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CO2 em um exoplaneta: um salve ao James Webb

Astrônomos que operam o Telescópio Espacial James Webb encontraram um planeta do tamanho de Saturno, situado a uma distância de 700 anos-luz da Terra com Dióxido de Carbono na sua atmosfera.

De acordo com Nikku Madhusudhan, pesquisador da Universidade de Cambridge o James Webb inaugura uma excelente possibilidade de se estudar a atmosfera dos exoplanetas. Entendendo como é a composição da atmosfera, é possível fazer inferências mais precisas sobre a habitabilidade destes planetas. O novo telescópio também consegue identificar com certa precisão a existência de outros gases como o metano e a amônia.

A diferença do Telescópio James Webb para os demais está na sua capacidade de percepção mais aguçada do espectro infravermelho, em relação aos telescópios Hubble e Spitzer. Para se ter uma ideia estes dois telescópios já haviam detectado vapor d’água no planeta gasoso gigante WASP-39b e agora o James Webb identificou também CO2, um passo importante para o entendimento da dinâmica atmosférica deste planeta de fora do Sistema Solar.

A tecnologia tem avançado para permitir ao homem um maior conhecimento sobre o universo que nos cerca. Seguimos com a ideia de que o homem pode fazer bem mais pelos seus semelhantes, achando caminhos para melhorar os caminhos da humanidade.

Até o próximo post...

 

"E porquê?"

A criança ao nascer já traz consigo um espírito cientista. Falo isso de cátedra por ter criado quatro filhos muito curiosos. Mas todo mundo sabe que as crianças passam por uma fase dos “porquês” que muitas vezes os adultos tolhem por mera falta de paciência.

As perguntas vêm no programa básico de qualquer criança. Às vezes com perguntas inusitadas e outras que deixam pais silenciosos, sem ter exatamente como explicar. De acordo com os especialistas as crianças devem ser estimuladas a perguntar e as respostas devem ser de fácil compreensão e sempre pautadas na verdade. Como nesta fase as crianças estão em pleno desenvolvimento cognitivo a fase dos porquês estimula o desenvolvimento do cérebro, o desenvolvimento da criatividade e o fortalecimento das relações sociais. Costumo a dizer que as crianças já nascem cientistas e nós adultos vamos mudando esta característica.

Há pouco mais de quatro anos iniciamos (eu e mais dois pesquisadores) uma startup voltada para educação científica com crianças. De lá pra cá mudei algumas das minhas leituras, voltando-me para conhecer este universo que só conhecia de forma empírica (mas com forte veio experimental) porque criei desde pequenos meus filhos. Nestas leituras conhecemos o STEAM e voltamos nossa startup para incentivar pais e escolas por uma educação mais pautada no método científico.

Crianças vendo a simulação do redemoinho. Foto: F.S.Santos-Filho

Na semana passada, andando por São Paulo visitei, pela terceira vez, o Museu Catavento Cultural (https://museucatavento.org.br/), mantido por uma organização social em convênio com o Governo do Estado de São Paulo. O Museu funciona em um prédio centenário que já abrigou o Palácio das Indústrias e outras estruturas ao longo de sua história, até que em 2009 virou o Museu na sua conformação atual. Durante nossa visita, crianças de excursões de várias escolas passavam pelos salões do Catavento aprendendo um pouco de Biologia, Física e outras tantas ciências. Algumas partes do Museu estão em reforma e estava sendo montada uma exposição em homenagem aos 200 anos da independência, no próximo mês.

Fila de crianças levadas pelas escolas para visita ao Museu Catavento Cultural. Foto: F.S.Filho.

Me chamou a atenção o quanto as crianças pequenas, na faixa de 8 a 10 anos se divertiam usando os “brinquedos” presentes no Museu para ensinar física, por exemplo. Postei no meu canal do YouTube e reproduzo a seguir para que entendam do que estou falando. Em um dos vídeos a criança fica tão emocionada que abraça o tubo onde está ocorrendo uma simulação do redemoinho.

Nossa ideia ao criar o THE LAB foi exatamente subsidiar pais que queiram desenvolver nas crianças o lado científico. Trabalhamos uma proposta que usa o método científico como pano de fundo para as experiências que, embora simples, trazem conceitos fabulosos sobre ciência.

A ideia que desenvolvemos corre a favor das mudanças de paradigmas propostas para o mundo do trabalho. A geração que está sendo formada agora vai se enfronhar em um mundo bem diferente do nosso atual. Um mundo dominado pelo Metaverso, pela Realidade Aumentada (RA), pela Realidade Virtual (RV) e outro conjunto de coisas que já são realidade como a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (AI).

