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Carne inspecionada: sinônimo de qualidade

Todo mundo tá cansado de saber que a alimentação é algo que temos que reservar atenção especial, pois do alimento tiramos o sustento para o nosso organismo e para reposição de perdas. A alimentação precisa ser algo balanceado, em termos de nutrientes, e o alimento deve ser preparado usando as boas práticas da gastronomia.

Um ponto que chamamos atenção é para o consumo das proteínas, representada principalmente pela dieta rica em produtos animais (com o devido perdão dos veganos!). Os animais, criados e abatidos com a finalidade de fornecer proteína para os humanos passam por um processo de criação e manejo, frutos do desenvolvimento científico, que foi moldando as boas práticas, incluindo a seleção de boas progênies (plantel genético de excelência) e desenvolvendo pesquisas na área de nutrição para conseguir animais com qualidade excepcional para consumo, ganhando-se tanto em qualidade nutricional quanto em sabor.

Dr. Ricardo Lira. Fonte: Arquivo pessoal.

A semana que passou estive conversando com o amigo e pesquisador, Dr. Ricardo Lira, que apesar de ser cientista de computação, divide seu tempo em negócios relacionados à criação, manejo, abate e beneficiamento da carne, especialmente dos segmentos da suinocultura e da ovinocaprinocultura. Nos encontramos em um evento de carnes que aconteceu em um dos shoppings de Teresina e ele estava chegando do Tocantins, onde mostrava para alguns parceiros de negócios os benefícios destas duas culturas, atreladas aos cuidados de natureza sanitária, necessários para que o consumidor final se satisfaça com o resultado do que chega até o prato.

Bodódromo em Petrolina (PE). Fonte: Blog Nossa Voz.

Conversamos longamente sobre a necessidade de que mais carne inspecionada chegue aos pontos de comercialização. Fiquei impressionado com a quantidade de vendedores que utilizam a chamada “carne verde” ou “carne da moita” (como chamamos aqui no Piauí a carne não inspecionada), no segmento da suinocultura e da ovinocaprinocultura. Muitas vezes o comerciante chega a economizar alguns centavos na venda de carne não inspecionada. O poder público não tem braços e pernas suficientes para alcançar todos os que abatem de forma clandestina e os que comercializam proteína animal com origem duvidosa. Apesar do esforço, as agências que regulam a qualidade do que chega à mesa não tem a estrutura necessária para um trabalho mais completo.

Restaurante no Bodódromo de Petrolina (PE). Fonte: Tripadvisor.

Os riscos de contaminação dos produtos não inspecionados são enormes, abrangendo praticamente todas as diferentes fases do processo. Estive lendo alguns artigos que apontam os danos causados pela falta de cuidado. Para quem come, é imperativo que se observe a procedência e a presença dos selos de inspeção.

A cultura alimentar do uso destas carnes, ajuda a manter o equilíbrio de preços das carnes bovinas, consideradas mais caras, quando comparados com ovinos, caprinos e suínos. Aqui na nossa região é frequente o uso, sobretudo dos caprinos, bastante apreciados em muitas áreas do interior do Nordeste. Em Petrolina (PE), por exemplo, a cultura estimulou que a cidade investisse em um Bodódromo, que reúne diferentes restaurantes a oferecer cardápios praticamente exclusivos na disponibilidade da carne de caprinos.

O importante é, que de acordo, com os órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 houve um incremento considerável de consumo de carnes inspecionadas, principalmente de aves, suínos e bovinos. O volume de carne bovina alcançou 3,7% a mais no primeiro trimestre de 2021, quando comparado com o mesmo período de 2020. Já em 2022 o incremento alcançou apenas 0,5% em relação a 2021. Suínos e frangos também tiveram consumo aumentado.

Precisamos abrir o olho na hora de comprar proteína animal, optando por carnes inspecionadas. A relação custo-benefício, sem qualquer dúvida, é muito maior. A segurança alimentar não tem preço.

Boa semana para todos e todas.

SBPC Piauí: faça parte!!!

No mundo inteiro existem sociedades voltadas para incentivar o desenvolvimento das ciências. No Brasil existem várias sociedades que congregam especialistas nas suas respectivas ciências, agregando pesquisadores, estudantes e entusiastas visando propagar e incentivar a ciência de uma forma geral.

