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USP estuda caso de microcefalia em só 1 gêmeo

Um casal de gêmeos nasceu em Santos, no litoral de São Paulo, mas apenas a menina foi diagnosticada com microcefalia. O bebê, que já está com três meses, está recebendo tratamento especializado em uma instituição da cidade. O caso está sendo estudado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) em uma pesquisa que foi iniciada em janeiro deste ano. Eles já fizeram a coleta da saliva das crianças para descobrir a razão de um bebê ter microcefalia e o outro não.

A dona de casa Jaqueline Jessica Silva de Oliveira, de 25 anos, descobriu que estava grávida no ano passado. Ela já é mãe de Paulo, de 9 anos, e de Gabrielly, de 4 anos. Ao fazer os primeiros exames de ultrassom, ela recebeu a notícia de que teria um casal de gêmeos, que estavam em placentas diferentes. Durante os primeiros meses de gestação, ela lembra que teve alguns sintomas de vírus da zika como dor de cabeça, manchas nos braços e mãos e coceira.

“Eu fiz o pré-natal normal. Aos sete meses, fui fazer o ultrassom de rotina e a médica viu que a cabeça não estava compatível com o abdômen da menina. Do menino estava tudo perfeito”, conta ela. A médica explicou que a filha de Jaqueline nasceria com microcefalia.

A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm, segundo o Ministério da Saúde. Isso vale apenas para crianças nascidas com nove meses de gravidez. No caso de prematuros, esses valores mudam e dependem da idade gestacional. A notícia abalou a família. “Foi um choque. A gente não sabe o que é e o que vai enfrentar lá na frente. Eu fiquei muito triste”, conta ela.

Laura e Lucas nasceram no dia 17 de novembro de 2015, no hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Apenas Laura nasceu com microcefalia. Logo após o nascimento, a mãe foi encaminhada para a Casa da Esperança, um centro de reabilitação de deficientes físicos e intelectuais. Laura tem acompanhamento semanal de neurologistas, ortopedistas, fisioterapeuta, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e a família também tem apoio psicológico.

Segundo a neurologista infantil Maria Lúcia Leal dos Santos, nos últimos meses, os casos de microcefalia têm sido acompanhados de algumas alterações ortopédicas, ou seja, há prejuízo intelectual e físico para a criança. Apesar disso, há maneiras de melhorar o quadro do bebê.

“Algumas crianças estão tendo ganhos, em termos de adquirir etapas motoras. Outras estamos trabalhando também em qualidade de vida. A criança ficar posicionada de maneira confortável, dormir melhor, comer melhor, evitar ser medicada e evitar convulsões”, explica a neurologista.

Em 2015, a Casa da Esperança atendeu quatro crianças com microcefalia. Apenas em dois meses neste ano, a instituição já recebeu nove bebês com a má formação. Segundo a neurologista, sete dos nove casos deste ano podem ter alguma ligação com o vírus da zika. “Há o histórico das mães com manchas pelo corpo e exames de imagem que são muito característicos dos que estão sendo relacionados com o vírus da zika”, explicou.

Os pesquisadores do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-tronco da USP iniciaram, em janeiro deste ano, uma pesquisa para estudar as crianças que nasceram infectadas pelo vírus da zika e entender, no caso dos gêmeos, o motivo de um ter sido afetado pela má formação e o outro não. Mais de 20 colaboradores participam da pesquisa comandada pelas geneticistas Mayana Zatz e Maria Rita Passos Bueno.

“Queremos saber o que protege a criança que nasceu normal. Precisamos entender o motivo de um ser afetado e o outro não. Vamos estudar, mas não é uma resposta que vamos ter logo. Primeiro, precisamos excluir a causa genética. Se a gente excluir, vamos focar no zika”, explicou Mayana.

Os pesquisadores irão viajar pelo Brasil nos próximos dois meses para coletar sangue e amostras de saliva dos bebês e das famílias de pelo menos cinco casos diferentes. Já está programada a ida para Recife, Salvador, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde há casos que serão estudados. Eles já estiveram em Santos para conversar com Jaqueline e coletar a saliva de Laura e Lucas. Em breve, eles devem retornar para obter mais dados e amostras de sangue dos gêmeos e da família.

