Cidadeverde.com

A onda de ômicron

Lá no aparecimento da nova variante falamos sobre algumas diferenças entre a variante ômicron em relação às variantes anteriores (veja aqui). Parte do que dissemos se verificou: a ômicron com suas dezenas de mutações na proteína spike tem se mostrado de fato a mais infecciosa do que todas as variantes anteriores. Todavia, a ômicron é tão virulenta (ou até mais virulenta do que algumas variantes, como a gama, por exemplo) quanto as demais. E aí vem a pergunta: por que a ômicron tem matado menos do que as variantes anteriores?

Precisamos entender primeiro o efeito das mutações sob o ponto de vista do vírus. Para nós, uma nova variante significa um inimigo inicialmente desconhecido. Desconhecidos os seus efeitos pela ciência e principalmente pelo nosso sistema imunológico. Uma incógnita até iniciar a sua proliferação e os casos ficarem conhecidos dos cientistas. Do ponto de vista do vírus (estranho falar isso de um organismo como o vírus, né?!?), uma nova mutação é um leque de novas possibilidades de expansão e de proliferação do seu material genético. Assim, uma variante que seja mais infecciosa, consegue com mais êxito se espalhar e proliferar-se mais. Este é o ciclo de vida (embora para um ser que não tem vida... já falamos disso aqui.)

A ômicron é uma nova oportunidade que o SARS-CoV2 encontrou para se espalhar mais ainda. O fato de não estarem morrendo tantas pessoas e a maioria dos contaminados apresentar sintomas leves, está mais relacionado com o crescimento das taxas de vacinação do que com qualquer outra coisa. Sim. A vacina está amortizando os efeitos da contaminação pela estimulação de formação de anticorpos. Com anticorpos já presentes, seu organismo é menos afetado pela infecção e seu sistema imunológico consegue combater mais rapidamente a doença. Simples assim. Os não vacinados, os que não creem na ciência estão sendo internados e passando pelos mesmos problemas que passaram os doentes contaminados com as variantes anteriores. Este vírus tem ensinado muita coisa para humanidade.

É de suma importância que mais pessoas possam alcançar as vacinas, como no caso das crianças que, embora tenham sido menos afetadas até aqui, funcionam como vetores perigosos para pessoas mais suscetíveis. E as crianças, diferente dos adultos (ou pelo menos deveriam ser), são menos cuidadosas no uso com as máscaras e nas demais medidas de proteção contra os agentes da pandemia. A vacinação das crianças é imprescindível!

Viva a Vida! Viva a Ciência! Ciência Viva!

Boa semana para todos (as).

 

Pets da realeza Mesopotâmica

O hábito de criar animais de estimação não é recente. Na antiguidade monarcas e famílias nobres já tinham esta cultura o que nos faz imaginar que a domesticação é quase tão antiga quanto a capacidade humana de se reunir em sociedades.

Outro dia andei falando aqui sobre um cemitério de pets encontrado no Egito, no qual animais domésticos eram enterrados com adornos e tudo mais. Veja aqui.

A descoberta agora é de um grupo de animais híbridos (semelhantes aos burros e mulas) que foi encontrado enterrado junto com membros da realeza, próximo a cidade de Aleppo na Síria. Segundo os arqueólogos, trata-se de Kungas, que era um equino semelhante a um burro, muito valorizado na Idade do Bronze. Um estudo genético revelou que se trata de um híbrido de uma jumenta com um asno selvagem, sendo reconhecido como um dos primeiros híbridos produzidos intencionalmente pelo homem.

Ossos raros de Kungas encontrados enterrados em um cemitério de 4.500 anos em Umm el-Marra, nos arredores de Aleppo, na Síria. Fonte: Science (GLENN SCHWARTZ)

Este achado é datado de aproximadamente 3.000 a.C. e o material genético foi extraído dos ossos. Segundo informações resgatadas de tabuletas de argila este animal não era muito comum, mas eram os preferidos da realeza para agricultura, transporte e guerra, já que na região os cavalos ainda não eram muito difundidos e só chegaram cerca de 1.000 anos depois.

É curioso que esta cultura de criar e até produzir híbridos remonte épocas tão antigas. Um sinal de que a ciência sempre esteve por perto.

