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Estupidez

Esta semana o mundo inteiro acordou com a péssima notícia que a Rússia havia invadido a Ucrânia, atacando a partir de várias regiões (não só pelas regiões da fronteira com a própria Rússia). Mas o que leva um soberano, com Wladimir Putin, passar semanas se movimentando em torno de um ataque, e sempre que perguntado, responder de pronto que não se previa uma guerra e de repente inicia a guerra? A melhor resposta para isso é: Estupidez.

A situação lá não é muito fácil. Até a década de 1990 Rússia e Ucrânia e mais uns 20 países faziam parte da antiga União Soviética. Para quem não é dessa época, este monte de países era uma nação só regida pelo regime comunista. A partir de 1991 houve a dissolução da União Soviética e vários países surgiram, demonstrando a pluralidade social de uma região continental, como era de se esperar. Com a ascensão de Wladimir Putin como primeiro-ministro e depois com suas manobras que permitiram que ele possa passar até quase 40 anos no poder, a situação do cidadão médio comum russo melhorou bastante, fazendo com que boa parte da sociedade lá o ache um bom governante. Com muito poder nas mãos (uma aceitação superior a 80%), Putin passou a pensar em se proteger da eterna Guerra Fria com o Ocidente que, na verdade, nunca deixou de existir. Acuado pela debandada de muitas nações que pertenciam a federação russa para formar bloco com países europeus, como no caso da Estônia, Letônia e Lituânia, acendeu no Governo Putin o “medo” de uma debandada ucraniana, no mesmo sentido. A confusão toda gira em torno da adesão da Ucrânia à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que os russos não aceitam, porque aí passariam a ficar cercados, por todos os lados, com países membros da Organização.

E como fica a ciência com a guerra entre nações-irmãs?

Na antiga União Soviética, as ações de ciência e tecnologia eram acompanhadas de perto pelo Governo. Inclusive, lá pela década de 1950 a corrida espacial fazia com que cientistas de diferentes regiões se concentrassem em estudos que permitiram manda para o espaço a cadela Laika e depois o Astronauta Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a orbitar em torno da Terra. Após a separação política, cientistas de diferentes nações da Federação russa continuaram a se relacionar e até a trabalhar em conjunto. Esta semana, depois dos primeiros bombardeios, o pesquisador russo da área de genômica, Mikhail Gelfand e sua esposa, lideraram o lançamento de uma carta que repudia a ação de invadir a Ucrânia. A carta já conta com 370 assinaturas e foi publicada no site independente TrV-Nauka, que publica notícias sobre ciência. A preocupação do pesquisador vai além da segurança da população ucraniana. Para ele, o ato de entrar em uma guerra sem sentido, em pleno século XXI, pode transformar a Rússia em um pária mundial, isolando parcerias entre pesquisadores.

Acho que a diplomacia pode reverter a situação. Não tenho autoridade para falar da geopolítica que move a situações como estas. Assim como também não consegui compreender o aumento dos combustíveis em mais de 60 centavos o litro da gasolina em Teresina em menos de 12 horas do início da Guerra, e muito menos o aumento dado no Etanol que se extrai da cana-de-açúcar, que até onde sei não vem da Rússia e nem da Ucrânia. Mas alguém deve saber responder sobre isso.

Que esta guerra sucumba o mais rápido possível. Autoridades ucranianas já demonstraram que a Usina de Tchernobyl, instalação abandonada em razão do maior acidente nuclear já ocorrido na história aumentou suas taxas de radiação. Esta é uma estupidez mesmo desmedida.

Boa semana para todos (as).

“É bom demais para ser verdade”

A ciência por trás do combate ao crime

“Para ladrão não tem cerca” já diz o ditado popular. É muito difícil combater o crime e na atualidade existem dezenas de “portas” que geram oportunidades para pessoas com má intenção passarem pessoas de bem para trás. Dentre as portas mais convidativas estão as de cunho tecnológico, uma vez que boa parte da população ainda está engatinhando no domínio dos atributos da modernidade e ficam facilmente suscetíveis à ação de pessoas inescrupulosas.