Segundo Mayana, no caso dos gêmeos, várias hipóteses serão estudadas. “Ou entrou nas duas placentas mas não penetrou nas células, ou a quantidade do vírus não era suficiente para afetar duas crianças, ou o organismo daquele que não foi afetado teve alguma resistência. Conforme a pesquisa vai andando vamos abrindo novas questões”, explicou.

O resultado da pesquisa deve sair somente daqui um ano. Jaqueline, mãe de Laura, acredita que a pesquisa pode ajudar outras crianças no futuro e, por isso, resolveu colaborar com os especialistas. Jaqueline também conversa com outras mães que tiveram bebês com microcefalia para trocar experiências e leva Laurinha para receber o tratamento na Casa da Esperança duas vezes por semana, certa de que isso ajudará no desenvolvimento da filha.

“A gente dá um jeito nas outras coisas porque ela é prioridade. É bastante corrido para mim, mas tem minha mãe para ajudar. A gente fica esperançosa. Tem muita criança com microcefalia, de  quatro anos, que está andando, falando, tendo uma qualidade de vida muito boa. Então, isso deixa a gente esperançosa, de que vai dar tudo certo lá na frente”, disse Jaqueline.

Fonte: G1

Maternidade confirma que bebê com hidrocefalia foi abandonado ao nascer

Foto: Gazeta do Povo

A direção da Maternidade Dona Evangelina Rosa negou que uma mãe tenha abandonado um bebê com microcefalia na manhã desta segunda-feira (29), fato que havia sido confirmado pela imprensa nacional.

O diretor da instituição, o obstetra José Brito, confirmou o abandono de uma criança, mas não com microcefalia, e sim com hidrocefalia, que é um inchaço cerebral. "Já acionei o Conselho Tutelar e o bebê está sob os nossos cuidados. Ele foi diagnosticado com hidrocefalia, que é conhecido como 'cabeça grande', e iremos colocar uma válvula para drenar o líquido", esclareceu o gestor.

A criança está internada na ala D e realmente foi abandonado pela mãe. Hoje o bebê tem cinco meses de vida. "Não temos nenhuma mãe que abandonou o filho com microcefalia, graças a Deus", ponderou o diretor.

A maternidade Dona Evangelina Rosa tem um centro de referência em microcefalia, que acompanha tanto as mães, como as crianças que nasceram com a condição. 

Segundo o último boletim do Ministério da Saúde, divulgado no último dia 23, o Piauí tem 127 casos notificados de microcefalia, sendo que em 32 já foi confirmada a relação com o zika vírus e 81 estão em investigação. Do total, apenas 14 foram descartados quanto à relação com a zika. 

Em todo o Brasil, são 4.107 casos em investigação. Exames já confirmaram a relação com o Zika em 583 bebês com microcefalia. Em outros 950 recém-nascidos, a ligação foi descartada. 

Yala Sena e Jordana Cury
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Saúde mobiliza Correios, Eletrobras e Agespisa no combate ao Aedes

Funcionários dos Correios, Agespisa e Eletrobrás começam amanhã (01) a serem treinados por epidemiologistas e sanitaristas da Secretaria de Estado da Saúde, para ajudar na conscientização da população quanto ao combate e prevenção do Aedes aegypti, vetor das doenças dengue, Zika e Chikungunya.
 
Ao todo, 650 carteiros, 160 leituristas da Eletrobrás e 120 da Agespisa estarão aptos a intensificar o combate ao mosquito em todo o Piauí. A capacitação ocorre em dois momentos, sendo que “no primeiro momento da capacitação, abordaremos a biologia e ecologia do Aedes aegypti. No segundo, a parte de enfermagem abordando como está o comportamento epidemiológico das três doenças, as características e diferenças entre elas”, explica Antônio Carlos dos Santos, técnico de Controle Vetorial.
 
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Francisco Costa, a parceria com empresas como estas é algo fundamental, “tanto para conscientizar quanto para instruir a população, já que seus profissionais têm acesso a todos os domicílios do Estado, num trabalho incansável”, disse.
 
Outro objetivo da Secretaria, citado por Antônio Carlos dos Santos, é mobilizar uma equipe “para ficar responsável pela vigilância no combate aos focos do mosquito dentro das instituições”, disse.
 