É só uma questão de tempo! Por isso precisamos preparar a próxima geração de pessoas. Estas “pessoinhas” que ficam repetindo: ”e porquê?”

Boa semana para todos e todas.

 

Professor 4.0: como acompanhar a tendência?[1]

A todo momento ouvimos falar termos que mais parecem coisas antigas recicladas por uma entonação cardinal mais “moderna” - educação 4.0, Indústria 4.0, Internet 5G e assim por diante. Mas isso é de fato uma novidade ou apenas uma “modinha” de tentar vestir coisas antigas com novas simbologias? Explico melhor.

Quando ouvimos “Indústria 4.0” estamos falando da quarta etapa do processo de revolução industrial. Do mesmo modo, ao falarmos “Educação 4.0” estamos mostrando que a educação também acompanha a tendência de modelar o seu “produto” (o estudante) a acompanhar a revolução puxada pela Indústria. Na verdade, tudo está relacionado.

A Indústria evoluiu para um tipo especial de automação que usa inteligência artificial (AI), internet das coisas (IoT), cibersegurança, integração de sistemas, computação em nuvem, manufatura aditiva, realidade aumentada entre outros elementos que melhoram os processos, otimizam os recursos, barateiam os custos, gerando um ambiente de desenvolvimento promissor. Uma verdadeira convergência de tecnologias. A indústria 4.0 só funciona se, nos seus bastidores, for constituída de “cabeças 4.0”.

Neste contexto a educação 4.0 se coloca como peça fundamental da Indústria 4.0. A ideia é um processo educacional que mire na aquisição de habilidades e competências como foco essencial, de preferência colocando o estudante como sujeito central da aprendizagem, como define Delors[3] quando diz que “a educação básica é um passaporte para vida” e o “ensino secundário é a plataforma giratória para toda uma vida”, refletindo sobre o protagonismo do estudante. Uma espécie de engenharia e gestão do conhecimento. Como a sociedade evolui muito rapidamente, é difícil planejar um processo educacional com base somente na aquisição de conhecimento. O mercado, puxado pela Indústria 4.0, exige que a escola seja capaz de formar pessoas capazes de resolver problemas. Assim, cabe à escola e ao professor que dela faz parte, o poder de avaliar o cenário e construir estratégias que possam levar ao objetivo central de formar estes “resolvedores de problemas”. Este processo só se concretiza se a escola tiver a excelência de desenvolver as competências proporcionando ao estudante a aquisição das habilidades.

Este processo deve ser alimentado por um ambiente de preparação dos espaços de aprendizagem. Não basta a sala de aula tradicional. Fortalece-se, na busca pelo foco do Learning by doing (Aprender fazendo), a presença de espaços seguros e dotados dos recursos necessários, no qual o estudante perceba ferramentas que o dotem do poder de manejar seu conhecimento aliando aos passados pelo professor, numa fusão a frio das duas “matérias”: conhecimento nato e conhecimento passado. Estes espaços não precisam ser necessariamente físicos, uma vez que vicejam as disponibilidades de recursos na forma de aplicativos, ambientes de aprendizagem virtual e recursos presentes em computadores, tablets e smartphones. Ou seja: muita coisa está à mão. A cibercultura começa a dominar espaços escolares.

Este desenvolvimento de tecnologias não resulta, por si só, no sucesso dos estudantes nesta caminhada de descobertas. As novidades não traduzem o melhor caminho se, escudando-as, não existir o viés da educação científica. Os “comos e porquês”, lá do início da epopeia do método científico são os balizadores para esta revolução de formar professores 4.0. Usar da tecnologia não garante lugar para formar esta geração de estudantes que está na escola hoje. É preciso ousar nos métodos sem descuidar da estratégia de planejar o uso dos recursos, lembrando que a curiosidade deve ser estimulada e o estudante deve ser o centro das atenções da aprendizagem. Humildade e ética são pressupostos bem necessários ao professor neste momento.

Esta é uma reflexão que considero importante neste momento de transição para Educação 4.0!

Carpe diem!

 

 

 

[1] Texto produzido especialmente para o Workshop STEAM na Escola, realizado na Sala de Treinamento do Piauí Original Hub, L2, Shopping Rio Poty, Teresina (PI) em 20 de agosto de 2022.

