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Ator conclui PhD, imitando o que fazia nas telas

Quem me conhece de perto sabe que sou fã de uma série da Warner/CBS chamada The Big Bang Theory. Para quem não conhece foi uma série iniciada em 2007 e finalizada em 2019 após 12 temporadas. A série traz um total de 279 episódios contando o cotidiano de quatro nerds e suas companheiras e outros amigos e personagens. Os nerds são todos cientistas refinados e muito inteligentes, mas são completamente dissociados do mundo real. O contraste entre suas inteligências acadêmicas e hábitos com as suas faltas de malícia e entendimento de coisas simples do mundo real, tornam os episódios hilariantes.

Personagens principais do seriado The Big Bang Theory (da esq. p/ dir.): Bernadette, Howard, Raj, Penny, Sheldon, Leonard e Amy. Fonte: Divulgação/VEJA.

Os quatro personagens centrais são os físicos Sheldon Cooper (vivido pelo ator Jim Parsons), Leonard Hofstadter (representado pelo ator Johnny Galecki), o astrofísico Rajesh Koothrappaly (Kunal Nayyar) e o engenheiro e astronauta Howard Wolowitz (Simon Helberg). Os três primeiros são doutores em suas respectivas áreas. Howard, apesar de Engenheiro formado pelo MIT e astronauta, é zoado o tempo todo por ser o único “não-Doutor” da trupe principal.

Ontem, através de suas redes sociais o ator Kunal Nayyar, que faz o Raj, anunciou que aconteceu sua colação de grau do PhD. em Humane Letters (Letras humanas, em tradução livre) pela Universidade de Portland (EUA). Kunal compartilhou inclusive o vídeo com a solenidade toda e o anúncio de sua conquista com seu discurso de agradecimento (veja vídeo abaixo a partir de 1:28)

Os fãs e seguidores parabenizaram o ator pela conquista. Mesmo fazendo uma das séries mais longas e caras da TV mundial, ele teve a disposição para encarar outros trabalhos e galgar o mais alto título da carreira acadêmica: um doutorado (PhD).

O curioso é que ele não é o primeiro membro da trupe a conseguir o título. A atriz Mayim Bialik que interpreta a neurobióloga Amy Farrah Fowler (namorada do excêntrico Sheldon Cooper) já entrou na série com o título de Doutora em Neurociência pela Universidade da Califórnia - Los Angeles (UCLA)

A situação é de fato muito curiosa. Revela para todos o quanto a persistência e a capacidade de realizar metas e objetivos precisa ser tomada como um desafio para própria vida. Para Kunal Nayyar, um ator jovem e de sucesso, a vida acadêmica era uma meta importante. Um belo exemplo!

Até o próximo post...

#1 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Em 2015 a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um conjunto de 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Na verdade, são metas para melhorar a vida no Planeta com uma agenda apertadíssima para que os países a atinjam até 2030.

Os ODS são os seguintes, por ordem:

1) Erradicação da pobreza;

2) Fome zero e agricultura sustentável;

3) Saúde e bem-estar;

4) Educação de qualidade;

5) Igualdade de gênero;

6) Água potável e saneamento;

7) Energia limpa e acessível;

8) Trabalho decente e crescimento econômico;

9) Inovação na infraestrutura;

10) Redução das desigualdades;

11) Cidades e comunidades sustentáveis;

12) Consumo e produção responsáveis;

13) Ação contra a mudança global do clima;

14) Vida na água;

15) Vida terrestre;

16) Paz, justiça e instituições eficazes;

17) Parcerias e meios de implementação.

Estes ODS são todos absolutamente tangíveis, alcançáveis, mas dependem de um esforço hercúleo dos governos, das organizações, das empresas e, principalmente, da população. A população precisa estar inteirada sobre estas metas e as estratégias envolvidas que lhes permitam aglutinar-se em torno dos problemas e mexer com os responsáveis diretos pela elaboração de políticas e da sua execução, essencial para que a sociedade toda se movimente e consiga atingir cada um dos objetivos propostos.

O papel de cada cidadão em conhecer cada um destes objetivos é o primeiro passo. Já se vão sete anos que foram lançados e pouco disso, na prática, chegou até as escolas e universidades, para atuar de forma mais efetiva na formação e no conhecimento das pessoas.