Para o diretor regional dos Correios/PI, Fredisson Pacheco, os profissionais treinados terão a capacidade de multiplicar as informações prestadas pelo Ministério e Secretaria de Saúde do Piauí.  “Todas as parcerias que venham agregar valor ao nosso trabalho junto à sociedade é muito importante porque faz parte da nossa missão social e sobre tudo essa parceria no momento como esse que vivemos no Brasil, com a epidemia de vírus”, declarou.
 
Treinamentos
 
Correios – dia 1º de março
Horário – das 8h30 às 10h30
Local - Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) – Avenida Antonino Freire, 1407 - Centro
 
Eletrobrás – dia 2 de março
Horário - das 8h30 às 10h30
Local – Sede da Eletrobrás/PI 
 
Agespisa – dia 3 de março
Local – Sede da Agespisa

Da Redação
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Faculdade se mobiliza em ações de combate ao Aedes Aegypti

A mobilização nacional contra o vírus do Aedes aegypti, mosquito causador de doenças como  Zika, Chikungunya e Dengue, está ganhando mais um reforço neste fim de semana e início do mês de março. 

Professores, alunos e colaboradores da Faculdade Facid | DeVry, com apoio da Fundação Municipal de Saúde, estão promovendo uma série de atividades de promoção e prevenção de saúde para eliminação de focos do mosquito. O projeto foi denominado de #ZICAZERO – Todos Contra Zika Virus, Chikungunya e Dengue. 

A primeira ação ocorre neste sábado pela manhã, dia 27, na beira do Rio Parnaíba, próximo ao Iate Clube e ponte metálica. Na oportunidade, calouros da Faculdade farão uma varredura no local contra focos do mosquito e o plantio de mudas de árvores. Esta última atividade, em especial, é conhecida como Trote Ecológico e faz parte da tradicional Calourada Responsável. 

A segunda ação acontece dia 29 de fevereiro, na praça de convivência da Faculdade, nos turnos da manhã e tarde. Agentes da Fundação Municipal de Saúde, com apoio de acadêmicos de enfermagem da Facid | DeVry farão uma mobilização no local. Haverá distribuição de panfletos e orientações para eliminar focos do mosquito, divulgação dos sinais e sintomas da doença e quadro comparativo dos sintomas de dengue, chikungunya e zica e também atividades educativas e exposição do mosquito Aedes aegypti em maquetes.

No dia 1º de março, a ação preventiva vai à comunidade, na praça do Cidade Jardim, e no dia seguinte se concentrará no Centro de Atendimento e Serviços Integrados da Facid | DeVry, o Casi II, localizado no Bairro Pedra Mole. 

Segundo a integrante da comissão organizadora do evento e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Facid | DeVry, Profª Isabel Cristina, o projeto tem como principais objetivos esclarecer à população sobre as doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti e como preveni-las, reconhecê-las e tratá-las. "Vamos orientar e estimular a população a fazer a vistoria em sua casa contra focos do mosquito;  identificar principais tipos de criadouros; e eliminar focos de reprodução dos mosquitos, mediante limpeza dos setores e aplicação de cloro em ralos com apoio da vigilância e fiscalização competente", afirma.

Joseci Vale, Diretora Geral Acadêmica da Facid | DeVry, destaca que a Faculdade está engajada em mobilizar a população na luta contra o Aedes aegypti e orientar sobre práticas de combate ao mosquito. Segundo ela, gestantes cadastradas na estratégia de saúde do Cidade Jardim e atendidas no Casi II também receberão orientação de prevenção em saúde e dicas para eliminação de focos do mosquito. "É uma luta de todos nós", completa.  


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Corretores são chamados a combater Aedes vistoriando imóveis fechados

São mais de 310 mil imóveis na zona urbana de Teresina e muitos deles estão fechados. Observando esse fato, a Prefeitura de Teresina resolveu estabelecer um diálogo direto com as imobiliárias e os corretores de imóveis, para que eles entrem na luta contra o mosquito Aedes aegypt, uma vez que parte desses imóveis estão sob responsabilidade de empresas.

