Cidadeverde.com

Cajueiro-Rei: cada vez mais próximo do Guinness

Que o nosso cajueiro-rei, em Cajueiro da Praia (PI) é maior do mundo, todo piauiense já sabe. Mas o mundo precisa saber, e as pessoas precisam vir ver de perto a exuberância deste maravilhoso bem que temos no litoral do Piauí.

Em dezembro passado estivemos, a convite da Prefeitura de Cajueiro da Praia, na solenidade que marcou o início dos trabalhos de medição para o Guinness. Eu até publiquei aqui a informação (veja) que repercutiu em vários órgãos de imprensa.

Agora, com a entrada de novos pesquisadores, o processo de medição oficial está concluído, e o Guinness está recebendo as informações necessárias para o registro ocorrer de fato. Além do trabalho que tive a honra de participar com o Dr. Fabrício Amaral e o Prof. Caio Soares, além de outros valorosos colegas, juntaram-se a nós os Professores Dr. Adeodato Ari e o Dr. Milcíades Gadelha, dois grandes próceres, aposentados da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e professores do IFPI, Daniel Veras, Adriano D’Carlos e Ronildo Brandão.

O processo já está correndo e, de acordo com Thiago Soares, secretário municipal de Turismo de Cajueiro da Praia (PI), já existem recursos alocados para construção de uma estrutura de recepção de turistas ao Cajueiro-Rei. Um mirante foi projetado para que o turista possa ter uma ideia das dimensões do Cajueiro e a paisagem na qual ele se insere.

Continuamos na torcida!!!

Até o próximo post...

Os novos botões de Putin

A guerra entre Rússia e Ucrânia ganha, dia após dia, contornos de uma estupidez sem limites como já pontuamos aqui. Há neste conflito um componente preocupante que é ter na gestão do Novo Império Russo um czar preparado pela KGB para ser um homem sem escrúpulos, sem sentimentos e com uma sanha incrível de reunir novamente as repúblicas soviéticas numa nova União Soviética, só que desta vez capitalista.

O conflito vai mostrando uma nova forma de guerrear visto que o Ocidente bloqueou a movimentação de recursos dos bancos russos e a sociedade ficou impedida de ter acesso ao básico e aos luxos típicos do Capitalismo como a saída das redes de fastfood, a suspensão de venda de cervejas importadas e até a retirada de bens de luxo como carros da Ferrari, agora indisponíveis para os cidadãos russos providos de riquezas usufruírem. Por outro lado, a Rússia detém fatia considerável do petróleo vendido ao mundo e muitos países que formam a União Europeia dependem visceralmente do gás natural russo.

Como retaliação, é muito provável que Putin interfira no fornecimento de gás para países para os quais fornece. Isso vai afetar a indústria e o dia a dia de muitos cidadãos que usam o gás para aquecer suas residências no período de inverno. Lembrei de um fato histórico inusitado.

No começo do século XIX, quando Napoleão invadiu a Rússia, com um exército bem mais equipado que o Exército Russo, as estratégias dos comandantes russos foram o bastante para expulsar o exército mais temido do século, comandado pelo Imperador francês Napoleão Bonaparte. Eles contavam que as roupas (casacos, sobretudos, jaquetas) dos soldados franceses tinham botões feitos de estanho. O estanho é um metal friável que nas baixas temperaturas se transforma em pó. Com as fardas sem botões e espremidos nos campos gélidos da Rússia, o exército de Napoleão teve que recuar do avanço que fazia sobre o então império russo. Os russos venceram pela associação entre o frio e um recurso estratégico que nenhum militar jamais imaginara: os botões das fardas.

A história vai nos reservando um novo capítulo desta epopeia chamada humanidade. Vamos torcer para uma solução saudável para o conflito que já vem tirando a paz de muita gente inocente. Que a guerra cesse com o aparecimento de um novo bom e simples motivo, tal qual um botão.

Boa semana para todos (as).

 

 

 

O que sobrou de nós?