Durante os próximos posts, vou concentrar esforços para trazer informações sobre cada ODS. É uma das formas que vejo em ajudar na promoção desta agenda, que só fortalece os esforços para que todos neste nosso planeta possam alcançar dias melhores. Revezarei estas postagens com outras sobre os demais temas que trato no Ciência Viva. Este é o verdadeiro papel da Difusão do conhecimento científico.

Até o próximo post...

Físico teórico piauiense publica estudo na Nature

Com o título “Temperature estimation of a pair of trapped ions” (Estimativa de temperatura de um par de íons aprisionado, em tradução livre) foi publicado na edição do dia 23/04 da Scientific Reports Nature, uma das mais importantes revistas científicas do mundo, o artigo do professor Dr. Olímpio Pereira de Sá Neto, juntamente com mais três pesquisadores: Helder Costa (UFPI/UESPI), Gilberto Prataviera (USP Ribeirão Preto), Marcos César de Oliveira (UNICAMP).

O trabalho foi aceito para publicação pela Nature por discutir sobre a possibilidade de se fazer inferências ou estimativa de temperaturas de um íon pela interferência de outro íon que esteja emaranhado com ele, dentro de determinadas situações, inclusive com o compartilhamento de propriedades quânticas entre estes íons. Esta descoberta pode resultar em uma revolução para computação quântica, facilitando, por exemplo, previsões sobre as modificações na temperatura em meios microscópicos, no evento que se discute constantemente sobre as propriedades desses aquecimentos. A descoberta é um passo importante para as pesquisas relacionadas aos estados quânticos por revelar detalhes sobre a natureza e as propriedades dos íons. Um avanço considerável para a física atômica.

Esquema da relação entre os dois íons. Fonte: Sá Neto et al. (2022)

Dr. Olímpio Sá Neto é bacharel em Física pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Mestre e Doutor em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente é lotado no curso de Ciências da Computação da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), na qual ocupa o cargo de Professor Adjunto IV, lotado no Centro Integrado de Educação Superior do Campus Prof. Alexandre Alves na cidade de Parnaíba (PI). É um pesquisador que empreende todos os esforços para fazer ciência em nosso Estado, ainda que não tenha as condições ideais para trabalhar e não receba o apoio devido.

Dr. Olímpio Sá Neto em momento familiar. Fonte: Arquivo Pessoal.

 

Até o próximo post...

Enfim, aulas presenciais...

Com a amenização da pandemia de COVID-19 algumas coisas começam a ganhar uma nova dinâmica. Dentre elas o retorno às aulas presenciais na Universidade Estadual do Piauí (UESPI), uma das instituições às quais dedico meu tempo de trabalho.

A volta às aulas fez crescer em todos com os quais eu conversei, nesta primeira semana de aulas, um sentimento de recomeço. Me transportei para a época em que comecei a trabalhar pela primeira vez. Aquela sensação de que começamos algo novo. Provavelmente, nunca mais retornaremos aos momentos anteriores ao período da pandemia. Não que este período estivéssemos parados. Pelo contrário: o momento da pandemia afetou enormemente o segmento da educação e professores e estudantes tiveram que se reinventar. Aprendi a lidar com as plataformas de transmissão de aulas e com algumas coisas mais complicadas como o uso de uma mesa digitalizadora para “escrever no quadro” para os estudantes, principalmente quando da necessidade de ensinar cálculos estatísticos (uma das minhas disciplinas é Bioestatística para a graduação em Ciências Biológicas).

Logo na primeira semana minha rinite alérgica voltou à tona, muito provavelmente pelo contato com salas de aula que permaneceram fechadas por quase dois anos e que serviram de substrato para instalação de microrganismos, dentre eles os fungos que tanto me sensibilizam nas vias aéreas superiores. Na universidade vi estudantes reclamarem da eterna falta de estrutura, que segundo os dirigentes atuais, são “problemas pontuais”. O problema é que são em muitos pontos. A falta de investimentos e a má gestão precisam ser revistas.

O certo é que os estudantes estão bem animados com o retorno, apesar das dificuldades que tem em chegar e sair da universidade, dada a falência do sistema de transportes coletivos da nossa cidade. Mas os três problemas – falta de investimentos e má gestão da universidade e falência do sistema de transportes – apresentam as mesmas causas relacionadas: más escolhas! Mas tudo isso pode ser esquecido com o tempo. Nas vésperas das eleições ninguém lembrará das dificuldades de hoje.

Queria, pois, apenas manifestar minha opinião sobre as aulas presenciais. Apesar dos pesares, não inventaram sistema melhor do que um professor na sala de aula.

Boa semana para todos e todas.