O prefeito Firmino Filho (PSDB) participa nesta sexta-feira (26) de um encontro com representantes de imobiliárias e corretores, proposto pela Prefeitura junto a Fundação Municipal de Saúde, para discutir a alertar sobre as formas que esses profissionais podem ajudar no combate ao Aedes. A reunião acontece na sede do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Piauí.

“Os corretores e imobiliárias têm papel fundamental nessa luta, porque grande parte dos imóveis que não são utilizados está sob a guarda de várias imobiliárias. É preciso que eles desempenhem esse papel de estar também auxiliando na limpeza do local, nas vistorias. Estamos aqui para conclamar todos os corretores para que ajudem nessa luta”, destacou o prefeito.

Firmino destacou que o encontro representa o início do estabelecimento de uma linha direta de comunicação da categoria com a Fundação Municipal de Saúde da capital, que ajude a acabar com o mosquito.

O prefeito disse ainda que, da mesma forma que está dialogando com os corretroes, tambpem está buscando o apoio de outras categorias ,como com as lideranças comunitárias e religiosas.

“A população precisa fiscalizar o próprio lixo, não deixar nada acumular. A prefeitura faz a sua parte recolhendo os resíduos pela cidade, bem como o recolhimento de móveis, mas a luta tem que ser de todos”, declarou Firmino.

Ele fortaleceu o pedido para que os moradores fiscalizem seu próprio lixo e também o ambiente público, como os terrenos baldios e as praças e lembrou que uma família de cinco pessoas produz anualmente uma tonelada de lixo e que, portanto, nada mais natural do que ela se responsabilizar pela grande quantidade de resíduos que produz.

O presidente do Creci, Manoel Nogueira Neto, disse que é um importante momento para o Conselho formalizar essa parceria com a Prefeitura. “Nós temos todo o interesse em combater o mosquito. São mais de 310 mil imóveis na zona urbana de Teresina e nós estamos vivendo um momento muito grave, dessa epidemia que está atingindo a toda população. Por isso, estamos firmando essa parceria, para fiscalizar os imóveis da nossa cidade, principalmente aqueles que estão fechados, sob a administração das imobiliárias e corretores”, disse.


 A Diretora de Vigilância em Saúde da Fundação Municipal de Saúde (FMS), a médica Amariles Borba, fez uma explicação desde o surgimento do mosquito Aedes aegypti até o início da prevenção da doença, falando sobre o que ser feito para os corretores que estão participando da reunião.

Com relação ao Zika vírus, Amariles Borba chamou a atenção para o fato de que a cada 100 pessoas que contraem a doença, 80 não apresentam os sintomas, mas mesmo assim, se o mosquito picar a pessoa enferma, ele fica contaminado podendo passar para outras pessoas.

Ela disse que todos precisam ter uma participação efetiva no combate a doença, através do combate ao mosquito que isso é um trabalho de todos e não apenas da Prefeitura.

 


Flash de Carliene Carpaso
Da Redação, Lyza Freitas
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Planos de saúde são obrigados a cobrir teste-rápido para dengue e chikungunya

Há cerca de um mês, a arquiteta Débora Félix, 33 anos, estava em Goiânia, a passeio, quando o filho Gabriel, de 1 ano, apresentou febre alta e dores no corpo. A família, que mora em Brasília, decidiu levar a criança ao hospital. No pronto-socorro da capital goiana, a pediatra solicitou o teste-rápido para dengue. A surpresa veio quando o pedido foi levado ao laboratório mais próximo: uma conta no valor de R$ 250.

“Fui informada de que meu plano não cobria o exame. Como a gente tinha que fazer de qualquer jeito, acabamos pagando. Pagamos o valor à vista, passando o cartão de débito. Meu filho estava bem ruim. Nem pensei em ligar pra questionar nada. Só queria fazer logo o teste e descobrir o que ele tinha”, contou. Já em Brasília e com o resultado negativo em mãos, Débora descobriu que o filho teve rubéola e que o plano deveria sim ter coberto o teste-rápido. “Numa próxima vez, reclamo e não pago.”