Dois anos de pandemia

A pandemia de COVID-19 deixou muitas lições, sendo que a maioria delas não poderão ser esquecidas por esta geração que viveu intensamente o medo, as restrições e as consequências do momento. O medo do desconhecido, as restrições impostas aos diferentes setores e as consequências a curto, médio e longo prazos povoaram a realidade de boa parte das pessoas, especialmente os ávidos por informações. Outro aspecto inesquecível foi a quantidade de pessoas que revelaram sua verdadeira face com a politização da pandemia. A quantidade imensa de profissionais reconhecidos como bons profissionais que mostraram seus reais posicionamentos anticiência e antivacina, principalmente. Nomes dos quais não se restava a menor dúvida de que eram respeitados entre seus pares e que mostraram sua face real, confundindo pacientes e a sociedade em geral.

Eu jamais vou esquecer da semana do dia 16 de março de 2020. Nesta segunda-feira atípica, o Brasil inteiro fechou com o estabelecimento de regras novas. O fechamento da indústria, do comércio e do setor de serviços. O pavor criado pelos órgãos de imprensa que anunciavam sobre uma doença desconhecida e altamente infecciosa que havia surgido na China e simplesmente afogava o paciente, foi apavorando a população. O medo do desconhecido aliado à boataria, às teorias das conspirações e às Fake News foram tomando de conta das pessoas mais atentas e preocupadas com o desenrolar dos fatos. Na época eu estava na Presidência do Conselho Estadual de Educação do Piauí e o segmento da educação foi um dos primeiros a parar e a ficar praticamente sem perspectivas.

Com a obrigação de buscar meios para tentar amenizar o impacto sobre a educação das crianças, principalmente, procurei pesquisar o que estava acontecendo em vários países do mundo e em outros estados brasileiros. Montamos um grupo de conselheiros que se dispuseram a trabalhar mais fortemente e para rascunhar normas que tornassem válidos os estudos feitos de modo remoto, utilizando as vias que fossem possíveis para compensar a falta do presencial. Foram dias intensos, de muita troca de informações com os presidentes de outros conselhos estaduais e com muitas noites insones. Pesava sobre nós a responsabilidade de gerar caminhos para que a educação não fosse tão prejudicada.

O trabalho resultou em uma nota técnica inicial, orientativa, e logo em seguida as minutas de duas Resoluções. A segunda Resolução, que norteou o calendário escolar, diante das perspectivas do ensino remoto ou híbrido, fez do Piauí o segundo ou terceiro estado brasileiro a regulamentar a matéria. Nossa preocupação em regulamentar, em não deixar crianças e jovens desamparados nos fez de exemplo para os demais conselhos do país. Não sei se o que fizemos foi o melhor, mas sou consciente de que era o que verdadeiramente estava ao nosso alcance.

Passados dois anos, sei dizer que a pandemia nos deixou de legado muitos aprendizados. Continuo achando que os principais prejudicados foram os estudantes. Até hoje as instituições não retornaram às atividades normais. Nas universidades (pelo menos nas do Piauí), o ensino continua sendo remoto e o prejuízo por enquanto é imensurável. No primeiro ano, no qual minha instituição permaneceu sem funcionar, inclusive sem oferta de ensino remoto, as atividades de ensino e extensão pararam, praticamente. Um ou outro professor seguiu com suas pesquisas. Da minha parte fiz uma troca de atividades: usei meu tempo para publicar as pesquisas que estavam em andamento. Estabeleci muitas parcerias, mas tive o prejuízo de não participar de uma missão internacional que está prevista para este ano, se a pandemia deixar. Foi o ano mais produtivo da minha carreira acadêmica. Nunca publiquei tantos artigos e capítulos de livro. O Ciência Viva nunca foi tão lido: tive posts que passaram de 100 mil acessos! Um período muito louco e que jamais esperaria viver.