[2] Francisco Soares Santos Filho é professor, licenciado em Ciências com Habilitação em Biologia (UFPI), mestrado e doutorado em Botânica (UFRPE). Atualmente é Professor Associado III da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), orientador de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI) e cofundador das startups THE LAB EDU e TecStories. Ex-Pró-Reitor de Ensino (UESPI); Ex-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI); Ex-Superintendente Estadual de Ciência e Tecnologia e Ex-Presidente do Conselho Estadual de Educação do Piauí.

[3] DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 7ª ed., revisada – São Paulo: Cortez Editora; Brasília (DF): UNESCO, 2012.

Você já viu o Bob Esponja espirrando?

Dia destes publicamos aqui no Ciência Viva que o Prof. Dr. Bruno Annunziata do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em Parnaíba havia publicado a existência de duas novas espécies de esponjas para o litoral brasileiro e uma delas homenageia o biólogo marinho criador do personagem Bob Esponja, Stephen Hillemburg. Relembre aqui.

As esponjas são animais muito simples. Na escala evolutiva, são considerados os animais mais primitivos, uma vez que são desprovidos dos diferentes sistemas que nos ajudam a sobreviver como sistema digestório, sistema respiratório, sistema circulatório etc. Todavia, apresentam um complexo sistema de filtragem que consegue reter partículas alimentares e até pequenos animais que são usados em sua alimentação.

O curioso é que, recentemente, usando vídeos de alta resolução, cientistas conseguiram flagrar um “espirro” de uma esponja. Na verdade, uma operação que durou de 20 a 50 minutos e que os cientistas, ao acelerarem o vídeo conseguiram entender de que se tratava de um movimento de expulsão de partículas, a exemplo dos espirros que acometem diferentes animais.

Espirrar é uma tarefa animal! Ainda que este animal seja uma esponja!

Boa semana para todos e todas e até o próximo post!

 

O que eu queria ganhar de presente no Dia dos Pais!!![1]

Passei os últimos dias adoentado e vez por outra chacoalhado por perguntas do tipo: Pai, de que o senhor está precisando, para ganhar no “Dia dos Pais”? Repare que o simples gesto de perguntar já coloca para quem lê o quanto fui abençoado com os filhos que tenho. É difícil, nos dias de hoje, um filho estar preocupado sequer em colocar respeito [“o senhor”] na relação com seus pais! Imaginem se preocupar com mais alguma coisa...

Não sei se estou envelhecendo mais rápido do que o simples passar dos dias, mas me aninho num sentimento que acho bobo e ao mesmo tempo me consome. Entre uma talagada e outra de xarope por uma tosse que perturba, me pego pensando no tempo passado em que os sacrifícios, sempre muito grandes, faziam da nossa casa sempre pequena e desorganizada, um lar onde crianças inebriadas pela saúde e vitalidade crescente corriam, pulavam, brincavam, gritavam, bagunçavam entre um ralhar daqui e um grito acolá...

Parecem tempos que não ganhamos mais, irrecuperáveis... Filhos saídos de casa, buscando outras experiências, desenhando seu futuro e traçando a própria vida, substituíram aqueles meninos alegres, sagazes, sempre prontos para devorar o mundo, mas que enchiam nossas vidas de uma esperança de que um dia estariam assim: prontos para voar!

Não sei se isso é alegre ou triste. Sei que fazem falta aquelas correrias, o jogo de bola, os carrinhos espalhados pela casa, o “jogueime” [videogame] badalando aqueles sons irritantes... Nossas manhãs na piscina ou jogando basquete... Realmente tempos irrecuperáveis... Mas voltando a pergunta acho que queria poder viver tudo outra vez! Queria na verdade uma máquina do tempo. Com alguns apertos de botões queria poder voar para trás e aproveitar cada momento que desperdicei. Cada minuto que requeriam da minha atenção e eu estava nas minhas infinitas demandas insólitas que me roubaram estes minutos tão preciosos de convivência de meus quatro tesouros. Queria poder voltar no tempo das festinhas da escola, nas quais meu pai quase sempre foi meu representante, porque quase sempre estava enfronhado nas salas de aula ou no meio do mato pesquisando, mundo afora.

Para quem lê esta mensagem pode até parecer que estou triste. Na verdade, estou nostálgico. E se o gênio da lâmpada me concedesse a possibilidade de escolha de um caminho, talvez tivesse trilhado o mesmo, novamente, porque, por mais ausente que tenha sido, procurei dar o melhor de mim para que nada lhes faltasse. Procurei, sobretudo, mirar-lhes o exemplo. O exemplo de probidade, de humildade, da honestidade, de disposição, de um planejamento profissional. Ainda que tenha me custado este preço de hoje, véspera do Dia dos Pais, me sentir nostálgico.