IV Encontro Regional da Caatinga

Acontece nesta próxima semana, de 25 a 28 de abril, o IV Encontro Regional da Caatinga e o I Simpósio Nacional do Semiárido na cidade de Parnaíba (PI). O evento que traz como tema “Ambiente, Diversidade Biológica e Sustentabilidade no Semiárido” é uma organização de professores da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR).

Sob a batuta dos Doutores Jesus Rodrigues Lemos (Presidente) e Ivanilza Moreira de Andrade (Vice-Presidente), o evento é voltado para um público bem diversificado. As inscrições continuam abertas e com preços bem acessíveis, voltada para Estudantes da Educação Básica, de Graduação e de Pós-Graduação, além de profissionais de diferentes áreas que tangenciam os temas tratados no evento.

O evento trará palestras, minicursos e mesas redondas sobre os temas Biotecnologia, Botânica, Conservação e Meio Ambiente (Ecologia), Ensino de Ciências, Micologia e Microbiologia e Zoologia. Para mais informações e inscrições entre em contato através dos canais: E-mail – [email protected]. Instagram: @4_encontro_regional_da_caatinga. Site: www.even3.com.br/ierceisns2022.

O evento será encerrado com uma Palestra Magna do Prof. Dr. Simon Mayo do Jardim Botânica Kew, na Inglaterra.

Será uma boa oportunidade para aprimorar conhecimentos. Aproveite!

Até o próximo post...

Médico piauiense lidera grupo que usa Inteligência Artificial no diagnóstico precoce de doenças

A Inteligência Artificial (IA ou AI, em inglês) já está no nosso cotidiano e a gente nem percebeu direito isso. Já observou a coincidência de quando você fala num assunto e assim que abre uma rede social aquele assunto aparece ali, na sua frente? Por exemplo: você está discutindo com amigos sobre o preço de passagens de avião. Aí você entra numa rede social e um ou dois cliques depois começam a surgir notícias ou ofertas sobre passagens de avião!

Na verdade, sensores do seu smartphone ouvem o que você diz ou o que pesquisa na internet. A integração de sua conta de e-mail e suas contas nas redes sociais conectam-se a uma Inteligência Artificial (IA) que junta as informações e as associa às suas necessidades e/ou desejos. As IAs são especialistas em detecção de padrões. Em associar imagens e compará-las. Agora existem hospitais e instituições médicas usando IAs para ajudar no diagnóstico precoce de doenças.

O médico piauiense Bruno Aragão, coordenador de Inovação do Grupo Fleury (SP), em entrevista para o Jornal Folha de São Paulo, mostrou os ganhos obtidos com o uso de IAs na rapidez para o diagnóstico de doenças ou quadros infecciosos usando imagens dos pacientes. A técnica foi desenvolvida em Israel e algumas entidades médicas já vinham testando como suporte ao diagnóstico feito por especialistas. A matéria foi publicada na Folha em 15 de abril e traz um apanhado das ações diagnósticas feitas na entidade com uso da IA.

Bruno Aragão Rocha (Esq.) quando esteve em palestra do Pint of Science em Teresina (2017) Fonte: F.S.Santos-Filho

Para Bruno Aragão, a IA nunca substituirá totalmente o diagnóstico feito por um médico, mas dada a quantidade de exames a serem laudados diariamente pelas equipes que trabalham no diagnóstico por imagens, seu suporte será sempre bem-vindo. Alguns exames chegam a ter sua análise concluída em até 15 minutos, o que já é considerado um grande avanço.

O médico Bruno Aragão já esteve em palestras em Teresina quando veio falar do uso de impressão 3D no planejamento de cirurgias. Atua na área de Radiologia e Inovação em instituições médicas em São Paulo.

 

Veja mais: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/04/inteligencia-artificial-ajuda-na-analise-de-exames-de-saude-em-ate-15-minutos.shtml

Pesca criminosa

As atividades criminosas ocorrem em praticamente todos os segmentos. Mas algumas áreas, por suas próprias características podem apresentar ações criminosas mais difíceis de serem combatidas. É o caso dos crimes envolvendo atividade pesqueira nos oceanos.