Passados dois anos entendo da preocupação de todos com a doença: a pandemia não acabou. Acabou a disposição de algumas pessoas seguirem regras e não acabou a sanha de tirar proveito político da situação: situação e oposição fazem isso sem o menor pudor. Passados dois anos, a educação superior pública do meu Estado ainda não retornou às atividades presenciais. A educação básica também está à deriva. Nunca vou esquecer aquele período em que buscamos regularizar a situação da educação no Estado até que as coisas normalizassem. Aguardávamos por uma vacina ou um medicamento. A vacina veio e provou que tem uma boa eficiência. Depois de idas e vindas de políticos negacionistas, o país tem conseguido, brilhantemente, diga-se de passagem, vacinar uma média de 1,2 milhões de pessoas/dia. Já passamos de 80% de imunizados, o que explica, nesta quarta onda, termos hospitais cheios e, proporcionalmente, poucos óbitos. Importante lembrar: 80% dos internados são pessoas que não completaram o esquema vacinal.

A pandemia não acabou. A COVID-19 está virando uma gripe, parecida com as que conhecíamos até aqui. Não é uma “gripezinha”. Matou muita gente. De todas as idades. Quebrou muita gente. De todos os setores. Expôs o pior lado de muita gente. Em todas as famílias. Ensinou muitas lições, mas muitos ainda não conseguiram assimilar muita coisa. Triste isso...

Desculpem pelo texto grande. Estou fazendo apenas um registro de como vi o problema. Perdi algumas pessoas queridas, de quem não pude me despedir. Ninguém do meu ciclo familiar estrito. Estamos sobrevivendo. Há dois meses tive COVID-19. Foi como uma “gripezona”. Já tive até piores. Tive medo. Passou um filme na minha cabeça. Fiquei com algumas sequelas, mas sobrevivi.

Vamos em frente!

Uma boa semana para todos e todas.

 

Com os pés acorrentados

Há alguns dias a sociedade ficou estarrecida com uma cena grotesca para os dias atuais. Uma menina de 11 anos, com autismo, acorrentada pelos tornozelos pela própria mãe numa cidade do interior do Piauí. A denúncia anônima feita para polícia, numa cidade com pequeno efetivo policial, que encaminhou a demanda para o comando mais próximo, que atestou a situação e resgatou a criança e prendeu a mãe. Na audiência de custódia, o juiz liberou a mãe e responsabilizou o sistema de assistência social do município e do Estado, chamando-os à responsabilidade pela situação. Fez correto o juiz?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um quadro bastante complexo, por vezes de diagnóstico igualmente complexo e de muita dificuldade de aceitação por parte dos pais. Não são muitos os pais que encaram isso como mais um desafio. O mais comum é tentar não enfrentar “de frente” como se diz. É desafiador cuidar e conduzir uma criança com autismo até que se torne um adulto. É desafiador incutir na mentalidade da maioria que a criança com TEA possui dificuldades, mas quando direcionada e educada de modo apropriado pode levar uma vida tranquila, sem maiores percalços. É um desafio grande estabelecer rotinas nas escolas para atendimento das crianças com necessidades especiais, notadamente quadros de autismo e suas variações.

Durante minha passagem no Conselho Estadual de Educação do Piauí tivemos grandes discussões sobre o assunto. As Professoras Margareth Santos e Viviane Farias foram duas conselheiras que nos parametrizavam sobre as questões legais que envolviam o estabelecimento de direitos das crianças com estes quadros. Foram longas discussões que terminaram sensibilizando todo o CEE-PI sobre o assunto. Fizemos até uma histórica Audiência Pública para definir parâmetros que balizassem o atendimento a estudantes com deficiência, incluindo os quadros de TEA. Tudo isso para evidenciar uma orientação tácita de estabelecimento de direitos para estas crianças e seus pais.