Estas sociedades têm papel preponderante no crescimento das áreas que representam porque são foros nos quais os cientistas reúnem-se para debater e dar encaminhamentos para o segmento científico correspondente. Estas sociedades vivem da contribuição dos seus participantes e muitas vezes tem papel destacado na defesa de políticas voltadas para o desenvolvimento e financiamento das ciências. Destacam-se por serem pontos de apoio aos cientistas e o seu braço político, que ajuda as entidades governamentais a planejar e a fomentar os respectivos segmentos e com isso prover o desenvolvimento das áreas que representam.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é uma das instituições mais antigas e mais abrangentes do Brasil. Fundada em 1948, a SBPC é famosa por aglutinas cientistas de várias áreas e correntes de pensamento. Possui sócios espalhados em todo o Brasil e em alguns lugares apresenta representações organizadas. O Piauí possuía representação, mas num dado momento perdeu um pouco da sua articulação. Atualmente há um conjunto de pesquisadores, sócios da SBPC que se reúnem para reabrir a entidade em nosso Estado. Vejamos o texto dos professores que estão arregimentando sócios e ex-sócios para voltarem às fileiras da entidade, permitindo sua reabertura no Piauí.

“Olá, faço parte de um grupo que está tentando resgatar a Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no Piauí. A SBPC é a maior entidade representante dos cientistas, mas infelizmente o Piauí estava sem representação institucional. Temos agora uma representação da SBPC no Piauí que está planejando um evento para o fim deste ano. Mas para que tenhamos a Secretaria Regional da SBPC no Piauí são necessários no mínimo 50 associados. São várias as vantagens da associação, mas a principal neste momento é o Piauí ter um espaço de interlocução. Será que você(s) pode se associar? Basta entrar neste link http://portal.sbpcnet.org.br/socios/associe-se/ e pagar a taxa, que fica mais em conta se você pertencer a uma associação já filiada à SBPC. Depois pode mandar seu contato para a professora Olivia Perez (Ciência Política/UFPI) pelo e-mail: [email protected] e telefone 86 998481582 que te incluiremos no grupo do WhatsApp dos associados”.

Se você é estudante de graduação ou da pós-graduação, professor universitário ou mesmo professor da educação básica, ou se não é nada disso, mas é um entusiasta da Ciência não perca esta oportunidade. A abertura da representação no nosso Estado possibilitará a execução de eventos e uma maior aproximação da ciência com nossa comunidade. Participe!!!

Até o próximo post...

 

“E os passarim voaram...”

Nestas últimas  semanas tive um conjunto total de seis bancas de pós-graduação. Ao contrário do quase senso comum de que professor de universidade trabalha menos do que professor da educação básica, sou obrigado a discordar com veemência. Se o professor se dedicar para além da atividade de ensino o trabalho é dobrado ou triplicado. Mas passemos ao que interessa de fato...

Quando estamos escalados em bancas nossa missão é julgar se os candidatos estão aptos a mudarem de patamar em termos de títulos acadêmicos. Se é graduado passar a ser mestre, se é mestre passar a ser doutor. Isto é de grande importância porque resultará na emissão de um diploma ao candidato aprovado. E o diploma é o documento acadêmico que habilita ao trabalho, daí a importância do momento. Importante diferenciar o Diploma do Certificado, presente em cursos de Especialização ou Aperfeiçoamento. Este último apenas lapida melhor o profissional, mas não o coloca dentro do mercado de trabalho como o diploma proporciona.

As bancas têm uma composição às vezes complexa, formada por especialistas nos temas estudados pelos pós-graduandos, e o princípio básico passa por uma leitura crítica do trabalho em julgamento. Depois de breve apresentação pelo candidato, vem a parte da arguição, na qual os membros da banca analisam todo o trabalho e fazem um conjunto de perguntas das mais variadas. Entre elogios e refregas, o candidato vai se defendendo apontando os porquês dos caminhos escolhidos e literalmente defendendo seu trabalho. Nada mais coerente do que chamar de “defesa”.

Dentre os trabalhos que avaliei quero comentar sobre os elaborados pelos, agora doutores, Muryllo Santos e Francisco Vieira, ambos orientados pelo Dr. Anderson Guzzi, professor da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR), e pertencentes ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). Muryllo estudou a avifauna do Parque Nacional de Ubajara (CE). Identificou as aves presentes no Parque, as espécies que são alvo do tráfico de animais silvestres e construiu um guia fotográfico bem interessante para atividade de birdwatching, que é a atividade de lazer de observação de aves. Já Vieira estudou os impactos provocados pela instalação dos aerogeradores sobre as aves na região do Parque dos Pequenos Lençóis Maranhenses (MA), inventariando as espécies que passam por lá, e os impactos principais da atividade de energia limpa, além de estudar a atividade ecoturística de observação dos Guarás, um show a parte que ocorre também no Delta do Parnaíba. Os trabalhos foram coorientados pelas não menos competentes Dra. Ivanilza Moreira (UFDPAR) e Dra. Roseli Barros (UFPI).