Até o próximo post...

Como um ramo da matemática pode combater invasões de privacidade?

É isso mesmo o que você leu: como um campo estudado na matemática pode ser usado para usar na proteção de dados e para evitar invasões de privacidade de dados de pacientes?

Um grupo de matemáticos liderados pelo pesquisador Zhyiu Wan publicou artigo na Advances Science do mês passado onde expõe um estudo feito com mais de 20 mil registros biomédicos e utilizando a Teoria dos Jogos

Os pesquisadores representaram um jogo de reidentificação e viram que era possível sugerir uma estratégia ideal de compartilhamento de dados, usando a base da Teoria de Jogos. E o que é a Teoria de Jogos?

Teoria dos jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas nas quais jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar seu retorno. Inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender comportamento econômico e depois usada para definir estratégias nucleares, a teoria dos jogos é hoje usada em diversos campos acadêmicos, como neste caso que serviu para analisar dados genômicos de vários pacientes. A Teoria é bastante usada nas ciências da computação, especialmente no ramo da Inteligência Artificial.

Se quiser saber mais detalhes do trabalho publicado acesse o link aqui.

Boa semana para todos (as).

 

Fake News e Ciência

Nestes tempos de pandemia um dos maiores desafios dos divulgadores em ciência é tentar explicar coisas básicas para as pessoas com o objetivo de melhorar o grau de discernimento destas no momento de julgar se uma informação que recebeu por uma das redes sociais é verdadeira ou se é fake news.

Cena 1. Dia desses cheguei na casa dos meus pais e minha mãe estava vendo/ouvindo um destes “criadores de conteúdo” pelo YouTube. Antes de fazer qualquer julgamento e falar qualquer coisa, me pus a ouvir o emissor que falava de vacinas. Ouvi atentamente ele descrever sobre o vírus SARS-CoV2 com uma intimidade absurda: “a questão é que a Proteína S é formada por um DNA que é capaz de contaminar o DNA humano de forma irreversível...” Blá-blá-blá... E seguiu metendo a crítica nas vacinas. Naquele momento me subiu uma ampliação da ojeriza do mundo em que vivemos de forma absurda.

Cena 2. Tinha lido há uns dias uma crítica bastante interessante sobre o filme “Não olhe pra cima” escrito pelo autor do Blog 1000 coisas para fazer, aqui do Cidadeverde.com, e que foi um dos incentivos que me levaram a buscar assistir ao filme mais rapidamente. No filme estrelado por Leonardo DiCaprio, que faz o papel de um astrônomo, logo no início, ocorre a cena de uma entrevista na qual Randall Mindy (DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) foram convidados a falar sobre a chance alta de um cometa se chocar contra a Terra, provocando a destruição da vida no planeta. A entrevista sobre ciência é colocada no final do noticiário e os jornalistas aparecem completamente alheios a tudo que se passa, perguntando sobre temas genéricos e suscitando as falas dos cientistas como uma “atração” do programa. O filme é uma sátira perfeita de uma realidade cortante de total desprezo e maquiagem da informação que se repete de forma frequente, especialmente nos programas de TV.

O que a Cena 1 tem a ver com a Cena 2? O papel dos divulgadores de ciência. O mundo está repleto de bons divulgadores e me inspiro em nomes como os cientistas Stephen Jay Gould e Richard Dawkins nas abordagens que faço. Mas por aqui temos nomes que sublimaram bastante à mídia nestes tempos de COVID-19 como Átila Iamarino e Natália Pasternak. Átila Iamarino é um biólogo com Doutorado em Virologia e um dos donos do Canal Nerdologia no YouTube com mais de 3,2 milhões de seguidores. Natália Parternak é bióloga com Doutorado em Microbiologia atuando como colunista do Jornal O Globo e de outros veículos, tendo sido agraciada em 2021 com o Prêmio Jabuti pelo livro “Ciência no Cotidiano”. Foi indicada pela BBC uma das 100 mulheres inspiradoras e influentes do mundo pelo seu trabalho contra a desinformação no período crítico da pandemia de COVID-19.