No caso da criança acorrentada observam-se várias vítimas: a criança em primeiro lugar, a mãe que sem o conhecimento mínimo sobre o assunto achou uma solução desastrosa. O julgador encontrou corretamente o “culpado”: os desvalidos têm que ser acolhidos pelo Poder Público. Cabe ao Estado / Município cuidar de seus cidadãos e cidadãs. Precisam provê o necessário. Não se trata de uma situação simples, mas à mãe sozinha coube o que parecia mais óbvio, ainda que numa situação absolutamente desumana. O acolhimento da criança e sua família é necessário, para conferir-lhes cidadania e acesso a condições melhores. Crianças com autismo nascem em famílias com todo tipo de condição social e econômica. Nem sempre ter condições financeiras implica em se fazer o adequado, mas para quem sequer alcançou a condição mínima de perceber sobre o assunto a situação parece ser bem pior.

No Piauí, o Ministério Público também se mostra bem atuante com relação à manutenção destes direitos. Tem muita gente tentando ajudar, mas ajuda mais se as redes de educação investirem em formação e alternativas para inserção destas crianças. Ajudaria na inclusão, e prepararia melhor a sociedade para esta convivência.

Boa semana para todos (as).

 

As armadilhas do poder

Trabalhos acadêmicos em geral ficam com sua leitura restrita aos acadêmicos. Muito provavelmente pelo fato de não conterem temas fictícios que atrairiam pessoas comuns ou porque não há o vislumbre, por parte dos editores de que, mesmo sendo fruto de trabalhos acadêmicos, podem render aos leitores o prazer de conhecer um pouco sobre aquele tema, especialmente quando o tema diz muito da nossa história.

Sim, pesquisas em História podem render boas leituras. Ali, no texto acadêmico, pode conter tramas que seriam comuns na ficção, mas que podem perfeitamente ter acontecido na realidade e personagens históricos de verdade, em carne e osso como se diz, podem ter passado por situações que os fazem humanos e reais, e mesmo assim, constituem boas histórias, dependendo muito mais de quem as narra do que propriamente da história em si.

Quem é de Teresina sabe que temos uma grande avenida, em posição perimetral, que corta a cidade passando de norte a sul, meio enviesada e que separa muitos bairros chamada Av. Miguel Rosa. Mas será que os piauienses sabem quem foi Miguel Rosa?

Numa consulta rápida à Wikipedia poucas informações surgem. Diz assim: Miguel de Paiva Rosa, nasceu dia tal e faleceu dia tal. Político brasileiro que governou o Piauí de 1912-1916. Foi antecedido por Antonino Freire e sucedido por Eurípides de Aguiar e Fim. Pouco se sabe sobre este político que governou o Piauí em um dos períodos de crise econômica mais graves no Brasil e enfrentou uma das maiores secas que assolou o Nordeste Brasileiro em 1915, além de estarmos vivendo o período da Primeira Guerra Mundial. Mas este ano Miguel Rosa e o período em que governou o Piauí saíram, literalmente do anonimato. Com informações de origem acadêmica, chega nas melhores livrarias do país o título “As armadilhas do poder”, escrito pelo Prof. Adail Monteiro Brandão.

Capa do livro "As Armadilhas do Poder". Fonte: Editora Cancioneiro.

A obra nasceu a partir da pesquisa do trabalho de conclusão de curso da Licenciatura em História do Prof. Adail Brandão, um dos melhores professores de História com quem tive o prazer de trabalhar nas duas escolas que foram minhas bases de desenvolvimento do magistério: Instituto Dom Barreto e Colégio das Irmãs. A pesquisa do Adail, coordenada pela Professora Doutora Teresinha Queiroz, coroou o seu curso de História e agora chega ao grande público na forma de livro publicado pela Editora Cancioneiro. Numa linguagem fácil e direta, é possível compreender as conquistas para o Piauí da gestão tocada por Miguel Rosa, candidato eleito sob os auspícios do Governador Antonino Freire e depois toda a trama que o sufocou  sob o ponto de vista político.

“As armadilhas do poder” chega aos leitores em um formato primoroso, com muitas ilustrações da época. A obra teve a ajuda financeira de Arthur Rosa Cunha, sobrinho-trineto de Miguel Rosa, nosso (meu e de Adail) antigo aluno, nos tempos de IDB.