Capa do Guia Fotográfico das Aves do Paque Nacional de Ubajara, produzido por Muryllo Santos em parceria com seus orientadores. Fonte: Arquivo Pessoal.

Os dois trabalhos, além de contribuírem fortemente para o conhecimento da diversidade de aves que temos pelas nossas redondezas também geraram contribuições para as pessoas que, de certa forma, tiram o sustento em alguma atividade nas áreas pesquisadas. O trabalho de Muryllo, por exemplo, colaborou com os estudos de outra pesquisadora orientada por Guzzi que produziu um aplicativo para ser usado pelos turistas que vão até o Parque Nacional de Ubajara, a bióloga Irene Gomes.

Vídeo que fiz sobre a revoada dos Guarás no Delta do Parnaíba. Uma experiência muito interessante que recomendo. Fonte: Arquivo Pessoal.

Como se vê, mesmo enfrentando as dificuldades da falta de financiamento, pesquisadores radicados no Piauí conseguem sucesso na busca por conhecimento, para entender a extensão da nossa biodiversidade e das interações e impactos provocados pelo homem.

Para o Professor Guzzi que formou novos Doutores, Muryllo e Francisco, fica a sensação de dever cumprido e para o bom passarinheiro que é, a sensação de que “seus passarim” voaram. Sucesso aos novos doutores. Sucesso também para a Joana Pereira que se tornou Mestre, ao Márcio Luciano Batista e a Albeane Guimarães que se tornaram Doutores e para minha orientanda, Mirna Andrade que qualificou-se para defender Tese de Doutorado.

Boa semana para todos e todas.

Por que devemos nos importar com o desmatamento?

Como biólogo, vez por outra, sou consultado a respeito da supressão de vegetação para realização de obras e outros tipos de uso do solo. É um trabalho que faço a contragosto porque, se dependesse unicamente da minha vontade, preservaríamos o máximo possível da vegetação original. Muitas vezes as supressões são necessárias para dar lugar a obras importantes, muitas das quais, além dos interesses privados, servem fortemente ao interesse público, como a edificação de uma estrada ou de um conjunto habitacional, por exemplo.

As regras para remoção da vegetação são bastante criteriosas. Aliás, o Brasil é o país mais bem amparado por um arcabouço de leis para proteção do meio ambiente. Algumas das normas vigentes, por vezes ferem critérios científicos, como já escrevemos e já fizemos uma participação em um podcast, recentemente, falando sobre a inexistência de Floresta Atlântica no Piauí, cujos Domínios, determinados por legislação federal, abrangem áreas que não resguardam qualquer semelhança com aquele importante ecossistema brasileiro.

Nas atividades de campo verifico os parâmetros determinados pela legislação e, quando possível, estabeleço condições para o empreendedor sobre que áreas poderiam ser preservadas em detrimento de outras. Dia desses fiz sugestão desta natureza para os investidores em um dos shoppings de Teresina, o que foi bem aceito pelos projetistas e empreendedores, e um resquício de mata nativa foi preservado, numa simples modificação da entrada principal do empreendimento.

Vejo o desmatamento como uma das coisas que mais impacta no microclima de uma região. Nossa cidade (Teresina-PI) é muito quente, e a remoção da vegetação influencia de forma considerável nas variações de temperatura. Um estudo recente publicado na revista Sciences Advances, revelou que a diversidade de plantas pode aumentar a estabilidade da função dos ecossistemas e seus indicadores, uma vez que há influência na estabilização da fenologia (comportamento fisiológico das plantas: floração, frutificação, queda e recomposição das folhas etc.) em regiões de grande umidade nos EUA. Se nestas regiões há interferência em fatores climáticos (principalmente microclimáticos), imagine em áreas mais secas como as que enfrentamos aqui no Brasil, especialmente na região Nordeste.