Precisamos (nós, professores, pesquisadores e demais formadores de opinião) combater com veemência a desinformação instalada no país por pessoas mal-intencionadas. Isto não tem a ver com política. Se o camarada acha que colocar ozônio pelo reto ou se encher de remédio para malária (cloroquina) ou para piolho (ivermectina) cura COVID-19 é problema dele. Mas divulgar tratamentos inócuos e inventar situações e contextos e propagar isso pelas redes sociais só tem um nome: fake news. Pode achar ruim quem quiser, mas a pandemia está cedendo em função das vacinas. Enquanto a cobertura vacinal não for plena, a pandemia não nos deixará. As novas variantes irão surgir onde mais pessoas estão dependendo da imunização. Quanto mais pessoas vacinadas, menor será o espalhamento da doença. Simples assim. O que não é tão simples é convencer as pessoas mais velhas que, muito do que se propaga pelas redes sociais é fantasioso e danoso.

Em tempo: o divulgador de fake news que falei na cena 1, nesta única frase que pesquei da “palestra” dele, cometeu vários erros: Proteína não é feita de DNA, vírus SARS-CoV2 é um vírus de RNA etc.

Até a próxima...

Webb a caminho

A agência espacial americana em consórcio com a agência espacial europeia e a canadense lançaram o telescópio mais caro da história: o telescópio espacial James Webb. O aparelho custou a bagatela de US$ 10 bilhões estará apto a captar imagens de mundos alienígenas e das primeiras galáxias do Universo.

Telescópio Webb. Fonte: dw.com

O telescópio que homenageia o ex-administrador da NASA, James Edwin Webb, é o maior já enviado. Seu espelho, formado por 18 placas em formato hexagonal (como a colmeia de abelha) revestidas de ouro, mede 6,5 metros de diâmetro e foi armado apenas após o lançamento, já no espaço. Aliás grande parte dos principais atributos do telescópio só estarão com a montagem concluída de forma remota, dado o tamanho da sua estrutura e a logística para posicioná-lo em órbita, cerca de 1,5 milhões de km da superfície terrestre.

Em seis meses o telescópio deve iniciar suas operações comandadas por 300 equipes de astrônomos. Em pleno funcionamento, o Webb liderará a busca por informações que os telescópios da Terra ou o Telescópio Espacial Hubble não conseguem. Trata-se da mais nova ferramenta à disposição dos cientistas.

Até o próximo post...

 

Em dois dias, duas grandes perdas

No finalzinho de 2021 a ciência perdeu dois grandes expoentes que muito contribuíram para o desvendar da Biodiversidade mundial, o que é lamentável.

No dia 25 de dezembro o mundo perdeu o ecólogo Thomas Lovejoy, considerado um dos principais cientistas da área de Conservação Ambiental, especialmente do ambiente Amazônico. Nascido nos EUA, Lovejoy veio para o Brasil na década de 1960 onde fez os seus estudos de doutorado e contribuiu imensamente para o conhecimento da biodiversidade amazônica. Politicamente, foi conselheiro dos presidentes Ronald Reagan e Bill Clinton e trabalhou em missões dos governos Barack Obama e Joe Biden. É considerado o autor do termo Diversidade Biológica e dedicou 50 anos de sua vida aos estudos na Amazônia.

Thoma Lovejoy (Fonte: www.environment.yale.edu)

No dia 26 de dezembro foi a vez de Edward Osborne Wilson partir para eternidade. Wilson foi considerado pela ciência como “o Charles Darwin dos dias atuais”. Biólogo entomologista, Wilson era considerado um dos maiores conhecedores da biodiversidade do Planeta. Professor por mais de 40 anos da Universidade de Harvard, foi autor de diversas obras, duas das quais venceram o Prêmio Pulitzer de Não-Ficção. Wilson defendia, ultimamente, o Projeto Meia Terra. A ideia de que se a humanidade preservasse metade da Terra a Biodiversidade estaria menos afetada pelos impactos do desenvolvimento e do crescimento econômico.

Edward Wilson (Fonte: Getty Images)

A vida vai nos mostrando que pessoas de valor também finalizam sua missão na Terra. O legado de Lovejoy e de Wilson serve para ensinar aos que vão ficando que o que eles estudaram é o verdadeiro valor da vida. A vida no seu significado mais completo e real.

Um feliz ano novo para os que me acompanham no Ciência Viva.

Feliz 2022!!!

