frotas de carros”. O projeto está alinhado com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), sobretudo no que se refere ao acesso à energia e à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. A energia utilizada para carregar o veículo e as bicicletas tem origem em um arranjo de placas solares que integram o eletroposto.

Segundo a Equatorial Piauí, as bicicletas poderão ser utilizadas somente na ciclovia do Parque da Cidadania. Para viver essa experiência, o usuário deve baixar o aplicativo “E+ Mobilidade Elétrica”, disponível para download em aparelhos Android e iOS, e realizar cadastro incluindo um cartão de crédito que será utilizado apenas para fins de garantia de devolução da bicicleta. O aplicativo é seguro e após o uso do equipamento, que pode ser por até uma hora, a entrega deve ser feita no eletroposto. Em horário comercial haverá um instrutor da Equatorial Piauí para esclarecer dúvidas e orientar a população.

 

Acidentes elétricos envolvendo celular e acessórios

Crédito: Steve Johnson

Frequentemente o(a) caro(a) leitor(a) deve acompanhar notícias relacionadas à acidentes elétricos envolvendo aparelhos celulares e seus acessórios, sobretudo os carregadores. Tais notícias dão conta de celulares que incendeiam, pessoas que sofrem descargas elétricas e até mesmo a ocorrência de mortes associadas aos aparelhos. A partir de agora vamos esclarecer quais são os riscos elétricos (e como evitá-los) envolvendo estes acessórios que ninguém abre mão da companhia. Segundo a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracobel), somente no ano de 2020, o Brasil registrou 22 ocorrências de choques elétricos envolvendo carregadores de celular, dos quais 18 foram a óbitos. O total de incêndios provocados por carregadores naquele ano foi 17. Aparentemente, há uma subnotificação nestes dados e os números pode ser bem maiores. Embora os números de 2021 não tenham sido divulgados ainda, há razões para acreditarmos que os valores de 2020 devem ser superados. 

Em tese, nenhum aparelho celular nem seus acessórios foram construídos para dar choques ou incendiarem. Pelo contrário, os mesmos se fundamentam em aspectos de segurança e no caso do Brasil, são rigorosamente certificados pela Agência Nacional de Telecomunicações Anatel (Anatel). No entanto, em havendo falhas no carregador ou na bateria, principalmente se não forem originais, as chances de ocorrência de acidente aumentam significativamente. Portanto, a primeira regra de segurança é não fazer uso do aparelho enquanto o mesmo estiver carregando. O risco aumenta se, durante o período de carregamento, o aparelho for levado ao ouvido para atendimento de uma ligação ou forem usados fones de ouvido. A explicação para estas recomendações é simples: a corrente elétrica está presente na tomada onde se vai conectar o carregador, então o atendimento do celular ou uso de fones enquanto o mesmo carrega cria um “caminho” entre a tomada e o corpo humano para a circulação da corrente elétrica e, se houver alguma falha elétrica nestes acessórios, o risco de choque é real.

No caso das baterias, deve-se atentar para o fato de que ao substituir as mesmas sempre deve-se priorizar a bateria original do aparelho. Outra observação é se o aparelho não está superaquecendo. As baterias originais possuem um dispositivo que cessa a passagem de corrente quando as mesmas estão totalmente carregadas. O superaquecimento pode levar à explosão da bateria. Se a bateria tiver “inchada” a atenção deve ser redobrada, pois pode ser um indício de que está superaquecendo. 

Algumas dicas de segurança no manuseio de celulares em processo de carregamento da bateria:

- Se há um temporal, ficar longe do aparelho carregando;
- Se o temporal for acompanhado de descargas atmosféricas (raios), retirar o carregador da tomada;
- Quando for dormir, deixar o aparelho longe de você e de objetos inflamáveis;
- Se precisar atender um telefonema, desconectar o aparelho do carregador.
- Não usar fones de ouvido;
- Usar carregadores certificados pela Anatel;
- Atenção aos carregadores falsificados. Por fora podem até ser parecidos com os originais, mas internamente poder estar cheios de problemas;
- Não carregar o celular em áreas úmidas, como banheiro e área de serviço;
- Se for mexer no telefone com ele carregando, use calçados nos pés.