Tão grave quanto o desmatamento, é a recomposição da vegetação utilizando espécies exóticas como se percebe nas áreas urbanas. Aqui na nossa região, por exemplo, é muito frequente o uso da espécie Azadirachta indica, conhecida popularmente como Neem Indiano. Uma árvore de crescimento rápido, mas apontada por alguns estudiosos como danosa à fauna, especialmente de aves, uma vez que produz frutos e secreções mutagênicas. Os animais, de uma forma geral, são espertos o suficiente para aprenderem o que devem comer e o que devem evitar. Entretanto, este aprendizado leva algumas gerações para acontecer. Quando uma espécie é introduzida, o impacto da sua chegada influencia em toda a cadeia alimentar, podendo acarretar danos sérios à biodiversidade daquele lugar.

Precisamos aprender mais com a natureza antes de tentar modificá-la.

Uma boa semana para todos e todas.

 

Ciência Viva completa 5 anos!

14 de julho é uma data bem especial para mim. Nesta data, há cinco anos, estreava minha atividade de Divulgação Científica usando como meio o Portal Cidade Verde. Foi um convite interessante que contou com a minha querida antiga aluna, Jordana Cury, então jornalista do Grupo Cidade Verde. Ela mostrou meus textos e me elogiou tanto que a Jornalista Yala Sena, com a devida anuência da presidência do grupo, me convidou e desde então, escrevo para este espaço.

Escrever sempre foi uma atividade que desenvolvi com certa facilidade. Explicar, esmiuçar, simplificar vem da minha verve de professor. Em casa, conto com a visão crítica da Jornalista Ana Flávia Soares, minha principal incentivadora. Ampliei muito meu escopo de leituras, para não falar apenas do que estudo com mais veemência. Acesso revistas como a Science, a Nature, além de ouvir podcasts e outras fontes de divulgação da ciência. Uso também o espaço para expor minha opinião e minha visão de leitor, de pesquisador e de cidadão. Tento analisar situações sem entrar em querelas, especialmente as de natureza política.

Na pandemia o Ciência Viva foi uma importante válvula de escape. Devorei tudo o que existia de informação sobre a COVID-19. No fundo também procurava informações que pudessem dar alento aos leitores. Vi o tamanho do alcance dos meus textos quando consegui mais de 100 mil acessos em um post que divulgava a pesquisa de piauienses sobre as propriedades de substâncias presentes no Buriti no reforço ao sistema imunológico. Aliás tenho certeza de que hoje sou o principal divulgador das pesquisas feitas nas universidades locais ou por piauienses espalhados mundo afora. Duas coisas curiosas: uma vez fui procurado por um pesquisador que estava radicado em outro país e que queria que divulgasse os estudos dele no Ciência Viva. Em outra circunstância uma jornalista amiga, de outro grupo de imprensa, se irritou porque não antecipei uma informação para não perder o “furo”.

Minha atuação no Ciência Viva é um trabalho absolutamente voluntário. O faço como uma extensão da minha carreira de pesquisador, por entender que a sociedade, em geral, merece ser informada sobre o que ocorre nas universidades e centros de pesquisa. Inclusive fui denunciado pela atividade que desempenho, ao que respondo um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) desde o ano de 2019, que deveria ter se encerrado em 60 dias...

O que me move não é dinheiro. Há coisas muito mais importantes e que, de tanto valor que tem, não tem preço. Às vezes, aos domingos, mando em uma lista de transmissão de uma rede social o link com o texto mais novo. Aí recebo mensagens de vários amigos e colegas de profissão. Pesquisadores e professores que usam o Ciência Viva como uma leitura de domingo. Mensagens como estas que recebi ontem quando avisei que ia escrever sobre o aniversário do Ciência Viva.

Inicialmente quero parabenizar o Ciência Viva pelos seus 5 anos e ao mesmo tempo parabenizar o dileto amigo professor Francisco Soares Santos Filho, pela dedicação e produção da mais prazerosa leitura dominical. Manter um canal de divulgação científica não é fácil, ainda mais no mundo de confrontos de negação da ciência que vivemos. Torná-lo atrativo é tarefa árdua. Por isso, encontro motivos para justificar tamanha contribuição do Canal para a imprensa local: Despertar o hábito de leitura prazerosa, do interesse por informações corretas e fáceis de compreender, estimular investigações de temas variados e relevantes e que permeiam o dia a dia do cidadão piauiense. Por esses e tantos outros motivos que desejo parabéns ao canal Ciência Viva e ao estimado professor Francisco Soares. Sucesso!”

Prof. José Williams Filho (Doutor em Biotecnologia / Professor do IFPI)

 

“O Ciência Viva dissemina conhecimento científico para a sociedade”.