O olhar da Ciência para 2022 – Parte 2

Ainda falando sobre a ciência em 2022, colocamos outros tópicos extraídos da Revista Science, que pontuou uma série de áreas para as quais a ciência precisa está ligada no ano que vem, inclusive a COVID-19. Veja mais:

COVID-19 tem grande importância no próximo ano na ciência

Qualquer visão do futuro imediato da ciência deve começar com o coronavírus pandêmico. À medida que o mundo entra no terceiro ano de COVID-19, os pesquisadores estão se esforçando para entender o que a última variante de preocupação, o Omicron, pode significar para a trajetória da pandemia. Dado o grande número de infecções em todo o mundo, é provável que surjam outras variantes em 2022. Como uma grande parte da população global agora tem algum nível de imunidade a vacinas ou infecções, os cientistas estão se preparando para variantes muito melhores para evitar as respostas imunológicas humanas. Ainda não está claro se as vacinas devem ser adaptadas. Ao mesmo tempo, os cientistas estão desenvolvendo uma nova geração de vacinas que podem dar imunidade mais ampla ou provocar uma resposta mais forte nas mucosas do trato respiratório. Em 2022, o mundo também poderia começar a ver o impacto dos medicamentos antivirais orais direcionados ao SARS-CoV-2, o que poderia reduzir o estresse nos sistemas de saúde ao reduzir as mortes e o número de pessoas que precisam de hospitalização. Os pesquisadores procurarão desvendar os mistérios de Long Covid, nos quais as pessoas apresentam sintomas debilitantes semanas ou meses após o desaparecimento da infecção. E, à medida que o suprimento global de vacinas aumenta, uma questão chave será se os países pobres podem fazer o esforço e imunizar grande parte de suas populações.

EUA redefinem segurança de pesquisa

O Congresso e a Casa Branca poderão em breve finalizar a legislação e os regulamentos destinados a equilibrar a abertura e a segurança nacional no financiamento da pesquisa acadêmica. Com os legisladores dos EUA preocupados que os dólares federais para pesquisa possam alimentar avanços tecnológicos na China, o Congresso parece pronto para proibir cientistas financiados pelo governo federal de participarem de seus programas de recrutamento de talentos estrangeiros e para restringir a supervisão de qualquer tipo de apoio à pesquisa desse gigante econômico. Vários cientistas norte-americanos já foram acusados de não divulgar seus laços com a China, e o resultado de seus julgamentos pode determinar o destino da Iniciativa da China do governo, um esforço de aplicação da lei de três anos que os críticos dizem ter visado injustamente cientistas chineses descendência e erros de escrituração criminalizados.

Feixe de íons para conjurar núcleos raros

Os fugitivos núcleos atômicos normalmente forjados apenas em explosões estelares encontrarão um lar na Terra depois que a Facilidade para Feixes de Isótopos Raros (FRIB), de US $ 730 milhões, for acionada na Universidade Estadual de Michigan. A fonte de íons mais poderosa do mundo, o acelerador linear pode disparar qualquer núcleo - do próton único do hidrogênio ao núcleo maciço dos átomos de urânio - em alvos para produzir núcleos novos e instáveis. Seu objetivo é produzir 80% de todos os isótopos teoricamente possíveis, incluindo mais de 1000 que nunca foram observados. Com o FRIB, os físicos esperam reforçar sua compreensão da estrutura dos núcleos, decifrar como as explosões estelares produzem elementos pesados e buscar novas forças da natureza.

China estreia computadores exascale

Em 2022, espera-se que a China demonstre os dois computadores mais rápidos e poderosos do mundo, que relatórios recentes indicam que ultrapassaram um marco de desempenho há muito procurado. Em uma conferência de supercomputação no final de novembro, surgiram notícias de que a China construiu os primeiros supercomputadores "exascale", capazes de realizar mais de 1 quintilhão (10 18) cálculos por segundo. A China ainda não anunciou oficialmente as máquinas, por razões que ainda não foram esclarecidas. E detalhes sobre seu desempenho ainda não apareceram na lista TOP500 de supercomputadores, que classifica as melhores máquinas do mundo com base em benchmarks comuns. Mas, de acordo com observadores de tecnologia, os novos campeões da supercomputação são a OceanLight da Sunway Computer Co. e o Tianhe-3 do National Supercomputing Center. A instalação do que será o primeiro computador exascale dos EUA, Frontier, está em andamento no Oak Ridge National Laboratory; está programado para entrar online em 2022. Espera-se que os supercomputadores Exascale permitam o casamento de inteligência artificial com conjuntos de dados massivos,