Outro dia vi nas redes sociais de um amigo boas ofertas de móveis e eletrodomésticos por preços tentadores. Falei com ele pelo Direct do Instagram e disse: “tá desfazendo a casa?”. Ele prontamente me respondeu: “não amigo”. Nossa amizade tem mais de 20 anos. Fui seu professor e hoje ele é meu médico. E todas as vezes que falo com ele, independente do canal, ele me responde: “e aí prof.?”. Desconfiei de pronto. Aí resolvi falar com ele pelo Whatsapp e fiquei sabendo que a conta dele do Instagram tinha sido raptada. Ele me narrou a epopeia que foi para recuperar, para avisar a todos de que se tratava de um golpe e muitos dos seus amigos e contatos, inadvertidamente, seguiram depositando valores na conta do larápio. Estes golpes são muito mais comuns do que imaginamos e ocorrem por diferentes canais. São crimes inteligentes, mas, assim como todo crime, não são perfeitos.

Capa do e-book.

Foi publicado recentemente o e-book “É bom demais para ser verdade?” de autoria dos policiais Alesandro Gonçalves Barreto e Natália Siqueira da Silva. O e-book chegou para mim através de amigos que estavam divulgando um guia de como evitar e o que fazer caso a situação de crime cibernético ocorra com você. A obra descreve dez tipos de crimes diferentes e suas respectivas variações em situações usando aplicativos como Whatsapp, Instagram, usando fraudes bancárias como emissão de boletos, criptomoedas, golpes por e-mail e outras estratégias usadas pelos criminosos. O e-book é muito didático porque nomina a situação, o objetivo, o modus operandi (detalhamento de como ocorre), a forma de como se proteger e o que fazer, caso tenha caído no golpe. Trata-se de uma leitura indispensável e elaborada com o rigor de quem pesquisa sobre o assunto.

Delegado Alesandro Barreto. Fonte: Linkedin.

Os autores, Alesandro Barreto e Natália Siqueira, são policiais de carreira. O Delegado Alesandro Barreto pertence aos quadros da Secretária de Segurança Pública do Piauí e é um estudioso da área, com várias publicações sobre o tema. Atualmente o Delegado Alesandro Barreto está mobilizado na Secretaria de Operações Integradas do Ministério de Justiça e Segurança Pública,onde coordena o Laboratório de Operações Cibernéticas, de acordo com informações que colhi junto à sua conta na rede Linkedin. O e-book é prefaciado e apresentado por policiais renomados na área de segurança cibernética.

Muito bom saber que inteligências do Piauí estão a serviço do país no combate à criminalidade.

Boa semana para todos (as) e até o próximo post...

COVID-19: será que a educação já pode voltar?

Não restam dúvidas de que a COVID-19 foi, até aqui, a pior de todas as pragas do Século XXI. Ceifou vidas, arrasou famílias, arrasou economias, proporcionou a ascensão de políticos de qualidade duvidosa, alargou a distância entre conhecimento e a ignorância, expôs para o mundo o quanto a humanidade precisa evoluir enquanto espécie, dentre outras mazelas que ainda vão reverberar por muito tempo. Dentre as coisas que vão durar muito tempo está o prejuízo dado para a geração de estudantes destes últimos dois anos.

A educação foi a grande prejudicada a longo prazo. E este prejuízo é inversamente proporcional a idade: quanto menor a idade do estudante, maior o seu prejuízo à medida que o tempo passa. Se formos pensar as situações particulares percebemos o quão prejudicial para os estudantes foi o necessário recuo na oferta de aulas presenciais, até que se entendesse melhor a extensão do problema da pandemia e, principalmente, os meios para preveni-la e combatê-la. Até entender toda a dinâmica da doença e aprendermos a filtrar o que nos chega de informações verdadeiras e falsas sobre a dimensão do problema que tínhamos a enfrentar, o tempo foi passando e prejudicando principalmente os que estavam chegando ao ambiente escolar pela primeira vez.

As famílias tiveram que se adaptar a novas rotinas e os mais pobres ficaram praticamente sem alternativas, inclusive para manter a família alimentada, já que a merenda escolar é a primeira refeição de muitos estudantes carentes no país. Mas como resolver a questão? Os órgãos responsáveis pelo olhar legal sobre a situação foram rápidos em estabelecer normativas que regulamentassem a questão. As escolas privadas também foram rápidas em proporcionar meios para que seus estudantes não ficassem descobertos. Mas o setor público até hoje não reagiu de forma eficiente. Uma pena! Mas será que as aulas presenciais já poderiam voltar?