Recentemente foi publicado um estudo em nível mundial sobre as diferentes infrações cometidas no ramo da atividade pesqueira, tanto na pesca em pequena escala, quanto na pesca em escala industrial. O estudo foi conduzido por Dyhia Belhabib e Philippe Le Billon da Universidade de Columbia Britânica em Vancouver no Canadá. A pesquisa foi feita com base no maior repositório de notificações sobre crimes em pesca do mundo – o CRFV, no recorte temporal compreendido entre 2000 e 2020. O CRFV é um banco de dados global sobre infrações relacionadas a embarcações de pesca no mar, abrangendo todos os tipos de infrações que ocorrem a bordo de embarcações de pesca, por indivíduos e empresas, globalmente.

Foram analisadas 6.853 ocorrências em diferentes partes do mundo. O resultado é estarrecedor. Mais de 450 embarcações envolvidas de mais de 20 empresas da China e da União Europeia, principalmente. Os crimes foram tipificados em 3 grandes categorias (Crimes de Pesca, Crimes de Fraude e Desvio e Crimes de Natureza Pessoal e Patrimonial) e 18 subcategorias. Os gráficos a seguir dão uma ideia do tamanho do problema.

Fonte: Science Advances

Para se ter uma ideia estes crimes abrangem desde o uso de mão de obra escrava, até assassinados, uso de apetrechos e técnicas ilegais, até a invasão de áreas de santuários ou áreas legalmente protegidas.

O mar é considerado o mais rico de todos os ambientes que detêm vida. Ainda é muito desconhecido, sob o ponto de vista da diversidade de seres vivos. Além disso é uma fonte grande de recursos alimentares. Cuidar do mar é um dever de todas as nações. Com esta pesquisa deu para perceber o tamanho do problema que temos e que estamos deixando para as próximas gerações.

Até o próximo post...

 

Viva a Ciência!

Das coisas que a pandemia tem nos mostrado: pesquisa realizada por uma agência em vários países no mundo encontrou uma situação alentadora para quem faz ciência no Brasil. A Agência Edelman (Agência de Comunicação Global) encontrou que 81% dos brasileiros dizem acreditar na ciência e nos cientistas. Este valor é seis pontos percentuais acima da média global na mesma pesquisa (média de 75% da crença nos cientistas no apanhado geral de toda a população pesquisada).

A pesquisa atual rivaliza com resultados publicados em 2019 pela Wellcome Global Monitor 2018, que apontou que 35% dos brasileiros desconfiavam da ciência. Por essa pesquisa de 2018 o Brasil encontrava-se na posição 111 de um ranking formado por 144 países, estando, portanto, entre os últimos a acreditar no trabalho desenvolvido pelos cientistas. Duas conclusões podemos tirar: 1) os brasileiros, muito provavelmente, passaram a entender melhor a dependência da humanidade em relação à ciência (e isto pode ter uma forte relação com a pandemia e todas as suas consequências e soluções) e, 2) os brasileiros foram mais informados sobre os avanços científicos, especialmente em busca de alento no que se refere à própria pandemia.

Pelo sim, pelo não, já temos o que comemorar: mais gente acredita no que os cientistas fazem. Portanto, temos mais pessoas a valorizar sobre a necessidade de avançar com a obra científica, de uma forma mais geral.

A mesma agência (Edelman), na mesma pesquisa, encontrou que os brasileiros estão entre os que menos acreditam nos políticos (média de 26%), bem abaixo do que a média mundial (42%). Há de se observar quanta responsabilidade carregam os políticos em tentar melhorar sua imagem perante os brasileiros. É lamentável esta descrença, pois a política move tudo, inclusive a própria ciência, visto que são os políticos os principais responsáveis em determinar quanto dinheiro deve ser empregado em investimentos nas diferentes áreas, inclusive para ciência.

O desafio para a maioria agora é aprender a votar.

Até o próximo post...

Será o fim da pandemia?

A partir destes próximos dias vamos começar a entender se estamos realmente ou não chegando ao fim da pandemia. Com o fim da obrigatoriedade do uso das máscaras e o índice de vacinados passados de 80% vamos, mais uma vez, nos submetermos a uma experiência de ver exatamente como as coisas funcionam sob as hostes deste vírus, sua excelência, SARS-CoV2.

Segundo muitos especialistas em generalidades, as máscaras que a maioria das pessoas usa, sejam de tecido ou estas “quase” cirúrgicas que são vendidas em todo lugar, não farão muita diferença. Embora muitos destes céticos achem que a máscara não impede o vírus, mas atrapalha a respiração (o que seria um contrassenso visto que as moléculas que precisamos para respirar são bem menores do que as partículas virais!), de modo bem empírico, sou capaz de dizer, que pelos menos atrapalharam muito as contaminações usuais, pelo menos da gripe comum e, como dizem os muitos memes na internet, esconderam muita feiura e retiveram muito “bafo de onça” por aí...