 

Como se proteger dos raios

Crédito: Alexandre Bringer

O Raio pode ser entendido como um relâmpago que atinge o solo. Os relâmpagos são descargas atmosféricas de grande intensidade que ocorrem no interior das nuvens de tempestade e tem origem nas cargas elétricas provocadas pelo atrito entre partículas de gelo. Quando o campo elétrico produzido por essas cargas excede a capacidade isolante do ar, a descarga elétrica se forma. Os raios podem percorrer distâncias de até 5 km e podem ser denominados ascendentes, quando iniciam no solo (isso mesmo, no solo) e sobem em direção à tempestade, ou descendentes, quando iniciam na tempestade e descem em direção ao solo (ELAT/INPE, 2020). A corrente elétrica presente em um raio é da ordem de 20 mil ampères, o que equivale a 44 mil lâmpadas de 100 Watts. Já o trovão equivale ao som produzido pelo deslocamento do ar na região da atmosfera onde a corrente elétrica do raio passa. Os raios atingem e matam mais de forma indireta por meio de correntes que vêm pelo chão ou por objetos próximos. Estar embaixo ou próximo de uma árvore é um exemplo no qual muitas pessoas são atingidas indiretamente por uma descarga lateral. Um raio também pode atingir uma pessoa diretamente e causar a sua morte imediata se ela estiver, por exemplo, numa área “aberta” sendo o ponto mais alto debaixo de uma forte tempestade (ELAT/INPE, 2020).

O Brasil é líder mundial no ranking de incidência de raios e é atingido, em média, por 78 milhões de descargas atmosféricas por ano. A cada 50 mortes por raios no mundo uma é no Brasil. A cada ano, o fenômeno mata no país, aproximadamente 110 pessoas e deixa em torno de 200 feridos. Os raios podem acontecer pouco antes da chuva começar ou no estágio final da tempestade. Assim é importante buscar abrigo tão logo apareçam nuvens carregadas no céu ou som de trovão, que sinalizam o início da tempestade. O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) dá algumas dicas de boas práticas, as quais elencamos abaixo, para que uma pessoa não seja atingida por raios:

O que não fazer sob os riscos de uma tempestade na área rural:
• Colher frutas, abrigar-se ou caminhar perto de árvores;
• Ficar próximo a animais ou andar a cavalo;
• Ficar próximo a cerca de arame;
• Portar ou ficar próximo a objetos metálicos pontiagudos, como enxadas, pás e facões;
• Ficar próximo de veículos, como tratores, carros ou dentro de carroceria de caminhão;
• Abrigar-se em áreas cobertas, que protegem da chuva, mas não dos raios, como varandas, barracos e celeiros.

O que não fazer sob os riscos de uma tempestade ao ar livre:
Continuar jogando futebol ou permanecer no campo;
• Caminhar em áreas descampadas, como terreno baldio, cemitério e canteiro de obra;
• Caminhar ou ficar parado em rodovias, ruas ou estradas;
• Subir em locais altos, como telhados, terraços e montanhas;
• Ficar próximo a varal de metal, antena ou portão de ferro.

O que não fazer sob os riscos de uma tempestade em praia, rio e piscina:
• Permanecer dentro da água;
• Caminhar às margens da água na faixa de areia, calçadão, beira de rio ou piscina;
• Permanecer embaixo de guarda-sol, tendas e quiosques;
• Ficar próximo a embarcações atracadas;
• Realizar atividades de pesca navegando em embarcações ou na beira da água.

O que não fazer sob os riscos de uma tempestade dentro de casa:
• Utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas;
• Falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador;
• Tomar banho em chuveiro elétrico;
• Ficar próximo a janelas e portas metálicas;
• Ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos).

Opções mais seguras de abrigo para qualquer cenário:
• Entre em um veículo não conversível e feche as portas e vidros, evitando contato com a lataria;
• Entre em moradias ou prédios, mantendo distância das redes elétrica, telefônica e hidráulica, de portas e janelas metálicas;
• Entre em abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis.
• Se não houver abrigo seguro, afaste-se de qualquer ponto mais alto e de objetos metálicos, mantenha os pés juntos e agacha-se até a tempestade passar. Não fique deitado.

Mesmo em edificações protegidas por para-raios ainda há risco para as pessoas, pois quando um raio atinge o sistema de proteção do edifício, são induzidas correntes elétricas por toda a fiação, o que oferece risco aos seus ocupantes. Portanto, a recomendação de evitar contato com a rede elétrica e telefônica durante uma tempestade também vale para edifícios com para-raios (ELAT/INPE, 2020).