Assim como qualquer atividade econômica, a roda da educação tem que girar. Para isso acontecer existem algumas coisas óbvias: a vacinação entre as crianças precisa avançar, algumas providências estruturais precisam ser tomadas como o uso de máscaras de proteção, manutenção do distanciamento social, banheiros adequados para as pessoas lavarem as mãos e a suplementação de álcool 70% para que, na ausência de água e sabão, as mãos sejam higienizadas. Estas medidas já se confirmaram como eficazes.

Algumas medidas profiláticas precisam ser adotadas: se a escola voltar a funcionar de forma presencial, medidas de testagem precisam ser tomadas. As famílias não devem levar seus filhos adoentados para escola. Testados positivos devem ser isolados em casa e a escola propor alternativas enquanto durar a ausência da criança, ou mesmo aguardar que passe o tempo de quarentena e a criança retorne para o convívio no ambiente escolar. São medidas simples que podem fazer com que as escolas retornem ao que ficou estabelecido como o “novo normal”.

O que não pode acontecer é que as escolas permaneçam com suas portas totalmente cerradas. Por que somente a escola? Estamos sendo justos com as crianças?

Boa semana para todos e todas.

Um piauiense de Oxford para Harvard

Esta é mais uma daquelas boas histórias que gosto de contar aqui no Ciência Viva e que nos enchem de orgulho. O Piauí, não me canso de falar, tem como principal produto de exportação o piauiense. Pode até parecer um ufanismo tolo, mas gosto de espalhar boas notícias e sempre que puder compartilharei com os que me acompanham pelo Blog.

José Inácio da Costa Filho, o Zina. Fonte: Arquivo pessoal

Em 2019 publiquei sobre os estudos realizados pelo físico piauiense José Inácio da Costa Filho (veja aqui). O Zina, como era conhecido entre seus colegas no Instituto Dom Barreto, deixou o curso de Engenharia Elétrica na USP para estudar Física no Instituto de Física da USP em São Carlos. Da USP foi para Universidade de Oxford na Inglaterra onde estudou propriedades da luz no microscópio óptico. Ele me explicou: “nós provamos o princípio de uma nova técnica de super-resolução [Hermite-Gaussian Microscopy - HGM]”.

Esquema de como funciona a técnica estudada por José Inácio. Fonte: Pushkina et al. (2021)

Assim: a microscopia óptica, aquela que utiliza lentes e feixes de luz, tem algumas limitações na ampliação de imagens. O estudo publicado pelo Zé Inácio utiliza feixes que viriam desorganizados para ocular do microscópio e usando um software esta imagem é “reorganizada”, ampliando a resolução do microscópio. E continuou: “existem técnicas melhores, mas todas tem ressalvas e restrições de aplicabilidade, e a nossa é mais geral. Ela se baseia em interferir a luz que atingiria a ocular com vários feixes estruturados de luz e medir a intensidade resultante. Usando aprendizado de máquina, nós reconstruímos a imagem da amostra a partir desses valores de intensidade”. Fantástico!

Na imagem do meio (B) como fica a reorganização da imagem usando a técnica HGM. Fonte: Pushkina et al. (2021)

A tese de Doutorado defendida pelo agora Dr. José Inácio Costa Filho foi aprovada sem correções na Universidade de Oxford. O estudo intitulado “Superresolution Linear Optical Imaging in the Far Field” foi publicado na Physical Review Letters, da Sociedade Americana de Física, em colaboração com mais três pesquisadores de Oxford e um pesquisador russo. Atualmente, Zina encontra-se trabalhando no grupo do pesquisador Tom Kirchhausen, no Boston Children’s Hospital da Escola de Medicina de Harvard.

A formação de grandes mentes não ocorre por acaso. A formação escolar e familiar é a base de tudo. Zé Inácio é filho da Professora Catarina de Sena (professora aposentada do curso de Letras da UFPI) e do Prof. José Inácio (professor do Curso de Filosofia da UFPI) e irmão do Dr. Sebastião Patrício Costa, professor do curso de Direito da UFPI. Zina é uma mente brilhante piauiense contribuindo com a humanidade.

Boa semana para todos (as).

E se tivermos um novo reforço da vacina?

Na semana que passou as autoridades sanitárias brasileiras anunciaram que um segundo reforço (quarta dose) da vacina será administrado no Brasil para pessoas imunocomprometidas, aqueles pacientes que têm a saúde bastante fragilizada e que pode ficar comprometida caso venha a contrair COVID-19. Mas esta medida será infinita?