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforçou que a cobertura do teste-rápido para dengue é obrigatória, assim como a do teste-rápido para chikungunya. Desde o ano 2000, os planos de saúde são obrigados a cobrir também a sorologia para dengue (pesquisa de anticorpos) e exames complementares que auxiliam o diagnóstico, como hemograma, contagem de plaquetas, dosagem de albumina sérica e transaminases. “Caso o consumidor tenha dúvidas sobre a cobertura do seu plano ou tenha algum procedimento do rol negado, deve entrar em contato com os canais de atendimento: Disque ANS (0800 701 9656); portal da ANS (www.ans.gov.br); ou pessoalmente, em um dos 12 núcleos existentes no país. Se a operadora persistir, está sujeita a multa de R$ 80 mil”, informa a agência reguladora, por meio de nota.

Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, explicou que cobranças indevidas como a que foi feita à arquiteta não são raras no país, mas que o beneficiário precisa fazer valer seu direito. “O teste-rápido para dengue é de cobertura obrigatória. Demorou dois anos para que ele fosse incorporado, e as empresas que estão negando cobertura precisam ser denunciadas.”

A orientação é que o consumidor denuncie e, preferencialmente, evite pagar o valor que está sendo cobrado. Quem passar por esse tipo de situação pode acessar o site da Proteste (www.proteste.org.br) ou telefonar para o 0800 201 3906. Há também aplicativos para registro de reclamações e denúncias. "Isso tudo é importante para que se monitore cada caso e para que essas empresas sejam punidas", destaca a coordenadora.

Novas inclusões

A ANS disse que está acompanhando as diretrizes do Ministério da Saúde para prevenção e combate ao vírus Zika e que vai adotar todas as medidas necessárias para o enfrentamento da epidemia – inclusive no que diz respeito à revisão do rol de procedimentos para uma possível nova inclusão. “Esse processo é realizado a cada dois anos e atende a critérios baseados na literatura científica mundial. Todavia, destacamos que a existência de dados epidemiológicos é um dos critérios utilizados para a incorporação tecnológica.”

Produção de machos estéreis do Aedes aegypti deve começar em setembro

Em meio ao cenário de epidemia do vírus Zika na América Latina e no Caribe, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) anunciou esta semana que vai transferir ao Brasil a tecnologia necessária para esterilizar machos do mosquito Aedes aegypti em uma tentativa de controle populacional do vetor na região.

O equipamento será enviado para a biofábrica Moscamed Brasil, localizada na cidade de Juazeiro, região norte da Bahia. A instituição foi escolhida pela própria agência de energia nuclear das Nações Unidas e será a primeira biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios-x para esterilização de insetos e controle biológico de pragas.

Em entrevista à Agência Brasil, o doutor em radioentomologia pelo Centro de Energia Nuclear Aplicada à Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) e diretor-presidente da Moscamed, Jair Virgínio, explicou que a chegada de um irradiador gama de cobalto-60 vai permitir à biofábrica a produção de até 12 milhões de machos estéreis do Aedes aegypti por semana.

Uma vez superados os procedimentos de desembaraço para a entrada do aparelho no país, sobretudo no que diz respeito às normas técnicas para equipamentos nucleares, a expectativa é que a produção em larga escala de machos estéreis seja iniciada até setembro. Já a liberação dos mosquitos está prevista para começar até o final do ano – inicialmente, em municípios com até 30 mil habitantes.

Segundo ele, a técnica a ser usada se assemelha a uma espécie de controle de natalidade do mosquito.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o especialista:

Agência Brasil: O Brasil tem o conhecimento necessário para utilizar esse tipo de tecnologia?
Jair Virgínio: Na biofábrica de Juazeiro, já temos um aparelho irradiador de raios-x que também foi doação da Agência Internacional de Energia Atômica. O processo com o irradiador gama de cobalto-60 é o mesmo. O que muda é a escala de produção, já que o irradiador de raio-x é um equipamento menor, sem capacidade para a produção necessária no combate à população de Aedes aegypti. Desde 2005, utilizamos a técnica de esterilização de insetos para controle de praga, sobretudo em moscas-das-frutas.

Agência Brasil: Como será feita a liberação dos machos estéreis do Aedes?
Jair Virgínio: O processo de soltura desses mosquitos ainda está sendo discutido. Há a possibilidade de fazermos a liberação em ambiente de forma terrestre e também de forma aérea. A primeira consiste na simples abertura de recipientes que contenham os insetos. Imagine da seguinte forma: dentro de um carro, o responsável vai abrindo uma espécie de Tupperware e liberando o mosquito, já adulto e estéril. A segunda estratégia consiste na utilização de helicópteros e drones para auxiliar na soltura.