Bando de pousadores dirige-se à Lua

Cinquenta anos depois que os humanos pisaram pela última vez na Lua, as missões robóticas estão voltando em massa - e revivendo sonhos de exploração humana. Após pousos de rover chineses bem-sucedidos, três montadores robóticos financiados pela NASA, desenvolvidos por pequenas startups, serão lançados em 2022 e poderão ser acompanhados por sondas da Rússia, Japão e Índia. O programa da NASA tem dois propósitos: conduzir pesquisas, especialmente sobre a extensão e disponibilidade de traços de água da Lua, e preparar o caminho para a exploração humana por meio do transporte barato de cargas úteis para a superfície empoeirada. O próximo ano também marcará os primeiros lançamentos orbitais de dois foguetes gigantescos, capazes de levar astronautas e cargas úteis pesadas para a Lua e além: o Sistema de Lançamento Espacial atrasado e caro da NASA e a Nave Espacial da SpaceX.

Painel da ONU para combater a poluição?

A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente deve votar em fevereiro de 2022 uma proposta de criação de um órgão consultivo científico para estudar os riscos de poluição química e resíduos, com base no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. As Nações Unidas já têm várias convenções sobre certos tipos de poluição, como mercúrio e produtos químicos orgânicos persistentes. Mas os proponentes do novo painel dizem que há uma necessidade de amplas avaliações para ajudar os formuladores de políticas a identificar os problemas emergentes e identificar as necessidades de pesquisa. Mais de 1.800 cientistas assinaram uma petição de apoio a ser apresentada na assembleia.

Escutando buracos negros em espiral

Os detectores de ondas gravitacionais registraram as colisões de buracos negros do tamanho de estrelas, mas os cientistas também estão montando um tipo diferente de busca por presas maiores. Em 2022, eles esperam ter dados suficientes para discernir claramente o estrondo de baixa frequência das ondas gravitacionais de pares de buracos negros supermassivos, com massas bilhões de vezes a do Sol, à medida que eles espiralam em direção à fusão. Para detectar os pares em espiral, os observadores treinam grandes radiotelescópios em dezenas de pulsares - estrelas em colapso que emitem feixes de rádio que, conforme o pulsar gira, aparecem como pulsos com regularidade de relógio. Pequenas variações nas batidas sinalizariam a passagem das ondas gravitacionais que estendem o espaço entre os pulsares e a Terra. Embora essas matrizes de temporização de pulsar não possam localizar binários individuais de buracos negros,

Pacto pela biodiversidade para ficar mais forte

As salvaguardas para espécies ameaçadas de extinção podem ganhar um impulso se as nações adotarem uma nova estrutura para a Convenção sobre Diversidade Biológica, que vigorará até 2050. Segundo um plano desenvolvido por negociadores para uma reunião em 2022 na China, as 196 nações envolvidas buscariam se expandir proteção de ecossistemas naturais, enfatizar a sustentabilidade, garantir que os lucros do uso de recursos genéticos sejam compartilhados de forma equitativa e arrecadar pelo menos US $ 700 milhões até 2030 para financiar esses esforços. As metas incluem conservar 30% da terra e do mar; reduzir a disseminação de espécies invasoras; reduzir pela metade a poluição mundial, incluindo a redução do uso de pesticidas em dois terços e eliminação do descarte de resíduos plásticos; e aumentar o acesso dos moradores da cidade a espaços “verdes e azuis”. O novo plano visa à melhoria de um anterior, adotado em 2010, que traçava metas para 2020, que não foram completamente atendidos. Novas abordagens incluem o estabelecimento de maneiras de monitorar e relatar o progresso em direção à proteção de espécies e ecossistemas e fazer mais para envolver as partes interessadas, como os povos indígenas, na tomada de decisões.