Cientistas de todo o mundo já debatem sobre isso há alguns dias. Desde o final de 2021, já é praticamente um consenso entre os especialistas que a terceira dose ou dose de reforço tem sido o principal amenizador da doença causada pela variante ômicron. Todos os dias a imprensa alarmista mostra o nível impressionante de infecção provocada pela nova variante e o gráfico de mortes não se ampliou da mesma forma. O senso comum leva a pensar que a ômicron não é tão forte quanto as variantes anteriores como a alfa, a gama e a delta, principalmente. O que ocorre agora é que o vírus chega em um ambiente no qual os pacientes já reúnem anticorpos. A virulência da ômicron chegando no início da pandemia afetaria mais fortemente a população mundial e os resultados seriam imprevisíveis.

A ômicron chegou no Brasil com mais da metade da população vacinada com duas doses. Qualquer que tenha sido o imunizante – Coronavac, Pfizer, AstraZeneca ou Jansen – já pegou suas vítimas com algum tipo de imunização. Ainda assim, na semana passada seis estados brasileiros, incluindo o Piauí, estavam com suas UTIs covid com ocupação superior a 80%. Boa parte dos acamados mais graves da doença (seria muito importante que isso fosse de fato pesquisado para desviar do viés político descabido) foram aquelas pessoas que não tiveram a oportunidade ou não quiseram usar as vacinas. Os que não tiveram oportunidade são vítimas do ainda precário sistema de saúde brasileiro que não alcançou a todos, ainda que muitos vivam em regiões urbanas. Aos que foram optantes em não se vacinar, que os chamo de “céticos de ocasião”, acho importante que a própria natureza se encarregue deles. A seleção natural está aí para selecionar os mais aptos mesmo, desde o início da vida na Terra.

Neste mês de janeiro, Israel iniciou a administração da quarta dose de vacina para profissionais de saúde, idosos e imunocomprometidos. Para alguns especialistas a dúvida permanece: se uma quarta dose seria necessária ou se a vacina, a exemplo do que acontece com a Influenza, deve ser reforçada anualmente. É necessário primeiro que a pandemia finalize, o que ainda não aconteceu e só vai chegar a contento quando a população mundial alcançar índices superiores a 70% de vacinados. Novas variantes estão passivas de surgirem todos os dias, enquanto tivermos não vacinados em grande quantidade.

O certo é que a vida vai demorar muito a retornar ao que era antes. Enquanto isso não acontecer, mantenha sua guarda alta o mínimo possível: evite aglomerações, use máscara de proteção (se não tiver preocupado com você preocupe-se com os que o cercam), use água e sabão para higienizar as mãos, ou álcool em gel (em situações mais emergenciais). Esta doença não é fácil!

Boa semana para todos (as).

A onda de ômicron

Lá no aparecimento da nova variante falamos sobre algumas diferenças entre a variante ômicron em relação às variantes anteriores (veja aqui). Parte do que dissemos se verificou: a ômicron com suas dezenas de mutações na proteína spike tem se mostrado de fato a mais infecciosa do que todas as variantes anteriores. Todavia, a ômicron é tão virulenta (ou até mais virulenta do que algumas variantes, como a gama, por exemplo) quanto as demais. E aí vem a pergunta: por que a ômicron tem matado menos do que as variantes anteriores?

Precisamos entender primeiro o efeito das mutações sob o ponto de vista do vírus. Para nós, uma nova variante significa um inimigo inicialmente desconhecido. Desconhecidos os seus efeitos pela ciência e principalmente pelo nosso sistema imunológico. Uma incógnita até iniciar a sua proliferação e os casos ficarem conhecidos dos cientistas. Do ponto de vista do vírus (estranho falar isso de um organismo como o vírus, né?!?), uma nova mutação é um leque de novas possibilidades de expansão e de proliferação do seu material genético. Assim, uma variante que seja mais infecciosa, consegue com mais êxito se espalhar e proliferar-se mais. Este é o ciclo de vida (embora para um ser que não tem vida... já falamos disso aqui.)

A ômicron é uma nova oportunidade que o SARS-CoV2 encontrou para se espalhar mais ainda. O fato de não estarem morrendo tantas pessoas e a maioria dos contaminados apresentar sintomas leves, está mais relacionado com o crescimento das taxas de vacinação do que com qualquer outra coisa. Sim. A vacina está amortizando os efeitos da contaminação pela estimulação de formação de anticorpos. Com anticorpos já presentes, seu organismo é menos afetado pela infecção e seu sistema imunológico consegue combater mais rapidamente a doença. Simples assim. Os não vacinados, os que não creem na ciência estão sendo internados e passando pelos mesmos problemas que passaram os doentes contaminados com as variantes anteriores. Este vírus tem ensinado muita coisa para humanidade.