 

Guerra na Ucrânia faz Europa reavaliar seus suprimentos de energia

Crédito: Loïc Manegarium

Na dimensão energética, um dos efeitos imediatos da invasão da Ucrânia pela Rússia foi o fato de que vários governos europeus, incluindo o do Reino Unido, precisaram reavaliar os seus suprimentos de energia. Tal reavaliação já deveria ter acontecido, mas a guerra catalisou o processo.  O primeiro resultado foi uma nova determinação em alguns países de pressionar por mais geração de energia renovável e eficiência energética para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Boa parte da Europa é extremamente dependente do gás, sobretudo para uso no aquecimento domiciliar. Para as casas localizadas em regiões um pouco mais quentes, as energias renováveis são a solução mais barata e rápida. 

A Alemanha anunciou planos para aumentar a eficiência energética e as energias renováveis, mas está considerando adiar o fechamento de suas usinas nucleares existentes. O francês Emmanuel Macron pediu um “renascimento” da energia nuclear de baixo carbono para garantir o fornecimento doméstico de energia. Com o avanço da guerra na Ucrânia existe uma possibilidade de tomada de atitudes que iriam na contramão das políticas de redução dos efeitos das mudanças climáticas:  se Putin cortar o fornecimento de gás, a Europa, para reduzir a dependência em relação à Rússia, pode usar carvão ou combustíveis alternativos, como óleo, em substituição ao gás usado nas usinas elétricas. A decisão pode ser tomada por empresas do setor privado com usinas a carvão que foram recentemente fechadas ou programadas para fechar e podem ser retomadas rapidamente. Uma complicação adicional é que a Europa também depende da Rússia para o carvão, embora em intensidade menor que o gás.

Após anos de progresso bastante lento no abandono do carvão e do petróleo, se os países retomarem o uso de combustíveis fósseis por conta do impacto da guerra da Ucrânia, será um retrocesso nas tentativas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esta semana, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou para a devastação global já em andamento e deve se intensificar se as temperaturas subirem ainda mais, no que os cientistas chamaram de “o aviso mais sombrio até agora”.

 

 

Segurança das usinas de energia nuclear em meio à Guerra na Ucrânia

Usina Nuclear de ZaporizhzhiaCrédito: Energoatom

Recentemente os russos bombardearam a usina de energia nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, que é a maior da Europa. Uma das preocupações é a possibilidade de liberação de material radioativo ao estilo de Chernobyl. A usina atacada conta com seis grandes reatores de energia nuclear, portanto há uma quantidade significativa de material nuclear no local. Embora os reatores não sejam os mesmos existentes em Chernobyl e tenham sido projetados de forma bem mais segura, os mesmos não são menos vulneráveis às armas de guerra. O prédio que sofreu o ataque e o incêndio que se seguiu estava localizado em torno de 500 metros do bloco dos seis reatores. Não continha material nuclear, pois era usado apenas para fins de treinamento e administração. Nenhum aumento nos níveis de radiação foi detectado. As forças russas efetivamente assumiram o controle da usina, mas a equipe ucraniana permanece no controle dos reatores.

No momento do ataque, apenas um dos seis reatores estava operando: a unidade 4 com 60% de potência. Todas as outras unidades já estavam desligadas para manutenção ou em estado de espera por conta da baixa demanda de energia. A planta continua, portanto, a operar normalmente até certo ponto, embora nas circunstâncias mais anormais. De um modo geral, as usinas nucleares da Ucrânia continuam em risco. O desligamento de um reator nuclear não o torna suficientemente seguro. Uma vez que o combustível nuclear tenha sido colocado em um reator, ele continuará a gerar seu próprio calor por muito tempo após o desligamento. Reatores mais antigos, como os da Ucrânia, exigem medidas ativas para manter o combustível em um estado seguro. A água deve circular nas piscinas de armazenamento e no reator mesmo após o desligamento, o que significa que é necessária uma fonte de eletricidade, bem como pessoal para monitorar e gerenciar a usina. No caso da usina nuclear de Zaporizhzhia, embora a energia necessária para fazer circular essa água possa ser fornecida pela unidade 4, os operadores treinados ainda precisarão de acesso imediato ao local para garantir o fluxo de água de resfriamento retirada do rio Dnieper. Sem esse resfriamento, uma série de cenários de acidentes podem ocorrer, desde uma fusão de combustível nuclear até uma explosão do núcleo do reator.