Vale a pena ler e adquirir a obra [para aquisição basta entrar em contato com a Editora Cancioneiro: [email protected]]

Boa semana para todos (as).

Estupidez

Esta semana o mundo inteiro acordou com a péssima notícia que a Rússia havia invadido a Ucrânia, atacando a partir de várias regiões (não só pelas regiões da fronteira com a própria Rússia). Mas o que leva um soberano, com Wladimir Putin, passar semanas se movimentando em torno de um ataque, e sempre que perguntado, responder de pronto que não se previa uma guerra e de repente inicia a guerra? A melhor resposta para isso é: Estupidez.

A situação lá não é muito fácil. Até a década de 1990 Rússia e Ucrânia e mais uns 20 países faziam parte da antiga União Soviética. Para quem não é dessa época, este monte de países era uma nação só regida pelo regime comunista. A partir de 1991 houve a dissolução da União Soviética e vários países surgiram, demonstrando a pluralidade social de uma região continental, como era de se esperar. Com a ascensão de Wladimir Putin como primeiro-ministro e depois com suas manobras que permitiram que ele possa passar até quase 40 anos no poder, a situação do cidadão médio comum russo melhorou bastante, fazendo com que boa parte da sociedade lá o ache um bom governante. Com muito poder nas mãos (uma aceitação superior a 80%), Putin passou a pensar em se proteger da eterna Guerra Fria com o Ocidente que, na verdade, nunca deixou de existir. Acuado pela debandada de muitas nações que pertenciam a federação russa para formar bloco com países europeus, como no caso da Estônia, Letônia e Lituânia, acendeu no Governo Putin o “medo” de uma debandada ucraniana, no mesmo sentido. A confusão toda gira em torno da adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que os russos não aceitam, porque aí passariam a ficar cercados, por todos os lados, com países membros da Organização.

E como fica a ciência com a guerra entre nações-irmãs?

Na antiga União Soviética, as ações de ciência e tecnologia eram acompanhadas de perto pelo Governo. Inclusive, lá pela década de 1950 a corrida espacial fazia com que cientistas de diferentes regiões se concentrassem em estudos que permitiram manda para o espaço a cadela Laika e depois o Astronauta Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a orbitar em torno da Terra. Após a separação política, cientistas de diferentes nações da Federação russa continuaram a se relacionar e até a trabalhar em conjunto. Esta semana, depois dos primeiros bombardeios, o pesquisador russo da área de genômica, Mikhail Gelfand e sua esposa, lideraram o lançamento de uma carta que repudia a ação de invadir a Ucrânia. A carta já conta com 370 assinaturas e foi publicada no site independente TrV-Nauka, que publica notícias sobre ciência. A preocupação do pesquisador vai além da segurança da população ucraniana. Para ele, o ato de entrar em uma guerra sem sentido, em pleno século XXI, pode transformar a Rússia em um pária mundial, isolando parcerias entre pesquisadores.

Acho que a diplomacia pode reverter a situação. Não tenho autoridade para falar da geopolítica que move a situações como estas. Assim como também não consegui compreender o aumento dos combustíveis em mais de 60 centavos o litro da gasolina em Teresina em menos de 12 horas do início da Guerra, e muito menos o aumento dado no Etanol que se extrai da cana-de-açúcar, que até onde sei não vem da Rússia e nem da Ucrânia. Mas alguém deve saber responder sobre isso.

Que esta guerra sucumba o mais rápido possível. Autoridades ucranianas já demonstraram que a Usina de Tchernobyl, instalação abandonada em razão do maior acidente nuclear já ocorrido na história aumentou suas taxas de radiação. Esta é uma estupidez mesmo desmedida.

Boa semana para todos (as).

“É bom demais para ser verdade”

A ciência por trás do combate ao crime

“Para ladrão não tem cerca” já diz o ditado popular. É muito difícil combater o crime e na atualidade existem dezenas de “portas” que geram oportunidades para pessoas com má intenção passarem pessoas de bem para trás. Dentre as portas mais convidativas estão as de cunho tecnológico, uma vez que boa parte da população ainda está engatinhando no domínio dos atributos da modernidade e ficam facilmente suscetíveis à ação de pessoas inescrupulosas.