Pelo sim, pelo não vamos saber em poucas semanas se tirar máscara vai ser bom ou ruim. Notícias da Ásia já dão conta que países como a Coreia do Sul e Vietnã que seguraram bem a pandemia nos dois primeiros anos, estão experimentando casos de COVID-19 pela variante ômicron com cifras de 300 mil e 200 mil casos diários, respectivamente. A China com sua política radical de COVID-19 Zero, trancafiou 37 milhões de chineses em lockdown na Província de Jilin, onde fica uma das maiores cidades chinesas – Shenzhen, com mais de 12 milhões de habitantes.

Torço todos os dias para que voltemos, o mais rápido possível, para mais perto do que chamávamos de normal, nas nossas vidas.

Até o próximo post...

Quanto um professor deve ganhar?

A classe de professores sempre foi bastante desvalorizada no Brasil. Isto não é novidade para ninguém. Ouço esta cantilena desde sempre, pois sou filho de professores e meus pais foram sindicalistas durante muitos anos. Na minha família já se contam cinco gerações de professores. Pertenço a quarta. Cheguei a enfrentar até protesto quando optei por cursar uma licenciatura. Não me arrependi, especialmente por ter, com toda a modéstia posta à parte, feito a diferença na vida de muitas pessoas. Ouço isso de muitos antigos alunos e alunas. Então deve ser verdade.

Há alguns dias venho acompanhando uma movimentação em torno do aumento a ser concedido para classe de professores no âmbito municipal (Teresina) e estadual (Piauí). A polêmica toda gira em torno da aplicação dos recursos do FUNDEB nos salários. Este fundo foi criado para suprir várias vertentes do custeio da educação, sendo uma delas, a valorização do trabalho docente. O fundo recebe aporte dos três entes: estados e municípios contribuem com 90% dos recursos e 10% vêm do Governo Federal. Destes recursos, de acordo com as regras, um mínimo de 60% deve ser aplicado no pagamento de salários. Então que a lei seja cumprida! Mesmo tratando professor com bala de borracha e gás de pimenta, dura lex sed lex, a lei é dura, mas é lei! E a bem da verdade: nem é tão dura assim.

Remunerar bem o professor nunca foi despesa. Professor bem remunerado, incentivado a estudar, a buscar estratégias para melhorar seu desempenho, engaja-se fortemente e produz resultados fantásticos. Agora estando o professor preocupado em fazer um bico aqui e outro ali para complementar renda, não consegue dar o melhor de si. Vi uma matéria com o título “Salário de professores da rede estadual pode chegar a R$ 7 mil após reajuste, diz governo”. A matéria traz informações sobre o reajuste e coloca uma tabela de como ficariam os salários. Mas é muito bom que se diga que o valor de mais de 7 mil reais só se alcançará quando o Professor fizer um Doutorado e já no fim da sua carreira. E, diga-se de passagem, não é o valor que vai para conta do professor, pois dele são descontados os valores da Previdência e o famigerado Imposto de Renda. Para alcançar este valor a caminhada é longa e árdua. São, no mínimo, 10 anos de estudos, tratando todos os percalços como bobagem!

Pior do que este cenário da Educação Básica, no qual existe um Fundo e uma lei dizendo como o gestor deve fazer, e ainda se vê cenas lamentáveis como as que foram vistas estes dias, está a Educação Superior. Desemparados pelo FUNDEB e sempre propensos a negociar com os Governos, professores da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) são sequer recebidos pelos gestores estaduais. O que se tem? Salários defasados, pois desde 2015, não se tem qualquer tipo de aumento. Mais de 50% de perdas acumuladas. Lamentável! Falar de valorização de professores passa por falar sobre formação de professores. A UESPI se notabilizou como a maior instituição de formação de professores do Piauí, desde a década de 1990. É possível dizer que o professor está sendo valorizado quando no seu nascedouro profissional as coisas vão do jeito que vão? Sinceramente: não acredito neste valor dado!

Respondendo a pergunta que abriu esta conversa: professor deve ganhar bem. O suficiente para desenvolver seu trabalho com dignidade. Para fazer a diferença na vida dos seus alunos. E deve ser cobrado por resultados. Bons salários precedem um bom trabalho e resultados positivos.

Desculpem pelo desabafo. Mas o spray de pimenta fez arder minha alma de professor.

Até o próximo post...

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