Caçador de metano em órbita

Na cúpula do clima em novembro em Glasgow, Reino Unido, os líderes mundiais se comprometeram a reduzir suas emissões de metano, um poderoso gás de efeito estufa, em 30% até 2030. Mas para verificar se esses cortes realmente acontecem, uma nova geração de satélites visando as emissões de gases de efeito estufa irá começará a chegar à órbita em 2022. Um deles é o MethaneSAT, com lançamento previsto para outubro e desenvolvido pelo Fundo de Defesa Ambiental, um grupo sem fins lucrativos de defesa do clima. Espera-se que ele aprimore a capacidade de detectar plumas de metano de fontes como arrozais e vazamentos em dutos. Logo depois, ele terá a companhia de dois satélites desenvolvidos pelo projeto Carbon Mapper, sem fins lucrativos, visando os piores emissores do mundo - não apenas de metano, mas também de dióxido de carbono, o principal gás responsável pelo aquecimento global.

(Com informações da Revista Science)

Que em 2022 possamos dar boas novas em todas as áreas da ciência. 2021, assim como 2020, foi um ano de grandes aprendizados. Muitos erros, alguns acertos e a expectativa de termos uma vida melhor para nós e para os nossos.

Feliz 2022!!!

 

 

O olhar da Ciência para 2022 – Parte 1

De 2020 para cá a sociedade reconheceu duas verdades absolutas: 1) a ciência é imprescindível e; 2) tem muita gente, espalhada pelo mundo, que não sabe ainda o significado do que é imprescindível. Reconhecendo estes dois pontos é importante fixar os olhos nos problemas que vem pela frente.

A pandemia de COVID-19 já vai pela quarta onda em lugares do mundo e sinalizou que não vai nos abandonar tão cedo. A princípio porque, apesar dos esforços incansáveis da ciência, o mundo é muito desigual e é lotado de pessoas mal-intencionadas. Foi assim no princípio da pandemia, na qual muitos tomadores de decisão se armaram para proteger a maioria, alguns foram incompreendidos, muitos se aproveitaram da situação e alguns até hoje não entenderam o que aconteceu. Os países mais pobres têm dificuldade em imunizar suas populações e a baixa imunidade é uma porta de entrada muito eficiente nos processos mutacionais do vírus que continuam acontecendo, para desgosto dos que achavam que era só uma “gripezinha”. Isso porque o vírus tem sempre a chance de mudar – para melhor ou para pior – quando contamina alguém. Assim, sem precisar consultar qualquer oráculo (nem mesmo o Google), sou capaz de afirmar que as novas variantes vão surgir nos locais onde as pessoas não tomaram vacinas, ou porque a economia não as favoreceu ou porque a ignorância as deixou inertes. O vírus precisa apenas de um organismo saudável para infectar, se reproduzir, se modificar. O resto a natureza dá conta. Isso se chama Seleção Natural.

No próximo texto vou reproduzir algumas das perspectivas traçadas pela revista Science que enxerga muito mais do que nós porque é um farol de conhecimento científico mundial. Vejamos alguns tópicos a seguir:

Vacina contra malária chega à África

Em 2022, pela primeira vez, os países da África poderão usar uma vacina para proteger as crianças contra a malária, que ainda mata mais de 260.000 crianças com menos de 5 anos a cada ano. A vacina RTS, S, em desenvolvimento há 3 décadas, finalmente recebeu a aprovação da Organização Mundial de Saúde em outubro e, em dezembro, a Gavi, a Vaccine Alliance, disse que gastaria mais de US $ 155 milhões comprando a vacina e apoiando seu lançamento até 2025 A vacina oferece proteção imperfeita, reduzindo as taxas de hospitalização por malária grave em cerca de 30%. Mas nos testes iniciais, ele atingiu muitas crianças que não dormem sob os mosquiteiros e são particularmente vulneráveis. Outro estudo demonstrou que é especialmente eficaz quando combinado com medicação antimalária administrada profilaticamente durante a estação chuvosa de alto risco. Os pesquisadores e defensores da saúde pública rastrearão cuidadosamente onde a vacina é usada e que impacto ela tem na morbidade e mortalidade da malária. Os cientistas ainda não desenvolveram vacinas contra as diferentes espécies de parasitas que causam a malária fora da África Subsaariana.