Se a unidade 4 fosse desligada, a eletricidade necessária para viabilizar o resfriamento teria que ser trazida de fora do local. No entanto, na atual situação, a disponibilidade dessa energia externa não é garantida. Além disso, uma vez que uma usina nuclear é desligada, ela não pode ser reiniciada por vários dias. Logo, desligar a planta a tornaria dependente de uma fonte de energia potencialmente não confiável para manter as funções de segurança. Manter a unidade 4 operando em um estado de baixa potência aparentemente é a melhor opção. A Ucrânia é fortemente dependente da energia nuclear, com 15 reatores gerando cerca de metade de sua eletricidade. Todos os seus reatores atuais são do tipo VVER projetados na Rússia.

 

Série carros elétricos: os desafios na cadeia de suprimentos

Crédito: Ed Harvey

O futuro dos carros elétricos se mostra muito promissor, mas existem limitações a serem superadas, sobretudo em sua cadeia de suprimentos, com os preços dos insumos que compõem os veículos aumentando para toda a indústria automobilística. Para se ter uma ideia, em 2021, o preço do aço subiu 100%, o alumínio cerca de 70% e o cobre mais de 33%, em relação ao ano anterior, afetando carros convencionais e elétricos. Para os carros elétricos, um desafio especial foi o aumento dos preços dos materiais necessários para fabricar baterias: em 2021, o preço do carbonato de lítio aumentou 150%, do grafite 15% e do níquel 25%. Apesar do aumento destes materiais, os preços médios das baterias não aumentaram desde 2020. Três fatores explicam os preços estáveis: os preços das baterias estão em uma trajetória de declínio de longo prazo, e o progresso tecnológico contínuo ajudou a compensar os custos mais altos das matérias-primas; há um intervalo de tempo entre os picos de preços dos materiais e os aumentos dos preços das baterias, pois os custos levam tempo para percorrer a cadeia de valor e, finalmente, o uso de produtos químicos de ferrofosfato de lítio (LFP) em baterias aumentou, reduzindo o impacto de alguns dos aumentos de preços. 

Várias montadoras também enfrentaram escassez de microchips, o que restringiu a produção. A escassez de microchips é um fenômeno complexo, sobretudo para os veículos elétricos, os quais exigem cerca de duas vezes mais chips que os veículos convencionais equivalentes, principalmente devido a componentes eletrônicos de potência adicionais. Embora algumas das restrições de oferta de 2021 diminuam à medida que o mercado se reequilibre, outras podem permanecer. A cadeia de valor do veículo elétrico provou ser robusta em 2021, pois conseguiu atender à demanda acima do previsto. Mas para que os carros elétricos continuem sua atual trajetória de crescimento, as cadeias de suprimentos de baterias e a capacidade de produção terão que se expandir rapidamente. 

O crescimento adicional de carros elétricos requer não apenas uma expansão da extração de minerais-chaves, mas também de toda a sua cadeia de valor. Isso abrange processamento e refino de metal de bateria, fabricação de separadores, produção de células, montagem de baterias e, finalmente, a montagem de veículos elétricos. Cada uma dessas indústrias, algumas das quais nascentes, precisam se expandir rapidamente para evitar gargalos que retardariam a transição para a mobilidade elétrica total. Os carros elétricos estão prontos para entrar em uma nova fase, na qual o fornecimento de matérias-primas e componentes vem à tona na formulação de políticas como elementos críticos da transição para energia limpa. Pela primeira vez, os gargalos do lado da oferta estão se tornando um verdadeiro desafio para a eletrificação do transporte rodoviário e estão se somando aos desafios tradicionais do lado da demanda. A ação política deve se adaptar e fornecer ao mercado sinais claros de longo prazo para facilitar os investimentos em mais expansões do lado da oferta. 

 

Série carros elétricos: indústrias têm metas ambiciosas

Crédito: KIndel media

Se tem algo que, decididamente, tem alavancado o mercado de carros elétricos em várias partes do mundo são as políticas governamentais. O ano de 2021 refletiu esse incentivo, o qual ganhou ainda mais força em meio às metas e lançamentos de novos modelos desde segmento. Por outro lado, a expansão das vendas dos veículos elétricos se contrapôs à limitada oferta de componentes e aumentos nos preços de materiais que compõem a estrutura veicular. Ao longo de 2020 e 2021, muitos governos estabeleceram metas para eliminar gradualmente as vendas de carros com motor de combustão interna nas próximas duas décadas, assim como vários fabricantes de automóveis. Os veículos elétricos tornaram-se a tecnologia de transporte rodoviário preferida de muitos governos e da indústria automotiva. O governo dos EUA anunciou em novembro de 2021 uma meta ambiciosa de 50% de eletrificação para carros novos até 2030, apoiada pelo anúncio da instalação de 500.000 pontos de carregamento para ajudar a aumentar a confiança do consumidor. 