Olhem aí então meninos, aos que perguntaram e aos que não perguntaram: quero uma máquina do tempo! Mas se não tiver como adquiri-la tenho uma alternativa: sejam estas criaturas maravilhosas que amo verdadeiramente. Vocês são de um valor imensurável para mim. Longe ou perto, estão todos no meu coração. Muito obrigado por tudo o que representam para mim e pelo imenso orgulho que me dão. Especial gratidão às suas mães que, comigo, construíram esta sociedade genética que deu certo!

Dedicado a todos os meus amigos que são pais e que podem precisar um dia de uma máquina do tempo como eu! Feliz Dia dos Pais!

 

[1] Texto publicado originalmente na minha conta pessoal do Facebook em 09 de agosto de 2014. Resolvi compartilhar novamente, desta fez pelo Ciência Viva porque ele reflete o que ocorre na vida de muita gente, especialmente professores e pesquisadores: o público que lê o Ciência Viva. Feliz Dia dos Pais para todos!!!

Carne inspecionada: sinônimo de qualidade

Todo mundo tá cansado de saber que a alimentação é algo que temos que reservar atenção especial, pois do alimento tiramos o sustento para o nosso organismo e para reposição de perdas. A alimentação precisa ser algo balanceado, em termos de nutrientes, e o alimento deve ser preparado usando as boas práticas da gastronomia.

Um ponto que chamamos atenção é para o consumo das proteínas, representada principalmente pela dieta rica em produtos animais (com o devido perdão dos veganos!). Os animais, criados e abatidos com a finalidade de fornecer proteína para os humanos passam por um processo de criação e manejo, frutos do desenvolvimento científico, que foi moldando as boas práticas, incluindo a seleção de boas progênies (plantel genético de excelência) e desenvolvendo pesquisas na área de nutrição para conseguir animais com qualidade excepcional para consumo, ganhando-se tanto em qualidade nutricional quanto em sabor.

Dr. Ricardo Lira. Fonte: Arquivo pessoal.

A semana que passou estive conversando com o amigo e pesquisador, Dr. Ricardo Lira, que apesar de ser cientista de computação, divide seu tempo em negócios relacionados à criação, manejo, abate e beneficiamento da carne, especialmente dos segmentos da suinocultura e da ovinocaprinocultura. Nos encontramos em um evento de carnes que aconteceu em um dos shoppings de Teresina e ele estava chegando do Tocantins, onde mostrava para alguns parceiros de negócios os benefícios destas duas culturas, atreladas aos cuidados de natureza sanitária, necessários para que o consumidor final se satisfaça com o resultado do que chega até o prato.

Bodódromo em Petrolina (PE). Fonte: Blog Nossa Voz.

Conversamos longamente sobre a necessidade de que mais carne inspecionada chegue aos pontos de comercialização. Fiquei impressionado com a quantidade de vendedores que utilizam a chamada “carne verde” ou “carne da moita” (como chamamos aqui no Piauí a carne não inspecionada), no segmento da suinocultura e da ovinocaprinocultura. Muitas vezes o comerciante chega a economizar alguns centavos na venda de carne não inspecionada. O poder público não tem braços e pernas suficientes para alcançar todos os que abatem de forma clandestina e os que comercializam proteína animal com origem duvidosa. Apesar do esforço, as agências que regulam a qualidade do que chega à mesa não tem a estrutura necessária para um trabalho mais completo.

Restaurante no Bodódromo de Petrolina (PE). Fonte: Tripadvisor.

Os riscos de contaminação dos produtos não inspecionados são enormes, abrangendo praticamente todas as diferentes fases do processo. Estive lendo alguns artigos que apontam os danos causados pela falta de cuidado. Para quem come, é imperativo que se observe a procedência e a presença dos selos de inspeção.

A cultura alimentar do uso destas carnes, ajuda a manter o equilíbrio de preços das carnes bovinas, consideradas mais caras, quando comparados com ovinos, caprinos e suínos. Aqui na nossa região é frequente o uso, sobretudo dos caprinos, bastante apreciados em muitas áreas do interior do Nordeste. Em Petrolina (PE), por exemplo, a cultura estimulou que a cidade investisse em um Bodódromo, que reúne diferentes restaurantes a oferecer cardápios praticamente exclusivos na disponibilidade da carne de caprinos.