Agência Brasil: Uma vez soltos, como esses machos estéreis interferem no ambiente?
Jair Virgínio: A liberação desses mosquitos é semanal, sendo que, a cada sete dias, liberamos exatamente a mesma quantidade. Vamos usar como exemplo a proporção de dez machos estéreis para cada macho selvagem. Estamos promovendo uma concorrência desleal, fazendo com que a probabilidade de cruzamento com um macho estéril seja dez vezes maior que com um macho selvagem. Na semana seguinte, a mesma quantidade de insetos é liberada. A concorrência, agora, será de 20 para um. Desta forma, a possibilidade de acasalamento entre um macho selvagem e uma fêmea selvagem vai diminuindo em escala exponencial. Em cinco gerações, não havendo novas infestações, atingiríamos zero população selvagem naquela localidade.

Agência Brasil: O macho, mesmo estéril, não representa perigo à população?
Jair Virgínio: É sempre bom lembrar que o macho não pica as pessoas. Ele se alimenta de substâncias açucaradas, como néctar e seiva. É a fêmea quem precisa de sangue para maturar os ovos e colocá-los. E a fêmea do Aedes copula uma única vez na vida. A técnica que vamos utilizar se assemelha a uma espécie de controle de natalidade do mosquito. Funciona assim: vamos produzir, em laboratório, machos estéreis. Em seguida, vamos liberar esses insetos, que vão procurar fêmeas selvagens para acasalar. Os ovos que resultam dessa cópula, entretanto, não conseguem eclodir e se tornam inviáveis. Eles não chegam sequer a virar larvas.

Agência Brasil: Como será feita a seleção de municípios que vão receber esses machos estéreis?
Jair Virgínio: Esse processo ainda está em discussão. O Ministério da Saúde deve definir prioridades, levando em consideração características como população, relevo e disponibilidade de recursos. Bahia e Pernambuco, por exemplo, já fizeram um levantamento de cidades com surto de dengue, Zika e febre chikungunya. A ideia é trabalhar com municípios de até 30 mil habitantes para que a gente tenha maior controle e monitoramento. O processo é mais complexo em grandes áreas. À medida que conseguirmos sucesso, vamos avançando para cidades maiores.

Agência Brasil: Uma única biofábrica dará conta de conter a infestação de Aedes no Brasil?
Jair Virgínio: Não. Precisaríamos de muitas outras biofábricas para atender todo o país. Mas vale lembrar que estamos falando de tecnologias inovadoras e que precisam ser colocadas em escala para serem melhor analisadas. Algumas cidades, por questões de relevo, tamanho e condição demográfica, por exemplo, não teriam êxito com esse tipo de técnica. É preciso checar onde os machos estéreis devem ser liberados e onde eles não devem ser liberados. Só quem vai dizer isso para a gente é a experiência com esse programa.


Fonte: Agência Brasil

Vacina da dengue em 2018 e da zika em 2019, prevê ministro

A expectativa do Ministério da Saúde é que a vacina para os quatro sorotipos da dengue exista em dois anos e a vacina para a zika exista em três. A informação foi passada pelo próprio ministro Marcelo Castro, que acompanhou, nesta quarta-feira (24), a visita da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, ao Recife.

Marcelo Castro e a presidente Dilma Rousseff foram a São Paulo, na última segunda-feira (22), para assinar um contrato com o Instituto Butantan para o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue. Estão previstos investimentos iniciais de R$ 100 milhões para o desenvolvimento de estudos nos próximos dois anos. Atualmente, a vacina do Instituto Butantan está no ensaio clínico da fase 3. “Estamos bastante confiantes que será uma vacina muito qualificada, de grande repercussão nacional e internacional”, comenta Castro.

O Butantan também está desenvolvendo uma vacina em parceria com o Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em Inglês). Já o Instituto Evandro Chagas, do Pará, também está trabalhando numa vacina contra zika em parceria com a Universidade do Texas Medical Branch. “Todos os cientistas, tanto brasileiros como americanos, são bastante otimistas que poderão desenvolver uma vacina da zika num período inferior a um ano”, explica o ministro. A vacina precisará passar por estudos clínicos, por isso a previsão é que ela só seja utilizada em três anos.