China se move para permitir safras transgênicas

A China provavelmente aprovará o primeiro plantio comercial de milho e soja geneticamente modificados (GM), sob as revisões propostas para testes de campo e requisitos de segurança revelados em novembro. As sementes de milho GM podem estar no mercado no final de 2022. Atualmente, o mamão é a única planta GM para consumo humano aprovada para produção na China. O algodão GM é amplamente cultivado e o choupo GM também está disponível. A China financiou pesquisas sobre milho e soja transgênicos por mais de 10 anos, mas a oposição pública e a cautela oficial mantiveram as plantas em laboratório. O país importa grandes quantidades de milho e soja GM para uso em alimentos processados e ração animal, o que levou a pedidos de funcionários do governo para relaxar as restrições ao cultivo doméstico de variedades GM.

Lançamento de inovadores em pesquisa dos EUA

As duas maiores agências de pesquisa dos EUA estão prestes a criar unidades que implementariam mandatos do Congresso para acelerar descobertas práticas. Os Institutos Nacionais de Saúde poderiam obter até US $ 3 bilhões em 2022 para criar uma Agência de Projetos de Pesquisa Avançada para a Saúde que financiaria abordagens "revolucionárias" para o tratamento de uma série de doenças. A National Science Foundation poderia obter até a metade desse valor para uma nova diretoria de tecnologia que se concentraria em acelerar a aplicação comercial da pesquisa acadêmica financiada pelos programas em andamento da NSF. No entanto, esses aumentos podem encolher - ou mesmo desaparecer - se os legisladores estenderem o congelamento de todos os orçamentos de agências federais, agora em vigor até pelo menos meados de fevereiro de 2022, pelo resto do ano fiscal.

Até o próximo post...

(Com informações da Revista Science)

 

2021: notícias (não-COVID) que deixaram o mundo da Ciência de cabelo em pé – Parte 2

O ano de 2021 foi um ano de muitos desafios para todos, especialmente por causa das idas e vindas da pandemia que, a cada mutação do vírus, deixa o mundo em polvorosa. Selecionamos aqui algumas notícias de descoberta científicas que foram destaque na edição desta semana da revista Science. Descubra algumas coisas curiosas que foram notícia em uma das revistas científicas mais importantes do Planeta (e que não tem um pezinho lá na ficção!!!).

Avanço do curral: pesquisadores com sucesso treinam vacas

Cientistas na Alemanha conseguiram o que muitos biólogos (e fazendeiros) pensaram ser impossível: eles treinaram vacas para ir ao banheiro. O avanço não apenas dá aos nossos amigos bovinos mais crédito cognitivo – pode ajudar a reduzir seriamente os produtos químicos tóxicos e os gases do efeito estufa produzidos pelos dejetos dos animais da fazenda.

Diamantes gigantes podem ser a chave para terremotos superprofundos

Vamos fundo novamente, desta vez 300 quilômetros abaixo da superfície da Terra. Terremotos não deveriam ocorrer aqui, mas costumam ocorrer – um fenômeno que confunde os sismólogos há décadas. Algo parece estar liberando água nessas profundezas, enfraquecendo as rochas próximas. A resposta, de acordo com este estudo, são diamantes gigantes, do tamanho de um punho.

‘Alucinante’: mapas de DNA do urso pardo para famílias de línguas indígenas

Ursos e humanos indígenas da costa da Colúmbia Britânica têm mais em comum do que aparenta. Os ursos-pardos nesta região formam três grupos genéticos distintos que se alinham intimamente com as três famílias de línguas indígenas da região, talvez porque os ursos se agruparam nas mesmas regiões favorecidas pelos humanos. Um especialista chama a descoberta de uma observação “realmente chocante”, que pode revelar que o destino dos humanos e da vida selvagem é ainda mais interligado do que pensávamos.

Buracos negros cercados por estruturas massivas de coleta de energia podem alimentar civilizações alienígenas

Outra ideia distante, desta vez de uma galáxia muito, muito distante. Os pesquisadores mostraram que civilizações alienígenas altamente avançadas poderiam teoricamente construir megaestruturas chamadas esferas de Dyson ao redor dos buracos negros para aproveitar sua energia, que pode ser 100.000 vezes maior que a do nosso sol. Melhor ainda para nós, humanos, se essa tecnologia estiver funcionando, pode haver uma maneira de dentifica-la.