Outro dia vi nas redes sociais de um amigo boas ofertas de móveis e eletrodomésticos por preços tentadores. Falei com ele pelo Direct do Instagram e disse: “tá desfazendo a casa?”. Ele prontamente me respondeu: “não amigo”. Nossa amizade tem mais de 20 anos. Fui seu professor e hoje ele é meu médico. E todas as vezes que falo com ele, independente do canal, ele me responde: “e aí prof.?”. Desconfiei de pronto. Aí resolvi falar com ele pelo Whatsapp e fiquei sabendo que a conta dele do Instagram tinha sido raptada. Ele me narrou a epopeia que foi para recuperar, para avisar a todos de que se tratava de um golpe e muitos dos seus amigos e contatos, inadvertidamente, seguiram depositando valores na conta do larápio. Estes golpes são muito mais comuns do que imaginamos e ocorrem por diferentes canais. São crimes inteligentes, mas, assim como todo crime, não são perfeitos.

Capa do e-book.

Foi publicado recentemente o e-book “É bom demais para ser verdade?” de autoria dos policiais Alesandro Gonçalves Barreto e Natália Siqueira da Silva. O e-book chegou para mim através de amigos que estavam divulgando um guia de como evitar e o que fazer caso a situação de crime cibernético ocorra com você. A obra descreve dez tipos de crimes diferentes e suas respectivas variações em situações usando aplicativos como Whatsapp, Instagram, usando fraudes bancárias como emissão de boletos, criptomoedas, golpes por e-mail e outras estratégias usadas pelos criminosos. O e-book é muito didático porque nomina a situação, o objetivo, o modus operandi (detalhamento de como ocorre), a forma de como se proteger e o que fazer, caso tenha caído no golpe. Trata-se de uma leitura indispensável e elaborada com o rigor de quem pesquisa sobre o assunto.

Delegado Alesandro Barreto. Fonte: Linkedin.

Os autores, Alesandro Barreto e Natália Siqueira, são policiais de carreira. O Delegado Alesandro Barreto pertence aos quadros da Secretária de Segurança Pública do Piauí e é um estudioso da área, com várias publicações sobre o tema. Atualmente o Delegado Alesandro Barreto está mobilizado na Secretaria de Operações Integradas do Ministério de Justiça e Segurança Pública,onde coordena o Laboratório de Operações Cibernéticas, de acordo com informações que colhi junto à sua conta na rede Linkedin. O e-book é prefaciado e apresentado por policiais renomados na área de segurança cibernética.

Muito bom saber que inteligências do Piauí estão a serviço do país no combate à criminalidade.

Boa semana para todos (as) e até o próximo post...

COVID-19: será que a educação já pode voltar?

Não restam dúvidas de que a COVID-19 foi, até aqui, a pior de todas as pragas do Século XXI. Ceifou vidas, arrasou famílias, arrasou economias, proporcionou a ascensão de políticos de qualidade duvidosa, alargou a distância entre conhecimento e a ignorância, expôs para o mundo o quanto a humanidade precisa evoluir enquanto espécie, dentre outras mazelas que ainda vão reverberar por muito tempo. Dentre as coisas que vão durar muito tempo está o prejuízo dado para a geração de estudantes destes últimos dois anos.

A educação foi a grande prejudicada a longo prazo. E este prejuízo é inversamente proporcional a idade: quanto menor a idade do estudante, maior o seu prejuízo à medida que o tempo passa. Se formos pensar as situações particulares percebemos o quão prejudicial para os estudantes foi o necessário recuo na oferta de aulas presenciais, até que se entendesse melhor a extensão do problema da pandemia e, principalmente, os meios para preveni-la e combatê-la. Até entender toda a dinâmica da doença e aprendermos a filtrar o que nos chega de informações verdadeiras e falsas sobre a dimensão do problema que tínhamos a enfrentar, o tempo foi passando e prejudicando principalmente os que estavam chegando ao ambiente escolar pela primeira vez.