Pré-natal deve ser melhor acompanhado com proliferação do mosquito

No dia em que a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margareth Chan, esteve no Nordeste para acompanhar de perto ações de combate às doenças causadas pelo Aedes aegypti e no tratamento de microcefalia, o diretor da Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde (DUVAS) da Secretaria de Estado da Saúde, Herlon Guimarães, solicitou que as grávidas sejam mais exigentes no pré-natal.

“Os estudos revelam que nos primeiros três meses de vida as chances de a mãe ser acometida com alguma infecção e o bebê ter seu desenvolvimento prejudicado são maiores. É exatamente neste período que tem que ser mais criterioso e façam pré-natal de forma correta”, afirmou. 

Ele destaca que ideal é que a partir da 20ª semana de gravidez, a gestante faça uma ultrassom por mês, fazendo a ultrassom morfológica que pode dá um parâmetro. No entanto este exame não é ofertado no serviço público. “O diagnóstico de microcefalia é incerto, sendo confirmado apenas após o nascimento. Mas depende de cada organismo”, afirmou. 

Diretora da OMS diz que zika é mistério

Margareth Chan disse que estava em Pernambuco para aprender sobre o problema. "É preciso aprofundar o estudo da relação da zika com a microcefalia. A zika é mistério. Ainda estamos tentando obter respostas. Precisamos comparar padrões. O Brasil tem pessoas competentes. Não tenho medo do mosquito. O trabalho tem sido excelente. Não é fácil. Faço um apelo à mídia: vamos trabalhar juntos", declarou.

Foto: Aldo Carneiro/ Pernambuco Press

A diretora também fez uma apresentação com tradução. Ela falou da importância da transparência de dados no Brasil e afirmou que o governo agiu com coragem. "Não é fácil combater o problema, mas a gente pode. A cada dois anos há um ciclo de doenças ligadas ao mosquito. Vamos contar com a população e reduzir a população do Aedes aegypti. Se o Brasil se mobilizar, irá causar uma mobilização nos outros países da América Latina", ponderou.

A sanitarista ainda mandou mensagem para as mães com recém-nascidos vítimas da microcefalia. "Temos que pensar nas famílias. Vamos enfrentar este drama por muitos anos. Temos que entender como ajudar essas pessoas", encerrou. Integrante da comitiva da diretora da OMS, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, ressaltou a expectativa de que as vacinas desenvolvidas no Brasil fiquem prontas o mais breve possível. A estimativa é de que em três anos a do vírus da zika fique pronta e em dois a da dengue.

Castro destacou que é preciso engajamento de todos. "Há cidades que acabaram com o mosquito com uma ação conjunta entre governo e a população. Jaguaribe, no Ceará, é um exemplo. Se lá conseguiram, os outros municípios também podem", salientou.


Caroline Oliveira
Com informações do G1
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Número de casos confirmados de microcefalia associada ao Zika chega a 32 no Piauí

Foto: Gazeta do Povo

Novo boletim divulgado nesta terça-feira (23) pelo Ministério da Saúde registrou o aumento do número de casos confirmados de microcefalia associados ao vírus Zika no Piauí. Agora são 32 casos, dois a mais que em relação ao relatório da semana passada. 

O número de casos notificados no Piauí chegou a 127. Desses, 81 ainda estão sob investigação e outros 14 já foram descartados. Os dados são referentes a notificações feitas de 22 de outubro de 2015 até o dia 20 de fevereiro de 2016. 

Em todo o Brasil, são 4.107 casos em investigação. Exames já confirmaram a relação com o Zika em 583 bebês com microcefalia. Em outros 950 recém-nascidos, a ligação foi descartada. 

O Ministério da Saúde trata os casos confirmados como microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita. Os casos descartados são de exames normais ou microcefalia provocada por causas não infecciosas. 

Além disso, o Ministério frisa que outros agentes infecciosos além do Zika, podem provocar a microcefalia, como Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.

Assim como o Piauí, já tiveram casos confirmados os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Apenas Amapá e Amazonas continuam sem qualquer notificação. 

Fábio Lima
[email protected]

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