O importante é, que de acordo, com os órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 houve um incremento considerável de consumo de carnes inspecionadas, principalmente de aves, suínos e bovinos. O volume de carne bovina alcançou 3,7% a mais no primeiro trimestre de 2021, quando comparado com o mesmo período de 2020. Já em 2022 o incremento alcançou apenas 0,5% em relação a 2021. Suínos e frangos também tiveram consumo aumentado.

Precisamos abrir o olho na hora de comprar proteína animal, optando por carnes inspecionadas. A relação custo-benefício, sem qualquer dúvida, é muito maior. A segurança alimentar não tem preço.

Boa semana para todos e todas.

SBPC Piauí: faça parte!!!

No mundo inteiro existem sociedades voltadas para incentivar o desenvolvimento das ciências. No Brasil existem várias sociedades que congregam especialistas nas suas respectivas ciências, agregando pesquisadores, estudantes e entusiastas visando propagar e incentivar a ciência de uma forma geral.

Estas sociedades têm papel preponderante no crescimento das áreas que representam porque são foros nos quais os cientistas reúnem-se para debater e dar encaminhamentos para o segmento científico correspondente. Estas sociedades vivem da contribuição dos seus participantes e muitas vezes tem papel destacado na defesa de políticas voltadas para o desenvolvimento e financiamento das ciências. Destacam-se por serem pontos de apoio aos cientistas e o seu braço político, que ajuda as entidades governamentais a planejar e a fomentar os respectivos segmentos e com isso prover o desenvolvimento das áreas que representam.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma das instituições mais antigas e mais abrangentes do Brasil. Fundada em 1948, a SBPC é famosa por aglutinas cientistas de várias áreas e correntes de pensamento. Possui sócios espalhados em todo o Brasil e em alguns lugares apresenta representações organizadas. O Piauí possuía representação, mas num dado momento perdeu um pouco da sua articulação. Atualmente há um conjunto de pesquisadores, sócios da SBPC que se reúnem para reabrir a entidade em nosso Estado. Vejamos o texto dos professores que estão arregimentando sócios e ex-sócios para voltarem às fileiras da entidade, permitindo sua reabertura no Piauí.

“Olá, faço parte de um grupo que está tentando resgatar a Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Piauí. A SBPC é a maior entidade representante dos cientistas, mas infelizmente o Piauí estava sem representação institucional. Temos agora uma representação da SBPC no Piauí que está planejando um evento para o fim deste ano. Mas para que tenhamos a Secretaria Regional da SBPC no Piauí são necessários no mínimo 50 associados. São várias as vantagens da associação, mas a principal neste momento é o Piauí ter um espaço de interlocução. Será que você(s) pode se associar? Basta entrar neste link http://portal.sbpcnet.org.br/socios/associe-se/ e pagar a taxa, que fica mais em conta se você pertencer a uma associação já filiada à SBPC. Depois pode mandar seu contato para a professora Olivia Perez (Ciência Política/UFPI) pelo e-mail: [email protected] e telefone 86 998481582 que te incluiremos no grupo do WhatsApp dos associados”.

Se você é estudante de graduação ou da pós-graduação, professor universitário ou mesmo professor da educação básica, ou se não é nada disso, mas é um entusiasta da Ciência não perca esta oportunidade. A abertura da representação no nosso Estado possibilitará a execução de eventos e uma maior aproximação da ciência com nossa comunidade. Participe!!!

Até o próximo post...

 

“E os passarim voaram...”

Nestas últimas  semanas tive um conjunto total de seis bancas de pós-graduação. Ao contrário do quase senso comum de que professor de universidade trabalha menos do que professor da educação básica, sou obrigado a discordar com veemência. Se o professor se dedicar para além da atividade de ensino o trabalho é dobrado ou triplicado. Mas passemos ao que interessa de fato...

Quando estamos escalados em bancas nossa missão é julgar se os candidatos estão aptos a mudarem de patamar em termos de títulos acadêmicos. Se é graduado passar a ser mestre, se é mestre passar a ser doutor. Isto é de grande importância porque resultará na emissão de um diploma ao candidato aprovado. E o diploma é o documento acadêmico que habilita ao trabalho, daí a importância do momento. Importante diferenciar o Diploma do Certificado, presente em cursos de Especialização ou Aperfeiçoamento. Este último apenas lapida melhor o profissional, mas não o coloca dentro do mercado de trabalho como o diploma proporciona.

As bancas têm uma composição às vezes complexa, formada por especialistas nos temas estudados pelos pós-graduandos, e o princípio básico passa por uma leitura crítica do trabalho em julgamento. Depois de breve apresentação pelo candidato, vem a parte da arguição, na qual os membros da banca analisam todo o trabalho e fazem um conjunto de perguntas das mais variadas. Entre elogios e refregas, o candidato vai se defendendo apontando os porquês dos caminhos escolhidos e literalmente defendendo seu trabalho. Nada mais coerente do que chamar de “defesa”.