Profª Socorro Meireles (Doutora em Ecologia de Amb. Aquát. Continentais / Professora da UFPI)

 

“O Ciência Viva sempre traz uma reflexão sóbria ou uma palavra de alento aos domingos. Melhor dia não poderia ser. Em um mundo com comportamentos, por vezes, até pré-históricos, ler uma coluna de opinião escrita por um cientista, diminui nossa angústia e colabora para a esperança de dias melhores”.

Prof. Leonardo Madeira Martins (Doutor em Desenv. Meio Ambiente / Professor da UNINOVAFAPI)

 

“Em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-lo por tão importante e valiosa iniciativa. A divulgação científica é extremamente necessária para o mundo moderno, pois nesse contexto, ninguém vive sem que utilize fundamentos científicos em seu cotidiano. Divulgar a ciência é levar a toda população a comprovação de que a ciência é feita cotidianamente e o Projeto Ciência Viva contribui decisivamente para isso. Porém, é muito importante que a comunicação, em todas as suas manifestações, tanto escrita quanto televisiva, jornais, revistas, sites etc., criem mais possibilidades para o fortalecimento da divulgação científica. Projeto importante e necessário. Parabéns!”

. Prof. Raimundo Lenilde de Araújo (Doutor em Educação / Professor da UFPI)

 

“É sempre bom ler o Ciência Viva”.

Prof. Afonso Norberto (Doutor em Engenharia de Sistemas e Computação / Professor da UESPI)

 

“Olá, Professor Soares! Gosto muito do Ciência Viva. Nos atualiza mesmo. Sempre estou a espera quando manda o link de acesso. Boa sorte e parabéns por sua contribuição científica e acadêmica!”

Profª Maria Luzineide Gomes Paula (Doutora em Geografia / Professora da UESPI)

 

"Seu blog é muito bom, você é um ótimo comunicador da ciência. Parabéns!"

Profª Francisca Lúcia de Lima (Doutora em Microbiologia / Professora da UESPI)

"O Ciência Viva representa um dos grandes serviços que a ciência deve obrigatoriamente fazer: divulgar seus achados e descobertas em uma linguagem acessível à população para assim prestar conta à sociedade do que lhe é investido, sendo muito ou pouco. É com sua força de vontade, perspicácia e imensa bagagem que o Prof. Soares tem realizado este belo trabalho ao longo destes 5 anos. Viva Ciência Viva!"

Prof. Daniel Dias Rufino Arcanjo (Doutor em Biotecnologia / Professor da UFPI)

"Quero parabenizá-lo pelos 5 anos do Ciência Viva!
O conteúdo científico em linguagem mais acessível a vários públicos (e não apenas o acadêmico) favorece a tão oportuna popularização e compreensão de vários temas."

Profª Elaine Aparecida da Silva (Doutora em Desenv. e Meio Ambiente / Professoa da UFPI)

"Todos os dias tenho o hábito de percorrer os principais Portais de Notícias de Teresina para manter-me informada dos acontecimentos em nosso estado e em nossa cidade. Aos domingos o meu compromisso é com os seus escritos publicados no Ciência Viva, no Portal Cidade Verde, sempre nos atualizando no campo do conhecimento científico, seja para criticar, denunciar ou parabenizar quem produz a ciência. Espero continuar me deleitando desta fonte do conhecimento que é o Ciência Viva.
Ah! Quando recebo em meu WhatsApp o seu texto já o tenho lido no Portal Cidade Verde."

Profª Cleide Maria Arraes Rezende (Mestre em Educação / Professora da UESPI)

"Ciência  Viva divulga conhecimento científico numa linguagem clara e agradável. As informações  são  sempre relevantes.
Parabéns!"

Profª Maria de Fátima Oliveira (Doutora em Botânica / Professora da UESPI) 

Boa semana para todos e todas e seguimos juntos para mais um ano de atividades!

A “Grande demissão” alcança universidades

A pandemia de COVID19 deixou um estrago razoável nos postos de trabalho do mundo inteiro. O que foi chamado pela mídia de “a grande demissão” provocada pela crise relacionada a pandemia que tirou o emprego de 47 milhões de trabalhadores nos EUA e de 2 milhões no Reino Unido parece ter chegado ao meio acadêmico e, muito provavelmente, por uma avalanche de outros motivos que não apenas os relacionados à pandemia.

A revista Nature publicou o texto intitulado Has the “great resignation” hit Academia? (A “grande demissão” atingiu o meio acadêmico? Em tradução livre) no qual conta a história de alguns pesquisadores que abandonaram os postos de trabalho em meio a uma crise com vários indicadores como: desânimo, falta de condições de trabalho, falta de financiamento da pesquisa, baixos salários, cortes nas aposentadorias, relações tóxicas, casos de sexismo, de racismo e outras variáveis. Se quiser ver o artigo clique aqui.