As famílias tiveram que se adaptar a novas rotinas e os mais pobres ficaram praticamente sem alternativas, inclusive para manter a família alimentada, já que a merenda escolar é a primeira refeição de muitos estudantes carentes no país. Mas como resolver a questão? Os órgãos responsáveis pelo olhar legal sobre a situação foram rápidos em estabelecer normativas que regulamentassem a questão. As escolas privadas também foram rápidas em proporcionar meios para que seus estudantes não ficassem descobertos. Mas o setor público até hoje não reagiu de forma eficiente. Uma pena! Mas será que as aulas presenciais já poderiam voltar?

Assim como qualquer atividade econômica, a roda da educação tem que girar. Para isso acontecer existem algumas coisas óbvias: a vacinação entre as crianças precisa avançar, algumas providências estruturais precisam ser tomadas como o uso de máscaras de proteção, manutenção do distanciamento social, banheiros adequados para as pessoas lavarem as mãos e a suplementação de álcool 70% para que, na ausência de água e sabão, as mãos sejam higienizadas. Estas medidas já se confirmaram como eficazes.

Algumas medidas profiláticas precisam ser adotadas: se a escola voltar a funcionar de forma presencial, medidas de testagem precisam ser tomadas. As famílias não devem levar seus filhos adoentados para escola. Testados positivos devem ser isolados em casa e a escola propor alternativas enquanto durar a ausência da criança, ou mesmo aguardar que passe o tempo de quarentena e a criança retorne para o convívio no ambiente escolar. São medidas simples que podem fazer com que as escolas retornem ao que ficou estabelecido como o “novo normal”.

O que não pode acontecer é que as escolas permaneçam com suas portas totalmente cerradas. Por que somente a escola? Estamos sendo justos com as crianças?

Boa semana para todos e todas.

Um piauiense de Oxford para Harvard

Esta é mais uma daquelas boas histórias que gosto de contar aqui no Ciência Viva e que nos enchem de orgulho. O Piauí, não me canso de falar, tem como principal produto de exportação o piauiense. Pode até parecer um ufanismo tolo, mas gosto de espalhar boas notícias e sempre que puder compartilharei com os que me acompanham pelo Blog.

José Inácio da Costa Filho, o Zina. Fonte: Arquivo pessoal

Em 2019 publiquei sobre os estudos realizados pelo físico piauiense José Inácio da Costa Filho (veja aqui). O Zina, como era conhecido entre seus colegas no Instituto Dom Barreto, deixou o curso de Engenharia Elétrica na USP para estudar Física no Instituto de Física da USP em São Carlos. Da USP foi para Universidade de Oxford na Inglaterra onde estudou propriedades da luz no microscópio óptico. Ele me explicou: “nós provamos o princípio de uma nova técnica de super-resolução [Hermite-Gaussian Microscopy - HGM]”.

Esquema de como funciona a técnica estudada por José Inácio. Fonte: Pushkina et al. (2021)

Assim: a microscopia óptica, aquela que utiliza lentes e feixes de luz, tem algumas limitações na ampliação de imagens. O estudo publicado pelo Zé Inácio utiliza feixes que viriam desorganizados para ocular do microscópio e usando um software esta imagem é “reorganizada”, ampliando a resolução do microscópio. E continuou: “existem técnicas melhores, mas todas tem ressalvas e restrições de aplicabilidade, e a nossa é mais geral. Ela se baseia em interferir a luz que atingiria a ocular com vários feixes estruturados de luz e medir a intensidade resultante. Usando aprendizado de máquina, nós reconstruímos a imagem da amostra a partir desses valores de intensidade”. Fantástico!