É de suma importância que mais pessoas possam alcançar as vacinas, como no caso das crianças que, embora tenham sido menos afetadas até aqui, funcionam como vetores perigosos para pessoas mais suscetíveis. E as crianças, diferente dos adultos (ou pelo menos deveriam ser), são menos cuidadosas no uso com as máscaras e nas demais medidas de proteção contra os agentes da pandemia. A vacinação das crianças é imprescindível!

Viva a Vida! Viva a Ciência! Ciência Viva!

Boa semana para todos (as).

 

Pets da realeza Mesopotâmica

O hábito de criar animais de estimação não é recente. Na antiguidade monarcas e famílias nobres já tinham esta cultura o que nos faz imaginar que a domesticação é quase tão antiga quanto a capacidade humana de se reunir em sociedades.

Outro dia andei falando aqui sobre um cemitério de pets encontrado no Egito, no qual animais domésticos eram enterrados com adornos e tudo mais. Veja aqui.

A descoberta agora é de um grupo de animais híbridos (semelhantes aos burros e mulas) que foi encontrado enterrado junto com membros da realeza, próximo a cidade de Aleppo na Síria. Segundo os arqueólogos, trata-se de Kungas, que era um equino semelhante a um burro, muito valorizado na Idade do Bronze. Um estudo genético revelou que se trata de um híbrido de uma jumenta com um asno selvagem, sendo reconhecido como um dos primeiros híbridos produzidos intencionalmente pelo homem.

Ossos raros de Kungas encontrados enterrados em um cemitério de 4.500 anos em Umm el-Marra, nos arredores de Aleppo, na Síria. Fonte: Science (GLENN SCHWARTZ)

Este achado é datado de aproximadamente 3.000 a.C. e o material genético foi extraído dos ossos. Segundo informações resgatadas de tabuletas de argila este animal não era muito comum, mas eram os preferidos da realeza para agricultura, transporte e guerra, já que na região os cavalos ainda não eram muito difundidos e só chegaram cerca de 1.000 anos depois.

É curioso que esta cultura de criar e até produzir híbridos remonte épocas tão antigas. Um sinal de que a ciência sempre esteve por perto.

Até o próximo post...

Como um ramo da matemática pode combater invasões de privacidade?

É isso mesmo o que você leu: como um campo estudado na matemática pode ser usado para usar na proteção de dados e para evitar invasões de privacidade de dados de pacientes?

Um grupo de matemáticos liderados pelo pesquisador Zhyiu Wan publicou artigo na Advances Science do mês passado onde expõe um estudo feito com mais de 20 mil registros biomédicos e utilizando a Teoria dos Jogos

Os pesquisadores representaram um jogo de reidentificação e viram que era possível sugerir uma estratégia ideal de compartilhamento de dados, usando a base da Teoria de Jogos. E o que é a Teoria de Jogos?

Teoria dos jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas nas quais jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar seu retorno. Inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender comportamento econômico e depois usada para definir estratégias nucleares, a teoria dos jogos é hoje usada em diversos campos acadêmicos, como neste caso que serviu para analisar dados genômicos de vários pacientes. A Teoria é bastante usada nas ciências da computação, especialmente no ramo da Inteligência Artificial.

Se quiser saber mais detalhes do trabalho publicado acesse o link aqui.

Boa semana para todos (as).

 

Fake News e Ciência

Nestes tempos de pandemia um dos maiores desafios dos divulgadores em ciência é tentar explicar coisas básicas para as pessoas com o objetivo de melhorar o grau de discernimento destas no momento de julgar se uma informação que recebeu por uma das redes sociais é verdadeira ou se é fake news.

Cena 1. Dia desses cheguei na casa dos meus pais e minha mãe estava vendo/ouvindo um destes “criadores de conteúdo” pelo YouTube. Antes de fazer qualquer julgamento e falar qualquer coisa, me pus a ouvir o emissor que falava de vacinas. Ouvi atentamente ele descrever sobre o vírus SARS-CoV2 com uma intimidade absurda: “a questão é que a Proteína S é formada por um DNA que é capaz de contaminar o DNA humano de forma irreversível...” Blá-blá-blá... E seguiu metendo a crítica nas vacinas. Naquele momento me subiu uma ampliação da ojeriza do mundo em que vivemos de forma absurda.