O fenômeno afeta mais fortemente os pesquisadores em meio de carreira. De acordo com pesquisa realizada pela própria Nature, 37% dos pesquisadores em meio de carreira desistiram ou pensaram em desistir dos seus postos de trabalho, ou simplesmente se declararam infelizes com a carreira que levam. Um percentual significativamente maior do que os pesquisadores em início ou no final de carreira.

Alguns destes pesquisadores estão encontrando abrigo em consultorias especializadas ou mesmo mudando radicalmente de profissão, por se sentirem infelizes e sem perspectiva com o que vinham fazendo. Este fenômeno vem sendo verificado em países como EUA, Reino Unido e Australia. Na Austrália, a pandemia alterou o fluxo de estudantes oriundos de outros países, reduzindo o orçamento das instituições e obrigando a uma demissão que alcançou 20%.

A situação no Brasil e no Piauí

No Brasil a situação não é diferente e, na minha visão pessoal, está pior. Para começar a queda no financiamento da pesquisa alcançou, nos últimos 10 anos, a cifra de 84%. Isso mesmo: em valores atualizados, o governo brasileiro investe somente 1,8 bilhões de reais anuais em pesquisa, cerca de um terço do valor que será gasto para financiar a campanha política deste ano. Estes cortes atingem em cheio o financiamento, especialmente no item de formação de novos pesquisadores. Há mais de 10 anos as bolsas para formação de mestres e doutores estão estagnadas. O que já representou um valor considerável de quase 10 salários-mínimos,a bolsa de Doutorado hoje representa 2.200 reais, pouco mais de um salário-mínimo vigente (R$ 1.212). É importante ressaltar que esta queda se agravou agora, no período da pandemia, obrigando as instituições a cortarem gastos importantes, como no caso da UFPI que anunciou um racionamento de energia elétrica motivado pelos cortes orçamentários. Do mesmo modo o IFPI anuncia um corte de 5 milhões do seu orçamento, comprometendo os serviços de manutenção, pagamento de despesas básicas como água e energia, dentre outros.

O marasmo relatado na Nature está relacionado com o trato administrativo também. O pesquisador Caspar Addyman da Goldsmith University de Londres admitiu que a incompetência na gestão foi um fator preponderante para que ele abandonasse sua pesquisa e sua colocação na Universidade. Este desânimo também afeta professores das universidades locais, como a Universidade Estadual do Piauí. Na UESPI, o plano de carreira já está estagnado para alguns profissionais que não tem mais como melhorar sua situação financeira. Até hoje a gestão nunca cuidou em regulamentar o acesso ao cargo de Professor Titular presente desde que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários foi aprovado e implementado, em 2009, pela falta de autonomia, falta de diálogo com o Governo Estadual e a falta de boa vontade também. A gestão da UESPI comemora quando consegue abrir um edital de transferência externa com quase 4 mil vagas, esquecendo que, se existem 4 mil vagas é porque antes existiram 4 mil desistentes. Não se tem notícia de qualquer iniciativa da universidade em tentar deter a evasão gigantesca presente em todos os cursos, tanto no interior quanto na Capital.

As carreiras acadêmicas, sonho de muitos profissionais, passam pelo seu pior momento. As carreiras precisam se reinventar em instituições que precisam ser melhoradas. Universidades, mesmo públicas e gratuitas, como no caso do Brasil, já não atraem como faziam em épocas pretéritas. É preciso e necessário que as IES sejam mais bem pensadas e planejadas. A pesquisa e a extensão, pilares importantes do tripé universitário, precisam ser estimuladas para que a população conheça o valor que estas instituições têm. Publicar nas redes sociais e na mídia que vai tudo lindo e maravilhoso é tentar se proteger do sol com uma placa de vidro.

Uma ótima semana para todos (as).

Darwin, o filho do darwinista

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Esta frase, atribuída ao naturalista britânico Charles Robert Darwin explica bem o sentido da vida e dos que conseguem se manter vivos, mesmo diante das adversidades. Isto acontece nas nossas barbas, queiram ou não os que negam a ciência, todos os dias.

Esta semana passamos, eu, minha família e nossos amigos, uma provação bastante pesada. Alessandro Darwin, nosso filho caçula, ao ter contato com uma substância alergênica, muito provavelmente um fruto do mar (fonte de outros episódios de alergia pelos quais ele já vivenciou), desencadeou um choque anafilático com a interrupção de sua respiração.