Na Europa, a Comissão Europeia propôs zerar o padrão de emissão de CO2 para carros novos até 2035. Ao mesmo tempo, várias montadoras anunciaram metas de eletrificação. Por exemplo, a Volkswagen disse que metade de suas vendas serão elétricas até 2030. A Ford disse que espera que entre 40% e 50% de suas vendas sejam elétricas até o final da década. Outro marco significativo em 2021 foi a declaração da Toyota, maior fabricante de automóveis do mundo, anunciando novos investimentos visando atingir vendas de carros elétricos de 3,5 milhões por ano até 2030. A adoção de carros elétricos por fabricantes de automóveis históricos provavelmente terá fortes repercussões no mercado. À medida que os fabricantes aprimoram suas estratégias de eletrificação para competir por participação de mercado, veremos mais recursos dedicados à publicidade, preços cada vez mais agressivos e ao desenvolvimento de modelos elétricos cada vez mais atraentes.

No final de 2020 e ao longo de 2021, foram lançados vários novos modelos de carros elétricos. Esses modelos se beneficiaram da crescente experiência dos fabricantes no design de veículos elétricos. Na Europa, a Volkswagen apresentou a série ID, enquanto a Stellantis apresentou novos modelos menores apenas para veículos elétricos. Nos Estados Unidos, a Ford apresentou o novo MachE, enquanto Stellantis e Toyota lançaram um novo modelo híbrido plug-in. Na China, os veículos elétricos somente produzidos por startups chinesas representaram 300.000 veículos vendidos. Mas o veículo elétrico mais vendido na China foi o Wuling Hongguang Mini EV, com pouco menos de 400.000 unidades vendidas em 2021. No geral, a introdução de novos modelos elétricos em diferentes segmentos do mercado automotivo provavelmente continuará a estimular a demanda. 

 

Série carros elétricos: o mercado global

Crédito: Mike

Quando se fala em uso de energia de forma sustentável, o segmento de carros elétricos é o que vem experimentando a mais célere expansão. No ano de 2012, em todo o mundo, foram vendidos em torno de 130.000 carros elétricos. Mesmo em um cenário pandêmico, o mercado permaneceu aquecido, alcançando números impressionantes. Em todo o mundo, nos anos de 2020 e 2021, foram vendidas 3 milhões e 6,6 milhões de unidades, respectivamente. A International Energy Agency (IEA) estima que existam cerca de 16 milhões de carros elétricos nas estradas em todo o mundo, consumindo cerca de 30 terawatts-hora (TWh) de eletricidade por ano, o equivalente aproximadamente a toda a eletricidade consumida na região Norte do Brasil em 2020

Os carros elétricos contribuíram para a redução do consumo de combustíveis não renováveis e consequentemente para a redução das emissões de CO2 na atmosfera em 2021. É verdade que parte da energia elétrica usada nestes veículos vem de fontes não renováveis, mas ainda assim o balanço é positivo do ponto de vista ambiental. Para um país como o Brasil, a geração dessa energia seria muito mais sustentável do que em qualquer outro lugar do mundo, dado o caráter renovável da nossa matriz elétrica nacional. 

A China liderou o crescimento global nos mercados de carros elétricos em 2021, com as vendas quase triplicando e atingindo 3,4 milhões de unidades. Em outras palavras, mais carros elétricos foram vendidos em 2021 apenas na China do que foram vendidos em todo o mundo em 2020.  A meta oficial do governo chinês é que os carros elétricos atinjam uma participação de mercado de 20% em 2025.  Na Europa, as vendas de carros elétricos aumentaram quase 70% em 2021 atingindo 2,3 milhões de unidades. O aumento nas vendas de veículos elétricos na Europa no ano passado foi parcialmente impulsionado por novos padrões de emissões de CO2. Os subsídios de compra para veículos elétricos também foram aumentados e expandidos na maioria dos principais mercados europeus. Os Estados Unidos, em 2021, ultrapassaram meio milhão de unidades vendidas.

Apesar do crescimento impressionante nos principais mercados, as vendas de carros elétricos não estão avançando no mesmo ritmo globalmente. Na maioria dos outros mercados, os carros elétricos representam menos de 2% das vendas totais, e em grandes economias em desenvolvimento, como Brasil, Índia e Indonésia, a participação ainda está abaixo de 1%, sem nenhum aumento significativo em relação ao ano de 2020. 

 

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