Dentre os trabalhos que avaliei quero comentar sobre os elaborados pelos, agora doutores, Muryllo Santos e Francisco Vieira, ambos orientados pelo Dr. Anderson Guzzi, professor da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR), e pertencentes ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). Muryllo estudou a avifauna do Parque Nacional de Ubajara (CE). Identificou as aves presentes no Parque, as espécies que são alvo do tráfico de animais silvestres e construiu um guia fotográfico bem interessante para atividade de birdwatching, que é a atividade de lazer de observação de aves. Já Vieira estudou os impactos provocados pela instalação dos aerogeradores sobre as aves na região do Parque dos Pequenos Lençóis Maranhenses (MA), inventariando as espécies que passam por lá, e os impactos principais da atividade de energia limpa, além de estudar a atividade ecoturística de observação dos Guarás, um show a parte que ocorre também no Delta do Parnaíba. Os trabalhos foram coorientados pelas não menos competentes Dra. Ivanilza Moreira (UFDPAR) e Dra. Roseli Barros (UFPI).

Capa do Guia Fotográfico das Aves do Paque Nacional de Ubajara, produzido por Muryllo Santos em parceria com seus orientadores. Fonte: Arquivo Pessoal.

Os dois trabalhos, além de contribuírem fortemente para o conhecimento da diversidade de aves que temos pelas nossas redondezas também geraram contribuições para as pessoas que, de certa forma, tiram o sustento em alguma atividade nas áreas pesquisadas. O trabalho de Muryllo, por exemplo, colaborou com os estudos de outra pesquisadora orientada por Guzzi que produziu um aplicativo para ser usado pelos turistas que vão até o Parque Nacional de Ubajara, a bióloga Irene Gomes.

Vídeo que fiz sobre a revoada dos Guarás no Delta do Parnaíba. Uma experiência muito interessante que recomendo. Fonte: Arquivo Pessoal.

Como se vê, mesmo enfrentando as dificuldades da falta de financiamento, pesquisadores radicados no Piauí conseguem sucesso na busca por conhecimento, para entender a extensão da nossa biodiversidade e das interações e impactos provocados pelo homem.

Para o Professor Guzzi que formou novos Doutores, Muryllo e Francisco, fica a sensação de dever cumprido e para o bom passarinheiro que é, a sensação de que “seus passarim” voaram. Sucesso aos novos doutores. Sucesso também para a Joana Pereira que se tornou Mestre, ao Márcio Luciano Batista e a Albeane Guimarães que se tornaram Doutores e para minha orientanda, Mirna Andrade que qualificou-se para defender Tese de Doutorado.

Boa semana para todos e todas.

Por que devemos nos importar com o desmatamento?

Como biólogo, vez por outra, sou consultado a respeito da supressão de vegetação para realização de obras e outros tipos de uso do solo. É um trabalho que faço a contragosto porque, se dependesse unicamente da minha vontade, preservaríamos o máximo possível da vegetação original. Muitas vezes as supressões são necessárias para dar lugar a obras importantes, muitas das quais, além dos interesses privados, servem fortemente ao interesse público, como a edificação de uma estrada ou de um conjunto habitacional, por exemplo.

As regras para remoção da vegetação são bastante criteriosas. Aliás, o Brasil é o país mais bem amparado por um arcabouço de leis para proteção do meio ambiente. Algumas das normas vigentes, por vezes ferem critérios científicos, como já escrevemos e já fizemos uma participação em um podcast, recentemente, falando sobre a inexistência de Floresta Atlântica no Piauí, cujos Domínios, determinados por legislação federal, abrangem áreas que não resguardam qualquer semelhança com aquele importante ecossistema brasileiro.

Nas atividades de campo verifico os parâmetros determinados pela legislação e, quando possível, estabeleço condições para o empreendedor sobre que áreas poderiam ser preservadas em detrimento de outras. Dia desses fiz sugestão desta natureza para os investidores em um dos shoppings de Teresina, o que foi bem aceito pelos projetistas e empreendedores, e um resquício de mata nativa foi preservado, numa simples modificação da entrada principal do empreendimento.