Ao perceber que a situação se agravara, Alessandro disparou em busca de atendimento médico. Chegou ao hall do Pronto Atendimento (PA) do Hospital Unimed Primavera (HUP) em Teresina com o nível de saturação de oxigênio em 27% (o normal é de 95%-100%). Ao chegar pediu socorro e perdeu os sentidos. A equipe do PA foi muito rápida. Realizou todos os procedimentos necessários e o Alessandro nasceu novamente, aos 25 anos de idade.

Na sua chegada foi atendido pela equipe liderada pelo Dr. Rodrigo Beserra, médico urologista, para quem tive o imenso prazer de ser seu professor no Instituto Dom Barreto (IDB). Rodrigo me relatou que nunca tinha visto tanta resistência para alguém que chegou com os sinais vitais tão arruinados, em tão curto espaço de tempo. Todo o conhecimento e esforço de médicos e da equipe de enfermagem teve também uma inspiração pra lá de divina.

Choque anafilático...

De acordo com o site https://bvsms.saude.gov.br/choque-anafilatico/, é a forma mais grave de reação de hipersensibilidade (alergia), desencadeada por diversos agentes como drogas, alimentos e contrastes radiológicos. Os sinais e sintomas podem ter início após segundos à exposição ao agente ou até uma hora depois. A avaliação e o tratamento imediatos são fundamentais para evitar a morte. As causas vão desde a picada de insetos até o uso de alimentos ou contato com objetos/substâncias que provoquem a reação.

Qualquer pessoa pode desenvolver uma reação alérgica muito forte e vir a ter problemas e até sucumbir, caso não seja atendida a contento. É preciso ter o conhecimento sobre isso e andar prevenido, com orientação médica.

Sobre o título deste post...

Sou um darwinista convicto. E quando a Ana ficou grávida do nosso filho mais novo decidimos dar ao bebê um nome que homenageasse o naturalista britânico. Pegando as palavras de Charles Darwin, Alessandro provou que quem sobrevive é de fato o mais apto. Um exemplo da força que temos e que, quando necessária, precisamos usá-la.

Estou muito feliz esta semana, porque tudo não passou de um susto! Boa semana para todos (as).

Por que sobrevivemos à Seleção Natural?

Quando nascemos, nós humanos, somos excessivamente frágeis. Somos uma das espécies que depende muito dos cuidados parentais. Estes cuidados perduram por um tempo maior, até completarmos a maturidade de conseguirmos nos deslocar sozinhos e de levar os alimentos à boca. Se não fossem os cuidados dispensados por nossos pais, dificilmente sobreviveríamos aos riscos e perigos do meio.

Esta fragilidade está relacionada ao tempo pequeno de desenvolvimento no ventre materno: só para se ter uma ideia nem as placas do nosso crânio estão completamente formadas, levando de 12 a 18 meses para fechar o que chamamos popularmente de moleira, denominada cientificamente de fontanela. Isso dentre muitas características que afetam diretamente nossa autonomia. Nossa sobrevivência enquanto espécie passou a depender dos cuidados dispensados por nossos pais para nos alimentar e nos proteger da ação de predadores e dos demais riscos naturais. Estes cuidados foram um diferencial, não somente para humanos, mas para algumas espécies de mamíferos e muitas espécies de aves, que dependem dos alimentos trazidos pelos pais e da proteção conferida pelo ninho. São frutos da nossa inteligência e que permitiram nossa passagem pelo crivo da seleção natural.

Esta capacidade de cuidar não surgiu de modo instantâneo. Certamente foi algo aprendido e repassado de geração em geração, ao ponto de ter permitido nossa perpetuação. A não recorrência dos processos teria resultado em perdas consideráveis, alterando o fluxo normal da espécie e sua sobrevivência.

Esta semana resolvi escrever sobre isso para nos lembrar o quanto cuidar é tão relevante para nós, humanos. Que foi a chave para chegarmos aonde chegamos em termos de sobrevivência. Fui tocado pela matéria da jornalista Paula Monize, do Portal Cidadeverde.com que mostrou a história de um pai que ajuda o filho cadeirante na difícil missão de supervisionar o censo do IBGE na cidade de Picos (PI), nos mostrando o significado da palavra CUIDAR. Reveja a matéria aqui.

Cuidar é, sobretudo, um ato de amor!

Boa semana para todos (as).