Cena 2. Tinha lido há uns dias uma crítica bastante interessante sobre o filme “Não olhe pra cima” escrito pelo autor do Blog 1000 coisas para fazer, aqui do Cidadeverde.com, e que foi um dos incentivos que me levaram a buscar assistir ao filme mais rapidamente. No filme estrelado por Leonardo DiCaprio, que faz o papel de um astrônomo, logo no início, ocorre a cena de uma entrevista na qual Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) foram convidados a falar sobre a chance alta de um cometa se chocar contra a Terra, provocando a destruição da vida no planeta. A entrevista sobre ciência é colocada no final do noticiário e os jornalistas aparecem completamente alheios a tudo que se passa, perguntando sobre temas genéricos e suscitando as falas dos cientistas como uma “atração” do programa. O filme é uma sátira perfeita de uma realidade cortante de total desprezo e maquiagem da informação que se repete de forma frequente, especialmente nos programas de TV.

O que a Cena 1 tem a ver com a Cena 2? O papel dos divulgadores de ciência. O mundo está repleto de bons divulgadores e me inspiro em nomes como os cientistas Stephen Jay Gould e Richard Dawkins nas abordagens que faço. Mas por aqui temos nomes que sublimaram bastante à mídia nestes tempos de COVID-19 como Átila Iamarino e Natália Pasternak. Átila Iamarino é um biólogo com Doutorado em Virologia e um dos donos do Canal Nerdologia no YouTube com mais de 3,2 milhões de seguidores. Natália Parternak é bióloga com Doutorado em Microbiologia atuando como colunista do Jornal O Globo e de outros veículos, tendo sido agraciada em 2021 com o Prêmio Jabuti pelo livro “Ciência no Cotidiano”. Foi indicada pela BBC uma das 100 mulheres inspiradoras e influentes do mundo pelo seu trabalho contra a desinformação no período crítico da pandemia de COVID-19.

Precisamos (nós, professores, pesquisadores e demais formadores de opinião) combater com veemência a desinformação instalada no país por pessoas mal-intencionadas. Isto não tem a ver com política. Se o camarada acha que colocar ozônio pelo reto ou se encher de remédio para malária (cloroquina) ou para piolho (ivermectina) cura COVID-19 é problema dele. Mas divulgar tratamentos inócuos e inventar situações e contextos e propagar isso pelas redes sociais só tem um nome: fake news. Pode achar ruim quem quiser, mas a pandemia está cedendo em função das vacinas. Enquanto a cobertura vacinal não for plena, a pandemia não nos deixará. As novas variantes irão surgir onde mais pessoas estão dependendo da imunização. Quanto mais pessoas vacinadas, menor será o espalhamento da doença. Simples assim. O que não é tão simples é convencer as pessoas mais velhas que, muito do que se propaga pelas redes sociais é fantasioso e danoso.

Em tempo: o divulgador de fake news que falei na cena 1, nesta única frase que pesquei da “palestra” dele, cometeu vários erros: Proteína não é feita de DNA, vírus SARS-CoV2 é um vírus de RNA etc.

Até a próxima...

Webb a caminho

A agência espacial americana em consórcio com a agência espacial europeia e a canadense lançaram o telescópio mais caro da história: o telescópio espacial James Webb. O aparelho custou a bagatela de US$ 10 bilhões estará apto a captar imagens de mundos alienígenas e das primeiras galáxias do Universo.

Telescópio Webb. Fonte: dw.com

O telescópio que homenageia o ex-administrador da NASA, James Edwin Webb, é o maior já enviado. Seu espelho, formado por 18 placas em formato hexagonal (como a colmeia de abelha) revestidas de ouro, mede 6,5 metros de diâmetro e foi armado apenas após o lançamento, já no espaço. Aliás grande parte dos principais atributos do telescópio só estarão com a montagem concluída de forma remota, dado o tamanho da sua estrutura e a logística para posicioná-lo em órbita, cerca de 1,5 milhões de km da superfície terrestre.

Em seis meses o telescópio deve iniciar suas operações comandadas por 300 equipes de astrônomos. Em pleno funcionamento, o Webb liderará a busca por informações que os telescópios da Terra ou o Telescópio Espacial Hubble não conseguem. Trata-se da mais nova ferramenta à disposição dos cientistas.

Até o próximo post...

 

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