Vejo o desmatamento como uma das coisas que mais impacta no microclima de uma região. Nossa cidade (Teresina-PI) é muito quente, e a remoção da vegetação influencia de forma considerável nas variações de temperatura. Um estudo recente publicado na revista Sciences Advances, revelou que a diversidade de plantas pode aumentar a estabilidade da função dos ecossistemas e seus indicadores, uma vez que há influência na estabilização da fenologia (comportamento fisiológico das plantas: floração, frutificação, queda e recomposição das folhas etc.) em regiões de grande umidade nos EUA. Se nestas regiões há interferência em fatores climáticos (principalmente microclimáticos), imagine em áreas mais secas como as que enfrentamos aqui no Brasil, especialmente na região Nordeste.

Tão grave quanto o desmatamento, é a recomposição da vegetação utilizando espécies exóticas como se percebe nas áreas urbanas. Aqui na nossa região, por exemplo, é muito frequente o uso da espécie Azadirachta indica, conhecida popularmente como Neem Indiano. Uma árvore de crescimento rápido, mas apontada por alguns estudiosos como danosa à fauna, especialmente de aves, uma vez que produz frutos e secreções mutagênicas. Os animais, de uma forma geral, são espertos o suficiente para aprenderem o que devem comer e o que devem evitar. Entretanto, este aprendizado leva algumas gerações para acontecer. Quando uma espécie é introduzida, o impacto da sua chegada influencia em toda a cadeia alimentar, podendo acarretar danos sérios à biodiversidade daquele lugar.

Precisamos aprender mais com a natureza antes de tentar modificá-la.

Uma boa semana para todos e todas.

 

Ciência Viva completa 5 anos!

14 de julho é uma data bem especial para mim. Nesta data, há cinco anos, estreava minha atividade de Divulgação Científica usando como meio o Portal Cidade Verde. Foi um convite interessante que contou com a minha querida antiga aluna, Jordana Cury, então jornalista do Grupo Cidade Verde. Ela mostrou meus textos e me elogiou tanto que a Jornalista Yala Sena, com a devida anuência da presidência do grupo, me convidou e desde então, escrevo para este espaço.

Escrever sempre foi uma atividade que desenvolvi com certa facilidade. Explicar, esmiuçar, simplificar vem da minha verve de professor. Em casa, conto com a visão crítica da Jornalista Ana Flávia Soares, minha principal incentivadora. Ampliei muito meu escopo de leituras, para não falar apenas do que estudo com mais veemência. Acesso revistas como a Science, a Nature, além de ouvir podcasts e outras fontes de divulgação da ciência. Uso também o espaço para expor minha opinião e minha visão de leitor, de pesquisador e de cidadão. Tento analisar situações sem entrar em querelas, especialmente as de natureza política.

Na pandemia o Ciência Viva foi uma importante válvula de escape. Devorei tudo o que existia de informação sobre a COVID-19. No fundo também procurava informações que pudessem dar alento aos leitores. Vi o tamanho do alcance dos meus textos quando consegui mais de 100 mil acessos em um post que divulgava a pesquisa de piauienses sobre as propriedades de substâncias presentes no Buriti no reforço ao sistema imunológico. Aliás tenho certeza de que hoje sou o principal divulgador das pesquisas feitas nas universidades locais ou por piauienses espalhados mundo afora. Duas coisas curiosas: uma vez fui procurado por um pesquisador que estava radicado em outro país e que queria que divulgasse os estudos dele no Ciência Viva. Em outra circunstância uma jornalista amiga, de outro grupo de imprensa, se irritou porque não antecipei uma informação para não perder o “furo”.

Minha atuação no Ciência Viva é um trabalho absolutamente voluntário. O faço como uma extensão da minha carreira de pesquisador, por entender que a sociedade, em geral, merece ser informada sobre o que ocorre nas universidades e centros de pesquisa. Inclusive fui denunciado pela atividade que desempenho, ao que respondo um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) desde o ano de 2019, que deveria ter se encerrado em 60 dias...

O que me move não é dinheiro. Há coisas muito mais importantes e que, de tanto valor que tem, não tem preço. Às vezes, aos domingos, mando em uma lista de transmissão de uma rede social o link com o texto mais novo. Aí recebo mensagens de vários amigos e colegas de profissão. Pesquisadores e professores que usam o Ciência Viva como uma leitura de domingo. Mensagens como estas que recebi ontem quando avisei que ia escrever sobre o aniversário do Ciência Viva.