O cocô cúbico dos Wombats (Fonte: Science)

Como os wombats fazem cocô em cubos? Os cientistas chegam ao fundo do mistério

Apenas um animal na terra faz cocô de cubos: um marsupial australiano peludo conhecido como wombat de nariz descoberto. Mas como eles fazem isso? Os pesquisadores descobrem o mistério nesta história escatológica. Agora, eles só precisam descobrir por que os animais desenvolveram cocô cúbico em primeiro lugar, embora possa ser para evitar que role de poleiros altos.

(Com informações da Science).

 

2021: notícias (não-COVID) que deixaram o mundo da Ciência de cabelo em pé – Parte 1

O ano de 2021 foi um ano de muitos desafios para todos, especialmente por causa das idas e vindas da pandemia que, a cada mutação do vírus, deixa o mundo em polvorosa. Selecionamos aqui algumas notícias de descoberta científicas que foram destaque na edição desta semana da revista Science. Descubra algumas coisas curiosas que foram notícia em uma das revistas científicas mais importantes do Planeta, com uma pegada pra lá de ficcionista.

Sequências misteriosas de DNA, conhecidas como 'Borgs', recuperadas da lama da Califórnia

Na lama de seu quintal, uma pesquisadora descobriu um estranho cromossomo linear que incluía genes de uma variedade de micróbios - um novo tipo de material genético que seu filho Trekkie propôs chamar de “Borgs” (em homenagem aos vilões da Próxima Geração). Eles fazem parte de um genoma viral? Bactéria estranha? Quaisquer que sejam os borgs, diz um especialista, a descoberta é "muito empolgante". E quem pode resistir a uma boa referência de Star Trek?

Os cientistas entraram nos sonhos das pessoas e as fizeram 'falar'

Por falar em ficção científica, uma história deste ano nos aproximou um pouco mais do mundo fantástico do filme A Origem, em que os humanos entram nos sonhos dos outros. Pela primeira vez, os pesquisadores tiveram “conversas” com pessoas no estado de sonho, incluindo fazer com que respondessem perguntas sim ou não e resolvessem problemas matemáticos. O trabalho pode ajudar as pessoas a lidar melhor com a ansiedade e a depressão e talvez até mesmo a ganhar novas habilidades - tudo isso enquanto pega alguns zzzs.

Lesma do mar cortou a própria cabeça - e viveu para contar a história

Era “como um filme de terror”. É assim que um cientista descreve nosso vídeo mais assustador do ano, em que a cabeça de uma lesma do mar se contorce no fundo de um tanque aquático, aparentemente procurando o resto de seu corpo. Em vez de morrer, o incrível noggin recuperou o resto de sua anatomia - um feito praticamente inédito em animais complexos.

Kinky e absurdo: a primeira peça escrita por IA não é Shakespeare, mas tem seus momentos

Quando uma conversa sobre eutanásia termina em uma briga sobre quem tem o dedo de quem no ânus, você sabe que não terá um dia normal no teatro. Mas é o que acontece quando um robô escreve sua peça. Em uma de nossas histórias mais surreais do ano, a inteligência artificial tenta contar a história de uma máquina que se aventura pelo mundo. As coisas não saem como planejado, pois os homens se tornam mulheres, os robôs dominam o mundo e os dedos ... acabam onde não deveriam estar. A peça também não foi fácil para os performers humanos, diz um autor do estudo. “Uma das atrizes me disse que foi o trabalho mais desafiador de sua carreira.”

O lendário lobo terrível pode não ter sido um lobo

Lobos horríveis não são o que parecem. A primeira análise genética dos carnívoros da era glacial descobriu que eles são tão diferentes de outros lobos, coiotes e cães que não pertencem ao mesmo gênero desses animais. Em vez disso, argumentam os pesquisadores, eles precisam de uma classificação científica inteiramente nova. Este achado “fascinante” também foi nossa história não-COVID-19 mais lida do ano. Por que tão popular? Talvez as pessoas gostem de lobos. Talvez gostem de DNA antigo. Ou talvez haja apenas uma tonelada de fãs de Game of Thrones por aí.

Com informações da Science.

 

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