Na imagem do meio (B) como fica a reorganização da imagem usando a técnica HGM. Fonte: Pushkina et al. (2021)

A tese de Doutorado defendida pelo agora Dr. José Inácio Costa Filho foi aprovada sem correções na Universidade de Oxford. O estudo intitulado “Superresolution Linear Optical Imaging in the Far Field” foi publicado na Physical Review Letters, da Sociedade Americana de Física, em colaboração com mais três pesquisadores de Oxford e um pesquisador russo. Atualmente, Zina encontra-se trabalhando no grupo do pesquisador Tom Kirchhausen, no Boston Children’s Hospital da Escola de Medicina de Harvard.

A formação de grandes mentes não ocorre por acaso. A formação escolar e familiar é a base de tudo. Zé Inácio é filho da Professora Catarina de Sena (professora aposentada do curso de Letras da UFPI) e do Prof. José Inácio (professor do Curso de Filosofia da UFPI) e irmão do Dr. Sebastião Patrício Costa, professor do curso de Direito da UFPI. Zina é uma mente brilhante piauiense contribuindo com a humanidade.

Boa semana para todos (as).

E se tivermos um novo reforço da vacina?

Na semana que passou as autoridades sanitárias brasileiras anunciaram que um segundo reforço (quarta dose) da vacina será administrado no Brasil para pessoas imunocomprometidas, aqueles pacientes que têm a saúde bastante fragilizada e que pode ficar comprometida caso venha a contrair COVID-19. Mas esta medida será infinita?

Cientistas de todo o mundo já debatem sobre isso há alguns dias. Desde o final de 2021, já é praticamente um consenso entre os especialistas que a terceira dose ou dose de reforço tem sido o principal amenizador da doença causada pela variante ômicron. Todos os dias a imprensa alarmista mostra o nível impressionante de infecção provocada pela nova variante e o gráfico de mortes não se ampliou da mesma forma. O senso comum leva a pensar que a ômicron não é tão forte quanto as variantes anteriores como a alfa, a gama e a delta, principalmente. O que ocorre agora é que o vírus chega em um ambiente no qual os pacientes já reúnem anticorpos. A virulência da ômicron chegando no início da pandemia afetaria mais fortemente a população mundial e os resultados seriam imprevisíveis.

A ômicron chegou no Brasil com mais da metade da população vacinada com duas doses. Qualquer que tenha sido o imunizante – Coronavac, Pfizer, AstraZeneca ou Jansen – já pegou suas vítimas com algum tipo de imunização. Ainda assim, na semana passada seis estados brasileiros, incluindo o Piauí, estavam com suas UTIs covid com ocupação superior a 80%. Boa parte dos acamados mais graves da doença (seria muito importante que isso fosse de fato pesquisado para desviar do viés político descabido) foram aquelas pessoas que não tiveram a oportunidade ou não quiseram usar as vacinas. Os que não tiveram oportunidade são vítimas do ainda precário sistema de saúde brasileiro que não alcançou a todos, ainda que muitos vivam em regiões urbanas. Aos que foram optantes em não se vacinar, que os chamo de “céticos de ocasião”, acho importante que a própria natureza se encarregue deles. A seleção natural está aí para selecionar os mais aptos mesmo, desde o início da vida na Terra.

Neste mês de janeiro, Israel iniciou a administração da quarta dose de vacina para profissionais de saúde, idosos e imunocomprometidos. Para alguns especialistas a dúvida permanece: se uma quarta dose seria necessária ou se a vacina, a exemplo do que acontece com a Influenza, deve ser reforçada anualmente. É necessário primeiro que a pandemia finalize, o que ainda não aconteceu e só vai chegar a contento quando a população mundial alcançar índices superiores a 70% de vacinados. Novas variantes estão passivas de surgirem todos os dias, enquanto tivermos não vacinados em grande quantidade.

O certo é que a vida vai demorar muito a retornar ao que era antes. Enquanto isso não acontecer, mantenha sua guarda alta o mínimo possível: evite aglomerações, use máscara de proteção (se não tiver preocupado com você preocupe-se com os que o cercam), use água e sabão para higienizar as mãos, ou álcool em gel (em situações mais emergenciais). Esta doença não é fácil!

Boa semana para todos (as).

Posts anteriores