Inicialmente quero parabenizar o Ciência Viva pelos seus 5 anos e ao mesmo tempo parabenizar o dileto amigo professor Francisco Soares Santos Filho, pela dedicação e produção da mais prazerosa leitura dominical. Manter um canal de divulgação científica não é fácil, ainda mais no mundo de confrontos de negação da ciência que vivemos. Torná-lo atrativo é tarefa árdua. Por isso, encontro motivos para justificar tamanha contribuição do Canal para a imprensa local: Despertar o hábito de leitura prazerosa, do interesse por informações corretas e fáceis de compreender, estimular investigações de temas variados e relevantes e que permeiam o dia a dia do cidadão piauiense. Por esses e tantos outros motivos que desejo parabéns ao canal Ciência Viva e ao estimado professor Francisco Soares. Sucesso!”

Prof. José Williams Filho (Doutor em Biotecnologia / Professor do IFPI)

 

“O Ciência Viva dissemina conhecimento científico para a sociedade”.

Profª Socorro Meireles (Doutora em Ecologia de Amb. Aquát. Continentais / Professora da UFPI)

 

“O Ciência Viva sempre traz uma reflexão sóbria ou uma palavra de alento aos domingos. Melhor dia não poderia ser. Em um mundo com comportamentos, por vezes, até pré-históricos, ler uma coluna de opinião escrita por um cientista, diminui nossa angústia e colabora para a esperança de dias melhores”.

Prof. Leonardo Madeira Martins (Doutor em Desenv. Meio Ambiente / Professor da UNINOVAFAPI)

 

“Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo por tão importante e valiosa iniciativa. A divulgação científica é extremamente necessária para o mundo moderno, pois nesse contexto, ninguém vive sem que utilize fundamentos científicos em seu cotidiano. Divulgar a ciência é levar a toda população a comprovação de que a ciência é feita cotidianamente e o Projeto Ciência Viva contribui decisivamente para isso. Porém, é muito importante que a comunicação, em todas as suas manifestações, tanto escrita quanto televisiva, jornais, revistas, sites etc., criem mais possibilidades para o fortalecimento da divulgação científica. Projeto importante e necessário. Parabéns!”

. Prof. Raimundo Lenilde de Araújo (Doutor em Educação / Professor da UFPI)

 

“É sempre bom ler o Ciência Viva”.

Prof. Afonso Norberto (Doutor em Engenharia de Sistemas e Computação / Professor da UESPI)

 

“Olá, Professor Soares! Gosto muito do Ciência Viva. Nos atualiza mesmo. Sempre estou a espera quando manda o link de acesso. Boa sorte e parabéns por sua contribuição científica e acadêmica!”

Profª Maria Luzineide Gomes Paula (Doutora em Geografia / Professora da UESPI)

 

"Seu blog é muito bom, você é um ótimo comunicador da ciência. Parabéns!"

Profª Francisca Lúcia de Lima (Doutora em Microbiologia / Professora da UESPI)

"O Ciência Viva representa um dos grandes serviços que a ciência deve obrigatoriamente fazer: divulgar seus achados e descobertas em uma linguagem acessível à população para assim prestar conta à sociedade do que lhe é investido, sendo muito ou pouco. É com sua força de vontade, perspicácia e imensa bagagem que o Prof. Soares tem realizado este belo trabalho ao longo destes 5 anos. Viva Ciência Viva!"

Prof. Daniel Dias Rufino Arcanjo (Doutor em Biotecnologia / Professor da UFPI)

"Quero parabenizá-lo pelos 5 anos do Ciência Viva!
O conteúdo científico em linguagem mais acessível a vários públicos (e não apenas o acadêmico) favorece a tão oportuna popularização e compreensão de vários temas."

Profª Elaine Aparecida da Silva (Doutora em Desenv. e Meio Ambiente / Professoa da UFPI)

"Todos os dias tenho o hábito de percorrer os principais Portais de Notícias de Teresina para manter-me informada dos acontecimentos em nosso estado e em nossa cidade. Aos domingos o meu compromisso é com os seus escritos publicados no Ciência Viva, no Portal Cidade Verde, sempre nos atualizando no campo do conhecimento científico, seja para criticar, denunciar ou parabenizar quem produz a ciência. Espero continuar me deleitando desta fonte do conhecimento que é o Ciência Viva.
Ah! Quando recebo em meu WhatsApp o seu texto já o tenho lido no Portal Cidade Verde."

Profª Cleide Maria Arraes Rezende (Mestre em Educação / Professora da UESPI)

"Ciência  Viva divulga conhecimento científico numa linguagem clara e agradável. As informações  são  sempre relevantes.
Parabéns!"

Profª Maria de Fátima Oliveira (Doutora em Botânica / Professora da UESPI) 

Boa semana para todos e todas e seguimos juntos para mais um ano de atividades!

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