Varíola dos macacos: uma nova epidemia?

Ainda nem saímos de um pesadelo chamado COVID19 e um novo elemento do mundo das viroses surge no horizonte: a varíola dos macacos. Ao ouvir a palavra Varíola, qualquer estudante do Ensino Médio sabe que falamos de uma doença infecciosa viral que assolou o mundo, mas foi considerada uma das primeiras doenças a ser eliminada do Planeta graças à efetiva ação científica de produzir vacinas e usá-las em escala mundial promovendo o fim deste mal que assombrou o mundo.

Particulas do vírus da Varíola do Macaco. Fonte: Science.

A varíola foi uma doença muito temida ao longo do século XX. Maltratava bastante os pacientes e matou cerca de 300 milhões de pessoas, mais do que todos os mortos juntos de todas as grandes guerras do mesmo século. A varíola era causada pelo Orthopoxvirus variolae, e foi considerada extinta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 08 de maio de 1980, graças ao esforço das autoridades em saúde de promover campanhas bem exitosas de vacinação. Pesquisas apontam que a doença não foi devastadora apenas no século XX. Há relatos históricos de que populações inteiras de indígenas Astecas, no México, tenham sido dizimadas pela contaminação trazida pelos espanhóis durante o processo de colonização da Mesoamérica.

A novidade agora é um vírus da mesma família do Vírus da Varíola só que típico dos macacos. Sua primeira aparição foi na década de 1950. Muito provavelmente o vírus original sofreu uma mutação e passou a contaminar pessoas. De acordo com matéria publicada na Revista Science da semana passada, mais de 2000 casos já foram relatados, de maio para cá, em 30 países onde o vírus não é endêmico. A transmissão ocorre por contato com pessoas contaminadas, gotículas de saliva e contato com animais que portem o vírus (apesar do nome, o vírus também infecta roedores).

A mesma matéria traz os resultados de um estudo executado por pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) de que a forte presença da doença em países nos quais o vírus não é endêmico seja motivada pela entrada do vírus em redes sexuais de homens que fazem sexo com homens (HSH). Um estudo conduzido pela Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA) com pacientes da Varíola do Macaco apontou que dos 152 pesquisados, 151 se declararam HSH, o que reforçou a preocupação das autoridades epidemiológicas sobre o tema.

A Varíola do Macaco pode reviver o triste episódio que relacionou a AIDS com um comportamento sexual fortalecendo o preconceito e a estigmatização de pessoas que já sofriam de uma doença gravíssima e precisavam conviver com o preconceito. Estamos diante de um novo desafio que precisa ser enfrentado com inteligência e os cuidados devidos, para que não se transforme em um novo problema de saúde pública mundial.

A COVID19 já nos deixou esgotados. Não precisamos de outra mazela.

Boa semana para todos (as).

“Não há razão para surtar”

Com esta frase o imunologista John Moore da Weill Cornell Medicine esclareceu o efeito da chegada de novas variantes da Ômicron na África do Sul e o surgimento de novas cepas do vírus nos EUA com grande poder de espalhamento nas populações, mas sem uma ameaça maior no aumento do número de mortes nestes locais.

As novas variantes BA.4 e BA.5 e uma subvariante da cepa BA.2 são ameaças às populações e preocupa os pesquisadores ao ponto de que alguns cuidados sejam retomados. Estas novas variantes e as que se posicionam como mesclas das variantes mais importantes trazem, do inconsciente para consciente dos médicos e pesquisadores, a possibilidade de uma nova leva de doentes que remetam ao cenário que levou o mundo todo a fechar suas portas, sob a ameaça iminente de faltarem leitos e subsídios para salvar vidas, como aconteceu no início da pandemia em 2020, com picos de retorno ao longo dos meses até aqui.

Os prejuízos já são incalculáveis. Não somente os que foram fruto do fechamento de empreendimentos, mas o abalo nos diferentes segmentos da economia mundial e, principalmente, o prejuízo a uma geração que estava na escola e teve seu processo de aprendizagem prejudicado pela abrupta interrupção do cotidiano.

A diferença grande é que agora existem imunizantes com certo grau de eficiência que, se não barram totalmente o efeito do vírus (dificilmente impediriam a contaminação mesmo), já conseguem deixar o paciente com mais defesas, permitindo que a doença se manifeste de modo bem leve. Ainda existem muitos desafios a serem vencidos, mas a ciência tem dado provas irrefutáveis de que pode combater o inimigo com armas promissoras e eficientes.

Boa semana para todos (as).

 

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